terça-feira, março 12, 2013

O Caráter do Muçulmano - 7‏

Bismillah!
A Verdade - O Conselho de Ser Verdadeiro
Shaikh Mohamad Al Ghazali
Tradução: Prof.Samir El Hayek

Deus criou o universo todo com base no amor, e exigiu das pessoas que elas edificassem suas vidas sobre os alicerces da verdade, de fazerem da verdade e da honestidade a prática de suas vidas, usando tão somente da verdade nas suas conversas e entendimentos.

Quando um povo perde este sentido claro de vista, e as histórias falsas, as superstições e crenças absurdas passam a governar seus ser, idéias e pensamentos, então surge neles a insensibilidade e a aspereza, eles se afastam do caminho correto, e abandonam completamente as realidades cuja adoção era necessária.

Por esta razão, o pilar forte e sólido do caráter muçulmano e a honestidade. E dever dele se aliar à verdade em todos os assuntos e de examinar todas as coisas através das lentes da verdade. Mantê-la diante de si em todas as decisões será a manifestação mais clara do seu modo e temperamento de proceder. Da mesma forma, o edifício da sociedade no Islam e também alicerçado neste mesmo alicerce, e de que se deve combater as meras conjecturas e superstições, expulsar as coisas vãs e as histórias de fantasia, não se devendo estimular nem dúvidas nem apreensões, porque só as realidades fortes e sólidas merecem ser manifestadas; elas devem deixar sua marca sobre a sociedade, e a elas deve se recorrer para o 

Fortalecimento dos diversos relacionamentos.

O Mensageiro de Deus disse:
Afastai-vos dos maus pensamentos, por que os maus pensamentos são a maior falsidade.” (Bukhári)

Outra tradição diz:
“Deixai de lado as coisas duvidosas, segui aqueles assuntos em que não haja dúvidas, pois a verdade e o meio da satisfação e a falsidade e a causa das dúvidas e das apreensões.” (Tirmizi).

O Alcorão enunciou a condenação das comunidades que se norteiam por conjecturas e superstições que lhes permearam as mentes de absurdos e puseram em jogo o presente e o futuro delas, com o suporte de histórias falsas, e apostando na corrupção e na ruptura.

Não seguem senão as suas próprias conjecturas e as luxúrias de suas almas, não obstante ter-lhes chegado a Orientação do seu Senhor.” (53ª:23).
Embora carecem de todo conhecimento a esse respeito. Não fazem senão segir conjecturas; sendo que a conjectura jamais prevaleceu, em nada, sobre a Verdade.” (53ª:28).

Uma vez que o Islam respeita a verdade vigorosamente, ele repele os mentirosos rispidamente. Ele os admoesta severamente. Aicha narrou:

O Mensageiro de Deus não detestava coisa alguma mais do que à falsidade. Se ele fosse informado de que determinada pessoa havia mentido, ele arrancava todo o respeito e dignidade que pudesse sentir em seu coração por aquele homem, até que viesse a ser informado de que ele havia se arrependido.” (Ahmad)
Outra narrativa dela afirma:

“Para o Mensageiro de Deus, a falsidade era o pior hábito que uma pessoa poderia ter. Se alguém contasse uma mentira diante dele, a lembrança daquele indivíduo o perturbava sempre enquanto não viesse a saber que ele havia se arrependido.” (Ibn Hibban)

Essa atitude do Profeta não deveria nos surpreender. Ela era a prática dos nossos antepassados. Suas relações se formulava com base na probidade e no bom caráter moral. Eles se conheciam uns aos outros. Se algum possuisse qualquer nódoa de caráter, e se pudesse ser isolado em razão dos seus delitos, então sua situação naquela comunidade ficava igual à de alguém que sofresse de uma sarna infecciosa no meio de pessoas sadias, e lhe consideravam desmerecedor de qualquer respeito até que ele se redimisse daquele defeito.

A característica que distinguiu a sociedade muçulmana no seu primeiro período foi a verdade, a disciplina, a tolerância e a cautela no falar. A falsidade, o rompimento de promessas, o falso testemunho e outras baixezas são sinais de desintegração ou de rompimento da relação com a religião. Ou se é possível dizer-se que tivessem qualquer relação religiosa, esta então seria chamada de transação religiosa dos falsos acusadores, dos enganadores e embusteiros, ou a religiosidade dos mentirosos e dos homens sem palavra.

A Falsidade é uma Grande Maldição
A falsidade é um mal de tal ordem que põe a mostra a corrupção e a maldade internas do mentiroso; e este nome se dá a toda ação delituosa que só serve para espalhar o mal, a tal ponto que mesmo sem necessidades prementes ou tendências impetuosas, leva as pessoas a cometerem pecados.

Algumas tentações são tão profundas que o homem se envolve nelas completamente. Elas são como doenças que exigem um tratamento prolongado; elas são como o medo e a covardia, que sempre obstam o progresso do covarde e do homem amedrontado, ou como a ganância que torna o homem mesquinho e avarento.

Quando algumas pessoas se juntam ao jihad para acompanhar os soldados, elas vem trémulas. Ou algumas outras pessoas, que ficam aterradas ao calcular o valor que têm que pagar a título de zakat. Qual a comparação entre essas naturezas covardes e miseráveis com aquelas naturezas valentes e generosas que enfrentam a morte rindo ou que gastam as suas fortunas pela causa de Deus espontaneamente e com boa vontade!

Aqui poderemos ainda encontrar justificativas para tais pessoas na medida que elas se tornam presas dos seus temores e dúvidas, quando são convocadas para fazerem algum sacrifício.
Mas não pode existir absolutamente nenhuma justificativa para aqueles que transformam sua mentira em hábito e que durante todas as suas vidas enganam as pessoas com suas falsidades.

O Mensageiro de Deus disse:
Todos os defeitos podem ser encontrados num muçulmano, menos a desonestidade e a falsidade.” (Ahmad).

Perguntaram ao Mensageiro de Deus se algum muçulmano poderia ser um covarde. Ele respondeu, “Sim.” Perguntaram-lhe: “Pode um muçulmano ser mesquinho?” Ele disse que sim, que ele poderia ser mesquinho. E novamente perguntaram a ele: “Pode um muçulmano ser mentiroso?” Ele respondeu: “Não!”. (Málik)

As respostas do Profeta mostram que estes fatores de deficiência e fraqueza penetram na natureza de algumas pessoas, e quando estas (pessoas) são convocadas a cumprirem seu dever ou pagar o que é devido a Deus e aos Seus servos, então esses fatores os influenciam negativamente. Mas isto não quer dizer que a mesquinhez é tolerada, nem que a covardia é um mal menor. Como seria isto possível se o não pagamento do zakat e a evasão de participar do jihad são atos que se aproximam da incredulidade (kufr)?

Por mais que um mentiroso ou uma pessoa omissa possam estender suas falsidades –†e†não importa quão grande a extensão dela venha a ser –†o pecado dele diante de Deus será de igual proporção. Os jornalistas que desvirtuam as pessoas com notícias falsas, os políticos que deturpam importantes questões públicas, e os servos do egoísmo que lançam suas imposturas sobre as pessoas eminentes e as senhoras de caráter ilibado – todos eles cometem crimes terríveis e o castigo deles poderá vir a ser muito severo.

O Mensageiro de Deus disse: “Certa noite vi dois homens. Eles vieram a mim e disseram: “Qualquer homem que vires esticar a mandíbula para falar, considere-o um mentiroso. Ele conta uma mentira que e copiada por seu intermédio até ser falada em todo o mundo. E ele vai fazendo isto até o Dia do Juízo Final.” (Fathul Bári).

Nesta mesma categoria se enquadram as falsas promessas feitas pelos governantes aos seus súditos, porque as falsidades faladas de um pódio se espalham pelos quatro cantos do mundo.

Está na Tradição que “Três pessoas jamais entrarão no Paraíso. Primeiro, o ancião que praticar sexo ilícito, segundo o homem que contar mentiras, e terceiro, o pobre orgulhoso.” (Al Bazzar).

Inventar mentiras sobre a religião de Deus e o pior mal. Aquele que tiver a menor relação que seja com Deus e com Seu Mensageiro jamais se entregará a tal atividade.

Esse e o pior tipo de mentiroso, e as consequências que ele terá de enfrentar serão terríveis.

O Profeta disse: “A consequência de se inventar falsidades contra mim não é tão ruim quanto aquela que corresponderá ao que inventa falsidades sobre qualquer outra pessoa. Deixemos que aquele que propositadamente e premeditadamente venha a atribuir-me falsidades, tenha por destino próprio o Inferno.” (Bukhári)

Na relação de falsos testemunhos estão incluídas todas as invenções e absurdos que os incultos tem fabricado sobre a religião de Deus, e que não tem lugar próprio na fé. O público em geral tomou-as como sendo religião, apesar de na verdade nada terem a ver com ela. Na realidade, não são mais que um passatempo e uma diversão.

O Mensageiro de Deus avisou seus seguidores contra as fontes desses absurdos inventados, admoestando-os de tomarem cuidado para não adotar quaisquer costumes ou práticas outras que as são indicadas no Alcorão e na Sunna. Ele disse:

No último período da minha Umma (comunidade muçulmana), surgirão pessoas que serão enganadoras e mentirosas. Elas lhes dirão coisas que vocês jamais ouviram, nem os vossos antepassados tampouco as escutaram. Tomem cuidados com essas pessoas; não lhes permitam misturar-se a vós e não as deixeis envolvê-los com a corrupção.” (Musslim).

Ensinem Vossos Filhos a Falar a Verdade

O Islam ordena que nos corações das crianças sejam plantadas as sementes da grandeza e da importância da verdade, para que elas possam crescer e desenvolver alicerçadas na verdade e possam se tornar jovens no colo dela; e possam dar-lhe o devido lugar em todos os assuntos de suas conversas.

Abdullah Ibn Ámir diz: “Certa vez minha mãe me chamou estando o Profeta de visita em minha casa. Minha mãe pediu-me para ir ter com ela pois ela queria me dar algo. Ele perguntou o que era que ela queria me dar. Ela disse que queria dar-me uma tâmara (fruta). O Profeta disse: “Se você não lhe tivesse dado a tâmara, teria sido lançado no seu registro de atos o débito por uma falsidade.” (Abu Daud)

Abu Huraira relata que o Profeta disse:

Qualquer que tenha chamado uma criança dizendo-lhe que iria dar alguma coisa a ela, e não o fez, comete uma mentira.” (Ahmad).

Vale a pena observar de que maneira sabia o Profeta instruiu seus seguidores a instruir suas crianças, de tal modo que estas viessem a considerar a mentira e a honestidade coisas respeitáveis e passariam a evitar de contar mentiras. Tivesse o Profeta ignorado tais coisas e não as tivesse descrito com ênfase, então teria acontecido que as crianças cresceriam sem considerar a mentira como um pecado.

Preferir a honestidade e o dizer a verdade tem sido um ponto persistentemente apontado, tanto é que a injunção impõe que se mantenha tais atitudes até nos menores afazeres domésticos.

Asma Bint Yazid narra que certa vez ela perguntou ao Mensageiro de Deus:
“Se alguma de nós mulheres dissesse que ela não tinha vontade algum de possuir determinada coisa mesmo que ela realmente a desejasse, seria isto considerado uma mentira?” Ele respondeu: “A falsidade está escrita como falsidade e uma pequena falsidade está escrita como uma pequena falsidade.” (Musslim)

A Proibição de se Mentir até ao Contar uma Anedota

Aquele que instituiu a chari‘a, admoestou a respeito de todas as situações em que pode vir a ser usada a falsidade e a consequência adversa resultante, tanto o fazendo que não é possível nem a um guardião comum mentir às pessoas sobre a realidade nem de diminuir a importância desta.

O homem tende a fazer afirmações falsas quando conta anedotas, imaginando que por estar divertindo as pessoas, não há nenhum mal em relatar quaisquer informações infundadas ou acontecimentos imaginários. 

Mas o Islam, que considera lícito distrair e consolar os corações, determinou que somente se o deve fazer dentro dos limites adequados e permissíveis da verdade, por as coisas lícitas são muito mais numerosas do que o que e ilícito, e que a verdade independe da falsidade.

O Mensageiro de Deus disse:

Morte ao homem que se dedica a contar histórias para fazer as pessoas rir enquanto depender da falsidade para isso. A ele está reservada a morte, a ele está reservada a destruição.” (Tirmizi)
Eu garanto uma moradia no centro do Paraíso para o homem que desistiu da falsidade, mesmo que lhe fosse necessário desenvolver uma veia cômica.” (Baihaqui).

O Profeta disse:
Um muçulmano não pode ter uma fé íntegra a não ser que se abstenha da falsidade nas suas anedotas e debates, mesmo que em todos os demais assuntos só fale a verdade.” (Ahmad).

Diariamente se observa que as pessoas dão vasa solta às suas línguas em matéria de através de sua conversa provocar o riso dos outros, e não hesitam em espalhar histórias inventadas tanto por amigos como por inimigos com o único propósito de obter algum prazer ou simplesmente para troçar de alguém, quando o mundo proibiu terminantemente tal prática, e é um fato que tal tipo de diversão e distração com atos falsos, gera inimizades e rivalidades.

Evite o Exagero no Elogio

Algumas pessoas, quando elogiam alguém, se excedem a ponto de exagerar e fazer afirmações inverídicas. Para um muçulmano, e necessário que, quando ele elogia alguém, ele o faça dentro dos limites do conhecimento que tem daquela pessoa. Ele deve evitar o exagero e a falsidade ao formular elogios àquele a quem deseja exaltar, mesmo que esse mereça louvores, pois o exagero é um tipo de falsidade que foi proibido.

A uma pessoa que estava elogiando o Profeta, ele disse: “Não cometas exagero ao me elogiar, como os cristãos fizeram no caso de Maria (Mãe de Jesus). Eu não sou senão um servo. Portanto será suficiente que digas (a meu respeito) que ele é um servo de Deus, e Seu Mensageiro.” (Razin)

Sempre se encontra um certo numero de tais pessoas que lisonjeiam os lideres e os governantes do pais a ponto de quase os entronizar no céu. O propósito principal da vida delas e o de compor longos panegíricos ou de escrever compridos ensaios em louvor dos seus benfeitores. Nesse afã, transformam um formigueiro em montanha e colocam algum desconhecido no palácio da fama. As vezes, tais pessoas não hesitam nem em chamar a governantes tirânicos de defensores modelares da justiça, e a alguns soldados covardes e medrosos de bravos e valentes combatentes. O único propósito dessas pessoas é o de obter vantagens.

Este é o pior tipo de falsidade. O Mensageiro de Deus nos aconselhou a rejeitá-los inteiramente, denunciando-os (continua-mente), até que abandonem esse hábito.

Abu Huraira conta que o Profeta ordenou que atirássemos poeira no rosto daqueles que se aprazem exagerar os seus louvores. (Tirmizi).

Os exegetas mostraram as pessoas aqui mencionadas são as que transformam o exagero em hábito e por esse meio buscam ganhar presentes daqueles a quem elogiam, e não as que louvam os praticantes de bons atos com vistas a encorajá-los e a incitar outros a seguirem o exemplo delas.

Os limites que o muçulmano adota e que o distinguem dos bajuladores e dos que exageram são: ele elogia seu benfeitor ou a uma pessoa realmente boa, mas não lhe permite enlevar-se pela vaidade ou orgulho. Esses limites foram esclarecidos pelo Profeta.

Abu Bakr conta que certo homem elogiou alguém na presença do Mensageiro de Deus, e o Profeta lhe teria dito: “Infortunado sejas, decepastes a cabeça do seu companheiro.” Ele repetiu estas palavras e acrescentou: “Se alguém deseja elogiar seu irmão, e se então for conhecedor dos fatos, deverá dizer que pensa que tal pessoa é assim e assim, mas que é Deus Quem sabe melhor, pois que ninguém mais é mais puro e inocente que Deus; e eu o considero possuidor dessas qualidades.” (Bukhári)

Afaste-se da Falsidade e da Ilusão no Comércio
Mercadores fazem afirmações falsas ao demonstrarem seu produtos e cotarem seus preços. A base de comércio em nosso meio e a ganância sem limites. O comerciante deseja vender pelo preso mais alto, enquanto o consumidor quer comprá-lo a bem dizer de graça. É a riqueza que controla as atividades de compra e venda, nos mercados e em outros campos. O Islam detesta esse tipo de negócios enganosos e o debate e a disputa insensatos que envolvem.

O Profeta disse: “Os compradores e os vendedores estão livres até que não se separem (enquanto não estão juntos), e se eles agiram com honestidade, e explicaram as deficiências ou defeitos de suas mercadorias, então Deus os abençoará com a prosperidade. E se ambos tentaram tratar desonestamente e esconder os defeitos, então é mais provável que possam até conseguir algum lucro, mas a prosperidade escapará ao seu comércio.”

Em outra tradição está dito:
“Se encerra a prosperidade de ambos os negociantes. A afirmação inverídica e falsa ajudará a vender a mercadoria, mas reduzirá seu lucro.” (Ahmad).

Os compradores que vão aos comerciantes geralmente ignoram a verdadeira condição, e acreditam no que quer que o negociante lhes diga. O procedimento honesto é de não tirar vantagem indevida da simplicidade dos homens com o propósito de obter um preço dobrado ou para esconder algum defeito.

O Mensageiro de Deus disse:

Que desonestidade seria maior do que a de quando estiverdes conversando com um vosso irmão e ele possa imaginar que estejais dizendo a verdade, mas na verdade estiverdes enganando-o com mentiras.” (Bukhári).

Ele também disse:

“Não e lícito a um muçulmano vender alguma mercadoria que possua um defeito, a não ser que faça o comprador saber qual esse defeito.” (Bukhári).

Ibn Abi Adna conta que um homem abriu uma loja no mercado, e jurou que venderia mercadorias como ninguém mais teria iguais, pretendendo assim enganar alguns muçulmanos; por isso foram revelados os seguintes versículos:

Aqueles que negociam o pacto com Deus, e sua palavra empenhada, a vil preço, não participarão da bem-aven-turança da vida futura; Deus não lhes falará, nem olhará para eles, no Dia da Ressurreição, nem tampouco os purificará, e sofrerão um doloroso castigo“ (3ª:77).

Desprezar a verdade ao prestar testemunho e o pior tipo de falsidade. Quando um muçulmano se apresentar para dar testemunho, ele deve afirmar a verdade sem vacilar, independente de ser ela contra um amigo ou preferido seu. Nenhum relacionamento ou preconceito deve desviá-lo do caminho correto, nem qualquer interesse ou suborno deve torná-lo capaz de vacilar no seu testemunho.

Ó crentes, sede firmes em observardes a justiça, atuando como testemunhas, por amor a Deus, ainda que o testemunho seja contra vós mesmos, contra os vossos pais ou contra os vossos parentes, seja o acusado rico ou pobre, porque a Deus incumbe protegê-los. Portanto, não sigais os vossos caprichos, para não serdes injustos; e se falseardes o vosso testemunho ou vos recusardes a prestá-lo, sabei que Deus está bem inteirado de tudo quanto fazeis.” (4ª:135).

Abu Bakr conta que o Mensageiro de Deus afirmou:
Não posso contar-vos quais os maiores pecados?” E por três vezes ele repetiu a mesma frase. Nós então pedimos-lhe: “Porque não, ó Mensageiro de Deus?” E ele respondeu: “Associar alguém a Deus, desobedecer os vossos pais, e assassinar alguém injustamente.” Ele estava curvado. Em seguida ele se levantou e disse; “E contar mentiras e prestar falso testemunho.” E ele continuou a repetir isso até que nós dissemos para nós mesmos que teria sido melhor se ele estivera calado então.” (Bukhári).

O embuste e o logro são uma falsidade que tem camadas sobre camadas de escuridão. Não só ela envolve a ocultação da verdade, como também tenta provar ser verdade o que e falso. Em certos assuntos específicos só causa danos a uns poucos indivíduos, mas em assuntos públicos, se torna um sério e mortal perigo contra toda a nação.

Por esta razão, o Profeta aconselhou clara e energicamente que nos mantivéssemos afastados dela e nos admoestou contra ela.

Não Deixai de Cumprir as vossas Promessas
Os comerciantes e os industriais em especial, deveriam ter um cuidado especial com que suas promessas sejam cumpridas, de que sejam fiéis às suas palavras e de que não voltem atrás nas suas afirmações. E em verdade uma situação desagradável e triste reconhecer que entre os muçulmanos, a tendência de não cumprir promessas, e extrapolar os limites, tornou-se muito comum, mesmo tendo a religião deles denunciado a promessa em falso como símbolo da desintegração.

O Mensageiro de Deus considerou serem sagradas as palavras que saem da boca, e dignas de respeito aquelas que entram nos seus ouvidos. Antes de atingir a condição de profeta, estas qualidades de decência e hombridade já se encontravam em seu caráter.

Abdullah ibn Abi Hama diz que ele fechou um contrato de venda de certa produto com o Profeta ainda antes deste ter atingido a condição de Profeta, do qual restou uma parte ainda por vender. Ele prometeu ao Profeta que entregaria determinada coisa a ele em determinado lugar. Mas ai esqueceu-se disso. Depois de três dias, lembrou-se de sua promessa e foi ao lugar combinado. Ali ele viu o Profeta, aguardando-o no lugar combinado. Este disse somente isto:

“Ora, meu jovem! Você me deixou preocupado. Eu estive esperando por você aqui estes últimos três dias.” (Abu Daud).

Conta-se que o Profeta havia prometido dar a Jabir ibn Abdullah alguns presentes do estoque de produtos vindo de Bahrain, mas antes de cumprir a promessa, ele faleceu. Quando o lote de Bahrain chegou n a localidade, o primeiro califa fez anunciar ao público de que, aqueles a quem o Profeta houvesse prometido dar alguma coisa das mercadorias daquela remessa, ou alguém que houvesse emprestado alguma coisa ao Profeta, deveriam apresentar-se para receber o que lhes cabia. (Bukhári).

É digno de nota observar como a palavra era respeitada e como se procedia para cumpri-la, para que ela não perdesse o seu valor e fosse abandonada. As promessas em falso geram danos incontáveis aos interesses da sociedade. Elas causam incômodos e perda de tempo às pessoas. Redimir nossas promessas e uma qualidade meritória. Deus considera o cumprimento de promessas como um dos atributos da condição de profeta:

E menciona no Livro (a história) de Ismael; porque foi leal às suas promessas, e foi um Mensageiro e Profeta. Encomendava aos seus a oração e a paga do zakat, e foi dos mais aceitáveis aos olhos do Senhor.” (19ª:54-55).

Nesses versículos, a ordem das boas qualidades mostra a posição que a qualidade de lealdade de palavra ocupava; e Ismael provou-se cumpridor de sua palavra quando seu pai lhe disse ter visto num sonho no qual ele abatia o próprio filho, Ismael, e perguntou-lhe o que ele pensava disso. O filho, leal à sua palavra, respondeu: “Se Deus quiser, verás que sou paciente e constante.”

Algumas vezes, o homem recorre à falsidade quando comete um erro, e deseja salvar-se das mas consequências desse erro. Isto não convém e lhe aufere uma péssima reputação. E se resume em ir de um mal a outro, que é ainda pior que o primeiro. É necessário que o homem encare seus próprios erros. E provável que sua sinceridade e sua tristeza pelo seu erro possam salvá-lo das más consequências deste e ele possa obter o perdão.

Quando um muçulmano percebe algum perigo ou tem medo de dizer a verdade, e mais apropriado que se arme de coragem e tente evitar de se enredar na teia da falsidade.

O Mensageiro de Deus disse:
“Adote a verdade, mesmo que vejas nela o desastre, pois é nela que está a salvação final.” (Ibn Abi-dunyia)

Em outra tradição se diz:
“Quando uma pessoa diz uma mentira, o mau cheiro que dela emana, mantém os anjos afastados mais de uma milha.” (Tirmizi)

A Sinceridade no Falar Conduz à Honestidade na Ação

Se um homem é sincero e objetivo no seu falar e nos seus negócios, então, inevitavelmente, haverá honestidade e sinceridade nos seus atos e bondade e reforma nas suas condições. Adotando métodos honestos e diretos no trato com os outros, esta luz da verdade também ilumina o coração e a mente do homem, fazendo desaparecer deles as trevas:

“Ó crentes, temei a Deus e falai apropriadamente. Ele emendará as vossas ações e vos absolverá dos vossos pecados; e quem obedecer a Deus e ao Seu Mensageiro terá logrado um magnífico benefício.” (33ª:70:71).

A ação correta é a ação desejada, sobre a qual não pairam dúvidas, porque ela é fruto da certeza (convicção). Não se lhe atribui nenhum defeito, por ela e a companheira da sinceridade. Não há nenhum volta nela, porque ela é a fonte da verdade.

O sucesso das comunidade e das nações em matéria de comunicarem as suas mensagens depende de serem os seus portadores dessa mensagem, pessoas que agem corretamente. Se elas tiverem um passado abundante de atos corretos e legítimos, elas serão capazes de atingir o ápice do sucesso e da glória; de outro modo, elas vacilam em alcançar seus destinos podendo ficar pelo caminho, por mero ócio, por se ater a atividades insensatas, e não adiantará nada ficar proclamando frases de efeito (slogans) nem auto elogios.

O Mensageiro de Deus disse: “Adote a verdade, pois a verdade mostra o caminho da probidade, e a probidade mostra o caminho do Paraíso. O homem que fala a verdade constantemente e adota maneiras honestas, se verá inscrito como pessoa correta perante Deus; e mantenha-se afastado da falsidade pois a falsidade leva à maldade, e a maldade leva ao Inferno. A pessoa que mente constantemente e se alia à falsidade, o faz até ser inscrita como mentirosa perante Deus.” (Fathul Bári).

O mal e a maldade em cuja direção a mentira nos conduz é a ultima etapa da auto-destruição e da renegação da fé.

O Imame Málik relatou uma tradição narrada por Ibn Massud: “Uma pessoa conta mentiras constantemente e adota falsidades como sua maneira de agir, até um ponto negro ser gerado no seu coração, a partir do qual, progressivamente, todo o coração se torna negro. Nessa altura, seu nome é inscrito no rol dos mentirosos perante Deus.”

Deus afirmou, no Alcorão:
“Os que forjam mentiras são aqueles que não creem nos versículos de Deus. Tais são os mentirosos ” (16ª:105)

A probidade cujo caminho e indicado pela verdade, e o ápice da bondade à qual somente os homens de maior determinação alcançam. Neste sentido, o seguinte versículo do Alcorão deve ser suficiente:

A virtude não consiste só em que orienteis vossos rostos até ao levante ou ao poente. A verdadeira virtude é a de quem crê em Deus, no Dia do Juízo Final, nos anjos, no Livro e nos profetas; de quem distribui seus bens em caridade por amor a Deus, entre parentes, órfãos, necessitados, viajantes, mendigos e em resgate de cativos (escravos). Aqueles que observam a oração, pagam o zakat, cumprem os compromissos contraídos, são pacientes na miséria e na adversidade, ou durante os combates, esses são os verazes, e esses são os tementes (a Deus)” (2ª:177).

"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

Mohamad ziad -محمد زياد


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