sexta-feira, setembro 09, 2011

(IN)TOLERÂNCIA RELIGIOSA


Por: Sheikh Aminuddin Muhammad

A mensagem integral que o Islam transmite é de que a vida mundana é um teste, sendo nossa a escolha entre o Paraíso, se preferirmos seguir o caminho do bem, ou o Inferno, caso enveredarmos pelo mal.

Os mensageiros Divinos foram enviados para advertir os povos acerca dessas opções e para elucidá-los sobre as suas consequências. De modo algum foram enviados para forçar às pessoas a trilharem pelo caminho reto.

Semelhantemente, os crentes têm a mesma responsabilidade de transmitir a mensagem Divina para a humanidade tal como a receberam, e não estão habilitados a alterá-la de forma a torná-la mais atrativa ou obrigar quem quer que seja a aceitá-la.

Além disso, os resultados na vida após a morte (Ákhira) dependerão da fé que cada um possui
nesta vida terrena, pois todas as boas ações são insignificantes na ausência de uma fé correta, e isto é uma questão ligada ao íntimo de cada pessoa, não podendo jamais ser forçada ou imposta.

Talvez muitos dos que seguem outras religiões não estão habituados a este fato e nem partilham esta idéia, pois acham que para se proporcionar harmonia numa sociedade, deve-se banir uma certa religião ou as suas práticas religiosas em locais públicos.

Hoje, à medida que muitos países reivindicam ser mais civilizados, a intolerância religiosa também vai crescendo, particularmente contra o Islam. Por exemplo, ao não reconhecerem o casamento, o divórcio e o sistema de direito à herança islâmicos, ao impedirem a construção de minaretes, ao proibirem o chamamento para o Salát (Azhán), ao banirem o lenço ou o véu, tais fanáticos, radicais e intolerantes vão tentando convencer que são os campeões e defensores dos direitos da mulher e da tolerância.

Na media, a informação é difundida de várias formas através de falsos pretextos, somente com o intuito de se propagar e tentar justificar a contínua intolerância contra o Islam e seus preceitos.

Para os crentes muçulmanos, a tolerância religiosa é uma obrigação e nada tem haver com atitudes políticas. Todos devemos nos opor a qualquer tipo de intolerância, mesmo a que é promovida com uma aparência tolerante.

É tarefa de todo governo servir o seu povo e as leis devem ser criadas com o objetivo de facilitar a vida dos cidadãos, tendo em conta a sua cultura, religião, hábitos e tradições, sendo por esse mesmo motivo que o Parlamento vai abolindo, alterando ou criando leis que se ajustem à realidade contemporânea do respectivo povo.

No caso concreto de Moçambique, um país ainda jovem e com gravíssimas dificuldades que necessitam urgentemente de solução, afetando áreas relacionadas à sociedade, economia, saúde, educação, pobreza absoluta, moral, entre muitas outras, não se entende como é que algo que não constitui problema começa-se a tratá-lo como se fosse um enorme problema ou obstáculo.

Numa das edições recentes do jornal “Notícias”, consta num artigo que «alunas das nossas escolas se prostituem com professores para conseguirem transitar de classe». O ambiente escolar é bastante deplorável, pois se caracteriza pela proliferação de estupefacientes, bebidas alcoólicas, tabaco e outros males de efeitos perniciosos.

Será que essas desgraças não constituem um problema grave ao ponto de merecer a nossa especial atenção, já que não são novos, pois se sabem que datam de há vários anos?

Que futuro se espera das alunas menores que engravidam tanto de professores como dos colegas?

Neste cenário de promiscuidade quase generalizada, se aparecer uma aluna que, de sua livre vontade e seguindo preceitos por si preferidos, queira proteger a si própria do assédio sexual por parte de estranhos, vestindo-se decentemente e usando um véu como segurança pessoal, essa mesma aluna merece ser condenada ou elogiada?

Será que ao condenar o véu pretende-se dizer que vestir modestamente não é uma boa opção?

O que dizer daquelas que se apresentam seminuas nas escolas e exibem os seus corpos de forma despudorada? Depois lamentamos que a Sida está  dizimando a população jovem!

Toda ação tem a sua consequência, cada pessoa deve é definir que rumo pretende tomar.

As sociedades atuais têm sido edificadas tendo como objetivo dar prazer aos homens; por exemplo, os estilistas homens concebem e desenham roupas para mulher, para o prazer do seu próprio gênero.

A mulher tem todo o direito de recusar quando alguém lhe diz para tirar a roupa, pois os que assim o fazem tentam dar a impressão de que ela se torna insignificante ou inútil caso se abstenha de revelar a sua sensualidade.

A melhor via para um país como Moçambique, multi-étnico,  multi-cultural e multi-religioso é o respeito mútuo e tolerância para com a etnia, cultura e religião de cada cidadão; não deve haver qualquer tipo de imposição por parte de quem quer que seja sobre quem for. Assim, por um lado se evitará o descontentamento, e por outro perpetuar-se-á a paz, segurança e bem estar, pois os moçambicanos já são livres e a era do fascismo, ditadura e colonialismo já terminou há cerca de quatro décadas.

ALLAH criou a todos diferentes, até mesmo na capacidade de raciocínio, pois esta varia de pessoa para pessoa. Portanto, se somos diferentes até mesmo na forma de pensar, como então não o seremos na maneira de ser? É isso que proporciona o desenvolvimento no Mundo.

Imagine se desde sempre todos fossem iguais na forma como pensam ou atuam; será que o Mundo seria tal como é hoje? Ou estaria mais pobre e menos desenvolvido?

São as diferenças que enriquecem a Terra; deve-se é saber viver e conviver com elas de modo a alcançar conjuntamente o sucesso. Quer parecer que estamos a perder essa capacidade.

Convivência ou coexistência não significa necessariamente que a pessoa se dissolva ou perca a sua religião, cultura ou personalidade, pois a existência de duas ou mais partes é inerente a estes fatores. Significa que essas partes distintas se respeitem umas às outras.

Se todos tornarem-se numa única parte, então não haverá espaço para tais fatores, já que não fará sentido nem terá aplicação na vida real.

Portanto, não se pode impor uma forma de ser a alguém e depois chamá-la de “convivência” ou “coexistência”.

Vamos todos unir esforços para combater melhor os verdadeiros males da sociedade, tais como drogas, prostituição, adultério, imoralidade, etc.

E vamos promover a liberdade religiosa, a tolerância cultural, a modéstia, a castidade e a virtude, pois dessa forma sairemos todos vencedores.

Uma sociedade ou cultura que deseja sobreviver não pode declarar como irrelevante a dimensão espiritual da pessoa humana. O Islam defende a modéstia, os valores morais e a aplicação de padrões éticos para qualquer pessoa, cultura, local ou tempo.

Proibir o Hijáb é um atentado à democracia, ao laicismo, aos direitos humanos e à tolerância religiosa. Impedir uma rapariga de atender as aulas e estudar num país do terceiro mundo, onde o analfabetismo é muito mais elevado, é considerado crime e um equívoco.

Senhores leitores e caríssimos irmãos muçulmanos, este artigo retirado da Nova Edição da Sautul Isslam‏ 30ª edição, REVISTA ISLÂMICA C.P. 1999 - Maputo – Moçambique - info@sautulisslam.com - www.sautulisslam.com, foi escrito para registrar uma situação vivida naquele país. Mas, poderia servir para todos os países do mundo, que praticam qualquer tipo de intolerância religiosa.  Rogamos a Allah SW que ilumine a todos os governantes dando-lhes pelo menos parte do conhecimento transmitido a Abraão, Moisés, Iça (Jesus) e Mohammad (SAAS).

Assalamu aleikom war matulahi wa baraketu!

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