segunda-feira, agosto 31, 2009

O COMPANHEIRO DO PROFETA QUE NASCEU DENTRO DA KAABA

Dr. Abdulrahman Ráafat Bacha
Tradução: Prof. Samir El Hayek

“Há quatro indivíduos em Makka que eu sinto que são muito bons para serem idólatras, e gostaria que aceitassem o Islam... Um deles é o Hakim bin Hazam.”
{Mohammad, o Mensageiro de Allah (SAAS)}

Em suma, o que aconteceu foi que a mãe dele adentrara a Caaba juntamente com um grupo de amigos seus para ver como o monumento era, porque este era aberto para visitação em certas ocasiões.

Será que o leitor já ouviu falar deste particular Companheiro antes? Ele foi o único menino, em toda a história, a ter nascido dentro da sagrada Caaba. A mãe estava grávida dele naquela ocasião, mas se deu aos seus afazeres, ainda dentro da Caaba. Ela foi acometida de dor, e se tornou incapaz de sair de lá, assim que uma peça de couro foi apresentada e estendida no chão para ela, e então ela teve o bebê. Ele foi aquele que é o assunto da nossa história, o Hakim b. Hazam b. Khuwailid, o sobrinho de Khadija b. Khuwailid (que Allah esteja aprazido com ela, e que lhe conceda felicidade).

Hakim b. Hazam cresceu numa família de linhagem aristocrática, de grande riqueza e prestígio. Ele ficou conhecido como sendo honorável, inteligente e virtuoso; por essa razão o seu povo fez dele um dos seus chefes, dando-lhe a posição de rafada (provedor), que significa que era o responsável pelo provimento dos peregrinos desgarrados e necessitados. Aquela posição requeria que ele lançasse mão dos seus próprios meios para prover os visitantes da Caaba, nos dias da jahiliya.

O Hakim era um amigo íntimo do Mensageiro de Allah (SAAS) antes de o Profeta (SAAS) receber o chamamento divino. Embora fosse cinco anos mais velho que o Profeta (SAAS), era muito afeiçoado a ele, sentia-se achegado a ele, e tinha muito prazer em passar o tempo junto a ele. Aquele sentimento era mútuo, pois o Profeta (SAAS) era também muito a feiçoado ao Hakim, e sentia que era um grande amigo.

Então aconteceu que o relacionamento deles foi reforçado, quando o Profeta (SAAS) se casou com a Khadija b. Khuwailid, tia do Hakim.

Após ter lido acerca de tudo o que era comum entre o Profeta (SAAS) e o Hakim b. Hazam, o leitor irá ficar surpreendido ao saber que o último não aceitou o Islam, a não ser depois que os muçulmanos retomaram Makka, quando o Profeta (SAAS) já estava fazendo o chamamento ao Islam por mais de vinte anos. Era de se esperar que um homem como o Hakim b. Hazam, a quem Allah concedera tanta inteligência, em adição ao seu relacionamento com o Profeta (SAAS), fosse ser um dos primeiros indivíduos a acreditar nele, atender ao seu chamamento, seguir a sua diretriz.

Porém, essa foi a vontade de Allah, e o que quer que seja que Allah deseje, será.

Assim como nós nos admiramos com a delonga do Hakim b. Hazam em aceitar o Islam, ele próprio se admirou, depois. Logo que finalmente ele se tornou muçulmano e sentiu o sabor da doçura da fé, lamentou-se sentidamente de cada momento da sua vida em que passou sendo um idólatra que não acreditava no Profeta de Allah (SAAS). Numa ocasião, após o Hakim ter-se tornado muçulmano, seu filho o viu chorando, e perguntou:

“Ó pai, por que choras?”

“Por muitas coisas, sendo que todas elas me fazem chorar, filho”, respondeu ele. “Primeiramente, vejamos, a minha demora em abraçar o Islam fez com que outros alcançassem níveis de virtuosidade que eu agora não poderia alcançar, mesmo que eu gastasse ouro suficiente para encher a terra. Segundo, depois que Allah me poupou a vida, nas batalhas de Badr e Uhud, e eu prometi a mim mesmo nunca mais apoiar o Coraix contra o Mensageiro de Allah (SAAS), ou sair de Makka, eis que fui levado à força a apoiá-los novamente. Depois, toda vez em que eu pensava aceitar o Islam, eu observava o que restara dos mais velhos que eram tidos em boa estima pelos coraixitas, que se apegavam às normas da jihiliya, eu optava por lhes seguir as tradições. Gostaria que assim não tivesse procedido, pois, o que nos trouxe a ruína, senão a cega imitação dos nossos mais idoso e ancestrais? Como não devo chorar, meu filho?”

Assim como nós nos admiramos da delonga do Hakim b. Hazam em aceitar o Islam, e assim como este se admirou com isso, o Profeta (SAAS) também costumava admirar-se com o fato de que aquilo acontecesse com um homem de grande raciocínio e entendimento. Como poderia a verdade do Islam não ser patente para ele e para homens como ele? O Profeta (SAAS) desejava que eles e aqueles iguais a ele se apresentassem e declarassem suas crenças quanto ao Islam. Na noite anterior ao dia em que os muçulmanos retomaram Makka, o Profeta (SAAS) disse a seus companheiros:

“Há quatro indivíduos em Makka que eu acho que são muito bons para serem idólatras, e gostaria que aceitassem o Islam.”

“Quem são eles, ó Mensageiro de Allah (SAAS)”, perguntaram.

“O Attab b. Usayd, o Jubayr b. Mutim, o Hakim b. Hazam, e o Suhayl b. Amr”, ele respondeu.

Pela graça de Allah, todos os quatro se tornaram muçulmanos.

Quando o Profeta (SAAS) entrou vitoriosamente em Makka, quis demonstar respeito quanto ao Hakim b. Hazam. Fez com que o seu anunciador pronunciasse:

“Todo aquele que testificar que não há deus a não ser o Allah Único, sem parceiros, e que Mohammad (SAAS) é o Seu servo e Mensageiro, não será prejudicado.

“Todo aquele que se sentar perto da Caaba e depositar sua arma não será prejudicado.

“Todo aquele que permanecer dentro da sua casa não será prejudicado.

“Todo aquele que procurar abrigo na casa de Abu Sufyan não será prejudicado.

“E todo aquele que procurar refúgio na casa de Hakim b. Hazam não será prejudicado.”

A casa do Hakim b. Hazam ficava no fundo dum vale de Makka, e a do Abu Sufyan ficava num ponto alto.

Quando o Hakim b. Hazam por fim aceitou o Islam, este tomou todo o seu ser, sendo que sua fé era tão profunda, que se tornara parte do seu coração. Ele jurou compensar por cada ato que cometera quando era ainda idólatra, e dobrar cada centavo que gastara ao apoiar as ações hostis. Ele conseguiu cumpir o juramento.

Aconteceu que uma habitação conhecida por Dar al Nadwa veio a ser de sua propriedade. Tratava-se de uma moradia num sítio histórico, pois os coraixitas a usavam para realizar os seus conselhos tribais, nos dias de antes do Islam. Era ali que que os seus chefes e patriarcas se reuniam para tramarem contra o Mensageiro de Allah (SAAS). O Hakim b. Hazam queria se ver livre daquele prédio, como se desejasse correr uma cortina de esquecimento entre ele e o seu passado. Vendeu-o por cem mil dinars. Um dos jovens do Coraix lhe disse:

“Ó tio, tu vendeste o orgulho dos coraixitas!”

“Que nada, meu filho”, respondeu o Hakim. “Os dias de orgulho já passaram; agora não há nada mais importante do que a religiosidade. Vendi-o para que eu possa dar o seu preço em caridade, e ganhar o meu lar no Paraíso. Conclamo a todos vós a que testemunheis que eu destino este dinheiro ao serviço do Todo-Poderoso Allah.”

Após ter aceito o Islam, o Hakim b. Hazam empreendeu a peregrinação, e levou com ele cem camelos esplendidamente ornados, e os sacrificou a todos em adoração a Allah1. Durante outra pergrinação, ele levou consigo cem escravos, cada um dos quais usando um colar de prata, no qual estava gravada a frase:

“Libertado por Hakim b. Hazam, pela causa do Todo-Poderoso Allah2”, e lhes deu a liberdade.

Na terceira peregrinação, ele levou mil ovelhas, que foram todas sacrificadas em Mina, e que serviram de alimento para todos os muçulmanos, com a esperança de ele conseguir o aprazimento de Allah.

Após a expedição de Hunayn o Hakim b. Hazan pediu ao Profeta (SAAS) um quinhão dos despojos, e ele lho deu. Ele pediu mais ao Profeta (SAAS), e lhe foi dado um total de cem camelos. Naquele tempo o Hakim era ainda um muçulmano recente, e o Profeta (SAAS) foi generoso com ele, mas disse:

“Ó Hakim, o que te foi dado é uma boa quantidade, e mui aceitável. Se alguém aceitar as coisas de bom grado, Allah as abençoará e fará com que aumentem. Mas se alguém as pegar afoitamente, não serão abençoadas, e ele se irá sentir igual àquele que come, come, e nunca se sente satisfeito. É mais abençoado dar do que receber.”

Quando o Hakim b. Hazam ouviu aquilo, dito pelo Profeta (SAAS), disse:

“Ó Mensageiro de Allah (SAAS), juro por Aquele Que te enviou com a verdade que jamais irei pedir nada a ninguém, e nunca mais irei tomar nada de ninguém, até ao dia em que eu morra!”

O Hakim cumpriu o seu juramento à risca, pois durante a autoridade de Abu Bakr, ele foi chamado várias vezes ao tesouro para receber os seus proventos, e sempre recusou. Durante o tempo de Ômar ele foi também chamado, e se recusou a ir. O Ômar se pôs à frente do povo, e declarou:

“Conclamo todos vós, muçulmanos, a testemunhardes que eu tenho chamado o Hakim para pegar os seus proventos, e ele se tem recusado!”

Hakim permaneceu daquele jeito pelo resto da sua vida, e se recusava a pegar qualquer coisa de quem quer que fosse.



BISMILLAH AL-RAHMAN AL-Rahim•Wassalatu Wassalamu Ala Ashraful Mursaleen
Allahumma Sali Ala Muhammad ua Aali Muhammad. Imploramos a ALLAH (SW), que nos ajude, nos dê uma boa orientação para o benefício do Islã e dos muçulmanos, corrigindo nossos trabalhos, nossas intenções e nossas ações.

Agradecemos a ALLAH (SW) que é o único Senhor do universo.

Que ALLAH (SW), aceite este trabalho, nos dando uma boa recompensa nesta vida e na outra. Principalmente às pessoas que nos precederam nesse trabalho e nos serviram como orientadores! Subhanna Allah!(Louvado Seja Allah(SW).

"Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele." 8:24

Salam Alaikum Ua Rahmatullah ua Barakatu

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