segunda-feira, agosto 01, 2011

Calendário islâmico

Calendário islâmico - Antes de Maomé (Muahammad), os árabes tinham um calendário lunar, que faziam concordar aproximadamente com o ano trópico, através de um sistema de intercalações, tomado de empréstimo à civilização helenística. No entanto, o Profeta condenou essa interferência com o curso natural da Lua, e impôs que fosse observado um calendário puramente lunar, sem intercalações. Daí, um ano de doze meses, com 354 ou 355 dias, que gera uma defasagem de 11 dias para cada ano solar, ou um ano a cada 31 anos. O mês muçulmano começa com a lua nova, que deve ser vista, em cada lugar, por dois crentes idôneos. Há um ciclo de 30 anos, com onze anos abundantes - isto é, de 355 dias -, e os restantes, de 354 dias. Devido a esses inconvenientes, diversos países muçulmanos adotaram uma modalidade do antigo calendário persa (Era de Djelaleddin).


A era de Djelaleddin, iniciada em 1079 dC na Pérsia, consistiu numa correção do antigo calendário zoroastriano, que no século V aC tomara como modelo, após o babilônio, o calendário egípcio tradicional de 12 meses de 30 dias e 5 dias epagômenos. Na Pérsia propriamente dita, esse calendário não fora alterado até o advento dos sassânidas (no século III dC). Corrigiram-no, então, somando-lhe um mês suplementar - que tomava a denominação daquele ao qual se acrescentava, com a indicação de "segundo" -, cada 120 anos. O ano começava a 16 de julho.

Depois da conquista árabe, que implantou o calendário muçulmano, o calendário zoroastriano continuou em uso em atividades particulares da maioria dos persas mas foi descuidada a intercalação. Assim, o início do ano passou por grandes defasagens; em 1079, acercava-se do equinócio de março. Djelaleddin, soberano persa muçulmano, restabeleceu o antigo calendário zoroastriano, com acréscimo de um sexto dia epagômeno a cada quatriênio.

Atualmente, o calendário islâmico ou muçulmano é assim dividido:

Mês Dias Significado do nome Transcrição

[1] Muhharram (30 dias) Mês sagrado Muharran

[2] Sáfar (29 dias) Mês da partida para a guerra Saphar

[3] Rabiá-al-áual (30 dias) 1º mês da Primavera Rabia-1

[4] Rabiá-a-Thâni (29dias)  2º mês da Primavera Rabia-2

[5] Jumáda Al-Ula (30 dias) 1º mês da seca Jomada-1

[6] Jumáda A-Thânia (29 dias) 2º mês da seca Jomada-2

[7] Rajáb (30 dias) Mês do respeito e da abstinência Rajab

[8] Xaaban (29 dias) Mês da germinação Shaaban

[9] Ramadan (30 dias)  Mês do grande calor Ramadan

[10] Xauál (29 dias) Mês do acasalamento dos animais Shawwâl

[11] Dhu Al-Qaáda (30 dias)  Mês do descanso Dulkaada

[12] Dhu Al-Hijja (29 dias)  Mês da peregrinação Dulheggia

A Era Muçulmana começou no ano em que o profeta Maomé emigrou, de Meca para Medina, a fim de escapar às perseguições de seus adversários e poder continuar a proclamar as Revelações, no ano 622 do calendário juliano/gregoriano. Esse é portanto o 1º ano da Hégira (nome dado à emigração do Profeta), ou 1 aH.

O segundo califa, sucessor do Profeta, Omar I - que governou de 634 a 644 -, estabeleceu como norma que o começo do ano deveria ser o dia 1º de Muhharram e que a contagem dos anos deveria começar pela Hégira, como prescrevia o Qur'an (Corão ou Alcorão). Assim, a Era Islâmica começou no dia 16 de julho de 622, que é o dia 1 de Muhahham do ano 1 aH.

Este calendário é lunar e não acompanha, por isso, as estações do ano, como os calendários solares. Assim, há fases em que o Ramadan cai no inverno, e outras em que ocorre na época mais quente do verão, o que torna a observância do jejum mais dura para os árabes, em regiões onde a temperatura chega normalmente aos 50ºC.

O calendário islâmico pode sofrer mudanças no transcurso de cada ano, em razão do sistema tradicional de determinação de certas datas pela observação visual da Lua. Em virtude disso, as autoridades islâmicas são obrigadas a introduzir ajustes compensatórios no ano seguinte, acrescentando ou subtraindo um dia da duração de certos meses, que podem portanto sofrer mudanças em sua duração.

Embora os métodos matemáticos da astronomia permitam determinar com exatidão o momento de ocorrência de cada evento, a tradição religiosa islâmica exige que certos feriados e festividades religiosas tenham seu início decretado por meio de observação pessoal dos astros celestes. Assim, são incertas algumas datas de importantes acontecimentos.

O Corão determina que os fiéis só iniciem o jejum do Ramadan após observarem, a olho nu, a lua nova que marca o dia 1º desse mês. A tradição estabelece que tal observação deve ser feita por duas testemunhas idôneas e piedosas, que comunicam o fato a autoridades islâmicas reconhecidas, as quais decretam, então, o início do período. No dia 29 do mês de Xaaban, as testemunhas perscrutarão o céu. Se a lua nova for vista, terá início o mês do Ramadan. Se não for, considerar-se-á que o mês Xaaban terá 30 dias e o Ramadan será adiado para o dia seguinte. O mesmo se aplicará à data do fim do Ramadan. Pela mesma razão, são também incertas as datas de início e a duração de alguns meses e, portanto, incerto todo o calendário. A própria duração do ano lunar pode ser de 354 a 356 dias, conforme o caso.

Principais feriados religiosos islâmicos:

Lailat Al-Miraj (27 de Rajáb) - Nessa data se comemora a miraculosa viagem que o profeta Maomé efetuou, um ano antes da Hégira, montado em lendário animal trazido pelo anjo Gabriel. Em uma noite, o Profeta viajou por diversos lugares, dos quais o mais relevante foi Jerusalém, onde, em rocha sobre a qual hoje se assenta célebre mesquita, ascendeu por uma escada ao Paraíso, onde teve o privilégio de falar com Deus.

Mês do Ramadan (1 a 30 de Ramadan) - Período de sacrifício em que os fiéis estão proibidos de comer, de beber e de quaisquer outras atividades carnais durante as horas do dia, podendo fazê-lo somente à noite. Não é propriamente um feriado, mas nesse período os negócios sofrem sensíveis modificações.

Eíd Al-Fitr (1 a 5 de Xauál) - Feriados em que se comemora o término do jejum do mês do Ramadan.

Período do Hajj (1 a 10 de Dhu al-Hijja) - Período em que os muçulmanos de todo o mundo cumprem o dever de peregrinar a Meca, que lhes incumbe pelo menos uma vez na vida como um dos cinco preceitos básicos de vida piedosa. A rigor, o período do Hajj dura uma semana, mas a movimentação começa antes e termina depois dele. Nessa época, a Arábia Saudita recebe quase dois milhões de peregrinos, cessando todo o comércio.

Eíd Al-Adha (10 de Dhu Al-Hijja) - Uma das mais importantes datas do calendário islâmico, quando os muçulmanos se congratulam, tal como fazem os cristãos entre si no Natal. A data lembra a ocasião em que o Profeta Ibrahim - o Abrahão dos cristãos - teria cumprido a ordem de sacrificar seu filho Ismael (que a tradição judaica afirma ter sido Isaac), demonstrando imensa fé e sendo por Deus impedido, no último momento, de consumar o ato.

Segundo a tradição, a pedra sobre a qual Ibrahim ia executar o sacrifício do próprio filho era uma rocha negra que estava no vale onde hoje se situa Meca. Essa pedra foi usada na construção da Caabah, monumento em cuja direção todos os fiéis do mundo se voltam nas cinco orações diárias. Está numa das quinas da Caabah, engastada em prata, e todos querem beijá-la ou tocá-la. Esse feriado ocorre no auge do período da peregrinação.

Eíd Ra's As-Sana Al Hijria ou Uáhad Muharram (1 de Muhhárram) -O Ano Novo muçulmano, que inicia o ano lunar. Os muçulmanos da seita xiita, numerosos no Irã e no Sul do Iraque, comemoram nos primeiros dez dias do novo ano as festividades fúnebres da Achurá, em que praticam mortificações, pela morte do Imã Hussein ibn µli ibn Abu-T lib (ibn = filho), ocorrida no início da história do Islam.

Achurá (10 de Muhharram) - Dia do martírio do Imã Hussein Ibn Áli Ibn Abu Tálib, neto do Profeta Maomé.

Eíd-Al-Máulid An-Nabáui (12 de Rabiá Al-Áual) - Data do nascimento do Profeta Maomé.

Nos países islâmicos, o dia consagrado ao repouso, equivalente ao domingo dos países ocidentais, é a sexta-feira. Por esta razão, são colocadas em destaque nos calendários as sextas-feiras. Sábados e domingos são dias de trabalho normal, exceto nas áreas de população predominantemente cristã. Quintas-feiras não são dias de repouso. Entretanto, em muitos lugares, trabalha-se apenas em meio período nesses dias. Repartições públicas podem não funcionar às quintas e sextas.

 No Reino de Marrocos, adota-se o calendário gregoriano. Os dias de repouso são portanto sábado e domingo, havendo porém setores de atividade que observam as sextas-feiras.

Existem muitos outros feriados nacionais, geralmente com datas móveis.

O conversor - Embora na vida diária o calendário gregoriano seja mais comum, bilhões de muçulmanos usam o calendário lunar islâmico (hijri) para determinar os principais dias de observância dos preceitos religiosos islâmicos, a exemplo do início e final do mês de Ramadã, início e final de cada ano, ou o Dia do Sacrifício (Id al-Adhã) durante a peregrinação a Meca.

O conversor de calendários desta página é baseado no calendário hisabi, que é o calendário aritmético ou tabular introduzido pelos astrônomos muçulmanos no nono século da era cristã para predizer o início aproximado dos meses do calendário lunar islâmico. Este calendário também é citado como calendário Fātimid, embora seja de fato um dos muitos calendários aritméticos islâmicos.

Convenciona-se que os meses no calendário islâmico aritmético têm alternadamente 30 e 29 dias de duração, resultando num ano normal de 354 dias (sanā basīta). Para manter a correspondência com as fases lunares, cada dois ou três anos um dia extra é adicionado ao último mês, resultando em um ano de 355 dias (sanā kabīsa). O método mais comumente adotado intercala 11 dias em cada período de 30 anos. Quatro métodos de intercalação têm sido descritos na literatura, assim resumidos:

Tipo Anos intercaláveis com 355 dias Origem/Uso

I 2, 5, 7, 10, 13, 15, 18, 21, 24, 26 & 29 Kūshyār ibn Labbān (11º século EC), Ulugh Beg (15º século EC), "Algoritmo Kuwaiti"

II 2, 5, 7, 10, 13, 16, 18, 21, 24, 26 & 29 Esquema de ano ampliado mais comumente usado

III 2, 5, 8, 10, 13, 16, 19, 21, 24, 27 & 29 Calendário Fātimid (também conhecido como Misri ou Bohra)

IV 2, 5, 8, 11, 13, 16, 19, 21, 24, 27 & 30 Habash al-Hāsib (9º século EC), al-Bīrūnī (10/11º século EC), Elias de Nisibis (11º século EC)

Para cada esquema de intercalação há duas variantes possíveis, dependendo de como se considera o início do calendário islâmico (1 Muharram, 1 AH), que pode ser assumida como 15 de julho do ano 622 da era cristã (conhecido como época astronômica ou da "quinta-feira") ou 16 de julho de 622 da era cristã (a época "civil" ou da "sexta-feira").

Como o dia islâmico começa ao por do sol, as datas islâmicas neste conversor de calendários são consideradas como iniciando no dia anterior do calendário ocidental.

Note-se que este conversor não pode ser usado antes do ano 10 da Hégira (631/32 da era cristã), quando a intercalação de meses extras no calendário árabe foi abolida, conforme a sūra 9:36-37 do Corão. Antes desse ano, um mês intercalável era adicionado ao ano a cada dois ou três anos, para manter o calendário de acordo com as estações. Como o esquema de intercalação adotado é desconhecido, todas as propostas reconstruções do calendário islâmico antes de 10 aH só podem ser vistas como hipotéticas.

A data da Hégira ou Hijra - Muitas fontes erroneamente indicam que a Hégira - a data em que Maomé e seus seguidores deixaram Meca, e depois de cerca de duas semanas de caminhada chegaram a Yathrib, depois conhecida como Madinat al-Nabī (Cidade do Profeta), a atual Medina - ocorreu em 1 Muharram, 1 aH.

Entretanto, a data da Hégira não é mencionada no Corão ou em outros antigos textos islâmicos. Antigas tradições, como as mencionadas no Hadith (reunião de ditos e ações do profeta e seus seguidores), antigas biografias de Maomé e tabelas cronológicas/astronômicas islâmicas sugerem que a Hégira ocorreu na última semana do mês Safar (provavelmente no 24º dia) e que Maomé e seus seguidores chegaram às cercanias de Yathrib no oitavo dia do mês Rabī‘ al-Awwal, num dia em que os judeus de Yathrib estavam observando um dia de jejum, e depois de uns poucos dias, entraram em Yathrib no 12º dia do mês Rabī‘ al-Awwal.

Convertendo-se essas datas ao antigo calendário Juliano, e tendo em conta os meses de intercalação (possivelmente três), que foram inseridos entre a Hégira e a última peregrinação de Maomé (10 aH), a Hégira provavelmente ocorreu na quinta-feira, 10 de junho do ano cristão 622, e Maomé chegou às cercanias de Yathrib provavelmente na quinta-feira 24 de junho de 622 da era cristã, ali entrando provavelmente na segunda-feira 28 de junho de 622 da era cristã.

A antiga astronomia islâmica foi largamente baseada nas tabelas astronômicas calculadas pelo grego Claudius Ptolomeu de Alexandria, que considerou a lunação - intervalo médio entre uma lua nova e outra - como sendo de 29;31,50,8,20 dias (expressados em notação sexagesimal, isto é, com base 60), como já era empregado vários séculos antes pelos sacerdotes-astrônomos babilônicos (e que ainda é usado hoje no calendário hebreu), equivalendo a 29 dias, 12 horas, 44 minutos 3 segundos e 1/3, em unidades modernas de tempo.

Por este valor, um ano lunar com 12 lunações resulta em 354;22,1,40 dias, que podem ser aproximados sem grande perda de precisão para 354;22 dias. Com a adição de 22 dias intercalados em cada 60 anos - ou 11 dias intercalados em cada período de 30 anos - um calendário lunar aritmético pode ser montado com a capacidade de acompanhar as fases visíveis da lua por vários milênios.

Um ciclo completo de 30 anos contém (19 × 354) + (11 × 355) = (30 × 354) + 11 = 10.631 dias ou 1.518 semanas e cinco dias. A cada sete ciclos de 30 anos (ou 210 anos), os dias da semana devem se repetir exatamente nos mesmos dias do calendário aritmético lunar. Por essa razão, tabelas de calendário islâmico medievais eram elaboradas para um período de 210 anos.

O "Algoritmo Kuwaiti" - Há alguns anos, os programas da empresa Microsoft incluem um conversor de calendário islâmico baseado no assim chamado Algoritmo Kuwaiti, que a empresa descreve superficialmente em suas páginas, ao lembrar que "o calendário da Hégira é muito importante para a Arábia Saudita e outros países como o Kuwait", mas seu cálculo representa um problema difícil. Sua equipe de desenvolvedores do Oriente Médio fez extensas pesquisas sobre o tema, analisando uma longa linha de tempo de informações sobre o calendário Hijri da forma como é usado no Kuwait, para desenvolver análises estatísticas e chegar ao algoritmo mais acurado possível.

Apesar de não dar detalhes dos cálculos que levaram a esse Algoritmo Kuwaiti, pode-se demonstrar facilmente que ele é baseado em um esquema aritmético padrão que tem sido usado nas tabelas astronômicas islâmicas desde o 11º século da era cristã. Denominar esse algoritmo como Algoritmo Kuwaiti é historicamente incorreto e essa prática deve portanto ser abandonada, na opinião dos especialistas no assunto.

Fonte: www.novomilenio.inf.br/porto/.../nmcalens.htm
(Informações traduzidas de página em inglês e que estão mais completas em holandês)

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