quinta-feira, março 28, 2013

PODE UM RICO ENTRAR NO PARAÍSO? – Primeira Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) - Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

Segundo a Bíblia, um jovem perguntou a Issa (Aleihi Salam) – Jesus (que a Paz de Deus esteja com ele), o que deveria fazer para ganhar a vida eterna. Jesus respondeu se ele queria ser perfeito e ganhar um tesouro no céu, deveria vender tudo o que tinha, dar aos pobres e segui-lo. O jovem porque possuía muitas propriedades, depois de ouvir estas palavras, retirou-se triste. Então Jesus disse aos discípulos: “Outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino dos céus”. Os discípulos admirados, perguntaram: “Quem poderá pois salvar-se?” E Jesus respondeu: “Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível”. Mateus, 19:21-26.

Nas tradições islâmicas, encontramos várias referências acerca deste tema. Taj al Din al-Subki, um biógrafo pertencente à escola de leis Shafi’i, referiu que Issa (Aleihi Salam) disse: “Discípulos, o ouro (dinheiro) é a causa de alegria neste mundo e causa de dano na vida eterna. Em verdade vos digo, os ricos não entrarão no Reino dos Céus”. O Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Eu estava no Portão do Paraíso e vi que a maioria das pessoas que entraram, foram os pobres, enquanto os ricos eram retidos nas portas para prestação de contas”. Bukhari 62:124.

O crente pobre, cumpridor das leis de Deus e dos Seus Profetas, será admitido no paraíso com prestações de contas mais céleres. O crente rico, também cumpridor das mesmas leis, demorará mais tempo a prestar contas porque irá responder detalhadamente como adquiriu a sua riqueza e como a gastou. A riqueza pode ser uma bênção, pois permite o ser humano viver mais desafogado e ajudar a quem necessita. Acontece que a riqueza pode mudar o comportamento de alguns, tornando-os orgulhosos, arrogantes e avarentos, ao ponto de negarem o auxílio aos familiares mais chegados.

O que é que Issa e Muhammad (Que a Paz de Deus esteja com eles) pretendiam transmitir-nos com estas palavras? Seriam iguais os ricos avarentos que repelem os pobres e os ricos solidários com os mais desfavorecidos, que dão parte da sua riqueza? Estariam todos eles condenados? Para Deus, com a Sua infinita Misericórdia, tudo é possível, conforme veremos no desenvolvimento desta mensagem. O homem que investe, temente a Deus, criando riqueza e postos de trabalho, sem deixar de imprimir uma atitude de partilha para com os mais necessitados, Deus o fará “passar pelo buraco duma agulha”, para entrar no reino da tranquilidade. “Tudo quanto distribuirdes em caridade, Deus vos restituirá, porque Ele é o melhor dos Agraciadores”. Cur’ane 34.39.

O homem rico que acumula riqueza através de esquemas ilícitos, será um dos moradores do inferno. E aqueles que a obtém honestamente, mas que a gastam sem controle e não se importam pelos desfavorecidos, farão companhia aos primeiros.

Também os que obtiveram conhecimentos mundanos e religiosos terão de responder se agiram ou não em conformidade.

Deus sempre criou os ricos e os pobres e será assim até ao final da humanidade. No entanto, os que têm, não estão isentos das obrigações para os que nada têm. Neste mundo conturbado em que vivemos, qual o conceito que devemos atribuir à riqueza?

Neste caso, podemos considerar que ser rico é ter algo material ou intelectual, superior ao outro ser humano. O muito ou o pouco que temos, não nos pertence na totalidade. Apesar da vontade de muitos os que têm consciência deste facto, continua a existir uma grande disparidade entre os ricos e os pobres. Pensem numa mãe e nos seus pequenos filhos que são obrigados a fugirem da guerra e da miséria, e decidem fazer uma longa caminhada à procura de paz e de alimentos. No meio do trajeto, cansados e completamente desidratados a mãe resolve deixar para trás os filhos mais debilitados que já não conseguem caminhar, unicamente para tentar salvar o resto da sua criação. Esta é a misericórdia duma mãe desesperada. O que se passa com o ser humano? Como é possível, numa época de grandes conhecimentos técnicos e de prosperidade, muitos dos abastados coexistirem com os pobres, sem sentirem as suas consciências incomodadas?

A existência da pobreza é uma grande injustiça, pois significa que não estamos a praticar a solidariedade que nos foi insistentemente recomendada pelo Criador e através dos Seus Profetas. A solidariedade não é só partilhar os bens que temos, mas também incentivar e criar condições para que outros possam ser auto suficientes. Os eruditos têm uma responsabilidade acrescida para que a mãe da pobreza, a ignorância, seja erradicada. Quando conseguiremos colocar as necessidades dos outros à frente das nossas? “….na verdade isto é difícil, excepto para os que têm um espírito humilde”. Cur’ane 2: 45.

In Sha Allah, continua no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmuminina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

28/03/2013

abdul.manga@gmail.com

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