sexta-feira, dezembro 28, 2018

O Islão e o Cristianismo: duas religiões e um só Deus (Parte II - CONCLUSÃO)

Coord. por: M. Yiossuf M. Adamgy

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Se a humanidade não for capaz de se livrar de seus preconceitos, através das pessoas íntegras e crentes que trabalham para a realização de tolerância religiosa, a situação será terrível e Deus vai repreender-nos na Outra Vida, por cada um de nossos erros, pelo nosso fanatismo e discórdia, porque são estes os que aumentam a devastação, a agonia e o derram-amento de sangue.

Nós, os crentes, estamos na necessidade de uma or-ganização espiritual celestial, que nos permita trabalhar juntos para trazer a paz a este mundo tão necessitado de cooperação e fraternidade. O terreno da ciência ne-cessita de nossos esforços, porque ainda encontramos fracos e poderosos, oprimidos e opressores, usurpados e usurpadores. Todas as conquistas da ciência moderna no campo da geologia, astronomia, conhecimento das expedições de profundidades marinas, as expedições para os pólos, a indústria dos metais, etc., não conse-guiram curar a humanidade de malícia e o desejo de prejudicar os outros. Os remédios estão disponíveis para esta doença perniciosa que requer uma operação de coração e de alma, por médicos que prescrevam, correctamente, à humanidade, o remédio para sair da aflição e da ruína. Nós não somos inimigos dos ateus, somos os seus pares, o que pedimos é para apresenta-rem os seus argumentos e buscar a verdade; nós convidamo-los para o caminho da fraternidade e da se-gurança, nós queremos ser conselheiros sinceros e isto pode ser conseguido através da cooperação entre pensadores crentes das religiões reveladas e das outras escolas de pensamento.

As tentativas dos políticos modernos de alcançar a paz não deram frutos, por isso queremos que nos deixem tentar com uma fé racional. Deixemos que os pensadores das três religiões colaborem, pois o último Profeta Muhammad (s.a.w.) disse: "O ser humano é o irmão do ser humano, quer ele goste ou não"; Jesus (a.s.) disse: “Ama o teu próximo como a ti mesmo", e Moisés (a.s.) pregou o mesmo.

Apesar dos erros e mal-entendidos, estou optimista e tenho esperanças que um dia os cristãos abraçarão aos muçulmanos e, em seguida, o Evangelho se entender-se-á a partir do Alcorão. No Oriente, eles têm estado um ao lado do outro e se encontrarão, novamente, com a permissão de Deus, no mundo de hoje. Assim, um novo espírito prevalecerá, preenchido com a fragrância de amor, de fraternidade e de paz, obteremos a recompensa e a aprovação de Deus na vida após a morte.

Este meu optimismo não é nem sentimental nem emocional, é o produto do que muitos pensadores cristãos e não cristãos têm dito em muitas conferências religiosas, em diferentes partes do mundo. Antes de relatar quais sãos as suas recomendações, eu vou transcrever-vos o que o sábio Bernard Shaw escreveu: "Eu sempre tive grande estima pela religião de Muhammad, pela sua grande ivacidade. Mas por causa da ignorância e ódio fanático, foi-nos apresentada como o adversário do cristianismo e de Jesus. Depois de ter estudado a vida de Muhammad como a de um grande homem, descobri que estava muito longe de ser um adversário de Jesus. É, de fato, um salvador da humanidade, como o foi Jesus ".

Lamartine, o grande poeta francês escreveu: "Muhammad era um profeta, um líder, um conquistador de mentes e o propagador de uma doutrina que concorda com a liberdade de consciência".

Tolstoy, o famoso escritor russo, disse: "Muhammad não clamou ser o único profeta, mas sim, afirmou que Moisés e Jesus também o eram; ensinou que os cristãos e os judeus não devem ser forçados a abandonar a sua fé. Uma das vantagens do Islão, é a sua boa disposição para com os verdadeiros cris-tãos, judeus e seus homens de religião".

Mahatma Gandhi, o líder indiano, disse: "Eu derramei um rio de lágrimas quando li a vida do Profeta Muhammad. Como pode alguém que procura a verdade, como eu, não incline a sua cabeça perante um carácter assim, que trabalhou apenas para o bem da humanidade?"

O que acima ficou citado não é nada comparado ao que centenas de escritores e pensadores têm dito sobre Muhammad (s.a.w.), sua personalidade e seus ensina-mentos, e sobre o Alcorão Sagrado.

Volto, agora, para as resoluções que foram tomadas nessas conferências; o Vaticano declarou, em termos claros, que o Islão é uma religião revelada, isso é um passo à frente; na conferência de Córdoba, em 1977, foi declarado que Muhammad era um Profeta e enviado por Deus. Tudo isso, e muito mais, me dá esperança que o futuro seja cheio de bondade, cooperação e amor entre as religiões reveladas, porque elas são ramos da árvore Abraâmica. Quando essa meta for alcançada, a humanidade poderá levar uma vida pacífica e amigável, que impedirá a ruína e a devastação.

Quero enfatizar que o Islão apoia a ideia de que os seguidores de outras religiões mantenham as suas crenças, porque as bases de todas as religiões são as mesmas. Perdoai-me se eu disser que os muçulmanos estão acima de vós, em amor face ao vosso Profeta e em devoção ao cristianismo, pois o Alcorão apoia e complementa o Antigo e o Novo Testamento (originais) sendo que um dos seus versículos diz, textualmente: «Dize: "Cremos em Deus, no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos Profetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, e nos submetemos a Ele"». (Alcorão, 2: 136).

Depois de tudo isso, abraçarão e quererão os segui-dores da Torá e do Evangelho aos seguidores do Alcorão? Muhammad (s.a.w.) disse aos muçulmanos: "Eu sou o seguidor mais próximo de Moisés e Jesus, aqui e no Além". Então, deixemos que os cristãos também digam: "Nós os apoiamos, ó Irmãos Muçulmanos, porque o nosso Deus é Um e a origem de nossas religiões é a mesma".

Nós viemos a conhecer o cristianismo através do nosso Alcorão e dos ensinamentos do nosso Profeta; então, conheçam-nos. Nós vos oferecemos a mão, vos abraçamos, vos estudamos e veneramos a Jesus e ao seu Evangelho (verdadeiro) e à sua mãe a Virgem Maria. Então, estendei a vossa mão, abraçai-nos, estudai connosco e comportai da mesma maneira ou até melhor.

As nossas diferenças podem ser comparadas àquelas dos dois irmãos que se separaram por muitos anos e, enquanto estavam procurando um pelo outro no deserto, um deles viu uma mancha negra ao longe e acreditou que era uma fera selvagem; preparou a sua arma e pôs-se em guarda. Quando se aproximou, descobriu que ele estava na frente de seu irmão perdido, então eles se abraçaram e derramaram lágrimas de felicidade, e felicidade após a longa ausência.

Precisamos de nos aproximar, cada vez mais, até que possamos nos encontrar e reunirmos pleno entendimento. E isso só pode ser produto dos esforços cooperativos de todos os crentes sinceros, de cada religião. E restará apenas um obstáculo que, esperamos, os crentes poderão superar e é o grande desgosto de Satanás diante de nossa aliança, que contará com a alegria de Deus Todo-Misericordioso e dos Seus Profetas e crentes de todos os lugares. É conveniente agora concluir com o que o Alcorão diz sobre os cristãos:

"... Constatarás que aqueles que estão mais próximos do afeto dos fiéis são os que dizem: «Somos cristãos», porque possuem sacerdotes e não ensoberbecem de coisa alguma". (Alcorão, 5:82).

Assim, pois, para esta discussão e acordo, para este diálogo e cooperação, deixemos que os amantes da paz, do Oriente e do Ocidente, os teólogos e os estudiosos, os jornalistas e os políticos, cada amante da humanidade e cada crente em Deus, se unam. Esses encontros fazem, aos que escutam, responsáveis de obedecer a Lei de Deus, caso contrário, Deus e as suas consciências os reprovarão.

Para que as nossas esperanças se concretizem, comecemos a trabalhar, pensar, discutir e a reunirmos, pois Deus diz no Alcorão Sagrado: "Dize-lhes: Agi, pois Deus terá ciência da vossa ação; o mesmo farão o Seu Mensageiro e os fiéis. Logo retornareis ao Conhecedor do cognoscível e do incognoscível, que vos inteirará de tudo quanto fizestes.." ( Alcorão 9: 105).

Deus nos ajudará enquanto apoiarmos a Sua causa.  Deus dará vitória àqueles que fazem a sua causa vitoriosa. Que a paz, a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sempre convosco! 

Obrigado. Wassalam (Paz).

M. Yiossuf Adamgy

Diretor da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán

O Islão e o Cristianismo: duas religiões e um só Deus (Parte I)

Por: M. Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos,

Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade.

Precisamos de aproximarmo-nos, cada vez mais, até que possamos nos encontrar e nos conhecer, plenamente A missão de todos os Mensageiros e Profetas de Deus (que a paz esteja com eles) é baseada numa pedra angular e num pilar bem fundamentado, que está a guiar a humanidade em direcção ao Criador do Universo; por isso, a humanidade deve acreditar e adorar a Deus para ser feliz nesta vida e levar uma vida virtuosa.

Além disso, os apóstolos de Deus enfatizaram a fraternidade de toda a humanidade, a criação de Deus, sendo Adão e Eva os pais ... e o critério da excelência é a justiça, a piedade e as boas acções. O Alcorão diz: " Ó humanos! Na verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, perante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sábio e está bem -inteirado." - (Alcorão, 49:13).

Como resultado da crença em Deus e na fraternidade dos seres humanos, a humanidade deve, necessariamente, viver uma vida de amor, concórdia, cooperação e paz. Todas as leis de Deus foram reveladas com o objectivo de enfatizar este tema. Os Profetas de Deus, em épocas diferentes, mostraram à humanidade que a religião de Deus é sempre a mesma, que os homens são irmãos íntimos, sem inimizade ou conflito entre eles, que o espírito de sua mensagem é sempre o mesmo, que Quem os criou foi Ele, o Uno, e que o fundamento de sua religião é só um, sem possibilidade de contradição ou diferença entre eles.

Para fixar essa ideia nas mentes e corações das futuras gerações, é preciso um tremendo esforço e muita cooperação dos intelectuais de todas as religiões reveladas. Esta é a doutrina que tenho propagado e pregado nos últimos 38 anos, porque esta é a chave para alcançar o estado de bem-estar para os seres humanos e para poder viver uma vida pacífica, sem malícia nem ódio.

Além disso, o Alcorão e a Bíblia testificam que as religiões reveladas não diferem nem na sua origem  doutrinária, nem nos seus objetivos para os seres humanos. O Alcorão diz: "Prescreveu-vos a mesma religião que havia instituído para Noé, a qual te revelamos, a qual havíamos recomendado a Abraão, a Moisés e a Jesus, (dizendolhes): Observai a religião e não discrepeis acerca disso; (Alcorão, 42:13) . Este texto, sem dúvida, é um testemunho de que a religião de Deus é a mesma, em todos os tempos e para todos os Profetas, e que Deus ordena aos Seus Profetas e à sua gente a unirem-se e a estarem de acordo e a não diferirem e separarem-se. No Alcorão existem muitos exemplos a este respeito, tais como: "Inspiramos-te, assim como inspiramos Noé e os Profetas que o sucederam; assim, também, inspiramos Abraão, Ismael, Isaac, Jacó e as tribos, Jesus, Jó, Jonas, Aarão, Salomão, e concedemos os Salmos a David." (Alcorão, 4: 163).

Assim, Deus revelou o mesmo em qualidade e conteúdo e é, por isso, que podemos dizer que todos os Profetas provêm da mesma fonte, ainda mais, é evidente que no Alcorão os muçulmanos são ordenados a acreditar em todos os Profetas de Deus e obedecer as suas ordens: “Dize: Cremos em Deus, no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, a Ismael, a Isaac, a Jacó e às Tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado a todos os profetas por seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles, e nos submetemos a Ele". (Alcorão, 2: 136).

Qualquer um que leia o Alcorão pode ver que os capítulos mais longos do Alcorão enobrecem e dignificam Jesus e a Virgem Maria (paz esteja com eles). O Alcorão também menciona e esclarece alguns dos milagres de Jesus e narra milagres encontrados no próprio Evangelho, tais como pássaros feitos de argila que ele deu a vida através de uma respiração, com a permissão e ajuda de Deus, e Ele também menciona o facto de que Jesus falou com as pessoas do berço. Dois outros capítulos longos no Alcorão referem-se a Jesus: o primeiro é o da "Maria" e o segundo é "A família de Imran", que era a família de Maria. Nestes capítulos nos é dito como Maria deu à luz a Jesus (a.s.) e como foi uma concepção imaculada: "E quando os anjos disseram: Ó Maria, por certo que Deus te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e no outro, e que se contará entre os diletos de Deus. Falará aos homens, ainda no berço, bem como na maturidade, e se contará entre os virtuosos". (Alcorão, 3: 45-46).

O Alcorão dirige-se aos Muçulmanos para mostrar, claramente, o alto posto que Jesus (a.s.) ocupa diante de Deus: “Ó adeptos do Livro, não exagereis na vossa religião e não digais de Deus senão a verdade. O Messias, Jesus, filho de Maria, foi tão-somente um mensageiro de Deus e Seu Verbo, com o qual Ele agraciou Maria por intermédio do Seu Espírito…”. (Alcorão 4: 171).

Estas ideias, ou mais especificamente, estas crenças de que os muçulmanos são ordenados a acreditar em Jesus (a.s.), abrem o coração para os seus verdadeiros ensinamentos e facilitam a convergência e a cooperação entre muçulmanos e cristãos. O Alcorão mostra, claramente, que os cristãos são os mais próximos aos muçulmanos por causa da moralidade e virtudes que compartilham com eles: “… Constatarás que aqueles que estão mais próximos do afeto dos fiéis são os que dizem: Somos cristãos!, porque possuem sacerdotes e não ensoberbecem de coisa alguma. E, ao escutarem  o que foi revelado ao Mensageiro, tu vês lágrimas a lhes brotarem nos olhos; reconhecem naquilo a verdade, dizendo: Ó Senhor nosso, cremos! Inscreve-nos entre os testemunhadores!

E por que não haveríamos de crer em Deus e em tudo quanto nos chegou, da verdade, e como não haveríamos de aspirar a que o nosso Senhor nos contasse entre os virtuosos? Pelo que disseram, Deus os recompensará com jardins, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente.

Isso será a recompensa dos benfeitores”. (Alcorão, 5: 82-85). Como resultado dessa atitude positiva do Islão em relação ao Cristianismo e ao Evangelho, muitos dos antigos cristãos foram motivados a expressar a sua crença e reconhecimento do Profeta (s.a.w.) Muhammad e da sua Mensagem. Alguns deles, inclusive, garantiram aos muçulmanos, apoio moral e financeiro para solidificar e espalhar o Islão como, por exemplo, o imperador da Etiópia (Abissínia) no sexto século depois de Jesus (a.s.), que pediu aos emigrantes muçulmanos que tinham chegado ao seu país, que lhe recitassem alguns versículos do Alcorão que falaram sobre Jesus e a sua fé. Tanto ele como os seus monges choraram e declararam que reconheciam que Muhammad era um Profeta e o imperador disse: "os ensinamentos de Muhammad e Jesus surgem de uma mesma fonte" e ao dizer isto não deixou o Cristianismo, pois o Islão não ordena aos cristãos ignorar os mandamentos e ensinamentos de Jesus (a.s.). O Alcorão, referindo-se aos cristãos, diz: “E depois deles (Profetas), enviamos Jesus, filho de Maria, corroborando a Tora que o precedeu; e lhe concedemos o Evangelho, que encerra orientação e luz, corroborante do que foi revelado na Tora e exortação para os tementes. Que os adeptos o Evangelho julguem segundo o que Deus nele revelou, porque aqueles que não julgarem conforme o que Deus revelou serão depravados”. (Alcorão, 5: 46-47).

O Profeta Muhammad (s.a.w.) disse: "Eu sou o mais próximo de todas as pessoas a Jesus, filho de Maria" e "Os Profetas são irmãos do mesmo pai, de mães diferentes, mas com uma só religião". E disse: "Muçulmanos! Conquistareis o Egipto; quando o fizerdes, sejais amáveis com os cristãos".

O quarto califa, Ali (r.a.), costumava dizer aos cristãos contemporâneos: "Nós não queremos evitar que acrediteis no cristianismo, mas sim, nós ordenamos obedecê-Lo", e há inúmeros exemplos como estes. Acaso não se demonstrou o mais alto grau de fraternidade, amor, afeição e colaboração quando o próprio Profeta Muhammad (s.a.w.) fez da sua Mesquita em Medina um lugar de adoração para os seus convidados cristãos? Não vos surpreendais quando inteirardes que os muçulmanos fizeram da Grande Mesquita Omíada, em Damasco, um templo comum para muçulmanos e cristãos, que entravam pela mesma porta, mas tinham a Mesquita dividida em dois e usavam para fazer as orações juntos; isso, quando Damasco era a capital do grande Estado Islâmico.

Esse foi o resultado inevitável da compreensão, proximidade e respeito que existia entre estas duas religiões reveladas naqueles tempos. Eles coincidiam em propósitos e objectivos, e não havia oposição na sua essência e origem. É bem conhecido, a este respeito, que Omar, o segundo califa, quando entrou em Jerusalém, recusou a oferta para fazer a oração no Santo Sepulcro, para evitar que os muçulmanos, no futuro, convertessem a igreja, ou qualquer parte dela, numa Mesquita; assim, conservou a sua santidade.

Muhammad (s.a.w.) ordenou que os muçulmanos fossem gentis com os judeus e cristãos, pois eles eram seguidores das duas religiões anteriormente reveladas. E disse: "Quem causar danos a um cristão ou a um judeu será meu inimigo no Dia do Juízo e vai pagar por isso". E ainda disse: "Sejais amáveis com os coptas". Quando o filho do governador do Egipto correu uma corrida de cavalos com um cristão copta e o cristão ganhou, o filho do governador, enfadado, golpeou-o com o seu chicote. Então o cristão copta levou o seu caso à Omar, na época de Hajj (peregrinação anual dos muçulmanos) e, na frente de todos os muçulmanos, Omar ibn al-Khattab (r.a.) deu o chicote para ao copta, dizendo-lhe: "golpeia o homem que te golpeou". Depois, Omar dirigiu-se a Amr, o conquistador do Egipto, dizendo-lhe: "Como se pode fazer escravo a alguém que nasceu livre?"

O Islão não parou por aqui no seu respeito pelas religiões reveladas; foi mais longe ao implantar amor e carinho nos corações dos muçulmanos, como por exemplo, o que aconteceu quando os idólatras persas derrotaram os cristãos bizantinos, derrota essa que os muçulmanos choraram; mas então o anjo Gabriel desceu, consolou os muçulmanos e trouxe as boas novas de que os cristãos venceriam em menos de nove anos. Isto é narrado num capítulo do Alcorão, intitulado "Os Romanos": "Alif, Lam, Mim. Os bizantinos foram derrotados, em terra muito próxima; porém, depois de sua derrota, vencerão, dentro de alguns anos; porque é de Deus a decisão do passado e do futuro. E, nesse dia, os crentes se regozijarão, com o auxílio de Deus. Ele auxilia a quem Lhe apraz e Ele é o Conhecedor, o Compassivo. "(Alcorão, 30: 1-5).

A profecia foi cumprida e os muçulmanos se alegraram com ela. O Islão, através de seus ensinamentos e princípios, tem conseguido converter milhões de descrentes em crentes de Deus, de Jesus e de todos os Profetas e testamentos revelados. O Alcorão conseguiu que muçulmanos e cristãos se abraçassem como irmãos que viviam em felicidade, cooperando uns com os outros.

Por que não podemos voltar a ver algo assim novamente, especialmente hoje em dia, quando o ateísmo envolveu a maior parte do mundo com suas trevas e injustiças e está se preparando para devorar o resto? É o momento oportuno de chamar, com viva voz, para um encontro entre os líderes religiosos e intelectuais, muçulmanos e cristãos, para conseguir que exista afinidade entre as almas de todos os seguidores das religiões reveladas e familiaridade espiritual e proximidade entre toda a humanidade sob o slogan: "Cooperação nos pontos de entendimento e tolerância nas diferenças".

Neste mundo de problemas e discórdia, não há necessidade de mais separação e discórdia. Por que não nos encontramos e alcançamos um ponto de compreensão mútua, clamando por caridade, piedade e virtude? Os cristãos dizem: "Ama a Deus, teu Senhor, com toda a tua alma e mente e ama o teu próximo como te amas a ti mesmo!". Muhammad (s.a.w.) disse: "Nenhum de vós será um verdadeiro crente até que não queira para o vosso irmão o que quer para si mesmo".

Jesus (a.s.) disse: "O misericordioso estará no Paraíso em virtude de sua misericórdia".  Muhammad (s.a.w.) disse: "Deus, o Misericordioso, será compassivo com todos aqueles que são misericordiosos; sejais misericordiosos na terra para receberdes a Sua misericórdia no céu."

Inclusive na doutrina sobre Deus, o Criador, Aquele que não tem igual, o Que não tem associados, é claramente ilustrado na Bíblia e no Alcorão. No Evangelho segundo São João, diz Jesus : "E esta será uma vida Eterna, em que só deverão conhecer-te a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus, a quem Tu enviastes."

E em São Mateus, lemos: "... diante do Senhor, do Teu Senhor te ajoelhaste e só a Ele adoras". Deus se dirige a Muhammad, no Alcorão, dizendo: "Dize: Ele é Deus, o Uno". (Alcorão, 112: 1) e "Saiba que não há outra divindade além de Deus" (Alcorão, 47:19).

Quando perguntaram a Jesus (a.s.) sobre o Dia do Juízo Final, ele disse: "Ninguém sabe em que dia ou a que horas chegará". O mesmo foi dito a Muhammad (s.a.w.) no Alcorão Sagrado: "Perguntar-te-ão acerca da Hora (do Desfecho): Quando acontecerá? Responde- lhes: O seu conhecimento está só em poder do meu Senhor e ninguém, a não ser Ele, pode revelá-lo; (isso) a seu devido tempo.... (Alcorão 7:187).

Existem numerosos exemplos na Bíblia e no Alcorão que mostram que as duas religiões concordam com a adoração do Único Criador Todo-Poderoso. É normal que existam diferenças de interpretação insignificantes, uma vez que existem até entre seguidores de uma mesma religião; tais diferenças não têm que impedir o compromisso, o acordo e a afinidade espiritual, em prol da paz, da fé e da humanidade em geral; isto é como um ramo de flores variadas que deslumbra e fascina quando é arranjado nas proporções adequadas.

A proximidade, nas origens e nos objetivos, de nossas duas religiões, têm encorajado a muitos estudiosos e teólogos, tanto muçulmanos como cristãos, a pregar a cooperação, o estudo e o diálogo entre o Islão e o Cristianismo, em prol da fé, da humanidade e da paz. Esta pedra angular levou o grande poeta cristão Halim Damous a dizer: "Por Deus, todas as religiões são simplesmente janelas através das quais aqueles que adoram, vêm a Deus .... A humanidade não discriminaria entre Muhammad e Jesus se ela entendesse a essência da sua religião.

Eu sinto a presença de Jesus no Alcorão e na Bíblia, e sinto o espírito de Muhammad". O poeta árabe Ahmad Shawqi disse: "A diversidade de religiões não deve levar à separação e hostilidade entre os seres humanos, nem entre os Livros revelados, nem entre os Profetas. Todas as crenças guardam em si a mesma sabedoria: a sua essência é o amor e temor a Deus, assim como tolerância".

Acaso não nos incumbe a nós, crentes das religiões reveladas, encontrar e cooperar, tal e como os nossos Profetas se encontram nos seus ensinamentos e ordens?

Acaso não é o momento de que todos os líderes religiosos se levantem numa revolução espiritual para rejeitar o fanatismo e a estagnação e para pregar o afeto, a fraternidade e uma convivência pacífica?

Acaso não deveríamos nos esforçar para construir um novo mundo espiritual para a humanidade, baseado na integridade, na nobreza e num verdadeiro bem-estar?

Os políticos e diplomatas que criaram as Nações Unidas e o Conselho de Segurança, levam a cabo um número infinito de conferências e aconselhamentos sobre o desarmamento, o perigo das armas nucleares e estratégicas, que se usassem uma só vez não deixaria uma única criatura viva sobre a terra; mas a humanidade alcançou a paz desejada? As fomes, a miséria e as guerras acabaram? O homem parou de  inventar armas de destruição em massa? Será que não podem os teólogos e líderes religiosos contribuir, de forma significativa, para a compreensão de que Deus e os Seus Profetas não ordenam nada, exceto a fraternidade, a paz e a afeição entre toda a humanidade e que a maldade e a hostilidade são detestadas pelos Profetas ? (Continua, na próxima reflexão, in cha Allah (se Deus quiser).

Obrigado. Wassalam (Paz).

M. Yiossuf Adamgy

Diretor da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán

quinta-feira, dezembro 20, 2018

MARIA NO ISLÃ (PARTES 1 ,2 e 3)


MARIA NO ISLÃ (PARTE 1 DE 3)

Descrição: A primeira parte de um artigo de três partes discutindo o conceito islâmico de Maria: Parte 1: Sua infância.
Por M. Abdulsalam (IslamReligion.com)

Maria, a Mãe de Jesus, detém uma posição muito especial no Islã, e Deus a proclama como a melhor mulher entre toda a humanidade, a quem Ele escolhe sobre todas as outras mulheres devido à sua religiosidade e devoção.
“E lembra-lhes, Muhammad, de quando os anjos disseram, ‘Ó Maria!  Por certo Deus te escolheu e te purificou, e te escolheu sobre todas as outras mulheres dos mundos.  Ó Maria!  Sê devota a teu Senhor e prostra-te e curva-te com os que se curvam (em oração).’” (Alcorão 3:42-43)
Ela também foi um exemplo de Deus, como Ele disse:
“E (Deus propõe o exemplo para aqueles que crêem) de Maria, a filha de Heli, que guardou sua castidade; então sopramos nela Nosso Espírito (ou seja, Gabriel), e ela acreditou nas palavras de seu Senhor e Seus Livros e foi devotadamente obediente.” (Alcorão 66:12)
De fato ela foi uma mulher adequada a trazer um milagre como o de Jesus, que nasceu sem pai.  Ela era conhecida por sua religiosidade e castidade, e se fosse diferente, ninguém teria acreditado em sua alegação de ter dado à luz enquanto mantinha seu estado de virgindade, uma crença e fato que o Islã considera verdadeiros.  Sua natureza especial foi um dos muitos milagres provados em sua tenra infância.  Deixe-nos contar o que Deus revelou em relação à bela estória de Maria.
A Infância de Maria
“Por certo Deus escolheu Adão, Noé e a família de Abraão e a família de Heli sobre todas as outras da criação.  São descendentes, uns dos outros, e Deus é Oniouvinte, Onisciente.  Lembra quando a esposa de Heli (Hannah; também Ana) disse: ‘Ó meu Senhor!  Eu consagro a Ti o que há em meu ventre para ser dedicado aos Teus serviços (servir Teu Lugar de adoração); então aceita-o de mim.   Verdadeiramente, Tu és O Ouniouvinte, O Onisciente.” (Alcorão 3:35)
Maria nasceu para Heli e sua esposa Hannah, que era de descendência davídica vindo, portanto, de uma família de profetas, de Abraão a Noé, a Adão, que a Paz e as Bênçãos de Deus estejam sobre todos eles.  Como mencionado no versículo, ela nasceu para a família escolhida de Heli, que nasceu na família escolhida de Abraão, que também nasceu em uma família escolhida.  Hannah era uma mulher estéril que desejava uma criança, e ela prometeu a Deus que, se Ele a concedesse um filho, ela o consagraria a Seu serviço no Templo.  Deus respondeu à sua invocação, e ela concebeu uma criança.  Quando ela deu à luz, ela se entristeceu, porque sua criança era uma menina e geralmente eram os meninos que prestavam serviço no Bait-ul-Maqdis.
“E quando deu à luz, ela disse, ‘Meu Senhor!  Eu tive uma menina...e o menino não é igual à menina.”
Quando ela expressou sua tristeza, Deus a repreendeu dizendo:
“Deus sabe melhor o que ela deu à luz...”  (Alcorão 3:36)
...porque Deus escolheu sua filha, Maria, para ser a mãe de um dos maiores milagres da criação:o nascimento virginal de Jesus, que Deus o exalte.  Hannah chamou a sua filha de Maria (Mariam em árabe) e invocou a Deus que a protegesse e à sua criança de Satanás:
“E eu a chamei de Maria (Mariam), e a entrego e à sua descendência à Tua proteção, contra o maldito Satanás.” (Alcorão 3:36)
Deus de fato aceitou essa súplica, e Ele deu a Maria e seu filho que estava por vir, Jesus, um tratamento especial – que não foi dado a ninguém antes e nem a ninguém depois; nenhum dos dois foi afligido pelo toque de Satanás ao nascer.  O Profeta Muhammad, que Deus o exalte, disse:
“Todos que nascem Satanás toca ao nascer, e a criança nasce chorando por causa de seu toque, exceto Maria e seu filho (Jesus).” (Ahmed)
Aqui, nós podemos ver imediatamente a similaridade entre essa narrativa e a teoria cristã da “Imaculada Conceição” de Maria e Jesus, embora aqui exista uma grande diferença entre as duas.  O Islã não propaga a teoria do ‘pecado original’ e, portanto, não aceita essa interpretação de como eles eram livres do toque de Satanás, mas ao contrário essa foi uma graça dada por Deus à Maria e seu filho Jesus.  Como outros profetas, Jesus foi protegido de cometer pecados graves.  Quanto à Maria, mesmo se adotarmos a posição de que ela não era uma profetisa, ela todavia recebeu a proteção e orientação de Deus que Ele concede aos crentes piedosos.
“Então seu Senhor acolheu-a com bela acolhida, e fê-la crescer em pureza e beleza, e a confiou aos cuidados de Zacarias.” (Alcorão 3:37)
No nascimento de Maria, sua mãe Hannah a levou a Bait-ul-Maqdis e a ofereceu àqueles no templo para crescer sob sua tutela.  Conhecendo a nobreza e religiosidade de sua família, eles discutiram sobre quem teria a honra de educá-la.  Eles concordaram em tirar a sorte, e não foi ninguém menos que o profeta Zacarias o escolhido.  Foi sob o seu cuidado e tutela que ela foi educada.
Milagres em sua Presença e Visitação dos Anjos
Enquanto Maria crescia, até mesmo o profeta Zacarias notou as suas características especiais, devido aos vários milagres que ocorreram na presença dela.  Maria, durante o seu crescimento, recebeu um quarto recluso dentro do templo onde ela devia se devotar à adoração de Deus.  Toda vez que Zacarias entrava na câmara para ver o que ela precisava, ele encontrava frutas abundantes, e fora da estação, na presença dela.
“Cada vez que Zacarias entrava na câmara, ele a encontrava provida com sustento.  Ele disse, ‘Ó Maria!  De onde te provém isso?’  Ela respondia, ‘De Deus.’  Certamente Deus concede sustento sem medida a quem Ele quer.” (Alcorão 3:37)
Ela foi visitada pelos anjos em mais de uma ocasião.  Deus nos diz que os anjos a visitaram e a informaram de sua condição louvável entre a humanidade:
“Quando os anjos disseram, ‘Ó Maria!  Deus te escolheu e te purificou (devido à tua adoração e devoção), e te escolheu (fazendo-te mãe do profeta Jesus) sobre todas as mulheres dos mundos.  Ó Maria!  Ore a teu Senhor devotadamente, e te prostra e te curva com aqueles que se curvam.’” (Alcorão 3:42-43)
Devido a essas visitações dos anjos e por ela ter sido escolhida sobre as outras mulheres, alguns consideram que Maria foi uma profetisa.  Mesmo se ela não foi, o que é matéria de debate, o Islã a considera detentora da posição mais alta entre todas as mulheres da criação devido à sua piedade e devoção, e devido ao fato dela ter sido escolhida para o nascimento milagroso de Jesus. 

MARIA NO ISLÃ (PARTE 2 DE 3)

Descrição: A segunda parte de um artigo de três partes discutindo o conceito islâmico de Maria: Parte 2: Sua anunciação.
Por M. Abdulsalam (IslamReligion.com)

Sua Anunciação
Deus nos informa de quando os anjos deram à Maria as boas novas de uma criança, a posição de seu filho na terra, e alguns dos milagres que ele realizaria:
“Quando os anjos disseram, ‘Ó Maria!  Certamente Deus te dá as boas novas de um Verbo (Sua palavra, ‘Sê’) Dele, cujo nome é o Messias, Jesus, filho de Maria, honorável nesse mundo e no Outro, e entre os próximos a Deus.  Ele falará aos homens ainda no berço, e na maturidade, e será dos virtuosos.’  Ela disse, ‘Meu Senhor, como poderei ter um filho se nenhum homem me tocou?’  Ele disse, ‘Assim é, Deus cria o que Ele quer.  Quando Ele decreta algo, apenas diz-lhe ‘Sê’, e é.  E Ele lhe ensinará o Livro e a Sabedoria, e o Torá e o Evangelho.” (Alcorão 3:45-48)
Isso se parece muito com as palavras mencionadas na Bíblia:
“Não tenhas medo, Maria, porque fostes favorecida por Deus. Muito em breve ficarás grávida e terás um menino, a quem chamarás Jesus.”
Atônita, ela respondeu:
“Mas como posso ter um filho, se sou virgem?” (Lucas 1:26-38)
Essa situação foi um grande teste para ela, porque sua grande piedade e devoção eram conhecidas por todos.  Ela previu que as pessoas a acusariam de não ser casta.
Em outros versículos do Alcorão, Deus relata mais detalhes da anunciação por Gabriel de que ela daria à luz a um Profeta.
“E menciona no Livro, Maria, quando ela se isolou de seu povo em um lugar na direção do oriente.  E colocou um véu entre ela e eles; então Nós enviamos Nosso Espírito (Gabriel), e ele apareceu como um homem em todos os aspectos.  Ela disse, ‘Verdadeiramente eu me refugio no Misericordioso (Deus) contra ti, temes a Deus.’  Ele disse, ‘Eu sou apenas um mensageiro de teu Senhor, (para te anunciar) a dádiva de um filho virtuoso.’ (Alcorão 19:17-19)
Uma vez, quando Maria foi ao templo para os seus afazeres, o anjo Gabriel apareceu para ela na forma de um homem.  Ela ficou assustada devido à proximidade do homem, e buscou refúgio em Deus. Gabriel então disse a ela que ele não era um homem comum, mas um anjo enviado por Deus para anunciar a ela que ela teria uma criança muito pura.  Atônita, ela exclamou
“Ela disse, ‘Como poderei ter um filho, se nenhum homem me tocou e eu nunca fui mundana?!’” (Alcorão 19:19-20)
O anjo explicou que era um Decreto Divino que já tinha sido decretado, e que de fato era algo fácil para Deus o Todo-Poderoso.  Deus disse que o nascimento de Jesus, que Deus o exalte, seria um sinal de Sua Onipotência, e que, assim como Ele criou Adão sem pai ou mãe, Ele criou Jesus sem pai.
“Ele disse, ‘Assim será,’ teu Senhor disse: ‘Isso é fácil para Mim, e farei dele um sinal para os homens, e Misericórdia de Nossa parte, e essa é uma questão que já foi decretada.’” (Alcorão 19:21)
Deus soprou em Maria o espírito de Jesus através do anjo Gabriel, e Jesus foi concebido em seu ventre, como Deus disse em um outro capítulo:
“E Maria a filha de Heli, que guardou sua castidade, Nós sopramos nela através de Nosso Espírito (Gabriel).” (Alcorão 66:12)
Quando os sinais de gravidez se tornaram aparentes, Maria ficou ainda mais preocupada com o que as pessoas falariam sobre ela.  As notícias sobre ela se espalharam, e como era inevitável, alguns começaram a acusá-la de não ser casta.  Ao contrário da crença cristã de que Maria era casada com José, o Islã mantém que ela não era noiva ou casada, e foi isso que causou a ela tal angústia.  Ela sabia que as pessoas chegariam à única conclusão lógica em relação à sua gravidez, de que tinha acontecido fora do casamento.  Maria se isolou das pessoas e partiu para uma outra terra.  Deus diz:
“E ela o concebeu, e se isolou com ele em um lugar remoto.  As dores do parto a levaram ao tronco de uma palmeira.” (Alcorão 19:22-23) 

MARIA NO ISLÃ (PARTE 3 DE 3)

Descrição: A parte final de um artigo de três partes discutindo o conceito islâmico de Maria: Parte 3: O nascimento de Jesus, e a importância e respeito que o Islã dá à Maria, a mãe de Jesus.
Por M. Abdulsalam (IslamReligion.com)

O Nascimento de Jesus
No início de seu parto, ela estava em profunda dor, tanto mental quanto física.  Como poderia uma mulher de tal piedade e nobreza ter um filho fora do casamento?  Nós devemos mencionar aqui que Maria teve uma gravidez normal que não foi diferente das outras mulheres, e teve o seu filho como as outras também.  Na crença cristã, Maria não sofreu as dores do parto, porque o Cristianismo e o Judaísmo consideram a menstruação e o parto como uma maldição sobre as mulheres pelo pecado de Eva[1].  O Islã não suporta essa crença, nem a teoria de ‘Pecado Original’, mas ao contrário enfatiza fortemente que ninguém deve carregar o pecado de outros:
“Nenhuma alma peca exceto contra si mesma, e nenhuma alma pecadora arca com o pecado de outra.” (Alcorão 6:164)
Não apenas isso, mas nem o Alcorão nem o Profeta Muhammad, que Deus o exalte, sequer mencionam que foi Eva quem comeu da árvore e instigou Adão.  Ao contrário, o Alcorão culpa ou apenas a Adão ou a ambos:
“E Satanás lhes sussurrou, e os desencaminhou com artifício.  Então quando ambos provaram da árvore, o que estava oculto de suas vergonhas (partes íntimas) se tornou manifesto para eles"  (Alcorão 7:20-22)
Maria, devido à sua angústia e dor desejou que nunca tivesse sido criada, e exclamou:
“Quem dera tivesse morrido antes disso, e tivesse sido esquecida.” (Alcorão 19:23)
Após o parto do bebê, e quando sua angústia não podia ser maior, o bebê recém-nascido, Jesus, que Deus o exalte, milagrosamente falou abaixo dela, lhe tranqüilizando e reassegurando de que Deus a protegeria:
“E abaixo dela uma voz chamou-a, ‘Não te entristeças, porque o teu Senhor fez correr abaixo de ti um regato.  E move em tua direção o tronco da tamareira; ela fará cair sobre ti tâmaras maduras, frescas.  Então come e bebe e fica feliz.  E se vês alguém, dize, ‘De fato fiz votos de silêncio ao Misericordioso e hoje não falarei com pessoa alguma.’” (Alcorão 19:24-26)
Maria se tranqüilizou.  Esse foi o primeiro milagre realizado nas mãos de Jesus.  Ele falou tranqüilizando sua mãe em seu nascimento, e uma vez mais quando as pessoas a viram carregando seu bebê recém-nascido.  Quando eles a viram eles a acusaram dizendo:
“Ó Maria, com efeito, fizeste uma coisa assombrosa!” (Alcorão 19:27)
Ela simplesmente apontou para Jesus e ele milagrosamente falou, como Deus tinha prometido a ela na anunciação.
“Ele falará aos homens ainda no berço, e na maturidade, e será dos virtuosos.’ (Alcorão 3:46)
Jesus disse às pessoas:
“Eu sou de fato um servo de Deus.  Ele me concedeu o Livro e fez de mim um Profeta, e Ele me fez abençoado onde quer que eu esteja.  Ele me recomendou as orações, a caridade, enquanto eu viver. Ele me fez carinhoso com a minha mãe, e Ele não me fez insolente, infeliz.  E que a Paz esteja sobre mim no dia em que nasci, e no dia em que morrer, e no dia em que eu for ressuscitado.” (Alcorão 19:30-33)
A partir daqui começa o episódio de Jesus, seu esforço de uma vida para chamar as pessoas para adorar a Deus, escapando das conspirações e planos daqueles judeus que se empenhariam em matá-lo.
Maria no Islã
Nós já discutimos a grande posição que o Islã concede à Maria.  O Islã dá a ela a posição de ser a mais perfeita das mulheres criadas.  No Alcorão, nenhuma mulher recebe mais atenção do que Maria embora todos os profetas, com exceção de Adão, tivessem mães.  Dos 114 capítulos do Alcorão, ela está entre as oito pessoas que têm um capítulo com o seu nome: o capítulo dezenove, “Mariam”, que é Maria em árabe.  O terceiro capítulo no Alcorão tem o nome do pai dela, Imran (Heli).  Os capítulos Mariam e Imran estão entre os capítulos mais bonitos no Alcorão.   Além disso, Maria é a única mulher especificamente mencionada pelo nome no Alcorão.  O Profeta Muhammad disse:
“As melhores mulheres do mundo são quatro: Maria a filha de Heli, Aasiyah a esposa do Faraó, Khadija bint Khuwaylid (a esposa do Profeta Muhammad), e Fátima, a filha de Muhammad, o Mensageiro de Deus.” (Al-Tirmidhi)
Apesar de todos esses méritos que mencionamos, Maria e seu filho Jesus foram somente humanos, e não tinham características que fossem além do campo da humanidade.  Ambos foram seres criados e ambos ‘nasceram’ nesse mundo.  Embora eles estivessem sob o cuidado especial de Deus que os prevenia de cometer pecados graves (proteção total – como outros profetas – no caso de Jesus, e proteção parcial como outras pessoas virtuosas no caso de Maria, se adotarmos a posição de que ela não foi uma profetisa), eles ainda estavam sujeitos a cometer erros.  Ao contrário do Cristianismo, que considera Maria como irrepreensível[2], ninguém recebeu essa qualidade de perfeição exceto Deus.
O Islã ordena a crença e implementação de monoteísmo estrito; de que ninguém tem quaisquer poderes sobrenaturais além de Deus, e que apenas Ele merece adoração e devoção.  Embora milagres tenham ocorrido nas mãos dos profetas e pessoas virtuosas durante suas vidas, eles não tinham poder para se ajudar, quanto mais a outros, após sua morte.  Todos os humanos são servos de Deus e precisam de Sua ajuda e misericórdia.
O mesmo é verdadeiro para Maria.  Embora muitos milagres tenham ocorrido na presença dela, tudo cessou após sua morte.  Quaisquer alegações que as pessoas fizeram de que viram aparições da Virgem, ou que pessoas foram salvas do perigo após invocá-la, como as mencionadas em literatura apócrifa como “Transitus Mariae”, são meras aparições feitas por Satanás para desencaminhar as pessoas da adoração e devoção ao Único Verdadeiro Deus.  Devoções como a “Ave Maria” recitada sobre o rosário e outros atos de engrandecimento, como a devoção de igrejas e festas específicas para Maria, levam as pessoas a engrandecer e glorificar outros além de Deus.  Devido a essas razões, o Islã proibiu estritamente inovações de qualquer tipo, assim como a construção de locais de adoração sobre túmulos, tudo para preservar a essência de todas as religiões enviadas por Deus, a mensagem pura para adorá-Lo somente e deixar a falsa adoração de todos os outros além Dele.
Maria foi uma serva de Deus, e ela foi a mais pura de todas as mulheres, especialmente escolhida para o nascimento milagroso de Jesus, um dos maiores de todos os profetas.  Ela foi conhecida por sua piedade e castidade, e continuará a ser mantida nessa alta consideração através dos tempos que estão por vir.   Sua estória tem sido relatada no Glorioso Alcorão desde o advento do Profeta Muhammad, e continuará assim, inalterada em sua forma pura, até o Dia do Juízo.
Fonte: https://www.islamreligion.com/pt/articles/25/viewall/maria-no-isla-parte-1-de-3/
FOOTNOTES:
[1]Veja Gênesis (3:16)
[2]Santo Agostinho: “De nat. et gratis”, 36.

quarta-feira, dezembro 12, 2018

A Humanidade sem nação, reflexão por ocasião do - Dia Internacional da Luta contra a Islamofobia


Prezados Irmãos,
Saúdo-vos com a saudação do Islão, "Assalam alaikum", (que a Paz esteja convosco), que  representa o sincero esforço dos crentes por estender o amor e a tolerância entre as pessoas, seja qual for o seu idioma, crença ou sociedade. «Ó Humanidade! Na verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Deus, é o mais temente. Sabei que Deus é Sábio e está bem inteirado». (Alcorão, 49:13).
Os Dias Internacionais, como outras efemérides, não são iniciativas vãs para mobilizar as consciências. São instrumentos necessários para manter viva a memória. O esquecimento é a razão pela qual certos episódios se repetem ao longo da história, e não nos referimos a momentos excepcionais. Falamos sobre a violência. A partir da Plataforma Cívica contra a Islamofobia temos oferecido, repetidamente, uma explicação da equação da violência contra o que é ou parece muçulmana ou islâmica (o primeiro aplicado a pessoas, o resto a conceitos ou objetos). A violência não é espontânea ou materializada pela ciência infundida. É gerada por mecanismos conhecidos: o discurso, a hostilidade, a exclusão, a violência. Isto é, a negação da humanidade. O discurso do ódio consiste em diferenciar e criar o "outro", desumanizá-lo, culpá-lo, criminalizá-lo e criar uma mensagem permanente de necessidade de defesa e de um suposto ataque. Na Europa fala-se de "invasão", na Espanha foi recentemente reavivada a "reconquista". Ambos os mitos com os quais se incita a população (esgotada por excesso de mensagens e incapazes de discernir as notícias falsas das verdades, cansada de uma política medíocre que necessita se alimentar de inimigos para avolumar a militância) para a hostilidade e a violência. Essa população deve, portanto, tomar posições; e essas posições serão de total rejeição se estiverem a ser alimentadas pelo discurso de que há "outro" que vem tirar-te o trabalho, que vai viver de ajudas, que traz os seus costumes e vai tratar de impô-las, que não traz nada de positivo para nossa sociedade, que tem uma cultura violenta e ignorante, que em definitivo é o inimigo a combater. A posição que permanece dessa perspectiva é apenas uma: defender-se, e atacar. Os olhares hostis, os empurrões ou pisadelas no transporte público, as expulsões de alunas com hijab, a negação de menus escolares, a violação sistemática da lei 26/1992, a agressão contra as mulheres para despojá-las de parte de suas vestimentas em plena rua, as múltiplas expressões de hostilidade inundam o quotidiano.
A hostilidade e a exclusão exercidas na Espanha contra os muçulmanos são um grave indicador das deficiências que o processo de "transição" deixou. A Espanha não conseguiu eliminar o fascismo, e os rescaldos do mesmo foram ressuscitados no calor da onda nacionalista e xenófoba que assola a Europa e os Estados Unidos. A Espanha não tem conseguido aceitar a pluralidade de sua nação: que há espanhóis que professam diferentes religiões, que têm diferentes orientações sexuais, que optam por diferentes modelos de família e da vida, que elegem ser "umma" (humanidade) versus a opção de ser "nacionalista" A Espanha, em suma, não decidiu para onde vai, nem quem deve participar desse debate e dessa decisão. A Espanha está desmoronando em nossas mãos porque não há um projeto que impulsione o país a partir da pluralidade positiva, a partir da inteligência, a partir da generosidade, a partir do respeito. E porque não é bom esquecer, apelamos novamente à memória, para recordar que na Europa se cometeu o maior genocídio da história, não foi em outro lugar. Milhões morreram porque eram diferentes (eram judeus, ciganos, homossexuais, doentes). Milhões morreram porque a população criou o discurso, discurso que por certo estava legitimado pelo poder, não olvidemos que Hitler foi eleito nas urnas. Apelamos à memória para lembrar que duas guerras "mundiais" (deveríamos dizer européias) foram forjadas e estalaram impulsionadas por nacionalismos, ideologias necessariamente excludentes (não apenas do "outro", mas de toda a humanidade). Insistimos que esses episódios de violência e morte, que não beneficiam senão a uns poucos, se combatem através do respeito, da educação, da memória e da ação.
É por isso que nós celebramos este Dia Internacional de Luta contra a Islamofobia, pelo menos para fazer as perguntas que suscita o avanço do nacionalismo e o evidente esquecimento para onde nos levou a última vez que isso a ocorreu. Essas perguntas suscitam uma profunda preocupação pelo futuro de nossa nação. Por que não respeitamos a diversidade? É tão difícil apreciar as culturas dos outros? Será que realmente achamos que um passaporte nos torna "mais humanos" do que as  outras pessoas? Que tipo de mundo queremos e como vamos envolver os outros para saber o que eles querem?
A partir da Plataforma, pensamos que a ajuda mútua e o conhecimento são as ferramentas necessárias para começar a não repetir os erros da história.
A ajuda mútua, esse (parece que) esquecido conceito cunhado por Kropotkin, tem sido o fator mais decisivo na evolução tecnológica e social da humanidade. O conhecimento, ao que exorta o Alcorão em numerosas passagens, o dever de todo crente, é o motor da Humanidade na sua expressão máxima: preservar a vida, respeitar o planeta, desenvolver-se como pessoas, como sociedade, alcançar a felicidade e a paz.
A cooperação e o conhecimento são fundamentais para o desenvolvimento material e espiritual dos povos. Se entendermos os "povos" a partir do contexto Islâmico, não estamos referindo-se a nações cuja ideologia as leva a um confronto umas contra as outras, como já temos visto, em várias ocasiões na Europa. Referimo-nos a nações cujo objetivo é o conhecimento mútuo para buscar opções de colaboração e intercâmbio, para a melhoria das suas sociedades. Isso só pode ser alcançado através do respeito e da educação, e do ativismo, entendido este como uma rejeição de passividade, a indiferença e o desinteresse, como um esforço diário para entender a nossa sociedade, os mecanismos políticos que a administram, a história e as suas lições, e as oportunidades que o futuro nos oferece.
A idéia de "uma" proporciona-nos uma oportunidade de refletir sobre tudo o que não conseguimos como humanidade. Enquanto houver ideologias como as nacionalistas ou fascistas, que baseiam a sua sobrevivência na exclusão e na aniquilação do "outro", não teremos a oportunidade de defender a nossa humanidade. É necessária educação: não podemos esquecer que a Espanha sempre foi muito diversificada, de múltiplas culturas, línguas, religiões, que o Islão é o nosso patrimônio, que é tão valioso quanto qualquer outro elemento do nosso passado, que nós somos um país diverso e que todas as partes que compõem essa diversidade têm os mesmos direitos. O respeito é necessário, como um dos valores fundamentais que garantem a integridade própria e a dos outros; e esse respeito deve ser estendido a todos os membros da sociedade. A memória é necessária, porque as pessoas devem aprender a não repetir os erros, a usar a nossa inteligência para entender que há situações que não podem ser repetidas, porque custam vidas. E é necessária a ação, porque o descontentamento e o tédio nos roubam a vida e o futuro de nossos filhos e filhas.
É a hora de escolher se estamos realmente comprometidos, se fazemos esse esforço ou se deixamos que a história se repita. Se queremos"defender" uma nação contra o mundo ou se somos "umma", a nação humana, o futuro onde todos nos encaixamos .
Obrigado. Wassalam (Paz).
M. Yiossuf Adamgy - Diretor da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán

Por Barbara Ruíz-Bejarano* - 11 de dezembro de 2018 Versão portuguesa de: M. Yiossuf Adamgy *Bárbara Ruíz-Bejarano  é Diretora de Relações Internacionais do Instituto Halal e Diretora da Escola Halal em Espanha

domingo, novembro 18, 2018

As Américas antes de Colombo!

Hajj Hamzah Diretor ILAEI para Goiás
Engraçado, quando estamos no primário, hoje, estudos fundamentais, temos a certeza que quem descobriu a América e o Brasil, foram Cristovam Colombo e Pedro Alvare Cabral. Nos segundo grau aparecem as dúvidas e no passo seguinte vem a certeza de que apenas levaram essa glória!.

Segundo o Dr. Yussef Mroueh, numerosas são as evidências que sugerem que muçulmanos vindos da Espanha e África Ocidental tenham chegado às Américas há, pelo menos, 5 séculos antes de Colombo.

Há registros, por exemplo, de que em meados do século X, durante o reinado do califa omíada
Abdul-Rahman III (926-961), muçulmanos de origem africana, partindo do porto espanhol de Delba (Palos), navegaram o "Mar Tenebroso". Após uma longa ausência, eles retornaram com uma carga preciosa, conseguida em "uma terra estranha e curiosa". Sabe-se que muçulmanos acompanharam Colombo, e os exploradores que se seguiram, em viagens ao Novo Mundo.

A última fortaleza muçulmana na Espanha, Granada, caiu em mãos de cristãos em 1492 d.C., um pouco antes do início da Inquisição espanhola. Para escapar da perseguição religiosa, muitos não cristãos fugiram ou se converteram ao catolicismo. Em pelo menos dois documentos podemos inferir a presença de muçulmanos na América espanhola antes de 1550 d.C., não obstante o fato de um decreto baixado em 1539 d.C, por Carlos V, rei de Espanha, ter proibido que netos de muçulmanos, que tivessem sido queimados na fogueira, migrassem para as Índias Ocidentais. Este decreto foi ratificado em 1543 d.C., juntamente com a publicação de uma ordem de expulsão de todos os muçulmanos dos territórios ultramarinos espanhóis. São muitas as referências sobre a chegada de muçulmanos às Américas e elas podem ser resumidas nas notas que se seguem:

Documentos históricos

1.Abul-Hassan Ali Ibn Al-Hussain Al-Masudi (871-957 d.C), um historiador e geógrafo muçulmano, escreveu em seu livro "Muruj Adh-dhahab wa Maadim al-Jawahar" (Os Campos de Ouro e as Minas de Jóias), que durante o reinado do califa muçulmano da Espanha, Abdullah Ibn Muhammad (888-912 d.C), um navegador muçulmano Khashkhash Ibn Saeed Ibn Aswad, de Córdoba, na Espanha, navegou de Delba (Palos) em 889 d.C, cruzou o Atlântico e alcançou um território desconhecido (Ard Majhoola) e retornou com tesouros fabulosos. No mapa de Al-Masudi há uma grande área no "Mar Tenebroso" (oceano Atlântico) que se refere a esse território (as Américas). 
2.Abu Bakr Ibn Umar Al-Gutiyya, um historiador muçulmano, contou que, durante o reinado do califa muçulmano, Hisham II (976-1009 d.C), um outro navegador muçulmano, Ibn Farrukh de Granada, saindo de Cadiz (fevereiro de 999 d.C) aportou em Gando (ilhas Canárias), visitando o Rei Guanariga e continuou em direção oeste, onde avistou duas ilhas, dando-lhes os nomes de Capraria e Pluitana. Ele retornou à Espanha em maio de 999 d.C.
3.Colombo saiu de Palos (Delba), na Espanha, com destino a Gomera (Ilhas Canárias) – Gomera é uma palavra árabe que significa "pequeno incendiário". Lá, ele se apaixonou por Beatriz Bobadilha, filha do capitão-geral da ilha (o nome Bobadilha é derivado do arabo-islâmico (Abouabdilla). Ainda assim, o clã Bobadilha não foi condescendente. Um outro Bobadilha (Francisco), mais tarde comissionário real, colocou Colombo na cadeia e o transferiu de Santo Domingo de volta para a Espanha (novembro de 1500 d.C). A família Bobadilha era ligada à dinastia de Sevilha (1031-1091 d.C). Em 12 de outubro de 1492, Colombo aportou em uma pequena ilha das Bahamas, que era chamada de Guanahani pelos nativos e rebatizada de São Salvador por Colombo. Guanahani é derivado do mandinga e é uma corruptela das palavras árabes Guana (Ikhwana), que significa "irmãos" e Hani, nome próprio árabe. Portanto, o nome original da ilha era "Irmãos Hani". Ferdinando Colombo, filho de Cristóvão, escreveu sobre a presença de negros, visto por seu pai em Honduras: "As pessoas que vivem mais a leste de Pointe Cavinas, até Cabo Gracias a Diós, são quase negras na cor." Ao mesmo tempo, na mesma região, vivia uma tribo de nativos muçulmanos, conhecidos como Almamy. Nas línguas árabe e mandinga, Almamy era a designação para "Al-Imam" ou "Al-Imamu", a pessoa que conduz a prece ou, em alguns casos, o chefe da comunidade e/ou um membro da comunidade muçulmana. 
4.Leo Weiner, um historiador e linguista americano da Universidade de Harvard, em seu livro "A Descoberta da América" (1920), escreveu que Colombo sabia muito bem da presença mandinga no Novo Mundo e que muçulmanos da África Ocidental haviam se espalhado pelos territórios doCaribe e das Américas do Norte, Central e do Sul, inclusive do Canadá, onde eles acabaram por se casar com indígenas das tribos iroquês e algonquin.

Explorações geográficas

1.O renomado geógrafo e cartógrafo muçulmano Al-Sharif Al-Idrisi (1099-1166 d.C) escreveu em seu livro Nuzhat al-Mushtaq fi-Ikhtiraq al-Afaq, que um grupo de marinheiros (da África do Norte), saindo do porto de Lisboa (Portugal), navegou pelo mar Tenebroso (oceano Atlântico) a fim de descobrir como ele era e qual era a extensão de seus limites. Finalmente, eles alcançaram uma ilha onde havia um povo e plantação ... no quarto dia, um tradutor falou com eles em árabe. 
2.Livros muçulmanos mencionavam uma descrição bem documentada de uma viagem através do mar Tenebroso, feita pelo Shaikh Zayn-eddine Ali bem Fadhel Al-Mazandarani. Sua viagem começou em Tarfay (sul do Marrocos), durante o reinado do rei Abu-Yacoub Sidi Youssef (1286-1307 d.C), até a Ilha Verde, no mar do Caribe, em 1291 d.C. Os detalhes de sua viagem oceânica são referências islâmicas e muitos eruditos muçulmanos conhecem este fato histórico. 
3.O historiador muçulmano Chihab Addine Abul-Abbas Ahmad bem Fadhl Al-Umari (1300-1384 d.C), em seu livro "Masaalik al-absaar fi Mamaalik al-amsaar", descreveu, em detalhes, as explorações geográficas além do mar Tenebroso feitas por sultões do Mali. 
4.O sultão Mansa Kankan Musa (1312-1337 d.C) foi um conhecido monarca mandinga do império islâmico do Mali. Quando estava viajando para Macca, em seu famoso hajj, em 1324 d.C, ele disse a estudiosos da corte do sultão mameluco Bahri (an-Nasir-eddin Muhammad III, 1309-1340 d.C), no Cairo, que seu irmão, o sultão Abu Bakr I (1285-1312 d.C), havia empreendido duas expedições pelo oceano Atlântico. Como o sultão não retornasse a Timboctu dessa segunda viagem de 1311 d.C, Mansa Musa acabou por se tornar o sultão do império. 
5.Colombo e os primeiros exploradores espanhóis e portugueses, só foram capazes de cruzar o Atlântico (uma distância de 24.000 km) graças ao conhecimento muçulmano sobre geografia e navegação, principalmente os mapas feitos por comerciantes muçulmanos, inclusive Al-Masudi (871-957 d.C) em seu livro Akhbar Az-Zaman (História do Mundo), que é baseado em material reunido na África e na Ásia. Aliás, Colombo tinha dois capitães de origem muçulmana em sua primeira viagem transtlântica: Martin Alonso Pinzon, que era capitão da nau Pinta, e seu irmão Vicente Yanez Pinzon, que era capitão da nau Nina. Eles eram ricos e experientes em navios e ajudaram a organizar a expedição de Colombo e a consertar a nau capitânea Santa Maria. E fizeram isso às suas próprias custas por interesse tanto político quanto comercial. A família Pinzon era ligada ao sultão marroquino Abuzayan Muhammad III (1362-66 d.C).

Inscrições arábicas (islâmicas)

1. Antropólogos provaram que os mandingos, seguindo as intruções de Mansa Musa, exploraram muitas partes da América do Norte, subindo o rio Mississipi e outros sistemas fluviais. Em Four Corners, Arizona, documentos comprovam que até elefantes eles trouxeram da África para essa área.

2. Em seus diários, Colombo admitiu que no dia 21 de outubro de 1492, uma segunda-feira, quando ele estava navegando próximo a Gibara, na costa nordeste de Cuba, ele viu uma mesquita no alto de uma bela montanha. As ruínas de mesquitas e minaretes com inscrições de versículos alcorânicos foram escobertos em Cuba, México, Texas e Nevada.

3. Durante sua segunda viagem, os nativos de Hispaniola (Haiti) disseram a Colombo que negros tinham estado na ilha antes de sua chegada. Como prova, eles o presentearam com lanças daqueles muçulmanos africanos. Essas armas eram arrematadas na ponta com um metal amarelo que os nativos chamavam de guanine, uma palavra de origem africana que siginifica "mistura de ouro". Estranhamente, está relacionada como a palavra árabe ghinaa, que quer dizer "riqueza!. Colombro levou algumas guanines para a Espanha e lá elas foram testadas. Ele, entãoo, soube que o metal era composto de 18 partes de ouro (56,25 %), seis partes de prata (18,75 %) e oito partes de cobre (25 %), a mesma proporção do metal produzido na nos mercados africanos da Guiné.

4. Em 1498 d.C., em sua terceira viagem ao Novo Mundo, Colombo aportou em Trinidad. Mais tarde ele avistou o continente sul-americano, onde alguns de seus tripulantes desceram em terra e encontraram nativos usando lenços coloridos em algodão tecido simetricamente. Colombo percebeu que aqueles lenços lembravam os lenços de cabeça e as tangas da Guiné, com suas cores, estilo e função. Ele se referiu a eles como os Almayzars, que é uma palavra árabe para "capa", "cobertura", "avental" e/ou saia, e que era a roupa usada pelos mouros (muçulmanos espanhóis e africanos do norte), que chegaram ao Marrocos, Espanha e Portugal vindos da África Ocidental (Guimé). Durante esta viagem, Colombo se surpreendeu com as mulheres casadas que vestiam calças de algodão (bragas) e imaginou como aquelas nativas
podiam ter aprendido sobre a modéstia. Hernando Cortez, o conquistador espanhol, descreveu a roupa das nativas como longos véus e a dos nativos como uma espécie de "bombachas, pintadas no estilo das tapeçarias mouriscas". Ferdinando Colombo chamou essas roupas de algodão "bombachas do mesmo desenho e roupa com os xales usados pelas mouras de Granada". Até a semelhança das redes das crianças com as usadas na Africa do Norte era fantástica.

5. O Dr. Barry Fell, da Universidade de Harvard, apresentou em seu livro "A Saga da América" - 1980, sólidas evidências científicas que amparam a tese da chegada de muçulmanos da África do Norte e Ocidental, muitos séculos antes de Colombo. O Dr. Fell descobriu a existência de escolas muçulmanas em Nevada, Colorado, Novo México e Indiana, datando de 700-800d.C. Entalhado nas pedras do antigo oeste americano, ele encontrou textos, diagramas e cartas, representando os últimos fragmentos vivos do que uma vez foi um sistema de escolas, tanto primária quanto secundária. A língua usada era o árabe norte-africano, escrito no antigo kufi. As matérias de ensino incluiam escrita, leitura, aritmética, religião, história, geografia, astronomia e navegação marítima. Os descendentes dos visitantes muçulmanos da América do Norte eram membros das atuais tribos iroqueses, algonquins, anasazis, hohokam, olmec.

6. Existem 565 nomes de lugares (vilarejos, cidades, montanhas, lagos, rios, etc.), 484 nos Estados Unidos e 81 no Canadá, que são derivados de raízes árabes e islâmicas. Esses lugares foram originalmente batizados pelos nativos do período pre-colombiano. Alguns desses nomes tinham significado sagrado, tais como Meca (Indiana) - 720 habitantes, tribo indígena Makka (Washington), Medina (Idaho) - 2.100 habitantes, Medina (NY) - 8.500 habitantes, Medina e Hazen (Dacota do Norte) - 1.100 habitantes e 5.000 habitantes, respectivamente, Medina (Ohio) - 12.000 habitantes, Medina (Tenessee) - 1.100 habitantes, (Medina (Texas) - 26.000 habitantes, (Medina (Ontário) - 1.200 habitantes, Maomé (Illinois) - 3.200 habitantes, Mona (Utah) - 1.100 habitantes, Arva (Ontário) - 700 habitantes, e muitos outros. Um estudo cuidadoso dos nomes das tribos indígenas revelou que muitos deles derivaram de raízes árabes e islâmicas, como, por exemplo, Apache, Arauaque, Arikana, Cheroque, Hohokam, Makka, Nazca, Zulu, Zuni, etc.