quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Fairuz al Dailami (Sahaba=Companheiro do Profeta)

O Fairuzé um homem abençoado, vindo de uma família de gente abençoada.”


(Dizer do Profeta {SAAS})

Na volta da sua peregrinação de adeus, o Profeta (SAAS) caiu doente. A notícia da sua enfermidade correu feita relâmpago por toda a Arábia. Muitas pessoas, acreditando que um profeta não morria, apostatou do Islam. Três indivíduos de diferentes regiões se puseram em pauta com reivindicação à profecia, dizendo aos seus povos que Deus os havia enviado, assim como havia enviado a Mohammad (SAAS) ao Coraix. Eram eles Al Aswad al Ansi, do Yêmen, Musaylima, de Al Yamama, e Tulayahak al Asadi, dos Banu Asad.

Al Aswad al Ansi era um charlatão que reivindicava ser um clarividente. Era consistentemente formado, fisicamente, e possuia uma natureza obscura e irascível, a qual habilidosamente ocultava. Sempre aparecia perante o povo usando um véu, com o fito amortalhar-se numa aura de grandesa e mistério. Sua eloqüência fazia oscilar as mentes daqueles que o ouviam, e ele era destro em manipular as pessoas comuns; e aqueles que não se deixavam levar facilmente por ele, por cusa das suas próprias sofisticações, eram aliciados pela riqueza e pelo poder que ele lhes oferecia. Naquele tempo, o poder político era exercido pelos indivíduos de “sangues mistos”, conhecidos como al abná (os filhos). Estes eram rebentos de pais persas que migraram dos seus países para o Yêmen e se casaram com mulheres árabes. O líder deles, o Bazan, tinha sido o vice-rei do Cosroé, no Iêmen, no tempo em que esse país era uma província do império sassânida. Quando o Bazan ficou convencido da verdade da mensagem do Profeta (SAAS), separou-se do império de Cosroé e levou o seu povo para a religião do Islam. O Profeta (SAAS) havia reafirmado a autoridade do Bazan sobre o povo do Iêmen, e ele permaneceu no poder até à morte, um pouco antes da ascensão à proeminência de Al Aswad al Ansi. Naquele tempo, um dos líderes dos al abna era o Fairuz al Dailami.

Os primeiros a se aliarem ao culto do Al Aswad al Ansi foram os da sua própria tribo, os Banu Madhij. O culto atacou primeiramente a cidade de Sanaa, onde os seus componentes mataram o governador, Shahr, filho de Bazan. A viúva de Ahahr, cujo nome era Adhada, foi levada para a cama de Al Aswad al Ansi, que a “desposou” pela força.

Usando a cidade de Sanaa como base, Al Aswad al Ansi atacou outras regiões, que sucumbiram sob a inesperada força da sua agressão. Num surpreendente espaço de tempo, ele havia ganho o controle da área que fazia fronteira com o Hadhramawt ao sul, com Taif ao norte, com Bahrain ao leste, e Al Ahsa ao oeste.

O fato de ser um sagaz charlatão era o grande fator do sucesso de Al Aswad al Ansi. Ele era assistido por um bando de apoiadores que diziam que ele era ministrado por um anjo do Céu que lhe revelava segredos metafísicos. Eses mesmos assistentes atuavam para ele como uma rede de espionagem que se infiltrava na vida íntima das pessoas. Os espias relatavam a Al Awad os segredos e as preocupações pessoais das pessoas, seus problemas, desejos, e suas esperanças. Al Aswad mandava chamar essas pessoas, e as confrontava com os assuntos que elas achavam não serem do conhecimento de ninguém. Ele fazia ainda simples truques de mágica que faziam reforçar a impressão das pessoas comuns de que ele de fato possuia poderes espirituais. Desse modo, ele foi capaz de obter o apoio de muitos, e gradativamente ganhava poder, sendo que o interesse no seu culto se espalhou como relâmpago.

Logo que o Profeta (SAAS) ouviu coisas sobre a apostasia de Al Aswad al Ansi, e do seu golpe, no Yêmen, enviou cerca de doze dos seus companheiros com cartas para os primeiros iemenitas convertidos ao Islam. O Profeta (SAAS) antecipava a expectativa de que aquelas pessoas iriam constituir a mais positiva força contra o culto, e, na carta, as exortava a permanecerem fiéis e firmes, face à onda que infeccionava as pessoas qual pestilência. Ele ordenou a elas que usassem a ingenuidade do povo para porem fim ao mal que causava Al Aswad al Ansi.

O Profeta (SAAS) estava correto na sua expectativa pois todos os correspondidos responderam positivamente às suas cartas, declarando suas iminências em combater ativamente o culto. A primeira pessoa a fazer isso foi o herói na nossa estória, o Fairuz al Dailami, juntamente com os Al Abna, que eram seus aliados. Os historiadores têm preservado o relato do testemuho ocular dos eventos que lhes foram dados por ele.

A narrativa do Fairuz al Dailami

Os Abna, que eram meus aliados, e eu jamais duvidamos por um momento de que a religião de Deus era a única e verdadeira religião. Nenhum de nós levava em consideração a crença no inimigo de Deus, Al Aswad al Ansi. Estávamos apenas à espera de uma chance para o agarrarmos e nos livrarmos dele, por todos os meios.

Então o Profeta (SAAS) enviou cartas para nós e para os primeiros crédulos do Iêmen. Aquilo nos forneceu a solidariedade de que precisávamos para agirmos de maneira organizada.

Naquela altura, Al Aswad al Ansi havia atingido o zênite do seu poder. Ébrio com o orgulho do seu sucesso, começou até a tratar os seus apoiadores, que o levaram ao poder, com arrogância e rudeza. Foi tão frio no seu tratamento quanto ao Cais b. Abd Yagus, o líder do seu exército, que este começou a temer que iria cair vítima de um ato de traição. Eu fui visitar o Cais, levando comigo o meu primo Dadhaway, e o informamos da nossa correspondência com o Mensageiro de Deus (SAAS). Nós convidamos o Cais a se juntar a nós para golpearmos Al Aswad, antes que fosse tarde demais. Ele nos respondeu com alívio, revelando-nos os seus temores, e tratando-nos como se tivéssemos sido enviados do Céu. Nós três juramos dirigir nossos esforços no sentido de atuarmos contra o charlatão renegado, estando do lado de dentro, enquanto nossos camaradas iriam lidar com ele, estando do lado de fora. Decidimos ainda trazer para a aliança a minha prima Adhada, que tinha sido forçada a casar-se com Al Aswad al Ansi, depois que este havia assassinado o Shahr b. Bazan, seu legítimo marido.

Fui ao palácio de Al Aswad al Ansi visitar a minha prima Adhada, e lhe disse:

“Prima, não é preciso que eu te relembre o mal e a injúria que esse homem tem causado a ti e a nós. Ele assassinou o teu marido e muitos homens do teu povo, e tem violentado muitas mulheres. Ele se arroga o poder sobre todos nós.

“Nós recebemos cartas do Mensageiro de Deus (SAAS), dirigidas a nós, emparticular, e ao povo do Iêmen, em geral. Ele nos anima a pormos um fim a esta desordem civil. Estás tu disposta a nos ajudar?”

“Ajudar-vos em quê?” Perguntou ela.

“A tirarmo-lo do poder”, respondi.

“Ajudaria até mesmo a matá-lo”, ela disse.

“Isso mesmo que eu queria dizer”, disse eu, “mas tive medo de dizer, assim de chofre.”

“Juro por Aquele Que enviou a Mohammad, em verdade, como um admoestador e portador das boas-novas, que nunca tive um momento de dúvida quanto à verdade da minha religião. Para mim, Deus jamais criou um homem mais odioso do que esse demônio. Desde o momento em que o vi, soube que se tratava de um pecador desavergonhado, sem nenhum respeito pelos direitos das pessoas, ou escrúpulos quanto às malfeitorias,” disse ela.

“Pois bem, então, sabes como poderemos pôr um fim a ele?” Perguntei.

“Ele é muito cauteloso e está sempre vigilante”, ela disse. “Todos os locais do palácio estão cheios de guardas. Contudo, há uma velha e abandonada despensa com uma parede externa que dá para terreno aberto, num determinado lugar. Quando cair a noite, podereis cavar um túnel sob ela, e aí podereis pegar armas e uma lanterana, que estará pronta para vós. Eu irei esperar para vos guiar até aonde ele dorme, e podereis ir pegá-lo.”

“Não irá ser facil fazermos um túnel para dentro do cômodo, neste castelo”, eu argumentei. “Alguém poderá pasasar por perto, ver-nos, dar o alarme e alertar os guardas; e isso iria ser o fim de tudo!”

É verdade”, ela disse. “Tu não estás errado. Ouve, eu tenho outra idéia. Manda até mim alguém, em que tu confias, vestido como criado. Eu farei com que ele cave o túnel, de dentro para fora, deixando apenas um pequeno trecho para cavardes. Quando cair a noite, podereis romper facilmente a extremidade do túnel.”

Essa é uma ótima idéia!” concordei. Afastei-me dela, e informei os meus dois aliados do meu acerto com minha prima. Eles disseram amém à idéia; então nos pusemos a campo para os preparativos quanto ao plano. Informamos aos crédulos que nos eram achegados sobre a senha que iríamos usar, e lhes dissemos que iríamos encontrar-nos no palácio, na madrugada da manhã seguinte.

Tão logo a noite se tornou bem escura e quieta, e a hora que fixamos era chegada, meus companheiros e eu fomos para o local onde estava o túnel, e o pusemos a descoberto. Entramos através dele, entramos no compartimento, pegamos as armas e acendemos a lanterna. Eis que saímos à procura do inimigo de Deus. Encontramos a minha prima à porta do quarto dele. Ela fez sinal para mim, e eu entrei e o encontrei dormindo profundamente, roncando. Sem hesitar, eu fui até ele, e o esfaqueei na garganta. Ele começou a berrar e a se debater feito um camelo ao ser abatido, coisa que despertou a atenção dos guardas. Alarmados, acorreram depressa, mas a minha prima os deteve na porta, como se tivesse acabado de acordar.

“Podeis ir em paz”, disse ela, de modo angelical. “O nosso divino está a receber um revelação do Senhor!” Convencidos, eles se foram.

Nós esperamos até à madrugada no palácio, e então eu fui para os baluartes, e gritei:

“Allahu akbar, Allahu akbar...”, e continuei a recitar o adhan3, dizendo:

“Presto testemunho de que não há outra divindade além de Deus, e presto testemunho de que Mohammad é o Mensageiro de Deus, e presto testemunho de que Al Aswad al Ansi é um charlatão”, que era a senha.

Os muçulmanos encheram o palácio, vindos de todas as direções, caçando os guardas, que saltavam em espanto ao ouvirem o azan. Então eu peguei a decepada cabeça de Al Aswad al Ansi e a atirei, de onde estava, para o meio dos apoiadores. À visão dela, eles se desanimaram e pararam sua investida, enquanto os muçulmanos gritavam: “Allahu akbar!” Dominando rapidamente qualquer resitência, eles tomaram posse do palácio, antes mesmo que o sol se levantasse.

3. Azan – o chamamento à oração, que é expedido publicamente, cinco vezes ao dia, para anunciar que é chegada a hora das orações ritualísticas.

Confome a manhã se tornava mais brilhante, nós despachamos uma carta para o Mensageiro de Deus (SAAS), dando-lhe a boa notícia da morte do inimigo do Senhor. Quando os mensageiros chegaram a Madina, souberam que o Profeta (SAAS) tinha morrido na noite anterior.

Porém, eles também souberam que a notícia que eles portavam já havia sido comunicada ao Profeta (SAAS) por um mensageiro velocíssimo, o anjo Gabriel, que o informou da morte de Al Aswad al Ansi, na mesma noite em que cumpríramos a nossa missão. Ele disse para os seus companheiros:

“Eis que Al Aswad al Ansi foi morto na noite passada. Foi morto por um homem abençoado, procedente de gente abençoada.”

“Quem é ele, ó Mensageiro de Deus?” perguntaram seus companheiros.

“O Fairuz”, ele disse. “O Fairuz teve sucesso, e condisse com sua fé!”

“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

Asalamo Alaikom WA WB,

Por: Omar Hussein Hallak

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