quinta-feira, outubro 27, 2011

Os Direitos da Mulher na Civilização Islâmica‏

بسم الله الرحمن الرحيم

Por: Dr . Ragheb Elsergany

O Islam envolveu a mulher com grande cuidado e atenção, a elevou e a valorizou, a exclusivizou com a nobreza e bom relacionamento sendo filha, esposa, irmã e mãe. O Islam estabeleceu, inicialmente, que a mulher e o homem foram criados de uma só fonte, por isso as mulheres e os homens no aspecto humano são iguais. Disse Allah, o Altíssimo: [Ó humanos, temei a vosso Senhor, Que vos criou de uma só pessoa e desta criou sua mulher, e de ambos espalhou pela terra numerosos homens e mulheres] (Annissá: 1). E existem vários outros versículos que esclarecem a eliminação do Islam o princípio da distinção entre o homem e a mulher nos valores humanos comuns.

O valor da mulher no Islam

Partindo destes princípios e negando os costumes da jahiliyah (época pré-islâmica) e das nações anteriores no assunto da mulher, o Islam chegou para defender a mulher e para colocá-la em um nível jamais alcançado em nenhuma nação ou religião anterior nem em nação posterior, estabelecendo para ela – como mãe, irmã, esposa e filha desde catorze séculos atrás – direitos reivindicados ainda hoje pela mulher ocidental.

O Islam estabeleceu inicialmente que as mulheres se igualam aos homens no valor e na posição, o fato de serem mulheres não as diminui. O mensageiro (a paz esteja com ele) disse sobre isso, decretando um princípio importante: “Em verdade, as mulheres são irmãs dos homens”[1]. Também é narrado sobre ele que recomendava o respeito às mulheres permanentemente, dizia aos seus companheiros: “Tratem bem as mulheres...”[2]. Esta recomendação se repetiu no sermão de despedida quando ele falava a milhares de pessoas da sua nação.

O valor da mulher na época pré islâmica

Se pretendemos esclarecer o que o Islam estabeleceu de bases para a elevação e enobrecimento da mulher, devemos primeiro perceber inicialmente a situação da mulher nas “ignorâncias” antigas e modernas[3], para vermos a real escuridão que ela viveu e que ela ainda vive. A partir daí, se esclarece para nós a real situação e posição da mulher sob a sombra dos ensinamentos do Islam e da civilização islâmica.

Se os árabes – como antecedemos no primeiro capítulo – enterravam suas filhas as privando do direito à vida, temos o Alcorão Sagrado sendo revelado criminalizando e proibindo tal ato: [E quando a filha, enterrada viva, for interrogada, por que delito fora morta] (Attakwir: 8-9). O profeta (a paz esteja com ele) também fez deste crime um dos maiores pecados. Ibn Mass´úd disse: Perguntei ao mensageiro de Allah (a paz esteja com ele): Qual pecado é maior? Ele disse: “Que tu associes com Allah um parceiro sendo que Ele te criou”. Eu disse: E em seguida? Ele disse: “Que mates o teu filho temendo que ele divida o teu sustento contigo”. Eu disse: E em seguida? Ele disse: “Que cometas adultério com a mulher de teu vizinho” [4].

Os direitos da mulher no IslamEste assunto no Islam não se limita a dar à mulher somente o direito à vida, mais ainda, o Islam incentivou a benfeitoria a ela quando pequena. Disse o mensageiro (a paz esteja com ele): “Quem for responsável por estas meninas e for benfeitor para com elas, elas lhes serão uma barreira do fogo”[5].

Em seguida, o mensageiro (a paz esteja com ele) ordenou ensiná-las dizendo: “Todo homem que tiver uma menina e a ensinar com perfeição, e a educar com perfeição... terá duas recompensas”[6]. E o profeta (a paz esteja com ele) dedicava um dia para a exortação das mulheres e as ordenava a obediência a Allah, altíssimo seja[7].

Quando a menina atravessa a idade da puberdade e torna-se adolescente, o Islam já lhe dá o direito de aceitar ou recusar um possível pretendente para o casamento, não permite que ela se case com um homem a quem não deseja. Sobre isso, o mensageiro (a paz esteja com ele) disse: “A mulher que já foi casada tem mais direito sobre si que o seu tutor, e a virgem deve ser perguntada e sua permissão é o seu silêncio”[8]. E disse: “A mulher que já foi casada não pode ser casada até ser consultada, e a mulher virgem não pode ser casada até lhe ser pedida a permissão”. Disseram: Ó mensageiro de Allah, e como é a sua permissão? Disse: “Que faça silêncio”[9].

E quando torna-se esposa, a lei islâmica incentiva o bom trato e boa convivência, levando em consideração que a boa convivência com a mulher é uma prova da nobreza do homem e da generosidade de sua natureza. Incentivando isso, o mensageiro (a paz esteja com ele) disse: “Se o homem dá água para sua mulher beber é recompensado”[10]. E alertando, diz: “Eu constranjo a quem faz perder o direito dos dois fracos: o órfão e a mulher”[11].O mensageiro (a paz esteja com ele) era um exemplo prático neste assunto, era de extrema ternura e bondade com sua família. Al Assuad Annakhaí narra que perguntou a Áíshah sobre o que o profeta (a paz esteja com ele) fazia junto de sua família. Ela disse: “A ajudava no trabalho doméstico, então, se chegasse a hora da oração, partia para a oração”[12].

E se a mulher detestar o seu marido e não suportar viver com ele, o Islam lhe concedeu o direito à separação. Ibn Ábbass disse: A mulher de Thabit ibn Qaiss veio até o profeta (a paz esteja com ele) e disse: Ó mensageiro de Allah, não reclamo sobre Thabit em religião nem conduta, porém receio a incredulidade. O mensageiro de Allah então disse: “Então, queres anular a tua residência com ele?”. Ela respondeu: Sim. Então, o profeta (a paz esteja com ele) o ordenou que se separasse dela[13].Podemos adicionar ao que antecedeu o fato de o Islam ter estabelecido poder financeiro individual para a mulher exatamente igual o homem, ela pode vender, comprar, alugar, outorgar, dar e não tem limitação sobre ela enquanto ela goza de suas faculdades mentais, baseando-se no dizer de Allah, o Altíssimo: [Então, se percebeis neles maturidade, entregai-lhes suas riquezas...] (Annissá: 6).

Quando Ummu Haní bint Abi Talib deu proteção a um homem politeísta e seu irmão Ali ibn Abi Talib queria matá-lo, o profeta (a paz esteja com ele) sentenciou a favor de Ummu Haní e deu a ela o direito de oferecer proteção na guerra ou na situação de paz aos não muçulmanos e disse: “Protegemos a quem tu proteges ó Ummu Haní”[14].

Assim vive a mulher muçulmana, cara, nobre, protegida sob a sombra dos ensinamentos do Islam e sob a nobre civilização islâmica.

Tradução: Sheikh Ahmad Mazloum[1] Relatado por Al-Tirmizi: Capítulo de Al-taharah (purificação) (113), Abu Daud (236), Ahmad (26.238), Abu Ya'la (4694). Veja: Sahih Al-Jami ' de Al-Albani (1983).

[3] Mencionamos este assunto quando falamos sobre as civilizações anteriores.

[4] Narrado por Al-Bukhari, capítulo de Al-Adab (comportamento) (5655), Al-Tirmizi (3182) e Ahmad (4131).

[5] Narrado por Al-Bukhari sobre a autoridade do 'Aisha (que Allah esteja satisfeito com ela): Capítulo de Al-Adab (comportamento) (5649), e muçulmanos, o capítulo da Virtude, boas maneiras e participar dos laços de parentesco (2629).

[6] Narrado por Al-Bukhari sobre a autoridade de Abu Musa Al-Ash'ari: Capítulo de Al-Nikah (casamento) (4795).

[7] Abu Said Al-Khudri disse: Algumas mulheres solicitaram ao Profeta para fixar um dia para elas, enquanto os homens estavam tomando todo o seu tempo. Então, ele prometeu-lhes um dia de aulas para exortá-las e ordená-las. Narrado por Al-Bukhari, capítulo de Al-Ilm (conhecimento) (101), e Muslim, o capítulo da Virtude, boas maneiras e participar dos laços de parentesco (2633).

[2] Narrado por Al-Bukhari sob a autoridade de Abu Hurayrah: Capítulo de Al-Nikah (casamento), o capítulo de conselhos sobre cuidar de mulheres (4890), e Muslim: Capítulo da lactação (1468).


[8] Narrado por Muslim sobre a autoridade de Abdullah ibn Abbas: Capítulo de Al-Nikah (casamento) (1421).

[9] Narrado por Al-Bukhari sobre a autoridade de Abu-Hurairah: Capítulo de Al-Nikah (casamento) (4843).

[10] Narrado por Ahmad na autoridade de Ibn Al-Írbadh ibn Sariyah (17195). Veja: Sahih Al-Targhib wa Al-Tarhib (Livro do incentivo e intimidação) (1963).

[11] Narrado por Ibn Majah sobre a autoridade de Abu-Hurairah (3678) e Ahmad (9664). Shu'aby Al-Arna'ut disse que sua transmissão é forte, Al-Hakim (211), e disse que o hadith é correto, conforme as condições exigidas por Muslim. Al-Zahabi disse em Al-Talkhis: De acordo com as condições de Muslim. Al-Baihaqi (20.239). Al-Albani disse: correto. Veja Al-Silsilah Sahihah-Al (1015).


[12] Narrado por Al-Bukhari capítulo, de wa Al-Jama'ah Al-Imamato (644), Ahmad (24.272), e Al-Tirmizi (2489).

[13] Narrado por Al-Bukhari, capítulo de Al-Talaq (divórcio) (4973) e Ahmad (16.139).

[14] Narrado por Al-Bukhari sobre a autoridade de Um Hani bint Abu Talib: Capítulo de Al-Jiziah (3000), e Muslim: Capítulo de Salat Al-Musafirin (orações dos viajantes) (336) .Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos do Brasil, Grupo independente, constituído de sábios, cheiques que seguem a sunna e o consenso no Brasil, São propagadores locais e enviados dos ministérios dos bens religiosos e dos assuntos islâmicos das diferentes regiões para cuidar dos assuntos islâmicos dos muçulmanos no Brasil.

المجلس الأعلى للأئمة والشؤون الإسلامية في البرازيل هو تجمع مستقل يضم علماء ومشايخ أهل السنة والجماعة في البرازيل، وهم عبارة عن دعاة محليين ومبتعثين من وزارات الأوقاف والشؤون الإسلامية في الأقطار الإسلامية لرعاية الجالية المسلمة في البرازيل*********************************************************

"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

Mohamad ziad -محمد زياد

Os Muçulmanos Amam Jesus!

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domingo, outubro 23, 2011

A Mesquita e o Seu Papel na Civilização Islâmica‏


Em Nome de Allah o Clemente  e Misericordioso !
Prezados irmãos e caros leitores! 
Mesquita é o nome que se dá ao templo islâmico na língua portuguesa. Em árabe é Masjid. Diferentemente de outros templos que só funcionam com um local de celebrações de cultos, a Mesquita funciona também com uma sala aula, e até local onde os muçulmanos fazem retiros espirituais, inclusive dormindo em seu interior. Na matéria abaixo vamos saber sobre a A Mesquita e seu papel no ensino.
A história da educação na sociedade islâmica está intimamente associada à mesquita, ela é o principal centro de difusão da cultura islâmica e á um dos principais pontos de ensino. O mensageiro fez da mesquita de Al Madinah um local de estudo, onde ele se reunia com os seus companheiros, recitava para eles o que lhe era revelado do Alcorão e ensinava-lhes as regras da religião em palavras e atos. A mesquita permaneceu cumprindo a sua missão na época dos califas probos e continuou assim na época do reinado dos Omíadas e dos Abássidas e, posteriormente, quando os cientistas interpretavam os versos do Alcorão Sagrado, e os muhaddithun (compiladores dos dizeres do profeta (a paz esteja com ele)) narravam os ditos do mensageiro de Allah (a paz esteja com ele). Entre eles Imam Malik ibn Anass. Assim também era a Mesquita de Damasco, um importante centro cultural, no qual se formavam oficinas de ciência[1], e tinha vários pontos usados pelos alunos para copiar e ler. Al-Khateeb al-Baghdadi[2]  tinha uma grande círculo no qual ensinava, e no qual as pessoas se reuniam para ouvi-lo todos os dias "[3].
 As reuniões de aprendizagem
 Os companheiros do profeta (a paz esteja com ele) tinham círculos de conhecimento (reuniões de aprendizagem) na mesquita do profeta (a paz esteja com ele). Makhul narra que um homem disse: “Estávamos sentados no círculo de Omar ibn Al Khattab na mesquita de Al Madinah discutindo as virtudes do Alcorão, então foi citada maravilha de “Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso”[4].
 E Abu Hurairah tinha um círculo na mesquita do profeta (a paz esteja com ele), onde ensinava o hadith (os ditos) do mensageiro de Allah (a paz esteja com ele). Esta reunião refletia a amplitude da memória de Abu Hurairah e seus sentimentos sinceros para com o profeta (a paz esteja com ele). Um homem se encontrou com Muáuiah e disse: “Passei por Al Madinah, e encontrei Abu Hurairah sentado na mesquita e ao redor dele um círculo de pessoas para as quais ele falava. Ele disse: O meu íntimo Abul Qassem me disse... em seguida ele refletia e chorava. Em seguida, voltou a dizer: O meu íntimo, o profeta de Allah Abul Qassem me disse... e chorou. Então, se levantou!”[5].
 Abu Ishaq Assubaií qualificou a organização científica das reuniões do companheiro do profeta (a paz esteja com ele) Al Baraá ibn Ázib dizendo: “Sentávamos na reunião de Al Baraá, um atrás do outro”[6]. Este é um texto que também nos indica o tamanho deste círculo. E também, das reuniõs conhecidas naquela época na mesquita do profeta (a paz esteja com ele) temos a reunião do sahabi Jabir ibn Abdullah Al Anssari[7].
 Muázh ibn Jabal tinha uma reunião famosa na mesquita de Damasco. Abu Idriss Al Khaulani a qualificou dizendo: “Entrei na mesquita de Damasco, encontrei um jovem de face iluminada e de longa quietude. E vi as pessoas ao seu redor, quando divergiam em alguma questão seguiam a sua opinião. Eu perguntei sobre ele e me foi dito: Este é Muázh ibn Jabal”[8].
 Por isso, as reuniões de ciência nas mesquitas eram iguais à organização de ensino superior atualmente. E todos os grupos da sociedade islâmica zelavam em procurar o conhecimento, até mesmo os sábios e a elite  compareciam a estes pontos de ensino. Ibn Kathir citou que quando Ali ibn Hussein entrava na mesquita ultrapassava as pessoas até poder sentar na reunião de Zaid ibn Asslam, então Nafií ibn Jubair ibn Mut´ím disse-lhe: Que Allah te perdoe! Tu és senhor entre as pessoas e o senhor de Quraish, chega passando pelos círculos dos sábios para sentar com este servo negro?! Ali ibn Hussein respondeu: “O homem sentasse tão somente onde se beneficia, e o conhecimento é buscado onde estiver”[9].
 As mais famosas reuniões de aprendizagem
 Muitas reuniões ficaram famosas na história islâmica, a mais famosa reunião na Mesquita Sagrada era de Abdullah ibn Ábbass. Quando ele morreu esse círculo passou para Átaá ibn Abi Rabah[10].
 A idade do professor não era considerada nestas reuniões, porém era observado o seu conhecimento e sua devoção. Al Hafizh Al Fassaui (falecido em 280 dH) cita que um dos participantes das reuniões científicas nas mesquitas disse: “Conheci esta mesquita e o que ela tem de círculos científicos, al fiqh (entendimento da religião) só era citado no círculo de Musslim ibn Iassar. E havia junto com ele pessoas que eram maiores que ele, porém este círculo era atribuído a ele”[11].
 Os professores às vezes solicitavam quem tinha experiência e conhecimento profundo. Ibn Ássakir[12] cita que viu “Abu Idriss Áizhullah ibn Abdullah Al Khaulani[13] na época de Abdul Malik ibn Marwan, enquanto se lia e se ensinava o Alcorão nas reuniões da mesquita em Damasco, Abu Idriss sentavasse frente a uma de seus pilares. Sempre que passavam por um versículo que tem prostração o solicitavam para que ele o recitasse. Eles faziam silêncio enquanto ele recitava, fazia a prostração e eles faziam a prostração com ele. Às vezes, fazia doze prostrações e, quando terminavam a leitura, Abu Idriss falava”[14].
 Não ficamos tão admirados com esta história ao sabermos que Abu Idriss Al Khaulani era o homem mais sábio na matéria de leituras do Alcorão em Damasco, por isso, os professores em Damasco se constrangiam de ler um versículo de prostração enquanto Abu Idriss estava ao lado deles ouvindo. Eles o faziam participar em suas aulas como forma de homenageá-lo, engrandecer o seu conhecimento e se beneficiar dele.
 Por causa da fama destas reuniões, muitos alunos se dirigiam até elas de todo o mundo islâmico. O círculo de Nafií ibn Abdurrahman Al Qarií[15]  na mesquita do mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) era uma das mais famosas na leitura e ensino do Alcorão. Os alunos vinham de todas as partes. Al Imam Uarsh Al Massri[16] relata a sua experiência na reunião do Imam Nafií na mesquita do profeta (a paz esteja com ele): “Sai do Egito para recitar (o Alcorão) frente a Nafií. Quando cheguei a Al Madinah fui à mesquita de Nafií, então, vi que é impossível ler para ele tamanha é a quantidade dos alunos, e ele só ouvia de trinta alunos. Então, eu sentei atrás do círculo e perguntei a uma pessoa: Quem é a pessoa mais próxima de Nafií? Respondeu: O maior dos jaáfariin. Eu disse: Como posso chegar até ele? Respondeu: eu vou contigo até a sua casa. Então, fomos até a casa dele, um homem idoso saiu, e eu disse: Eu sou do Egito, vim para ler para Nafií e não consegui chegar até ele, e fui informado que tu és das pessoas que tem mais crédito com ele, gostaria que tu fosses o meu caminho até ele. O homem disse: Sim, com toda honra. Ele vestiu seu turbante e foi conosco até Nafií, que tinha duas alcunhas (Abu Ruaim e Abu Abdilléh) com qualquer que fosse chamado atendia. O Jaáfari disse: Este é minha intercessão a ti, veio do Egito, não veio a comércio e nem para o hajj, veio exclusivamente para ler (o Alcorão). Ele respondeu: O que acha que irei ter da reação dos filhos deo muhajirin e dos anssar? O homem disse: Encontre uma saída para ele. Nafií perguntou: Você pode dormir na mesquita? Eu disse: Sim. Então, dormi na mesquita e, quando era o horário da alvorada, Nafií chegou e disse: O que fez o forasteiro? Eu disse: Estou aqui, que Allah tenha misericórdia de ti. Ele disse: Você tem prioridade na leitura. Eu tinha uma bela voz e era de boa leitura, quando iniciei minha voz preencheu a mesquita do mensageiro de Allah (a paz esteja com ele), li trinta versículos e, quando ele fez um sinal, parei. Um jovem se levantou e disse: Professor – que Allah te conceda a glória – nós estamos contigo, e este homem é forasteiro, e viajou apenas para ler frente a ti, eu quero ceder o meu décimo (úshr) a ele. O professor disse: Sim, com toda honra. Então, eu li mais um décimo, e outro garoto se levantou e disse igual ao primeiro, então eu recitei e sentei e, quando não havia mais ninguém que tinha recitação para fazer, ele me disse: Leia. Então, ele ouviu de mim cinquenta versículos, e continuei a ler para ele de cinquenta em cinquenta até que li várias vezes o Alcorão inteiro antes de sair de Al Madinah”[17].
 Este relato deste esforçado aluno conhecido como Al Imam Uarsh nos dá uma clara imagem dos círculos científicos no segundo século após a hijrah, uma imagem cheia de empenho, suportar de dificuldades durante a viajem do Egito para Al Madinah para aprender a recitação do Imam de Al Madinah, Al Imam Nafií. Da mesma forma, este relato também reflete a relação sincera cheia de respeito e apreço entre o professor e os seus alunos e, também, define que o dia letivo no círculo do Imam Nafií tinha início logo depois da oração da alvorada.
 As reuniões científicas eram muitas por causa da especialização de cada reunião em uma ciência. Muitas reuniões também eram muito numerosas, fato que chamava a atenção de quem se dirigia até elas. Isso ocorreu com o Imam Abu Hanifah Annu´man, que disse: “Eu nasci no ano oitenta, realizei o hajj com meu pai no ano noventa e seis quando tinha dezesseis anos. Quando entrei na Mesquita Sagrada vi uma grande reunião. Perguntei ao meu pai: De quem é esta reunião? Ele disse: É a reunião de Abdullah ibn Juz´ Azzubaidi, companheiro do profeta (a paz esteja com ele). Então, me adiantei e ouvi ele dizer: Ouvi o mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) dizer: “Quem buscar o conhecimento da religião de Allah, Allah lhe bastará a sua preocupação, e o sustentará por onde não supõe...”[18].
 Na mesquita de Bagdá havia mais de quarenta reuniões, e todas se reduziram à reunião do Imam Asshafií por causa de seu amplo conhecimento. Azzajjaj[19], um sábio lingüistico conhecido, narra que “quando Asshafií chegou a Bagdad havia na mesquita quarenta ou cinquenta e algumas reuniões. Ele sentava em cada reunião e dizia: Disse Allah, disse o mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) enquanto eles diziam: Nossos companheiros disseram. Até que não sobrou na mesquita outra reunião além da dele”[20]. Assim também aconteceu no Egito, onde Al Imam Asshafií se encontrava com os alunos na mesquita de Ámr ibn Al Áss.
 Além disso, algumas mesquitas ficaram famosas por ensinarem variadas ciências, e alguns professores se especializavam no ensino em tais ciências, e as autoridades também nomeavam alguns professores. Era do direito do povo se opor às reuniões científicas que não eram compatíveis com a sociedade e com a situação pela qual passava entre infortúnios e acontecimentos, porque a prioridade de chamar a atenção das pessoas sobre a realidade delas e sobre aquilo que os beneficia no momento é mais importante que qualquer outra coisa. Ahmad ibn Said Al Umaui disse: “Eu tinha um círculo científico quando estava em Makkah, os literários se reuniam comigo na Mesquita Sagrada quando, certo dia (durante o califado de Al Muhtadi (falecido em 256 dH)), enquanto estávamos a discutir algo sobre gramática e nossas vozes se elevaram, um homem muito simples parou diante de nós, nos observou e disse:
 Não tens vergonha ó fontes de ignorância, estai ocupados com isso e as pessoas estão com a mais alarmante das preocupações.  Vosso imam está morto e preso, e a nação islâmica tornou-se dividida,
 E vós permaneceis a discutir em voz alta, sobre poemas e gramática.
 O homem saiu e nós nos dispersamos amedrontados pelo que ouvimos, e memorizamos este poema”[21].
 A razão deste poema foi que este homem queria chamar a atenção dos sábios e cientistas sobre o que está acontecendo na sociedade. Havia uma grande luta na capital, Bagdá, entre os líderes turcos e entre a autoridade do califado, que era liderado por Al Muhtadi, então ele queria que todos participacem fortemente nas ocorrências da sociedade ao redor deles.
 As reuniões de Abul Ualid Al Baji[22] ficaram famosas em todas as regiões da Andaluzia depois de sua viajem ao oriente, quando “ele ganhou uma personalidade de memorizador e muhaddith (relator dos ditos do profeta (a paz esteja com ele)), e se qualificou merecidamente para ser o imam dos muhaddithin na Andaluzia, ficou famoso e foi convidado a debater com Ibn Hazm sobre a escola maliki. Ele residiu em Andaluzia e lecionou em Sevília e em Murcia. Ele mesmo disse: “Naquela época, eu tinha uma reunião na mesquita do local onde eu residia, onde se reuniam comigo para estudar Al muattá...”. Uma grande multidão também ouviu dele “sahih al Bukhari” em Dania, e no mês de Rajab (463 dh) em Zaragoza, e no ano 468 dh na mesquita de “Rahbat al Qadhi” em Valência, e em outras cidades. Dos fatos que destacam a posição de Abul Ualid Al Hafidh: a competição dos alunos do hadith do oriente e do ocidente e sua corrida para aprender com ele. Muitos deles viajavam até ele de região muito distantes, isso sem contar as regiões mais próximas dentro e fora de sua cidade: Sevília, Lisboa, Randa, Valência, Bagdad, Tudela, Aleppo, Daniah, Tartushah, Toledo, Al Kufah, Lurqa, Málaga, Sagunto, Murjiq, Murcia...” [23].
 As mulheres tiveram um papel no ensino, nas reuniões de aprendizagem nas mesquitas. As fontes históricas registraram dezenas de professoras que tiveram sessões especiais. Um Al-Darda, cujo nome é Hujayman bint Huyay, teve uma sessão na mesquita de Damasco. Ela narrou sob a autoridade de Abu al-Darda, Salman Al-Farisi e ibn Fudalah ibn Ubaidah (que Allah esteja satisfeito com eles). Abdul-Malik ibn Marwan aprendeu com ela e assistia suas aulas regularmente, mesmo depois de se tornou califa. "Ele costumava sentar-se no final da mesquita em Damasco. Ela disse a ele: Ouvi dizer que você começou a beber vinho após a adoração e cultos. Ele disse: Sim, por Deus, e eu bebia sangue também. Então, um menino, que ele mandou fazer algo, voltou. Marwan disse: O que te atrasou? Que Allah te amaldiçoe! Um al-Darda disse: Não faça isso, ó emir dos crentes, eu ouvi Abu al-Darda dizer: "Eu ouvi o Mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) dizer: "O amaldiçoador não entrará no Paraíso"[24]
 Ibn Battuta disse também que ele aprendeu Sahih Muslim na Mesquita dos Omíadas em Damasco com a sheikh professora Zainab bint Ahmad ibn Abdul-Rahim (falecida em 740 dH). Ele também teve um certificado da professora Aisha bint Muhammad ibn Muslim Al-Harrani (falecida em 736 dH), que ensinava o livro de Fada'il Al-Awqat (As virtudes dos tempos), de autoria de Al-Imam Al-Bayhaqi.[25]
 Estudantes de todos os lugares freqüentavam estas mesquitas, onde todos os meios foram fornecidos para que eles continuem seus estudos e se dediquem neles. Eles eram pagos, tinham alojamentos construídos exclusivamente para eles[26]. Dentre estas mesquitas, que eram semelhantes às universidades atuais:
 Tradução: Sheikh Ahmad Mazloum
 - Mesquita dos Omíadas em Damasco,
 - Mesquita de Amr Ibn Al-As em Al-Fustat, no Egito.
- Mesquita Al-Azhar, no Egito. 
- Mesquita de Al-Zaytunah, na Tunísia.
 - A Mesquita de Al-Qarawiyyin, em Fez, no Marrocos.
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 [1] Abdullah Al-Mashukhi: Mawqif Al-Islam Al-wa Kanisah min Al-Ilm (a posição do Islão e da igreja sobre o conhecimento), p 54.
 [2] Al-Khatib al-Baghdadi: Ele é Ahmad ibn Ali ibn Thabit al-Baghdadi (392-463 dH / 1002-1072 dC), um proeminente historiador, conhecer a literatura, escrevendo poesia, e os interessados em leitura e escrita. Uma de suas obras é "Tarikh Bagdá" (a história de Bagdá). Veja: Ibn Al-Imad: Shazarat Al-Zahab (pedaços de ouro) 3/311-313.
 [3] Ahmad Shalabi: Tarikh Al-Tarbiyah Al-Islamiya (história da educação islâmica), p 91.
 [4] Ibn Asakir: Dimashq Madinat Tarikh, 7 / 216.
 [5] Al-Zahabi: Siyar A'lam Al-Nubala (biografias de figuras proeminentes) 2 / 611.
 [6] Al-Khatib al-Baghdadi: Al-Jami li Akhlaq Al-Rawi wa Adab Al-Sami (A Conduta do narrador e o Comportamento do Ouvinte) 1 / 174.
[7] Akram Al-Umari: Al-Asr Khilafah Al-Rashidah, p.278.
[8] Al-Faswi: Al-Ma'rifah wa Al-Tarikh (Conhecimento e história), 2 / 185.
[9] Ibn Kathir Al- Bidayah wa Al-Nihayah, 9 / 124.
[10] Idem, 9 / 337.
[11] Al-Faswi: wa Al-Ma'rifah Al-Tarikh (Conhecimento e História) 2 / 49.
[12] Ibn Asakir: Ele é Abu Al-Qasim ibn Ali al-Husayn ibn Al-Hibatullah Dimashqi (AH/1105-1176 499-571 dC), historiador e viajante. Ele foi o estudioso sênior hadith no Levante. Um de seus livros é "Tarikh Dimashq Al-Kabir" (a grande história de Damasco). Veja: Al-Zahabi: Siyar A'lam Nubala Al-21/405.
[13] Abu Idris al-Khawlani: Ele é A'izullah Abdullah ibn Amr Ibn Al-Khawlani Al-Awdi Al-Dimashqi (80-80 dH/630-700 dC), pertence à geração que se seguiu os companheiros do Profeta, jurisprudenciais . Ele foi o pregador de Damasco, na era de Abdul-Malik. Veja: Al-Zirikli: Al-Alam 3 / 239.
[14] Ibn Asakir: Tarikh Madinat Dimashq 26/163.
[15] Nafií Al Qarií: Ele é Nafi ibn Abdul-Rahman ibn Abu Na'im Madani Al-Al-Qari (morreu em 169 dC AH/785), um dos sete proeminentes leitores Alcorão. Ele é natural de Isbahan.
[16] Warsh: Ele é Uthman ibn Said ibn Uday Al-Misri (110-197 dH/728-812 dC), um leitor sênior Alcorão, originalmente de Al-Qayrawan. Ele nasceu e morreu no Egito. Veja: Al-Zirikli: Al- A'lam 4 / 205.
[17] Al-Zahabi: Ma'rifat Al-Qurra Al-Kibar ala Al-Tabaqat wa Al-A'sar (sênior leitores Alcorão durante as idades) 1 / 154, 155.
[18] Ibn Al-Najjar, Al-Baghdadi: Zhail Tarikh Bagdá (suplemento da história de Bagdá) 1 / 49.
[19] Al-Zajjaj: Ele é Abu Ishaq ibn Ibrahim Al-Surri ibn Sahl (241-311 dH/855-923 dC), estudioso da gramática e da língua. Ele nasceu e morreu em Bagdá. Um de seus livros é "Ma'ani Al-Qur'an" (significados do Alcorão) Veja: Al Safadi: Al-Wafi bi Al-Wafiyat 5 / 228.
[20] Al-Mazzi: Tahzib Al-Kamal 24/375.
[21]  Al-Khatib al-Baghdadi: Tarikh Bagdad 4 / 557, 558.
[22] Abu al-Walid Al-Baji: Ele é Sulayman ibn Khalaf ibn Said Al-Tajyi Al-Qurtubi (403-474 dH/1012-1081 dC), um estudioso, muhaddith (estudioso do hadith) e faqih (jurista) maliki sênior jurisprudenciais. Ele é natural de Badajoz. Ele nasceu em Beja, na Andaluzia. Ele assumiu o poder judiciário. Veja: Al-Ziriklii: A'lam Al-3 / 125.
[23] Sulayman ibn Khalaf Al-Baji: Al-Ta'dil wa Al-Tajrih 1 / 106.
[24] Ibn Kathir: Al-Bidayah wa Al-Nihayah 9 / 66.
[25] Ibn Battuta: Viagens de Ibn Battuta, p 70, e Al-Safadi: Al-Wafi bi Al-Wafiyat 16/348.
[26] Ver: Al-Abdullah Mashukhi: Mawqif wa al-Islam Al-Kanisah min Ilm-Al, p 54.
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Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos do Brasil,Grupo independente, constituído de sábios, cheiques que seguem a sunna e o consenso no Brasil, São propagadores locais e enviados dos ministérios dos bens religiosos e dos assuntos islâmicos das diferentes regiões para cuidar dos assuntos islâmicos dos muçulmanos no Brasil.
 المجلس الأعلى للأئمة والشؤون الإسلامية في البرازيل هو تجمع مستقل يضم علماء ومشايخ أهل السنة والجماعة في البرازيل، وهم عبارة عن دعاة محليين ومبتعثين من وزارات الأوقاف والشؤون الإسلامية في الأقطار الإسلامية لرعاية الجالية المسلمة في البرازيل
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"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)
يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ
......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!
Mohamad ziad -محمد زياد
Você que mora no sul do Brasil visite o site: www.islamboy.com.br

duvidas/ informações: info@islamismo.org
Por: Dr. Ragheb Elsergany

quinta-feira, outubro 20, 2011

O EHRAM -Roupa Imprescindível para a Peregrinação ou Umra - 5º Pilar da Religião Islâmica

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus o Beneficente e Misericordioso). JUMA MUBARAK.

Os peregrinos que se dirigem a Maka, com a intenção de fazerem o Haj (ou o Umra – pequena peregrinação), antes de entrarem nas zonas delimitadas da cidade sagrada, chamadas de Micát, devem vir já com o Ehram trajado. Duma maneira geral os peregrinos chegam de avião através do aeroporto de Jeddah, a cerca de 70 Kms de Maka. Antes da aeronave atingir a cidade, o peregrino já deve estar em estado de Ehram. Uns já vêm com o Ehram vestido dos aeroportos de origem, outros preferem colocá-lo dentro do avião.

Para usar o Ehram, é obrigatória a intenção. “As ações só são julgadas segundo o niyat (intenção) e cada pessoa só terá aquilo de acordo com o seu niyat”. Referiu o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), segundo o relato de Bhukari. Previamente, o peregrino deverá cortar as unhas, retirar os pelos (axilas e púbicas) e tomar banho (ghússl). Se não for possível o banho, então deverá fazer o wudhú (ablução). Usar o Ehram e fazer a oração de Sunattul- Ehram de dois ciclos e a seguir fazer o niyat (intenção) e pronunciar o Talbiya: Labbaika, Allahumma labbaika. Labbaika lá charika laka, labbaik. Innal ham’da wanni’imata laka walmulk, lá charika lak”. - “Eis-me aqui, meu Senhor!, Eis-me aqui. Aqui estou, ó Tu que não tens nenhum parceiro, eis-me aqui. Na verdade, a Ti pertencem o louvor e o favor, assim como o reino. Tu não tens nenhum parceiro”.

Háram, significa sagrado. Outra palavra muito semelhante é Harám, que significa o oposto, isto é proibido. Quem não domina a língua Árabe, terá dificuldades em pronunciá-las com correcção, pelo que é preferível referir os referidos nomes na sua linguagem materna. De Háram (sagrado), deriva EHRAM, que significa entrar no estado de sagrado. Depois de efetuada a intenção de Ehram, está proibido ao peregrino de usar roupas cosidas, calçados que tapem a parte superior e cobrir a cabeça (não aplicável às senhoras). Não é permitido; cortar as unhas; ter relações intimas com a esposa/marido; perseguir, ferir ou matar animais (de caça); usar perfume; sabonetes perfumados e alimentos com fortes aromas. 

O peregrino em estado de Ehram para cumprir com os rituais de Haj ou de Umra, está no estado de sagrado. Se assim morrer, quando for ressuscitado no dia do Julgamento Final, pronunciará as palavras “Labbaika, Allahumma labbaika”. Ibn Abbás (Radiyalahu an-hu) referiu que uma pessoa, que se encontrava em estado de Ehram, caiu do camelo, quebrou o pescoço e morreu. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “banhe-o com agua misturada com as folhas de arvore, cubram-no com as duas peças de Ehram e não lhe tapem a cabeça, porque Deus o ressuscitará no Dia da Ressurreição, prenunciando o Talbiya. Muslim.

O peregrino que se encontra em estado de Ehram, chama-se MÚHRIM e nesta condição, encontra-se apto para: 

1) – Fazer só o Umra (neste caso o chamaremos de Mútamir); 
2)- Para fazer só o Haj Ifrad, não faz o Umra (será o Mufrid); 
3)- para fazer o Haj At-Tamatu, Umra e o Haj na mesma viagem. Depois de completar o Umra, rapa ou diminui o cabelo e tira o Ehram.

Coloca outro Ehram (pode ser o mesmo depois de lavado), para fazer o Haj (será o Mutamatti); e 4)- Para fazer o Haj Quirán, nos dois rituais de Umra e Haj, com o mesmo Ehram (será o Cárin). O tipo de Haj mais utilizado (mais prático) é o At-Tamatu, porque permite fazer o Umra e o Haj, sem estar em permanente estado de Ehram. No Haj Quirán, o crente fica em estado permanente de Ehram, desde o início do Umra, até terminar o Haj, situação que pode durar semanas seguidas.

O Ehram para os homens é constituído por 2 peças de pano branco largas, sem costuras, com dimensões cerca de 2,5 m x 1,5 m. Uma peça destinada à cobertura da parte superior do corpo (Ridá) e outra para a parte inferior, da cintura para baixo (Izár). Quando nascemos, cobrem-nos com uma pano branco. Quando nos forem enterrar, In Sha Allah, seremos também embrulhados com um pano branco

O Ehram das senhoras é constituído pelas suas roupas habituais, bem como as peças habituais, nomeadamente as meias. As jóias são permitidas, mas desaconselhadas. Ibn Umar (Radiyalahu an-hu) referiu que uma pessoa perguntou ao Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam), o que é que o Muhrim (peregrino) deve usar. Respondeu: “Não deve usar nenhuma camisa, turbante, calças, boné, meias de couro. Aquele que não tem sapatos (adequados), pode usar meias, mas deve corta-las o ou de warss (um fluido perfumado)”. Muslim. Os sapatos não podem tapar os tornozelos e por isso, os Hajis utilizam chinelos adequados.

Na era da ignorância, antes do advento do Isslam, os peregrinos ao aproximarem-se da Caaba, despiam-se, ficando sem qualquer peça de roupa, para circundar a Casa de Deus.

Consideravam que as roupas com as quais cometeram pecados eram impuras para o efeito. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) considerou aquela prática incorrecta, pelo que instituiu o uso das duas peças de tecido.

Durante a peregrinação, todos estão vestidos de igual. Não se distingue o pobre do rico. Em Miná, Arafát e em Muzdalifa, estarão milhões de peregrinos, todos de branco. Imagine-se o dia do julgamento final, em que todos serão levantados das suas sepultaras e reunidos perante o Senhor da criação. É a maior concentração de crentes naqueles pequenos vales, onde se ouve falar línguas de todo o planeta.

Recomenda-se a leitura do livro “Umra – Haj – Ziyárat, do Sheik Aminuddin Mohammad (Moçambique), uma obra essencial para conhecer todos os pormenores do haj e do Umra.

Façam o favor de ter um bom dia de Juma.
Cumprimentos
Abdul Rehman
20/10/2011

quinta-feira, outubro 13, 2011

ÁGUA DE ZAM – ZAM

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus o Beneficente e Misericordioso) JUMA MUBARAK

O poço donde provém a água de zam-zam, está situado no Massjid Al Harám – Mesquita de Makka. Até aos nossos dias, a água do poço continua com um caudal necessário para abastecer todos os Hajis (peregrinos), visitantes e residentes e nunca se verificou qualquer falta de água. È um verdadeiro milagre naquela zona do deserto.

Ibrahim - Abraão (Aleihi Salam – Que a Paz de Deus esteja com ele), cumprindo com as ordens de Deus, nosso Guia e Senhor, levou a sua esposa Hajra e o seu filho recém- nascido Issmail (Aleihi Salam – Que a Paz de Deus esteja com eles) e deixou os perto do Al-Baitul Atiq (A casa antiga). Com eles ficaram algumas tâmaras e água.

Naqueles tempos Makka, era um autentico deserto, sem condições de sobrevivência. Hajra perguntou ao marido, o motivo porque lhes deixava naquele local onde não havia ninguém. 
O Profeta (Aleihi Salam) não lhe respondeu, apesar da pergunta ter sido feita várias vezes. Então Hajra (Que Deus esteja satisfeita com ela) perguntou se foi Deus que lhe deu orientações para o facto. E aí o marido respondeu-lhe afirmativamente. Ela, confiante, disse que neste caso, o nosso Senhor nunca os abandonará. Ibrahim (Aleihi Salam) retirou-se e mais ao longe, no pico da montanha, fez a seguinte prece:

 “Ó Senhor nosso! Eu fiz habitar parte da minha descendência num vale inculto, perto da Tua Casa Sagrada, Senhor Nosso, para que cumpram a oração; fazei, portanto, com que os corações de algumas pessoas se inclinem para eles, com fervor e sustenta-os com os frutos para que Te agradeçam.” Cur’ane 14, Vers.37

Mãe e filho beberam e comeram até que a provisão se esgotou e começaram a sentir sede. A mãe, aflita, deixou o filho e subiu o monte Safa para ver se alguém a acudia e a seguir correu para o monte Marwa, mas não via ninguém. De Safa para Marwa, e assim sucessivamente, fez o percurso sete vezes e foi então que ela ouviu uma voz.

Segundo o relato de Abdallah Ibn Abáss (Radiyalahu an-hu) ela disse em voz alta:

“Ó quem quer que sejas, fizeste-me ouvir a tua voz, também me podes ajudar?”. No local, ela viu um anjo que estava remover o chão com a sua asa. Daí começou a brotar água. Então Hajra com as suas mãos começou a abrir uma cavidade e com as suas mãos encheu o odre. Ibn Abass (Radyialahu an-hu) narra que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Que Allah tenha misericórdia da mãe de Issmail. Se ela não tivesse controlado o caudal, aquela teria sido uma fonte de agua que escorreria como um rio !”. Hajra bebeu a agua e deu de amamentar ao filho.

O Anjo tranquilizou-a e disse-lhe “esta é a Casa de Deus, que será construída por esse menino e pelo seu pai e nunca Deus negligenciou o Seu povo”. Parte do relato de Ibn Abaas, em Bukhari. Livro 55:583.

Muito mais tarde, o poço de agua de zam zam foi destruído pelas guerras e não havia dele qualquer vestígio. Por volta do ano 500 D.C., Abdul Muttalib, uma personagem respeitada, era o responsável pela assistência aos peregrinos que se deslocavam a Maka. A agua, um bem precioso, era transportada de outros locais distantes, o que dificultava a tarefa daquele que viria a ser o avô do nosso Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam). Graças a sonhos que teve, Abdul Muttalib conseguiu descobrir o local onde se encontrava originalmente o poço e com a ajuda do filho Háriss, escavou e retirou todos detritos, fazendo assim renascer o lençol de água que até hoje perdura e que é utilizada por milhões de peregrinos.
Um dos rituais do Haj (Peregrinação), depois de fazer o Tawaf (circundar sete vezes a casa sagrada), é percorrer os montes Safa e Marwa, também sete vezes, fazendo Zikr (recordando a Deus) e reflectindo sobre o percurso que Hajra fez, aflita, com sede e debaixo de um sol escaldante, à procura de água para o seu filho. Nos tempos actuais, este ritual é efectuado dentro de um pavilhão com as melhores condições climáticas.

Percorrer (correr entre os montes Safa e Marwah é um dos rituais ensinados por Deus a Abraão e está relacionado com o Haj. Na altura, os pagãos árabes colocaram ídolos nos dois montes e desvirtuaram este ritual. No monte Safa, colocaram um ídolo macho e no Marwa, um ídolo fêmea e diziam que os dois se transformaram em pedra, por terem cometido adultério. Com o advento do Islamismo, colocou-se a questão se o ritual era um acto instituido por Deus, ou se tinha sido inventado pelos adoradores dos falsos deuses. Depois da Caaba passar a ser a Quibla (orientação) e os ídolos todos destruídos, para acabar com todas as dúvidas, Deus revelou o seguinte versículo:

“Os montes de Safa e Marwa contam-se entre os símbolos de Deus, portanto não é pecado, para aquele que visita a Casa na época da peregrinação (Haj) ou noutra altura (Umra), caminhar à sua volta ritualmente....” Cur’ane 2:158.

Os peregrinos quando regressam às suas terras de origem, têm sempre a preocupação de levaram garrafas de água de zam zam. Oferecem aos familiares e amigos, pequenas porções de agua que são bebidas, em pé, virando-se para quibla (Makka), mencionando o nome de Deus, dizendo: “Bissmillahir Rahmanir Rahim” - “Em nome Deus, o Beneficente, o Misericordioso.” E fazendo a seguinte prece:

Ó Allah! eu peço-Te o Ilm (Conhecimento) benéfico, a abundância na provisão e a cura de todas as doenças”. Ibn Abbáss (Radiyalahu an-hu), referiu: “Apresentei ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) a água de zam-zam para beber e ele bebeu de pé.” (Bukhari). Khalil Mujáhid At-Tábil (Radiyalahu an-hu), referiu que a água de zam-zam serve a intenção pela qual for bebida e a pessoa beneficia do objetivo pela qual foi bebida.”

Façam o favor de ter um bom dia de Juma.
Cumprimentos
Abdul Rehman Mangá
13/10/2011

terça-feira, outubro 11, 2011

Bebidas Alcoolicas‏ - A Sentença do Islam a Respeito das Bebidas Inebriantes

Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso.!

Louvado seja Allah, o Senhor do Universo. Prestamos testemunho de que não há outra divindade além de Allah, Único sem parceiros. Presto testemunho de que Mohammad é Seu servo e Mensageiro, Seu escolhido e querido dentre as criaturas. Que Allah o abençoe e lhe dê paz bem como aos seus familiares, seus companheiros e aos que seguirem a sua orientação até o Dia do Juízo Final. Amém.

A Religião do Islam é a derradeira religião celestial que Allah revelou para a felicidade da humanidade. Ela constitui na misericórdia para a Humanidade e a saída da humanidade das trevas para a Luz.

Irmãos muçulmanos e Caros Leitores

Dentro da série de temas a respeito de questões que assolam a nossa realidade atual no Brasil vamos falar hoje sobre a sentença islâmica a respeito das bebidas inebriantes. Antes de falarmos sobre o tema, devemos dar uma olhada sobre as estatísticas modernas dentro do Brasil a respeito dos perigos do consumo das bebidas inebriantes.

1 – O Brasil é o quinto produtor de cerveja do mundo. A produção atinge 35 milhões de garrafas diariamente;

2 – As bebidas alcoólicas causam a morte de 35 mil pessoas anualmente;

3 – 75% dos acidentes de automóveis são causados pelo consumo das bebidas alcoólicas;

4 – O consumo de bebidas alcoólicas no Brasil causa 350 tipos de enfermidades neurológicas;

Essas perigosas estatísticas mostram que a extensão da falta de importância das empresas produtoras das bebidas alcoólicas com a vida do ser humano. As companhias de comunicação e as empresas produtoras se empenham para a obtenção de maior quantidade de lucros, sem se importar com as influências negativas pelo consumo das bebidas alcoólicas.

Todas as leis humanas foram incapazes de tratar dos vícios das bebidas inebriantes. O Islam apresenta a luz e a solução abrangente desse problema, eliminando-a terminantemente.

Allah, Ta’ála, diz: “Ó crentes, as bebidas inebriantes, os jogos de azar, (o culto aos) altares de pedra, e as adivinhações com setas, são manobras abomináveis de Satanás. Evitai-as, pois, para que prospereis. Satanás só ambiciona infundir-vos a inimizade e o rancor, mediante as bebidas inebriantes e os jogos de azar, bem como afastar-vos da recordação de Allah e da oração. Não desistireis, diante disto?” (4:90-91).

Esses dois versículos foram os últimos que foram revelados a respeito das bebidas inebriantes. Elas mostram uma evidência cristalina a respeito da proibição das bebidas inebriantes. A ordem de se afastar aqui é afastar-se de todo envolvimento com as bebidas inebriantes. Os companheiros do Profeta (S) entenderam imediatamente o significado da instrução divina e se afastaram imediatamente das bebidas inebriantes, dizendo: “Nós nos afastamos, ó Senhor.”

O nobre Rassulullah (S) disse que tudo que intoxica é ilícito. Tudo que causa perda da consciência é ilícito. A bebidas alcoólicas foram denominadas de “mãe das perversidades”, porque o ser humano, se tomar bebidas inebriantes, fica passível de roubar, fornicar e praticar o resto dos pecados capitais.

Por isso, tudo que se relaciona com as bebidas inebriantes, mesmo em pequena quantidade, é ilícito, devido as palavras do Rassulullah (S): “Tudo que o muito intoxica, o pouco é também proibido. Portanto, a cerveja e as bebidas semelhantes são ilícitas pela lei islâmica. O Rassulullah (S) em uma tradição narrada por Abdullah Ibn Omar, disse:

 “Deus amaldiçoa as bebidas alcoólicas, ao seu consumidor, ao servidor, ao vendedor, ao comprador, ao fabricante, a quem fabrica, quem a transporta e a quem é transportada.” Tradição testificada pelo Albáni.


É dever do muçulmano não ser uma das pessoas citadas acima, porque o que é ilícito pela lei islâmica é comercializá-lo. Não é permitido ao muçulmano comercializar qualquer tipo de bebidas alcoólicas e o lucro auferido por isso é ilícito., nem pode comercializar materiais que incentivam o consumo das bebidas alcoólicas.

Da mesma forma, não é permitido ao muçulmano frequentar festas onde são servidas bebidas alcoólicas. É seu dever aconselhar as pessoas na prática do bem e o afastamento do mal.

Irmãos muçulmanos: As bebidas inebriantes são doenças e não remédios.

O Rassulullah (S) disse isso e não o que as pessoas costumam dizer: “Pouco de bebida alegra o coração.” A bebida alcoólica não possui qualquer tipo de cura. O Rassulullah (S) disse: “Allah não colocou qualquer cura em coisas que Ele proibiu.”

Por isso, aconselho a todos a orientarem os irmãos envolvidos com as bebidas inebriantes, aos nossos filhos de se afastarem desse pecado capital para que possamos proteger a nós mesmos e às nossas mentes.

Foi perguntado a Abu Bakr (R), antes do Islam: “Por que você não bebe bebidas inebriantes?” Ele respondeu: “Não bebo o que bebe a minha mente.” Ele foi uma das pessoas que não consumiam bebeidas inebriantes antes do islam.

Que Allah ilumine as nossas mentes e os nossos corações com a luz do Islam. Amém.



Queridos irmãos e leitores, imaginem quantas bebidas gostosas além da água você pode ingerir licitamente! Allah SW ama você 70 vezes mais do que sua própria mãe. Você acha que não é amor suficiente? Ele quer cuidar bem de nós e nos dar saúde, prosperidade e paz!

 “Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

Asalamo Alaikom WA WB,

sábado, outubro 08, 2011

CAMINHOS DE SATANÁS PARA CHEGAR AO CORAÇÃO DA PESSOA

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad
O exemplo do coração, assemelha-se ao de uma fortaleza, sendo que, Satanás é o inimigo que procura assaltar e ocupar essa fortaleza, com o intuito de controlá-la e reinar sobre ela. Nenhuma fortaleza pode ser considerada segura enquanto as suas entradas não estiverem bem guardadas, e os buracos nela existentes não estiverem bem vigiados. Portanto, quem não estiver bem familiarizado com as paredes da sua fortaleza, dificilmente poderá vigiá-la.


Resguardar o coração contra as más sugestões de Satanás é uma obrigação individual por parte de todo o crente adulto.


Não há dúvidas, que a melhor defesa contra os ataques de Satanás ao coração, pode ser alcançada ao se identificarem os acessos por onde ele possa entrar para fazer chegar a sua peçonha a esse órgão vital.


Os pontos de acesso de Satanás ao coração, são de facto, vários. Eis alguns dos principais:


A ZANGA


Cada vez que a pessoa se zanga, Satanás brinca com essa pessoa, à semelhança do rapaz que se diverte jogando à bola, chutando-a de um lado para o outro. Consta que certa vez Satanás apareceu junto a um asceta, tendo este lhe perguntado: “Quais são as qualidades dos filhos de Adão que são mais úteis para ti”? Satanás respondeu: “A rapidez na zanga, pois quando o Homem se revela irascível, eu posso virá-lo de cima para baixo, assim como os jovens chutam a bola”


A INVEJA E A GANÂNCI


A inveja e a ganância são de entre as grandes brechas através das quais as maldades de Satanás penetram nos corações das pessoas, pois sempre que o Homem revela ganância em relação a algo, a sua ganância torna-o cego e surdo, assim como diz o Profeta Muhammad S.A.W.: “O teu amor em relação a algo, torna-te cego e surdo”. (Relato de Abu Daúd”)


A luz íntima do crente consegue detectar as tentativas de incursão de Satanás, mas se se deixar dominar pela inveja e pela ganância, a sua habilidade em distinguir o mal do bem fica alterada, e por consequência, a mão de Satanás fica reforçada. Ele (Satanás) ornamenta, aos olhares do ganancioso, tudo o que induza à realização dos seus desejos, mesmo que se trate de algo condenável, portanto imoral.


Satanás incorreu na maldição divina por causa da inveja, pois esse foi o primeiro pecado por ele cometido contra Adão. E quanto à ganância, a totalidade do Paraíso estava prometida a Adão, excepto uma certa árvore cujo usufruto lhe foi proibido por Deus, mas através da ganância, Satanás conseguiu convencer Adão a transgredir.


A INSACIEDADE NA COMIDA


Um outro grande caminho que Satanás toma para chegar aos corações das pessoas, é a insaciedade na comida, mesmo que esta seja lícita e pura, pois ela reforça a luxúria, e esta constitui um instrumento forte nas mãos de Satanás.


Quando se come demais, a oração e a recordação de Deus tornam-se um fardo pesado, pois a pessoa torna-se preguiçosa.


Diz-se que na voracidade (o comer excessivo), existem seis más qualidades, sendo:


1 – A destruição do “takwa” (temor a Deus) nos corações das pessoas
2 – A corrosão da compaixão no coração da pessoa relativamente à espécie humana, pois o  insaciável pensa que, como ele, todos estão saciados.
3 – O insaciável encara a adoração como um fardo.
4 – Ao insaciável, quando se lhe dirigem palavras prudentes, não encontra nisso nada de gracioso.
5 – Quando o insaciável fala, em termos de admoestação, nada do que ele diz produz qualquer
efeito nos que o escutam.
6 – A voracidade cria doenças naqueles que se deixam levar por ela


O AMOR AO ADORNO


Também, de entre as grandes entradas de Satanás para os corações das pessoas, é o amor ao adorno nos acabamentos, nas residências, nos enfeites pessoais, etc.


Quando Satanás se apercebe destas qualidades dominantes no coração de alguém, ele instala o seu acampamento nesse coração, habitando nele, e continuando a ordenar e estimular que torne a si e à sua casa mais adorável, ornamentando ainda mais a si, os tectos e as paredes da sua casa, e a alongar as suas paredes. Satanás convida-o igualmente a enfeitar e ornamentar o seu vestuário, e procura escravizar toda a sua vida nisso. E quando a pessoa cede às sugestões de Satanás, este já não terá mais necessidade de se preocupar com tal pessoa, pois entra-se como que num ciclo vicioso. Cada fase arrastará a pessoa para outra fase, e assim sucessivamente, até à morte. Passará todo o seu tempo em frente do espelho, a ornamentar-se e a embelezar-se.


A PRECIPITAÇÃO


Faz igualmente parte das grandes portas de acesso de Satanás, a precipitação e a falta de determinação nos assuntos.


O Profeta Muhammad, S.A.W. diz: “A precipitação vem da parte de Satanás, e a calma e o ato comedido vêm da parte de Deus. (Relato de At-Tirmizi)


Satanás já desviou, danificou e arruinou a vida de muita gente. Portanto, cuidado! Acautele-se das suas investidas.


Deus diz no Al-Qur’án:


“Na verdade, Satanás é vosso inimigo. Portanto, tratai-o também por inimigo, pois ele convida ao seu grupo para serem dos companheiros do fogo”.

AS VANTAGENS DE SER-SE BONDOSO PARA COM OS PAIS


Por: Sheikh Aminuddin Mohamad

A religião ordena-nos que obedeçamos aos nossos pais. Diz ser proibido, por ser um grande pecado, desobedecer-lhes e dirigir-se-lhes mal.
Porém, de entre os dois progenitores, o direito da mãe está em primeiro lugar comparativamente ao do pai. O direito da mãe está três vezes acima do direito do pai.
Uma ocasião, um crente, dirigindo-se ao Profeta Muhammad, S.A.W. perguntou: “Ó Profeta de Deus, quem mais merece a minha maior deferência e os meus maiores préstimos”? O Profeta S.A.W. respondeu: “A tua mãe”. Ele voltou a perguntar: “A seguir quem é que merece”? O Profeta S.A.W. respondeu: “A tua mãe”. O homem voltou a insistir na pergunta, tendo obtido do Profeta a mesma resposta “A tua mãe”. Pela quarta vez o homem perguntou: “Quem se lhe segue”? Então o Profeta S.A.W. respondeu: “O teu pai”. (Relato de Al-Bukhari)  
O Al-Qur’án também fala repetidamente das dores a que mãe se sujeita, dos transtornos e dificuldades e desconforto por que passa durante a gestação, o parto, o aleitamento e as várias fases de crescimento do bebé. E é isto que consubstancia a maior parte dos direitos que ela tem sobre o filho/a.
Porém, se por alguma infelicidade alguém tiver que enfrentar uma situação em que encara dificuldades em servir a ambos simultaneamente, por exemplo, se por qualquer motivo houver graves divergências entre os dois progenitores, ou se estiverem separados, e o filho servir ao pai, e mãe ficar zangada, ou vice-versa. Então, segundo os juristas isslâmicos, o filho deve assumir uma atitude do tipo “meio-termo” isto é, no respeito e honra, ele deve colocar os direitos do pai acima dos da mãe, mas na prestação de serviços e na assistência monetária, deve dar prioridade à mãe.
A razão por que o Profeta Muhammad, S.A.W. na narração atrás mencionada refere-se à mãe de forma especifica e repetida, pode também ser porque a mãe, em relação ao pai, por instinto e natureza, é mais sensível e de fraco coração. Comparativamente ao pai, ela fica emocionalmente afectada por quase todas as coisas que possam ocorrer no seio familiar, por mais pequenas que elas possam ser. O seu coração pode até ficar magoado e incomodado, se não se tomar em conta o mais pequeno direito que lhe assiste. E comparativamente ao pai, ela possui um coração mais amplo e aberto quando se trata de relevar as falhas e ofensas dos filhos.
Depois de Deus, os pais têm o maior direito. O Profeta S.A.W. diz que os pais podem ser o nosso Paraíso, ou o nosso Inferno. Isto significa que, se formos bondosos e obedientes para com eles, e lhes servirmos da melhor forma, teremos o Paraíso, e de contrário, teremos o Inferno. (Ibn Majah)
O Profeta Muhammad S.A.W. diz também que, na satisfação e na zanga dos pais, está igualmente latente a satisfação e a zanga de Deus. (At-Tirmizi)
E diz também que o Paraíso está debaixo dos pés da mãe. (An-Nassai)
Narra-se que o Profeta S.A.W. terá visto em sonho, um companheiro seu no Paraíso a recitar o Alqur’án, isto devido ao facto de este seu companheiro ser muito obediente e prestativo à sua mãe.
A recompensa por servir os pais é o Paraíso. Ainda que eles sejam injustos para com o filho, este não deve desobedecer, e muito menos infligir-lhes maus tratos. As obrigações que um filho tem para com os seus pais são tão importantes, que mesmo que estes não sejam muçulmanos, deve-lhes respeito e bom trato. Só se lhes deve desobedecer caso eles ordenem actos pecaminosos ou de descrença, pois não se deve obedecer a alguma criatura quando o Criador estiver a ser desobedecido.
Não se deve empreender nenhuma missão de trabalho, ainda que seja de carácter religioso, quando se tem os pais carecendo dos cuidados que devem ser prestados pelo filho.
Ser-se grato e bondoso para com os pais, é compulsivo, pois estes constituem o meio para a existência de filhos, sendo eles que criam e cuidam destes quando pequenos. Por isso, deve-se sempre tentar mantê-los satisfeitos, especialmente quando já tiverem atingido a velhice e tornarem-se impacientes e facilmente irascíveis. Nessa altura, devem-se tolerar todos os seus gostos e tudo o que dizem, tentando sempre servi-los da melhor forma.
A recompensa real dessa obediência e serviço, será o Paraíso e o contentamento de Deus, e não só. Até ao longo da sua vida neste Mundo a pessoa verá as bênçãos dos actos virtuosos dispensados aos pais, pois segundo o Profeta Muhammad, S.A.W., Deus prolongará a vida dessa pessoa, e aumentar-lhe-á a provisão. Um outro benefício imediato neste Mundo, é que os próprios filhos da pessoa virtuosa tratá-lo-ão bem quando este atingir a velhice.
Não se deve fazer nada que revele falta de respeito para com os pais. Deve-se-lhes dirigir de forma suave, amorosa e delicada, pois segundo o Profeta S.A.W., por cada relance aos pais com amor, a pessoa terá uma recompensa de um “Hajj” (Peregrinação à Makkah) aceite, mesmo que repita o gesto cem vezes por dia. (Musslim)
A pessoa deve tentar desenvolver grandeza de coração no que diz respeito aos seus pais, e deve considerá-los donos da riqueza que ela possui.
Consta no Al-Qur’án, Cap. 2, Vers. 215:
“Perguntam-te (ó Muhammad) o que devem gastar? Responde-lhes: Seja qual for o bem que gastardes, os seus primeiros  merecedores deverão ser os (vossos) pais”.
Quem gasta a favor dos pais e outros familiares com a intenção de cumprir a ordem de Deus, será recompensado como se estivesse a gastar no caminho e causa de Deus.
Certa vez, um jovem foi queixar-se ao Profeta Muhammad S.A.W. que seu pai tomava o seu dinheiro e gastava-o para si. O Profeta mandou chamar o pai do jovem, e quando este compareceu, apercebeu-se que se tratava de um velho trôpego, que caminhava com o apoio de uma bengala. O profeta perguntou-lhe sobre a queixa que o filho lhe apresentara, tendo o velho respondido: “Ó Mensageiro de Deus! Houve um tempo em que este meu filho era fraco e incapaz. Na altura eu era rico e ele era necessitado, mas eu nunca o proibi de gastar do meu dinheiro. Hoje sou fraco e necessitado, e ele é rico e forte, mas ele está a poupar o seu dinheiro de mim”! Ao ouvir isso o Profeta ficou comovido, deitando lágrimas. Disse ao jovem: “Vai! Tu e a tua riqueza pertencem ao teu pai”!
Os filhos devem orar constantemente a favor dos pais, tanto durante a vida destes, e mesmo depois da sua morte, dizendo: “O meu Senhor! Tenha pena deles assim como eles me criaram desde pequenino”. (Al-Qur’án)
Mesmo a mãe de leite, que não sendo mãe biológica, mas que amamentou algum filho de outrém, deve tratada bem por esse filho. O Profeta sempre tratou bem da sua mãe de leite, Halima Saãdiya. (At-Tirmizi)
Da mesma maneira, a pessoa deve ser bondosa para com os amigos dos pais, com os irmãos, irmãs e familiares dos pais. Deve respeitá-los e obter deles conselhos. Tudo isso faz parte do bom trato devido aos pais.
O Profeta Muhammad S.A.W. disse: “Quem deseja dar sossego e paz ao seu pai na campa, então esse, que trate bem aos que estão ligados aos pais, depois da morte destes. (Musslim)
Caso eles tenham em vida, feito alguma promessa, deve-se cumprir com a mesma dentro das possibilidades.
Tudo isso faz parte da moral colectiva de uma sociedade religiosa sã, para não tornar os filhos independentes em relação aos pais, mas sim, torná-los reconhecidos e respeitadores dos pais, e não abandoná-los, nem atirá-los para os lares dos idosos como é moda nos dias que correm.
Na civilização isslâmica, o respeito, a obediência e o cumprimento dos direitos dos pais, desempenham um papel importantíssimo.