quinta-feira, outubro 11, 2012

ÁGUA DE ZAM – ZAM

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus o Beneficente e Misericordioso)- JUMA MUBARA

O poço donde provém a água de zam-zam, está situado no Massjid Al Harám – Mesquita de Makka. Até aos nossos dias, a água do poço continua com um caudal necessário para abastecer todos os Hajis (peregrinos), visitantes e residentes e nunca  se verificou qualquer falta de água. È um verdadeiro milagre naquela zona do deserto.

Ibrahim - Abraão (Aleihi Salam – Que a Paz de Deus esteja com ele), cumprindo com as ordens de Deus, nosso Guia e Senhor, levou a sua esposa Hajra e o seu filho recém-nascido Issmail (Aleihi Salam – Que a Paz de Deus esteja com eles) e deixou-os perto do Al-Baitul Atiq (A casa antiga). Com eles ficaram algumas tâmaras e água. Naqueles tempos Makka, era um autentico deserto, sem condições de sobrevivência.

Hajra perguntou ao marido, o motivo porque lhes deixava naquele local onde não havia ninguém. O Profeta (Aleihi Salam) não lhe respondeu, apesar da pergunta ter sido feita várias vezes. Então Hajra (Que Deus esteja satisfeita com ela) perguntou se foi Deus que lhe deu orientações para o facto. E aí o marido respondeu-lhe afirmativamente. Ela, confiante, disse que neste caso, o nosso Senhor nunca os abandonará. Ibrahim (Aleihi Salam), retirou-se e mais ao longe, no pico da montanha,  fez a seguinte prece: “Ó Senhor nosso! Eu fiz habitar parte da minha descendência num vale inculto, perto da Tua Casa Sagrada, Senhor Nosso, para que cumpram a oração; fazei, portanto, com que os corações de algumas  pessoas se inclinem para eles, com fervor e sustenta-os com os frutos para que Te agradeçam.” Cur’ane 14, Vers.37. 

Mãe e filho beberam e comeram até que a provisão se esgotou e começaram a sentir sede. A mãe, aflita, deixou o filho e subiu o monte Safa para ver se alguém a acudia.

A seguir correu para o monte Marwa, mas não via ninguém. De Safa para Marwa, e assim sucessivamente, fez o percurso sete vezes e foi então que ela ouviu uma voz.

Segundo o relato de Abdallah Ibn Abáss (Radiyalahu an-hu) ela disse em voz alta: “Ó quem quer que sejas, fizeste-me ouvir a tua voz, também me podes ajudar?”. No local, ela viu um anjo que estava remover o chão com a sua asa. Daí começou a brotar água. Então Hajra com as suas mãos começou a abrir uma cavidade e com as suas mãos encheu o odre. Ibn Abass (Radyialahu an-hu) narra que o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Que Allah tenha misericórdia da mãe de Issmail. Se ela não tivesse controlado o caudal, aquela teria sido uma fonte de água que escorreria como um rio!”. Hajra bebeu a água e deu de amamentar ao filho. O Anjo tranquilizou-a e disse-lhe “esta é a Casa de Deus, que será construída por esse menino e pelo seu pai e nunca Deus negligenciou o Seu povo”. Parte do relato de Ibn Abaas, em Bukhari. Livro 55:583.

Muito mais tarde, o poço de água de zam zam foi destruído pelas guerras e não havia dele qualquer vestígio. Por volta do ano 500 D.C., Abdul Muttalib, uma personagem respeitada, era o responsável pela assistência aos peregrinos que se deslocavam a Maka. A água  um bem precioso, era transportada de outros locais distantes, o que dificultava a tarefa daquele que viria a ser o avô do nosso Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam). Graças a sonhos que teve, Abdul Muttalib conseguiu descobrir o local onde se encontrava originalmente o poço e com a ajuda do filho Háriss, escavou e retirou todos detritos, fazendo assim renascer o lençol de água que até hoje perdura e que é utilizada por milhões de peregrinos.

Um dos rituais do Haj (Peregrinação), depois de fazer o Tawaf (circundar sete vezes a casa sagrada), é percorrer os montes Safa e Marwa, também sete vezes, fazendo Zikr (recordando a Deus) e reflectindo sobre o percurso que Hajra fez, aflita, com sede e debaixo de um sol escaldante, à procura de água para o seu filho. Nos tempos actuais, este ritual é efectuado dentro de um pavilhão com as melhores condições climatéricas!

Percorrer (correr) entre os montes Safa e Marwah é um dos rituais relacionado com o Haj. Na altura, os pagãos árabes colocaram ídolos nos dois montes e desvirtuaram este ritual. No monte Safa, colocaram um ídolo macho e no Marwa, um ídolo fêmea e diziam que os dois se transformaram em pedra, por terem cometido adultério. Com o advento do Islamismo, colocou-se a questão se o ritual era um acto instituído por Deus, ou se tinha sido inventado pelos adoradores dos falsos deuses. Depois da Caaba passar a ser a Quibla (orientação) e os ídolos todos destruídos, para acabar com todas as dúvidas, Deus revelou o seguinte versículo: “Os montes de Safa e Marwa contam-se entre os símbolos de Deus, portanto não é pecado, para aquele que visita a Casa na época da peregrinação (Haj) ou noutra altura (Umra), caminhar à sua volta ritualmente....” Cur’ane 2:158.
 
Os peregrinos quando regressam às suas terras de origem, têm sempre a preocupação de levaram garrafas de água de zam zam. Oferecem aos familiares e  amigos, pequenas porções de água que são bebidas, em pé, virando-se para quibla (Makka), mencionando o nome de Deus, dizendo: “Bissmillahir Rahmanir Rahim” - “Em nome Deus, o Beneficente, o Misericordioso.” E fazendo a seguinte prece: Ó Allah! eu peço-Te o Ilm (Conhecimento) benéfico, a abundância na provisão e a cura de todas as doenças.”. Ibn Abbáss (Radiyalahu an-hu), referiu: “Apresentei ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) a água de zam-zam para beber e ele bebeu de pé.” (Bukhari). Khalil Mujáhid At-Tábil (Radiyalahu an-hu), referiu que a água de zam-zam serve a intenção pela qual for bebida e a pessoa beneficia do objectivo pela qual foi bebida.” 
Façam o favor de ter um bom dia de Juma. 
Cumprimentos 
Abdul Rehman Mangá - 11/10/2012

sábado, outubro 06, 2012

Os Califas Probos I - Abu Bakr

Bismillah!
Se eu adotasse um amigo, eu adotaria Abu Bakr como tal.
Preparação: Dr. Ahmad Al Mazid
Dr. Ádel Ach Chadi

Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso

Louvado seja Allah e que a Sua paz e graça estejam com o Mensageiro de Allah (S), com seus familiares, com seus companheiros e com os seus seguidores. 

Temos um encontro com um homem que o sol não nasceu nem se pôs, depois dos profetas e mensageiros, sobre alguém melhor do que ele. 

Um homem cuja fé foi comparada à fé de toda a comunidade e a sua fé foi maior.
Um homem que gastou toda a sua fortuna pela causa de Allah. Quando foi perguntado: “O que você deixou para a sua família?” Respondeu, com total confiança em seu Senhor: “Deixei Allah e Seu Mensageiro.”

É o Abu Bakr Assidik

Seu nome: Abdullah Ibn Osman Ibn ‘Ámer, coraixita, cujos pais pertenciam ao clã Taim. Era generoso, corajoso, constante, de opinião correta nas importantes situações, tolerante, paciente, de forte determinação, jurisprudente, conhecedor das descendências e das histórias, confiante em Allah, ciente de Sua promessa, piedoso, distante das dúvidas, asceta quanto ao mundo, desejoso do que há com Allah, companheiro, íntegro (que Allah esteja satisfeito com ele e que o satisfaça).1 

Ibn Al Jauzi, disse: “Fique sabendo que as características de Abu Bakr (R) são conhecidas pela piedade, temência, ascetismo, choro e modéstia. Quando foi nomeado Califa, passou a ir cedo para o mercado. Ele costumava ordenhar as ovelhas dos vizinhos antes do califado. Quando foi nomeado, uma empregada da vizinhança disse: “Agora não vai mais ordenhar as nossas ovelhas.” Ele disse: “Ao contrário, vou continuar ordenhando; não espero mudar depois de assumir a minha função.
Todos os companheiros (R) reconheceram os seus méritos.”1

Possuidor de Hombridade e Excelência

O Siddik (R) era portador de hombridade, de ponderação, mesmo na época pré-islâmica. Nunca ingeriu álcool para não perder a consciência e cometer algo condenável.

Ibn Al Jauzi disse: “Fique sabendo que Abu Bakr é conhecido por seus méritos, tanto na época pré-islâmica como durante o Islam. Durante aquela época ele costumava intervir à favor dos que não tinham meio para pagar compensação sanguínea (matar alguém sem intenção) e dos endividados. Os coraixitas atendiam-lhe o pedido e a quem ele estava intervindo. Se outro o fizesse, eles o rejeitariam.”

O Primeiro dos Homens a se Tornar Muçulmano

Abu Said Al Khudri (R), na história do Abu Bakr assumir o califado relatou que ele disse: “Não fui o primeiro a me tornar muçulmano? Não fiz isso? Não fiz aquilo?” (Tradição narrada por Tirmizi).

A conversão de Abu Bakr foi mais valiosa para o Islam e os muçulmanos, do que a conversão de outras pessoas, por causa de sua elevada posição e o seu empenho em divulgar a Mensagem, pois foi a causa da conversão de um grande número de pessoas importantes como Abdel Rahman Ibn ‘Auf, Saad Ibn Abi Waccas, Osman Ibn Affan, Azzubair Ibn Al Auwam e Tal-ha Ibn Ubaidullah.
Quando adotou o Islam, era dono de uma fortuna de quarenta mil dirham (moeda de prata que tinha grande valor na época) que ele gastou pela causa de Allah.
Libertou uma série de escravos que estavam sendo torturados pela causa de Allah, a exemplo de Bilal Ibn Rabah (R). Ele acompanhou o Mensageiro de Allah (S) em Makka, na caverna, na imigração e em Madina. Acompanhou-o em todas as campanhas militares: Badr, Uhud, Khandak (Trincheira), na Conquista de Makka, em Hunain e Tabuk.

Versículos do Alcorão a Respeito de Abu Bakr Assidik

Allah, exaltado seja, disse: “Contudo, livrar-se-á dele o mais temente a Allah, que aplica os seus bens, com o fito de purificá-los, e não faz favores a ninguém com o fito de ser recompensado, senão com o intuito de ver o Rosto do seu Senhor, o Altíssimo; e logo alcançará (completa) satisfação.” (92:17-21).

Ibn Al Jauzi disse: “Há consenso de que esses versículos foram revelados por causa de Abu Bakr. Neles está especificado que é o mais temente a Allah, e o mais temente é o mais honrado para Allah, pois Ele diz: “Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Allah, é o mais temente.” (49:13). Isso comprova que ele era o mais virtuoso homem da comunidade depois do Profeta (S).

Allah, exaltado seja, disse: “Quando estava na caverna com um companheiro, ele disse: Não te aflijas, porque Allah está conosco! Allah infundiu nele o Seu sossego, confortou-o com tropas celestiais que não poderíeis ver.” (9:40). Há um consenso entre os muçulmanos de que o companheiro, aqui, era Abu Bakr.

Allah, exaltado seja, disse: “Outrossim, aqueles que apresentarem a verdade e a confirmarem, esses são os tementes.” (39:33).
Al Bazar e Ibn Al ‘Assáker disseram que Áli (R), explicando este versículo, disse: “Quem apresentou a verdade foi Mohammad (S) e quem a confirmou foi Abu Bakr.”

Tradições a Respeito das Virtudes de Abu Bakr

Quanto às tradições a respeito de Abu Bakr Assidik (R), são muitas. Algumas das quais são: 

Primeiro: Amar Ibn Al ‘As (R) relatou que perguntou ao Profeta (S): ‘Qual é a pessoa que mais gosta?’ Respondeu: ‘Aicha’. Perguntou: ‘E entre os homens?’ Respondeu: ‘O pai dela.’” (Bukhári e Musslim).

Segundo: Mohammad Ibn Al Hanafiya (R) relatou que perguntou ao pai – Áli Ibn Abi Tálib (R): “Qual é melhor pessoa após o Rassulullah (S)?” Respondeu: “Abu Bakr”. Perguntou novamente: “Quem vem depois?” Respondeu: “Ômar” Com receio que dissesse Osman na próxima, perguntou: “E você?” Disse: “Sou apenas um dos muçulmanos.” (Bukhári).

Terceira: Abu Said al Khudri (R) relatou que o Profeta (S) disse: “A pessoa em quem mais confio e não consigo retribuir pelo que fez ao Islam quanto ao seu companheirismo e bens é Abu Bakr. Se eu tivesse que escolher um amigo, escolheria Abu Bakr. Porém, ele é irmão e amigo no Islam. todas as portas da mesquita ficam fechadas, menos a porta de Abu Bakr(em honra a Abu Bakr)”. (Bukhári e Musslim).

Quarta: Abu Huraira (R) relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse: “Nós recompensamos todos aqueles que nos ajudaram, menos Abu Bakr. Há coisas que somente Deus irá recompensá-lo por ela no Dia da Ressurreição. Não houve dinheiro que me fosse tão benéfico como o dinheiro de Abu Bakr. Se eu fosse adotar um amigo, eu escolheria Abu Bakr, porém tenho Allah por amigo”. (Tirmizi).

Quinta: Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: “Quem gastar um par pela causa de Deus será chamado pelas portas do Paraíso: ‘Ó servo de Deus, isso é muito melhor para você’. Quem for dos que praticam a oração será chamado pela porta da oração. Quem for dos que lutam pela causa de Deus, será chamado pela porta dos que lutam pela causa de Deus, quem for dos que praticam o jejum, será convocado pela porta Rayan. Quem for dos caritativos, será convocado pela porta dos caritativos. Abu Bakr perguntou: ‘Alguém será convocado por todas aquelas portas’? Disse-lhe sim, desejo que seja um deles”. (Bukhári e Musslim).

Sexta: Abu Bakr relatou que o Mensageiro de Deus (S) disse-lhe quando estavam na caverna: “Ó Abu Bakr, que pensa da situação de dois, cujo terceiro é Deus?” (Bukhári e Musslim).

Sétima: Ánas (R) relatou que o Profeta (S) disse: “o mais misericordioso dentro de minha comunidade é Abu Bakr”. (Ahmad e Tirmizi).

Oitava: Ánas (R) relatou: “O Profeta (S), Abu Bakr, Ômar e Osman subiram em Uhud. O monte tremeu com eles, o Profeta (S) bateu o pé com força no monte e disse: ‘Fique firme Uhud, pois está sobre você um Profeta, um Siddik e dois mártires’”. ( Bukhári).

Nona: Abu Dardá relatou: “Eu estava sentado com o Profeta (S) e chegou Abu Bakr e disse: ‘Tive um desentendimento com Ômar e me arrependi, pedi-lhe que me perdoasse, não aceitou, por isso, eu vim a você’. O Profeta (S) lhe disse: ‘Que Deus lhe perdoe, ó Abu Bakr, que Deus lhe perdoe, ó Abu Bakr, que Deus lhe perdoe, ó Abu Bakr’. Então, Ômar se arrependeu, foi à casa de Abu Bakr e não o encontrou. Em seguida foi ter com o Profeta (S) e o saudou. O rosto do Profeta (S) transformou-se tanto que Abu Bakr ficou com pena de Ômar este se ajoelhou em frente ao Profeta (S) e disse: ‘Eu fui mais injusto, eu fui mais injusto’. O Profeta (S) disse: ‘Deus me enviou a vocês e vocês me desmentiram, mas Abu Bakr disse que eu falei a verdade e me deu apoio com sua pessoa e seus bens. Vão querer deixá-lo em paz ou não’? Depois disso, nunca mais alguém importunou Abu Bakr”. (Bukhári).

Observação: No obra de Ibn Hijr Al Haitami, “Assawáik al Muhrika” há mais de cem tradições a respeito do mérito de Abu Bakr (R). O que se pode dizer depois disso? 

Os Textos que Indicam a Legitimidade de seu Califado
Ibn Al Jauzi disse: “Abu Bakr foi o único que deu parecer na presença do Profeta (S), foi designado pelo profeta para dirigir as orações e foram revelados textos quanto à sua designação”7. Entre as tradições citamos: 

Primeira: Jubair Ibn Mut’im relatou: “Uma mulher foi ter com o Profeta (S) e ele lhe pediu para voltar em outra ocasião. Ela perguntou: ‘se eu voltar e não o encontrar’? (como se dissesse que poderia estar morto). O Profeta (S) lhe disse: ‘Se não me encontrar, procure Abu Bakr”. (Bukhári e Musslim)

Segunda: Aicha relatou que o Profeta (S) durante a sua enfermidade lhe disse: “Chame o seu pai e o seu irmão para eu ditar um testamento, pois temo que alguém se apresente (para o califado) sem merecimento, ou que alguém alegue o seu direito, porém Deus e os crentes não o aceitarão, com exceção de Abu Bakr”. (Bukhári e Musslim).

Terceira: Abu Mussa Al Ach’ari (R) relatou: “O Profeta (S) ficou enfermo e a doença se agravou. Por isso, disse: ‘Digam a Abu Bakr que lidere a oração’. Aicha disse: ‘Ó Mensageiro de Deus (S) Abu Bakr é um homem sensível, se o substituir não vai conseguir liderar a oração’. O Profeta (S) insistiu: ‘Digam a Abu Bakr que lidere a oração’”. (Bukhári e Musslim). 

Em outra narrativa Aicha disse a Hafsa: “Diga-lhe para designar Ômar”. Quando Hafsa pediu ao Profeta para designar Ômar, zangou-se e disse: “Vocês são,os companheiros de José? Digam a Abu Bakr que lidere a oração”.

Na narrativa de Ibn Zam’a o Profeta (S) deu a ordem de Abu Bakr liderar a oração. Este estava ausente, então Omar se adiantou e liderou a oração. O Profeta (S) disse: “Não, não e não. Deus e os muçulmanos não aceitam a não ser Abu Bakr”.
Áli Ibn Abi Tálib (R) relatou o que Ibn Assákir compilou: “O Profeta (S) ordenou a Abu Bakr liderar as orações e eu estava presente e não estava doente. Aceitamos o para o nosso mundo que satisfazia ao Profeta (S) para a nossa religião.

Declarações dos Companheiros, dos Familiares do Profeta (S) 
e dos Sucessores Virtuosos a Respeito do Mérito de Abu Bakr

Ômar Ibn Al Khattab (R) disse: “Abu Bakr é o nosso mestre e o libertador do nosso mestre (quer dizer Bilal)”. (Bukhári).

E disse: “Quisera ser um pelo no peito de Abu Bakr”. (Mussadad).

Áli (R) disse: “O melhor dos homens depois do Mensageiro de Deus (S) são Abu Bakr e Ômar. O amor por mim e o ódio por Ômar e Abu Bakr não se juntam no coração do crente”. (Tabaráni).

Darkutni, baseado em Já’afar Assádik, baseado em seu pai, Mohammad Báker, que um homem foi ter com o seu pai, Zein Al Ábdin Áli Ibn Hussein (R) e lhe pediu: “Fala-me de Abu Bakr” e Ibn Hussein respondeu-lhe: “O Siddik?” O homem disse: “Você o denomina Siddik”? Disse Zein Al Ábdin: “Que a sua mãe o perca? O próprio Rassulullah (S), os Muhajirin e os Ansar assim o denominaram. Quem não o denominar Siddik, Deus não aceitará as suas palavras neste mundo ou no outro. Pode ir embora que eu amo tanto Abu Bakr como Omar (que Deus esteja satisfeito com ambos”.
19Ibn Al Jauzi, baseado em Zaid Ibn Áli, disse: “Fique sabendo que negar os dois cheiques – Abu Bakr e Ômar – é negar Áli, quer antes, quer depois”. 

Suas Características
Ách-cha’bi disse: “Deus, Altíssimo, concedeu quatro características a Abu Bakr e a ninguém mais: denominou-o Siddik e não denominou a ninguém mais, foi companheiro do Rassulullah (S) na caverna, na Hijra e o Rassulullah (S) o designou para dirigir as orações com o testemunho dos muçulmanos”. 

Hákim, baseado em Mussib disse: “Abu Bakr ocupava a função de ministro do Rassulullah (S). Ele o consultava em todos os assuntos. Foi o seu segundo no Islam, o seu segundo na caverna, o seu segundo em Badr, o seu segundo no túmulo e o Rassulullah (S) não dava preferência a ninguém acima dele” 9.

Os Grandes Acontecimentos Durante o seu Califado
Confirmação do exército de Ussama Ibn Zaid;
Combateu os apóstatas e os que negaram o pagamento do zakat;
Combateu Mussailama, o mentiroso;
Compilação do Alcorão;
Início das conquistas do Iraque e da Síria.

Suas Primazias
O primeiro a se tornar muçulmano entre os homens;
O primeiro a compilar o Alcorão;
O primeiro a denominar o Alcorão de Mushaf (compilação);
O primeiro que foi denominado califa;
O primeiro a adotar a Casa da Moeda;
O primeiro a ser apelidado no Islam. Foi apelidado de “Atiq” (libertador de escravos).

Sua Coragem

‘Urua Ibn Zubair relatou que perguntou a Abdullah Ibn Amr Ibn Al ‘As, sobre a pior coisa que os politeístas fizeram com o Rassulullah (S). Respondeu: “Vi ‘Ukba Ibn Abi Muti’ ir até o Profeta (S) enquanto rezava, colocar um pano no pescoço dele e o apertar tanto que quase o sufocou. Abu Bakr chegou, empurrou-o e disse: “Querem matar um homem que diz – Deus é meu Senhor – mesmo tendo trazido as evidências de seu Senhor”? (Bukhári).

O combate aos apóstatas e aos que se negavam a pagamento do zakat é um dos mais importantes indícios de sua coragem. Ele disse: “Por Deus, se deixarem de contribuir com uma corda que contribuíam na época do Rassulullah (S), eu os combaterei por isso”.

Sua Abstenção e Ascetismo

Attabaráni, em seu musnad, baseado em Hassan Ibn Áli Ibn Abi Tálib (R) narrou: “Quando Abu Bakr adoeceu (no leito da morte) disse: ‘Se eu morrer, pegue a fêmea do camelo que nos fornecia leite, a vasilha que usávamos para tingimento, o manto que eu usava durante o meu governo e devolva para Ômar’. Quando morreu, Aicha enviou tudo para Ômar, que disse: ‘Que Deus tenha piedade de você, ó Abu Bakr, pois encarregou a quem irá sucedê-lo’”.

Sua Modéstia

Ibn Assákir, baseado em Abu Saleh Al Ghifari, relatou: “Ômar Ibn Al Khattab costumava cuidar de uma idosa cega nos arredores de Madina. Ia durante a noite levar-lhe água e mantimentos. Quando chegava, descobria que alguém havia se antecipado e feito o serviço. Ômar ficou de tocaia para descobrir quem fazia aquilo. Era Abu Bakr, quando era califa. Ômar disse: ‘Você sempre se antecipou a mim, ó Abu Bakr’”.

Sua Alta Disposição

Abu Huraira (R) relatou que o Rassulullah (S) perguntou: “Quem de vocês está jejuando hoje”? Abu Bakr respondeu: “Eu”.O Rassulullah (S) perguntou:"Quem de vocês acompanhou um féretro?" Abu Bakr disse: "Eu". O Rassulullah (S) perguntou: “Quem de vocês alimentou um necessitado hoje”? Abu Bakr disse: “Eu”. O Rassulullah (S) perguntou: “Quem visitou um doente hoje”? Abu Bakr respondeu: “Eu”. O Rassulullah (S) disse: “Todo indivíduo que fizer tudo isso, ingressará no Paraíso”. (Musslim).

A Sua Contribuição em Gastos Pela Causa de Deus

Ômar Ibn Al Khattab (R) relatou: “O Rassulullah (S) nos ordenou contribuirmos em caridade. Eu disse a mim mesmo: ‘Hoje vou ganhar de Abu Bakr’. Contribuí com a metade dos meus bens. O Rassulullah (S) me perguntou: ‘O que você deixou para a sua família’? Respondi: ‘A mesma quantia com que contribuí’. Aí veio Abu Bakr e contribuiu com tudo que tinha. O Rassulullah (S) lhe perguntou: ‘O que você deixou para a sua família’? Abu Bakr lhe respondeu: ‘Deixei Deus e seu Mensageiro’. Ômar disse: Não consigo ganhar de você, nunca, ó Abu Bakr’”. (Abu Daúd e Tirmizi).

O Companheiro na Caverna

Versículos foram revelados a respeito dele, houve consenso dos Muhajirin e Ansar quanto ao seu califado: “Quando estava na caverna com um companheiro”.
Quem foi convocado ao Islam e aceitou imediatamente, sem titubear, gastou tudo que tinha pela causa. 
Quem foi companheiro do Profeta (S) na sua juventude?
Quem foi o primeiro a crer, dentre os seus companheiros?
Quem foi quem deu parecer na frente do Profeta (S)?
Quem foi o primeiro a orar com ele?
Quem foi último a liderá-lo na oração?
Quem foi o primeiro a ser enterrado ao lado dele, portanto, reconheça o direito do vizinho, “Quando estava na caverna com um companheiro”?
Por Deus, não gostamos dele por gostar, mas seguimos as palavras de Áli que nos são suficientes. Se o Rassulullah (S) o escolheu para a nossa religião, como não o aceitamos para o nosso mundo?

Que Deus esteja satisfeito com Abu Bakr (R). Ó Senhor seja testemunha de que o amamos, a todos os califas probos e a todos os companheiros de Seu Profeta(S). Que Deus abençoe e dê paz ao nosso Profeta Mohammad(S), aos seus familiares e a todos os seus companheiros.

São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

Mohamad ziad -محمد زياد

Khutuba Jumaah 05/10/2012 - Sermão da Despedida-Centro Islâmico de Brasilia

Em nome de Allah , O Clemente, O Misericordioso. Louvado Seja Allah , criador do céu e da terra. Nos recordamos e nos voltamos humildes a Allah (SWT), pedimos o Seu perdão e suplicamos a Sua misericórdia.

Testemunho que não há Divindade a não ser Allah (SWT), e testemunho que o Profeta Mohamed (SAAW) é seu servo e Mensageiro, o escolhido entre as criaturas. Aquele que divulgou a mensagem, zelou pelo que lhe foi confiado, aconselhou o povo, aboliu a injustiça e serviu em nome de Allah (SWT).

Que Allah (SWT) abençõe e de paz ao Profeta (SAAW), bem como para a sua família, companheiros e seguidores até o Dia do Juízo Final.

Meus irmãos e irmãs nosso assunto será sobre o último Hajj do Profeta Muhamad(SAAW) , que ficou conhecido como A Peregrinação da Despedida.

Quando o mês de Ramadan chegou, em 632, Muhamad(SAAW) resolveu, ele mesmo, dirigir o cerimonial da peregrinação. Ele saiu de Medina em direção a Meka, seguido por uma imensa multidão de fiéis, alguns a pé e outros montados em camelos, numa fila que se perdia no horizonte.

A última peregrinação do Profeta Muhamad(SAAW) é de uma importância fundamental para todos os muçulmanos. Tudo o que ele fez nessa ocasião histórica foi posteriormente incorporado ao ritual que é seguido até os dias atuais. O seu sermão também é um legado para toda a humanidade, uma vez que trata de questões éticas e morais que devem nortear o comportamento dos seres humanos, independente de raça, cor, credo. 

Ele discursou para a multidão reunida e entre os vários pontos enfatizados estão os de que não se deve mentir, roubar, trair, cometer adultério, ingerir drogas, explorar quem quer que seja, isto é, os mesmos princípios morais trazidos por todos os mensageiros de Deus que o antecederam. Disse ainda a todos que a vida e a propriedade de todo muçulmano são responsabilidades sagradas; que não causassem dano a ninguém e que ninguém lhes causasse danos. Pois todo muçulmano é irmão de todos os muçulmanos. O orgulho da raça ou das origens era perverso e deveria ser abolido.

E que a partir daquele momento não deveria haver exploração econômica e nem a prática da usura e sim a cooperação entre todos. Também disse que as mulheres deveriam ser tratadas com bondade, pois Deus as tinha confiado a seus maridos; que os homens tinham certos direitos sobre elas, mas que elas também tinham certos direitos sobre os homens. 

Ele também ensinou que toda a humanidade veio de Adão e Eva e que não há preferência de um árabe sobre um não árabe, ou de um não árabe sobre um árabe; de um negro sobre um branco ou de um branco sobre um negro. O melhor entre todos é o mais piedoso, o mais temente e o que é o melhor em caráter. 

Também disse que não viria outro apóstolo ou mensageiro depois dele e que havia deixado para os muçulmanos e para toda a humanidade, duas coisas, e que quem as seguisse jamais se desviaria: o Alcorão e a Sunnah. Disse Allah(SWT) no Alcorão Sagrado na Surat AL-BACARA vers 120: “ E nem os judeus nem os cristãos se agradarão de ti, até que sigas sua crença. Dize: “ Por certo, a Orientação de Allah é a Verdadeira Orientação.” Mas, se seguisses suas paixões, após o que te chegou da ciência, não terias, de Allah, nem protetor nem socorredor.”

Pediu a seus seguidores que levassem esta mensagem a todas as pessoas da terra. E assim eles o fizeram, percorrendo o mundo, principalmente como mercadores, professores, como pessoas que chegavam para partilhar sua experiência religiosa. E o Islam se espalhou pelo mundo, mais pela força do exemplo, da tolerância do que pela força da espada.

Cada detalhe do ritual foi indicado pelo Profeta, o ritual de atirar as pedras, o sacrifício de animais em Mina, as voltas em torno da Kaaba e a vestimenta especial do peregrino. Ao final de seu sermão, o Mensageiro de Deus Muhamma (SAAW) disse aos presentes, "eu não disse a vocês o que fazer e que completei minha missão?" Todos responderam em voz alta "Sim, por Deus que você o fez". A seguir, ele levantou os olhos para o céu e disse "Deus, dou o meu testemunho".

Por fim, ele se despediu dos peregrinos e voltou para Medina. Nunca mais ele veria Meka de novo. Essa peregrinação de Muhamad (SAAW) passou para a história muçulmana como a Peregrinação da Despedida.

Assim que o amado Profeta completou seu Sermão da Despedida e ao fazê-lo, próximo da congregação de Arafat, a revelação desceu o ultimo versículo do Sagrado Alcorão, Surat ALMAIDA vers 3: : “...Hoje, eu inteirei vossa religião, para vós, e completei Minha graça para convosco e agradei-Me do Islão como religião para vós....” Desde que veio a revelação de Allah(SWT) no Alcorão Sagrado na Surat AL-ALAQ vers 1: “Lê, em nome de teu Senhor, que criou.” Que o Profeta(SAAW), recebeu do Anjo Gabriel na sua primeira revelação até a última que foi no Sermão da Peregrinação.

Este dia que além de ser dia de Arafat é dia da sexta feira ou seja juntou duas festas no mesmo dia, o que indica a alegria e homenagem ao completar o Alcorão e a perfeição da religião islâmica  E que é a maior graça de Allah(SWT) é para os muçulmanos é ter escolhido o Islã como religião.

SALAMO ALEIKOM

quinta-feira, outubro 04, 2012

O EHRAM

Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

Os peregrinos que se dirigem a Maka, com a intenção de fazerem o Haj (ou o Umra – pequena peregrinação), antes de entrarem nas zonas delimitadas da cidade sagrada, chamadas de Micát, devem vir já com o Ehram trajado. Duma maneira geral os  peregrinos chegam de avião através do aeroporto de Jeddah, a cerca de 70 Kms de Maka. Antes da aeronave atingir a cidade, o peregrino já deve estar em estado de Ehram. Uns já vêm com o Ehram vestido dos aeroportos de origem, outros preferem colocá-lo, durante a viagem, já dentro do avião.

O peregrino deverá cortar as unhas, retirar os pelos (axilas e púbicas) e tomar banho (ghússl). Se não for possível o banho, então deverá fazer o wudhú (ablução). Usar o Ehram e fazer a oração de Sunattul-Ehram de dois ciclos e a seguir fazer o niyat (intenção) e pronunciar o Talbiya: “Labbaika, Allahumma labbaika. Labbaika lá charika laka, labbaik. Innal ham’da wanni’imata laka wal mulk, lá charika lak”. -

“Eis-me aqui, meu Senhor!, Eis-me aqui. Aqui estou, ó Tu que não tens nenhum parceiro, eis-me aqui. Na verdade, a Ti pertencem o louvor e o favor, assim como o reino. Tu não tens nenhum parceiro”.

Háram, significa sagrado. Outra palavra muito semelhante é Harám, que significa o oposto, isto é proibido. Quem não domina a língua Árabe, terá dificuldades em pronunciá-las com correcção, pelo que é preferível referir os referidos nomes na sua linguagem materna. De Háram (sagrado), deriva EHRAM, que significa entrar no estado de sagrado. Depois de efectuada a intenção de Ehram, está proibido ao peregrino de usar roupas cosidas, calçados que tapem a parte superior e cobrir a cabeça (não aplicável às senhoras). Não é permitido; cortar as unhas; ter relações intimas com a esposa/marido; perseguir, ferir ou matar animais (de caça); usar perfume; sabonetes perfumados e alimentos com fortes aromas.

O peregrino em estado de Ehram para cumprir com os rituais de Haj ou de Umra, está no estado de sagrado. Se assim morrer, quando for ressuscitado no dia do Julgamento Final, pronunciará as palavras “Labbaika, Allahumma labbaika”. Ibn Abbás (Radiyalahu an-hu) referiu que uma pessoa, que se encontrava em estado de Ehram, caiu do camelo, quebrou o pescoço e morreu. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “banhe-o com agua misturada com as folhas de arvore, cubram-no com as duas peças de Ehram e não lhe tapem a cabeça, porque Deus o ressuscitará no Dia da Ressurreição, prenunciando o Talbiya. Muslim.

O peregrino que se encontra em estado de Ehram, chama-se MÚHRIM e nesta condição, encontra-se apto para:
1) – Fazer só o Umra (neste caso o chamaremos de Mútamir);
2)- Para fazer só o Haj Ifrad, não faz o Umra (será o Mufrid); 
3)- para fazer o Haj At-Tamatu, Umra e o Haj na mesma viagem. Depois de completar o Umra, rapa ou diminui o cabelo e tira o Ehram. Coloca outro Ehram (pode ser o mesmo depois de lavado), para fazer o Haj (será o Mutamatti); e
4)- Para fazer o Haj Quirán, nos dois rituais de Umra e Haj, com o mesmo Ehram (será o Cárin). O tipo de Haj mais utilizado (mais prático) é o At-Tamatu, porque permite fazer o Umra e o Haj, sem estar em permanente estado de Ehram. No Haj Quirán, o crente fica em estado permanente de Ehram, desde o início do Umra, até terminar o Haj, situação que pode durar semanas seguidas.

O Ehram para os homens é constituído por 2 peças de pano branco largas, sem costuras, com dimensões cerca de 2,5 m x 1,5 m. Uma peça destinada à cobertura da parte superior do corpo (Ridá) e outra para a parte inferior, da cintura para baixo (Izár).

Quando nascemos, cobrem-nos com uma pano branco. Quando nos forem enterrar, In Sha Allah, seremos também embrulhados com um pano branco. O Ehram das senhoras é constituído pelas suas roupas habituais, bem como as peças habituais, nomeadamente as meias. As jóias são permitidas, mas desaconselhadas. Ibn Umar (Radiyalahu an-hu) referiu que uma pessoa perguntou ao Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam), o que é que o Muhrim (peregrino) deve usar.

Respondeu: “Não deve usar nenhuma camisa, turbante, calças, boné, meias de couro. Aquele que não tem sapatos (adequados), pode usar meias, mas deve corta-las abaixo dos tornozelos. Não useis roupas que tenham sido perfumadas de açafrão ou de warss (um fluido perfumado)”. Muslim. Os sapatos não podem tapar os tornozelos e por isso, os Hajis utilizam chinelos adequados.

Na era da ignorância, antes do advento do Isslam, os peregrinos ao aproximarem-se da Caaba, despiam-se, ficando sem qualquer peça de roupa, para circundar a Casa de Deus. Consideravam que as roupas com as quais cometeram pecados eram impuras para o efeito. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) considerou aquela prática incorrecta, pelo que instituiu o uso das duas peças de tecido.

Durante a peregrinação, todos estão vestidos de igual. Não se distingue o pobre do rico. Em Miná, Arafát e em Muzdalifa, estarão milhões de peregrinos, todos de branco.

Imagine-se o dia do julgamento final, em que todos serão levantados das suas  sepultaras e reunidos perante o Senhor da criação. É a maior concentração de crentes naqueles pequenos vales, onde se ouve falar línguas de todo o planeta.

Recomenda-se a leitura do livro “Umra – Haj – Ziyárat, do Sheik Aminuddin Mohammad (Moçambique), uma obra essencial para conhecer todos os pormenores do haj e do Umra.

Façam o favor de ter um bom dia de Juma.

Cumprimentos

Abdul Rehman

04/10/2012

segunda-feira, outubro 01, 2012

Abbad b. Bichr- Mais um Grande Companheiro do Profeta SAAS

Bismillah!
Abbad b. Bichr
Dr. Abdulrahman Ráafat Bacha
Tradução: Prof. Samir El Hayek

“ Há três indivíduos dos Ansar cujas virtudes não são ensombrecidas por ninguém; são eles: o Saad bin Moaz, o Usayd bin al Hudayr e o Abbad bin Bichr.” (Umm al Muminin Aicha)".

Abbad b. Bichr é um nome que cintila brilhantemente na história do chamamento profético de Mohammad (S). Sua reputação entre aqueles famosos por sua religiosidade é destacada, pois ele era piedoso, de coração puro, que passava longas noites em oração, e a recitar o Alcorão. Entre aqueles conhecidos pelos seus heroísmos ele era famoso por ser um bravo e intrépido guerreiro, sempre disposto a desfechar cargas, nas batalhas, para o bem do que era direito. Como governador, ele foi renomado por sua peremptoriedade e credibilidade no cuidar dos interesses dos cidadãos muçulmanos. Tudo aquilo foi o que levou Aicha, a mãe dos crédulos, a dizer:

“Há três indivíduos dos Ansar cujas virtudes não são ensombrecidas por ninguém, sendo todos dos Banu al Achhal; são eles: o Saad bin Moaz, o Usayd bin al Hudayr e o Abbad bin Bichr.”

Quando os primeiros raios da luz do Islam começaram a brilhar sobre a cidade de Yaçrib, o Abbad b. Bichr al Achhali era um jovem cheio de energia, com a afabilidade e o frescor da inocência e da castidade. Suas ações revelavam uma dignidade que somente seria de se esperar de homens mais maduros, embora ele não tivesse ainda chegado aos vinte e cinco anos de idade.

Aconteceu que ele veio a encontrar-se com um pregador maquense, o Musab b. Umayr. Muito breve seus corações se juntaram no laço comum da fé, bem como nas virtudes e boas qualidades que ambos tinham em comum. Quando o Abbad escutava o Musayb a recitar o Alcorão, com sua voz cálida e argentina, que tão lindamente exprimia o significado da escritura, ficava repleto de amor pela palavra de Allah. O Abbad abriu os recônditos do seu coração ao Alcorão, fazendo dele o seu único interesse na vida. Recitava-o dia e noite, estando ocupado ou ocioso, tanto que ficou conhecido, entre os Companheiros, como “o Imame”, e “o amigo do Alcorão”.

Numa noite, o Profeta (S) estava a ministrar orações das últimas horas, na casa da Aicha, que era pegada à mesquita, quando calhou de ouvir a voz do Abbad b. Bichr que recitava o Alcorão. Aquilo lhe soou tão doce e perfeito, como quando foi primeiramente ensinado ao Profeta (S) por Jibril, que ele perguntou:

“Ó Aicha, essa não é a voz do Abbad b. Bichr?”

“É sim, ó Mensageiro de Allah (S)”, ela respondeu.

Profundamente emocionado, o Profeta (S) suplicou em voz alta:

“Ó Allah, perdoa-lhe todos os pecados!”

Abbad b. Bichr foi com o Profeta (S) em todas as expedições militares, e em cada uma saiu-se de maneira que condizia com um recitador do Alcorão. Uma das suas aventuras é famosa:

Quando o Profeta (S) voltava, com seus companheiros, da expedição de Dhal al Riqa, ele conduziu o exército muçulmano a uma pequena ravina na qual iriam passar a noite. Durante a expedição, uma pagã havia sido feita cativa, e o marido dela não tinha sabido do fato, a não ser depois que o exército muçulmano havia partido. Ao saber do acontecido, ele jurou pelos ídolos Al Lat e Al Uzza que iria defrontar-se com o exército de Mohammad (S), e não iria voltar antes que fizesse derramar sangue dos soldados.

Enquanto isso, os muçulmanos estavam ocupados com a preparação do seu acampamento, fazendo com que seus camelos se ajoelhassem para que pudessem amarrá-los. Então o Profeta (S) perguntou:

“Quem irá ficar na nossa guarda esta noite?”

Abbad b. Bichr e o Ammar b. Yássir se levantaram juntos, e se apresentaram. Eles haviam sido feitos irmãos pelo Profeta (S) quando os Muhajirun haviam ido para Madina. Quando eles se posicionaram à entrada da ravina, o Abbad b. Bichr perguntou ao seu irmão Ammar b. Yássir:

“Em que metade da noite preferes dormir, na primeira ou na segunda?”

“Na primeira”, respondeu o Ammar, e deitou-se para dormir a uns poucos passos longe do Abbad.

A noite estava clara, calma e tranqüila. Cada estrela, cada árvore, cada rocha louvavam e glórificavam ao seu Senhor, e o coração do Abbad ansiava por compartilhar daquela cultuação, recitando o Alcorão enquanto pronunciava a oração ritual; assim, ele desfrutou do prazer da recitação, juntamente com a cerimônia da cultuação.

Ele voltou o rosto para a quibla1, começou a oração e a recitar a Surata Al Kahf, com sua voz doce e emotiva.

Como uma pessoa que flutua num oceano de luz divina, ele parecia enlevado pela espiritualidade da sua ambiência. Envolvido em adoração, ele não notou um homem que apareceu em cena, e caminhava rapidamente na sua direção. Quando aquele homem viu o Abbad b. Bichr em pé na entrada da ravina, soube que o Profeta (S) e os seus companheiros estavam acampados ali dentro, e que aquela pessoa era o vigia deles. Retirando uma flecha da sua aljava, colocou-a no arco, mirou, e disparou, atingindo o Abbad, que simplesmente puxou a seta do seu corpo, e continuou com a sua cultuação. O homem atirou de novo, e novamente o atingiu, mas o Abbad outra vez puxou a flecha do corpo; então o homem atirou a terceira vez. Abbad puxou a flecha mais uma vez, porém, desta feita, ele gatinhou sobre o seu amigo, acordou-o, e disse:

“Levanta-te, pois que fui seriamente ferido!”

Quando o sujeito viu que havia dois homens montando guarda, fugiu. O Ammar, dando uma boa olhada no Abbad e, vendo que estava sangrando muito pelos três ferimentos, exclamou:

“Glória a Allah! Por que não me acordaste logo que foste atingido a primeira vez?

“Eu estava na metade da recitação de uma Surata do Alcorão, e não a queria interromper, antes de terminá-la. Juro por Allah que se não fosse eu temer deixar o exército desvelado, depois que o Mensageiro de Allah (S) me ordenou montar guarda, teria preferido morrer a ser interrompido!” respondeu o Abbad.

Durante a autoridade de Abu Bakr al Siddik, as guerras de ridda2 se inflamaram tanto, que Al Siddik aprontou um exército para ir pôr um fim à revolução civil cuasada pelo falso profeta Musailima, fazer com que os renegados se submetessem e o povo voltasse para as lindes do Islam. Na vanguarda do exército, estava o Abbas b. Bichr.

Nas primeiras batalhas, nas quais os muçulmanos não faziam muito progresso, o Abbad fez uma importante observação. Notava que os Ansar dependiam dos Muhajirun para dirigirem o entrecho, na batalha, enquanto os Muhajirun esperavam o mesmo dos Ansar, coisa que irritava o Abbad. Depois ficava furioso quando, mais tarde, ouvia-os culparem uns aos outros pelo fato de a batalha não ter saído a contento. Ocorreu-lhe a ele, Abbad, que a única maneira de os muçulmanos se saírem bem, naquelas esmagadoras batalhas, seria cada grupo ser constituído em separado, distinto um do outro, para que cada grupo pudesse arcar com uma responsabilidade em separado; aí então iria estar claro quem estava despendendo o maior esforço na batalha.

Na noite anterior ao dia decisivo da longa batalha de Yamama, o Abbad teve um sonho em que viu o céu se abrir para ele; então ele o adentrou, e o céu se fechou após ele, como faz a porta duma casa. Ao acordar, ele contou para o Abu Saíd al Khudri acerca do seu sonho, e disse:

“Juro por Allah, ó Abu Saíd, isso apenas pode significar que eu vou morrer como um chahid (mártir)!” 

Quando a manhã surgiu e a batalha foi recomeçada, o Abbad b. Bichr subiu ao alto dum morro, no campo, e conclamou:

“Povo dos Ansar, vinde e apresentai-vos, àparte dos outros! Quebrai as bainhas das vossas espadas, e não deixeis que o Islam seja surpreendido enquanto ainda estais de pé!”

Ele repetiu aquela conclamação, até que conseguiu juntar quatrocentos lutadores, à cabeça dos quais estava o Sábit b. Cais, Al Bara b. Málik e o Abu Dujana, o qual portava a espada do Profeta (S).

O Abbad b. Bichr foi à frente daquele grupo de lutadores, abrindo caminho por entre as fileiras do inimigo, com sua espada, encarando a morte destemidamente, até que as forças do Musaylima ficou desanimada, e procurou refúgio no Pomar da Morte. Nas muralhas do pomar, o Abbad por fim caiu como um mártir, coberto de sangue. Ele suportara tantos ferimentos, que seu corpo foi mais tarde identificado apenas por um sinal de nascença que portava.

"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

Mohamad ziad -محمد زياد


Islamismo Online: www.islamismo.org
duvidas/ informações: info@islamismo.org

sexta-feira, setembro 28, 2012

A CAABA:

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)  Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus o Beneficente e Misericordioso)-JUMA MUBARAK 

“E PURIFICAI A MINHA CASA PARA OS CIRCUNDANTES.” – Cap. 2 Vers. 125 A Caaba exerce um fascínio em cada um de nós. O peregrino quando chega pela primeira vez a Maka, fica ansioso para ver a Caaba. Ele já está familiarizado com a Caaba, porque muitas vezes a viu em fotografias (quadros, tapetes de oração, etc..). Quando está diante da Caaba, fica emocionado, as lágrimas que verte, reflectem uma imensa alegria e satisfação. Olha fixamente para a Caaba e faz uma prece, pedindo a Deus, a Sua Compaixão e Misericórdia. O peregrino virá muitos crentes fazendo Tawaf (circundando a Casa de Deus), outros fazendo orações e outros simplesmente sentados ou em pé, olhando para ela. Que pensamentos fluirão em cada um deles? Ibn Abbás (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Allah envia (faz descer) diariamente, de dia e de noite, cento e vinte Rahmats (Misericórdias) sobre a Caaba. Sessenta, são para os que estão a fazer o Tawaf, quarenta para os que estão fazendo orações à volta dela e vinte para os que estão simplesmente a olhar a Caaba”. Al-Baihaqui. A Caaba, assim chamada por ser de forma cúbica, é a casa sagrada de Deus, nosso Guia e Senhor. É o Qibla dos Muçulmanos ( Direcção para onde os Muçulmanos se viram para as sua orações).

Após o período que se seguiu à saída de Makka (Hijra) e durante cerca de 16 meses na permanência em Madina, o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), efectuava o salat (oração) virado para Jerusalém. No ano 2 de Hijra (do calendário Islâmico), Allah Subhana Wataala, ordenou-lhe que se virasse para a direcção da Caaba. Desde então, a Caaba, passou a ser a orientação para a nossa oração, símbolo da unidade dos crentes. Quando o referido versículo do Cur’ane foi revelado, estava o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) a dirigir o Salat de Zuhr (oração do meio dia), virado para Jerusalém,  numa Mesquita a cerca de 3 milhas da Mesquita de Madina. Quando já tinha efectuado dois rakates (2 ciclos de oração), recebeu a referida revelação. Ainda dentro da oração, todos se viraram para a direcção da Caaba e completaram os restantes ciclos. A Mesquita onde aconteceu este facto histórico e religioso, passou a chamar-se de “Quiblatains”, isto é, Mesquita de dois Qiblas. Allah Subhana Wataala diz ao Profeta Muhammad (Sallalahu Aleihi Wassalam): “Na verdade, vimos-te voltares com frequência o teu rosto para o céu (para orientação). Agora, certamente, te faremos virar para um Qibla, com que estarás satisfeito. Portanto, vira o teu rosto para a Mesquita Sagrada e onde quer que estejas, voltai os vossos rostos para esta direcção.” Cur’ane 2 : 144. A Caaba, foi sempre um local sagrado, muito antes da era do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam).

Foi reedificada pelo Profeta Abraão e seu filho Profeta Esmael (Que a Paz de Deus estejam com eles).

“E quando Ibrahim (Abraão) e Issmail (Esmael) elevavam as fundações da Casa (dizendo): “Nosso Senhor! Aceita de nós (este trabalho). Com certeza, Tu escutas, Ês o Conhecedor.” Cur’ane 2 : 127.

Inicialmente a Caaba estava coberta com pedra preciosas do Paraíso. Com a morte do nosso pai Adam (Aleihi Salam -Que a Paz de Deus esteja com ele), ficou a pedra que todos conhecemos por “pedra negra” – Hajarul Asswad, que é beijada por milhões de peregrinos. A pedra era branca, mas com os pecados da humanidade ela tornou-se negra. Há uma referencia de que Omar (Radyialahu an-hu) ao beijar a pedra, afirmou: “Por Deus, estou ciente de que tu não és mais do que uma pedra (sem poderes). E se não tivesse visto o Mensageiro de Deus beijar-te, eu jamais o faria”. – Relato de Al- Bukhari, Musslim e At-Tirmizi. Portanto ao beijar a pedra, os muçulmanos não o fazem por idolatria, pois não adoram mais nada a ser a Deus.

Cerca de 50 dias antes do nascimento do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), Abraha, o governador do Yémen, quis destruir a Caaba, utilizando um exército poderoso, em que estavam incluídos diversos elefantes. Abdul Muttalib, chefe e líder da Caaba e que viria a ser o avô do Profeta, não se alarmou com a ameaça, pois considerou que Deus, o Dono da Caaba, a iria defender. Assim aconteceu, Deus enviou um bando de pássaros, carregando cada um deles, 3 pedrinhas, que foram lançadas sobre o exercito invasor. As pedrinhas causaram inúmeras baixas e a debandada dos sobreviventes. Este facto foi e ainda é conhecido por “Ashabul – Fil, senhores dos elefantes” ou por “o ano dos elefantes” e vem referido num breve versículo do Cur’ane – Surat Al Fil – 105.

Ao longo da humanidade, a Caaba sofreu inundações e incêndios. No tempo pré Islâmico, albergou temporariamente 300 ídolos, que depois foram destruídos por Muhammad (Salalhu Aleihi Wassalam). Foi reconstruída várias vezes e hoje é uma casa quadrada em alvenaria, coberta por pano preto, bordado com versículos do Cur’ane. O sagrado não são as 4 paredes, mas sim o próprio local. Se a Caaba, por qualquer motivo ficasse destruída, a orientação para a oração continuaria válida. O local em si é que é sagrado para todos nós. É uma prova de que não adoramos a Caaba, os profetas e ídolos. A representação de Deus e Seus Profetas é uma heresia e um atentado à dignidade da fé dos muçulmanos.

Não podemos representar a figura de Deus, porque ninguém O conhece como Ele é. Também não podemos representar as faces dos profetas, porque isso conduziria à adoração dos mesmos, constituindo uma idolatria, contrária aos princípios religiosos - adoração ao Deus Único.

O Tawáf (circundar a Caaba), é um dos principais rituais do Haj (peregrinação a Makka). Durante as 24 horas diárias, excepto durante as 5 orações obrigatórias, há imensa gente a circundar a Caaba. É um verdadeiro milagre. Mesmo na altura, quando a Caaba estava sujeita a inundações, as pessoas a circundavam, nadando (em círculos).

De acordo com a narração de Abu Said Al Kudri (Radiyalahu an-hu), o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalamo) disse: “As pessoas vão continuar a realizar o Haj e a Umra , mesmo após o aparecimento de Gog e Magog. E Shu’ba acrescentou; A hora do Juízo Final, não será estabelecida até que o Haj (à Caaba) seja abandonado”. Bukhari 26:663. Como tudo nesta vida, tudo tem o seu fim.

“Tudo o que existe na terra perecerá. E só subsistirá o Rosto do teu Senhor, o Majestoso, o Honorabilíssimo”. Cur’ane 55:26-27. Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Um Etíope, Dhus Suwaiqatain (com duas pernas magras) irá demolir a Caaba”. E Ibn Abbas, referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “É como se eu estivesse olhando para ele, uma pessoa de raça negra, de pernas finas, arrancando as pedras da Caaba, um após outro”. Os dois hadices foram referidos no Bukhari, 26:666 e 26:665, respectivamente.

Uma curiosidade: Anualmente a Caaba é lavada com a água de Zam-Zam. É uma tradição antiga que vem desde o tempo do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), quando os Muçulmanos conquistaram a cidade de Makka, sem derramamento de sangue e destruíram os 360 ídolos que estavam colocados dentro da Caaba. E para a purificarem, lavaram-na com a agua de Zam Zam.

Ibn Umar Radiyalahu an-hu), disse: “O Profeta chegou a Maka, circundou 7 vezes a Caaba e depois efectuou uma oração de dois ciclos atrás do Maqam Ibrahim. Depois foi para Safa. Deus referiu:

“Na verdade, tendes no Apóstolo de Deus, um bom exemplo”. Bukhari 26:693.

Siga para o caminho da felicidade. Responda dizendo, Labbaik, Allahumma Labbaik – Eis me aqui meu Senhor….

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41

Façam o favor de terem um bom dia de Juma.

Cumprimentos

Abdul Rehman

27/09/2012

quinta-feira, setembro 27, 2012

A L M A D I N A AS CARICATURAS OFENSIVAS

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 24.09.2012 

Fala-se muito da civilização e do Mundo civilizado, mas impõe-se uma pergunta: que tipo de civilização é defendida pelos que se dizem civilizados? 

A civilização, sendo uma parte da religião isslâmica que abrange todas as esferas da vida, tanto individual como colectiva, baseada nas normas e valores ensinados pelo último dos profeta de Deus, Muhammad (S.A.W.), é um ideal para o resto do Mundo até à sua extinção. 

Todavia, a arrogância por parte do Ocidente, talvez devido ao avanço tecnológico que conheceu, leva a que exporte e imponha o seu próprio estilo e modelo de civilização para resto do Mundo. 

O termo “liberdade” como está sendo entendido hoje, é uma ilusão. É um nome errado aplicado a uma palavra correta. 

Ninguém no Mundo goza de liberdade absoluta, pois a nossa conduta, atividade e fala são regulados por normas, tanto mundanas como divinas. 

Da mesma maneira que nas estradas e avenidas há regras de circulação, no espaço aéreo ou marítimo há regras de navegação, no comércio há normas que regem a prática de compra, venda, trespasse, etc., a vida no Mundo também tem as suas regras de convivência. Se cada um tem a liberdade de fazer o que quer, então por que razão precisamos da autoridade para fazer respeitar a lei e ordem? 

Ninguém goza de liberdade sem restrição na escolha do alimento, vestuário ou nas preferências. Existem regras que governam a nossa vida inteira. 

No Isslam, o direito à liberdade de expressão está bem definido. As diferenças de opinião são válidas, mas a liberdade de expressão também tem as suas regras. 

Por forma a se manterem as boas relações entre as diversas religiões, o Al-Qur’án ordena que nos abstenhamos de ofender, zombar ou insultar as outras religiões. 

Proíbe igualmente a blasfêmia, a calúnia e a difamação, dirigidas a quem quer que seja, pois isso é susceptível de criar ódios e rancores nos corações dos ofendidos, podendo eventualmente degenerar em clima de agitação social por esse Mundo fora, o que decerto perigará a paz e a convivência salutar entre as pessoas. 

É inconcebível e inadmissível que um governo permita que cidadãos seus sujem o bom nome do respectivo país, provoquem a ira de milhões de pessoas, denegrindo a imagem de um povo inteiro! 

Se algumas pessoas, talvez uma meia dúzia, acham que têm o direito de dizer o que quiserem, que dizer então, do direito que têm 1.300.000 muçulmanos espalhados por esse Mundo fora? Será que todos esses que se insurgem não têm o direito de proteger os seus sentimentos de atos de ofensa e desrespeito? Será que estes não são humanos, tal e qual o são os cidadãos ocidentais? Ou será que os ocidentais são mais humanos que os outros? 

Se em democracia o que conta é o número, então que saibam que os que discordam dos atos ofensivos à sua fé e crença, são a maioria, relativamente aos promotores das ofensas. 

E por que razão a liberdade de expressão é constantemente usada para zombar e ridicularizar a religião isslâmica ou a pessoa do Profeta Muhammad (S.A.W.)? Não estaremos perante uma provocação deliberada? 

Será que se trata de crianças cujos pais não lhes deram brinquedos, livros, cadernos e lápis de cor para pintarem o que quisessem quando ainda pequenos, e só agora, depois de crescidos é que querem brincar? 

Porquê os mesmos jornais e atores não se dedicam a escrever também as virtudos e o mérito do Profeta? Por que razão insistem em comportar-se como moscas e não como abelhas? Isso revela que há maldade nos seus corações. 

Por que razão na França, na semana passada, o governo proibiu a publicação de fotografias do príncipe William e de sua esposa - herdeiros da coroa britânica – fotos estas tiradas quando gozavam as suas férias na Ilha Solomon, por achar que eram ofensivas e atentavam contra a sua vida privada? 

A campanha contra Muhammad (S.A.W.), o nobre Profeta, é bastante antiga, pois em todas as eras surgiram fanáticos e maldosos que o ofendiam, mas não ganharam nada. É como se estivessem cuspindo para a Lua, e aí o cuspo voltava a cair nas suas caras. 

A figura de Muhammad (S.A.W.) é deveras grandiosa enquanto que a dos seus detractores é deveras pequena. Assemelham-se a falsos arcos nas mãos de arqueiros cansados e caducos. Por isso nunca terão êxito, e Deus frustrará sempre os seus planos. 

O exemplo de vida do Profeta Muhammad (S.A.W.) não se resume apenas à sua biografia, história e lei integrada. Está acima de todo um modelo de excelência. Somente o seu carácter reles e a sua arrogância levam a que eles não o conheçam, e assim o denigram. 

O Isslam é a religião de continuidade e de universalidade. Continuidade desde o tempo do profeta Adão, e universalidade por cobrir todos os cantos do Globo. Os ensinamentos transmitidos pelo Profeta espalham a luz de tolerância e de Direitos Humanos para a orientação da Humanidade em todos os assuntos da vida. 

Duncan Greenless diz no seu livro “The Gospel of Isslam”: 

A nobreza e a vasta tolerância desta crença que aceita todas as religiões do Mundo como inspiradas por Deus, serão sempre um legado glorioso para a Humanidade. De fato, pode-se edificar acima disso uma religião perfeita do Mundo. 

Uma outra figura ilustre, Sarojini Naidu, distinta oradora e poetisa, falando do Profeta, comenta nos seguintes termos: 

O senso de justiça é um dos ideais maravilhosos do Isslam..... Foi a primeira religião que ensinou e aplicou a democracia, pois quando a partir dos minaretes das mesquitas é feito o chamamento e os adoradores se juntam, torna-se clara a democracia do Isslam cinco vezes por dia, quando o aldeão e o rei se prostram lado a lado e proclamam “Só Deus é Grande”!

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu!

A L M A D I N A O FILME BLASFEMO

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad -17.09.2012 
Quer parecer que nós, os muçulmanos, vamos ficando habituados às ofensas que periodicamente nos são dirigidas por alguns ocidentais, ofensas estas que têm como alvo principal a figura do Profeta Muhammad (S.A.W.) e o Isslam. 

Eles ofendem-nos naquilo que é mais querido e sagrado para nós, mais querido do que os nossos pais, mães e filhos, que é a pessoa do Profeta Muhammad (S.A.W.). 

Há alguns anos foram as caricaturas do Profeta, produzidas na Dinamarca. Agora é o filme produzido nos E.U.A. por alguns indivíduos americanos maldosos, rancorosos e invejosos. 

Talvez sejam os mesmos que queimaram exemplares do Al-Qur’án, e produziram o filme blasfemo contra o profeta Jesus Cristo “A Paixão de Cristo”. 

Sobre Muhammad (S.A.W.), trata-se de um filme que está a ser passado na Internet e não nas salas de cinema. Dizem os que o viram, que é um filme vergonhoso, repugnante e blasfemo contra o Isslam. Até mesmo o porta voz da Casa Branca, comentou que o filme é deplorável. 

Sem dúvida que não é um filme produzido pelos americanos, nem pelo seu governo, pelo que não é justo que se culpe todo o povo ou o Estado Americano. É um filme provocativo, e nós muçulmanos, condenamos este acto. 

Todavia, afigura-se não ser razoável que os muçulmanos reajam de forma emocional e com violência, pois não há justificação para actos violentos e atentados contra vidas humanas inocentes, queima de bandeiras, ataques à embaixadas ou contra propriedades de pessoas alheias à rodagem desse filme, apenas porque um grupo qualquer constituído por fanáticos, extremistas, e quiçá cobardes porque se escondem, sonhou que um dia poderiam ser famosos. A agirmos assim, estaríamos a resvalar para a esparrela que tais malvados prepararam, levando-os a argumentar perante o Mundo que somos agressivos, violentos e bárbaros. Agindo emocionalmente estaríamos a promover tais malvados, bem como as suas obras sujas, pois trata-se de gente desconhecida, que quer, a qualquer preço, sair do anonimato. Não vamos descer ao seu nível, pois com esta ofensa já traçaram os seus destinos. condenaram-se a si mesmos a viver o que resta das suas vidas em auto-reclusão, tal e qual Salman Rushdie, o famigerado autor dos “Versículos Satânicos”. 

Todos os homens de bom senso devem condenar e não permitir a ridicularização da crença e da religião dos outros. 

Nós os muçulmanos, respeitamos todas as religiões e todos os profetas, e nunca ridicularizamos nem Jesus, nem Moisés, nem a Virgem Maria, nem Buda ou qualquer outra figura religiosa, pois o Al-Qur’án proibe-nos que zombemos de outras religiões. Não só abstemo-nos de falar mal das outras outras religiões, como as respeitamos. 

Se para alguns isso não tem qualquer importância, são livres de fazerem o juízo que bem entenderem, mas não têm o direito de ofender ou ridicularizar os que crêem, pois a liberdade de expressão ou democracia não outorga a quem quer seja o direito de insultar e ofender alguém, ou aos pais de alguém, só porque os seus traços fisionómicos lhes desagradam. 

A liberdade religiosa é a coroa de todas as liberdades, e é algo sagrado, defendido por todas as constituições, tanto celestiais como mundanas. Por isso, seria desejável uma lei internacional que criminalizasse o insulto e a ofensa a qualquer religião. 

Deve haver respeito mútuo entre as religiões para que o Mundo usufrua de paz, evitando-se conflitos. 

A indústria da chamada sétima arte devia ser capitalizada como veículo transmissor de valores que eduquem, que criem compreensão e amor entre as pessoas, e não para satisfazer objectivos de gente desprezível e sádica, que apenas está interessada em disseminar um clima de ódio, inimizade e rancor. 

Insultar não é liberdade de expressão, mas sim baixeza de carácter. Por que razão por exemplo, na Inglaterra, é crime falar mal da Rainha, ainda que seja em nome da liberdade de expressão? 

É muito estranho que o direito à liberdade de expressão desse tipo de gente seja usado apenas para ofender a religião isslâmica. Já agora, se essas pessoas são sinceras, por que razão, em nome da liberdade de expressão, não produzem um filme sobre os escândalos sexuais, sobre o abuso sexual de menores, sobre a pedofilia, sobre o homossexualismo, particularmente entre jovens seminaristas? 

Se os crentes de outras religiões eventualmente aceitarem isso por se revelarem insensíveis, é uma questão que só a eles diz respeito, mas nós os muçulmanos, jamais iremos tolerar que seja quem for, venha ofender a nossa religião e o nosso querido Profeta. 

Não estarão esses pulhas e fanáticos, despeitados perante o facto de o segredo que a força do Isslam encerra, residir na figura do Profeta Muhammad (S.A.W.), ao ver o ímpeto que esta religião está a conhecer nos últimos tempos, querendo portanto, com estas acções torpes, travar esse avanço? Quer parecer que estão enganados, pois isso é uma vã tentativa de tapar o sol com a peneira. 

Esta blasfémia contra o Profeta não é a primeira, e decerto não será a última. Desde o ressurgimento do Isslam que ele próprio foi vítima de escárnio por parte dos que se sentiam ameaçados de perder os seus privilégios, os negócios desonestos e os embustes em matéria religiosa. 

Por isso Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 15, Vers. 95: 

Certamente, nós somos suficientes para ti contra os escarnecedores”. 

Muitos dos escarnecedores da era actual nem sequer conhecem a vida e obra desta grande figura do Isslam, enviada para todas as eras e povos como misericórdia para o Mundo, e que trouxe todo o bem para a Humanidade, que convidou toa a gente a abraçar o monoteísmo puro, a rejeitar toda e qualquer forma de idolatria, a tratar bem os pais, os vizinhos e os órfãos, e apesar de tudo isso foi perseguido, vilipendiado e expulso da sua terra natal. Mesmo assim, mais tarde quando ele regressou, entrando de forma triunfante em Makkah, perdoou a todos os inimigos que o haviam perseguido e massacrado muitos dos seus companheiros. 

Ele mudou a Arábia que praticava todo o tipo de maldades e imoralidades, chegando até mesmo a enterrar suas filhas vivas. 

Ele passava as noites de pé, na adoração, chorando e implorando o perdão do seu Senhor, de tal maneira que os pés se lhe inchavam. Durante o dia jejuava e entregava-se à prática de ações nobres. Porquê então todo o ódio contra ele? 

Contudo, pessoas houve e ainda há, de alma pura, ainda que não sejam muçulmanos, que lhe reconheceram mérito nos seus feitos. Há figuras no Ocidente que se renderam perante o virtuosismo deste grande homem. 

George Bernard Shaw, o grande filósofo inglês, diz no seu livro “O Isslam Genuíno”: 
“Sempre respeitei a religião de Muhammad com alta estima devido à sua extraordinária vitalidade. É a única religião que me parece possuir capacidade assimilativa para a mudança da face da existência, que pode atrair qualquer era. 

Os eclesiásticos medievais, por ignorância ou por fanatismo, pintaram o muhammadanismo (Isslam) com as mais negras cores. Eles foram, de facto, instruídos para odiarem tanto Muhammad como homem, como a sua religião. Para eles Muhammad era anti-Cristo. Eu estudei esse homem extraordinário e, em minha opinião, longe de ser um anti-Cristo, ele deveria ser chamado o “Salvador da Humanidade”. 

Acredito que se um homem como ele assumisse o poder do Mundo moderno, teria sucesso em resolver os problemas de um Mundo que teria a tão ambicionada paz e felicidade. Eu profetizei acerca da fé de Muhammad, que será aceitável para a Europa de amanhã como está sendo iniciada a sua aceitação na Europa de hoje”. 

A Enciclopédia Britânica 11º. Art. “Koran” diz: “De todas as personalidades religiosas do Mundo, Muhammad foi o Homem que logrou o maior êxito”. 

O conhecido jornal londrino “Near East”, numa das suas edições escreve: 

Se não reconhecermos o valor, a grandeza e as virtudes dos ensinamentos e orientação de Muhammad, na realidade estamos alheios à prudência e à sabedoria”. 

Convido a todos a lerem sobre a vida e obra do Pofeta Muhammad (S.A.W.), pois só assim se absterão de imitar cegamente os outros. 

Termino esta minha crónica com as palavras de Jesus Cristo (que a paz esteja com ele): 

“Felizes sereis quando vos insultarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo o gênero de calúnias contra vós............ 

Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no céu, pois também assim perseguiram os profetas que vos antecederam”. ( S. Mateus, Cap. 5, Vers. 11). 

segunda-feira, setembro 24, 2012

Não é Fácil, mas, É Possível!

A obrigação do homem em obedecer à Deus e ter uma vida digna condicionada aos Seus limites está dentro da capacidade e força do ser humano. A mesma força impetrada para fazer o mal, o ilícito e o proibido, pode ser utilizada para o bem, para a obediência e para a retidão. Isto é esclarecido para o muçulmano nos versículos do Alcorão Sagrado.

Deus, o Altíssimo, diz:

Ele (Deus) vos elegeu. E não vos impôs dificuldade alguma quanto à religião, porque é o credo de vosso pai Abraão...(22:78)

Allah tenciona elucidar-vos os Seus preceitos, iluminar-vos, segundo as tradições dos vossos antepassados, e absolver-vos, porque é Sapiente, Prudentíssimo. Allah deseja absolver-vos; porém, os que seguem os desejos vãos anseiam por vos desviar profundamente. Allah deseja aliviar-vos o fardo, porque o homem foi criado débil (04:26-28)

Allah não impõe a nenhuma alma carga superior às suas forças. Beneficiar-se-á com o bem quem o tiver feito e sofrerá com o mal quem o tiver cometido... (02:286)

Ibn Omar, um dos nobres companheiros do profeta Muhammad ( ), disse: “Quando dávamos a nossa palavra de fidelidade em ouvir e obedecer ao mensageiro de Allah, ele nos dizia: “No que puderes””[1].

Nos versículos finais de surata al Baqarah, a segunda surata do Alcorão, lemos:

A Allah pertence tudo quanto há nos céus e na terra. Tanto o que manifestais, como o que ocultais, Allah vo-lo julgará. Ele perdoará a quem desejar e castigará a quem Lhe aprouver, porque é Onipotente (02:284).

A revelação deste versículo assustou os companheiros do profeta (SAAS ), que vieram até ele e ajoelhados disseram: “Ó mensageiro de Allah, fomos ordenados a fazer certas ações que estão ao nosso alcance: a oração, o jejum, a luta, a caridade. Porém, lhe foi revelado este versículo e está acima da nossa capacidade (não temos condições de cumpri-lo)”. Disse o mensageiro de Deus: “Querem dizer como disseram os adeptos dos dois livros (tora e evangelho) antes de vós, (disseram: ouvimos e desobedecemos)? Porém, digam: Escutamos e obedecemos, só anelamos a Tua indulgência, ó Senhor nosso. A ti será o retorno”.

Então disseram: “Escutamos e obedecemos, só anelamos a Tua indulgência, ó Senhor nosso. A ti será o retorno “. Estas palavras correram suaves em suas línguas, e Deus revelou logo depois ...

O mensageiro crê no que foi revelado por seu Senhor, e todos os crentes crêem em Allah, em Seus anjos, em Seus livros e em Seus mensageiros. Nós não fazemos distinção entre os Seus mensageiros. Disseram: Escutamos e obedecemos. Só anelamos a Tua indulgência, ó Senhor nosso! A Ti será o retorno (02:285).

Quando fizeram o citado, Deus ainda revelou um terceiro versículo revogando o anterior (que tinha peso e encargo insuportáveis) e disse...

Allah não impõe a nenhuma alma uma carga superior às suas forças. Beneficiar-se-á com o bem quem o tiver feito e sofrerá com o mal quem o tiver cometido. Ó Senhor nosso, não nos condenes, se nos esquecermos ou nos equivocarmos! Ó Senhor nosso, não nos imponhas carga, como a que impuseste aos nossos antepassados! Ó Senhor nosso, não nos sobrecarregues com o que não podemos suportar! Absolve-nos! Perdoa-nos! Tem misericórdia de nós! Tu és nosso Protetor. Concede-nos a vitória sobre os incrédulos (02:286).

No último versículo Deus atende aos seus servos e lhes cobre com Sua misericórdia ao não impor sobre eles carga superior às suas capacidades. A aqueles que se submeteram às ordens de Deus e creram em Seus mensageiros e em Seu Livro, Deus lhes concedeu a facilidade, após terem dito “Escutamos e obedecemos” e terem sido sinceros Deus os tranqüilizou e os fez felizes nesta vida e terão a felicidade plena amanhã no paraíso. Tranqüilizou-lhes ao atender às suas preces...

1.Ó Senhor nosso, não nos condenes se nos esquecermos ou nos equivocarmos;
2....não nos imponha carga, como a que impuseste aos nossos antepassados;
3.... não nos sobrecarregue com o que não podemos suportar;
4.... absolve-nos, perdoa-nos, tem misericórdia de nós, concede-nos a vitória....

Deus acolheu a cada um desses pedidos e implorações: “Sim”[2]. Ou seja, estão atendidas as vossas preces.

Disse o profeta Muhammad ( ): “Deus absolveu minha nação do erro, do esquecimento e daquilo ao qual foram induzidos”[3]. Só serão responsabilizados pelos atos praticados intencionalmente e conscientemente.

Sobre as cargas impostas aos antepassados, lhes eram proibidas muitas coisas lícitas por causa da injustiça que cometiam. Se cometiam um pecado de noite, encontravam seu erro registrado em suas portas, como forma de desmascarar o pecador. As orações lhes eram obrigatórias cinqüenta vezes ao dia, e foi facilitado para esta nação e diminuído o peso da obrigatoriedade de cinqüenta para cinco orações. E assim também, tantas são as dádivas de Deus, lícitas e saudáveis para nós, tantos são os nossos erros encobertos pelo Misericordioso que tem pleno conhecimento e poder, porém nos prorroga o castigo e nos dá uma chance para o arrependimento.

Tudo isso e muito mais faz parte de “não nos imponha carga, como a que impuseste aos nossos antepassados” e “não nos sobrecarregue com o que não podemos suportar”.

Se fossemos ordenados a fazer o que não suportamos e não temos capacidade já estaríamos condenados ao castigo, porém Deus nos estabeleceu uma Lei compatível com nossas capacidades. Por isso, quando falamos da obediência e disciplina que o indivíduo muçulmano precisa manter em sua vida, lembramos desta misericórdia, para que tenhamos em nossas mentes, antes de tudo, que... a obediência é uma dádiva antes de ser um encargo, uma felicidade antes de ser uma responsabilidade, é um descanso antes de ser um cansaço.

O obediente suporta o encargo e aceita a responsabilidade com o coração cheio de fé, felicidade, conforto e tranqüilidade, ciente e consciente de que esta obediência lhe trará a felicidade verdadeira. É aquele que cansa pouco para receber muito, da mesma forma descansa pouco agora para descansar muito e eternamente amanhã.

Jamais alguém de nós pode dizer: não posso!! Não sou capaz! Não consigo!! Todos os que almejam o sucesso e detestam o fracasso são capazes.

Para atestar a misericórdia de Deus ao exigir a obediência de nós lembramos destas revelações do Alcorão Sagrado para tranquilizar o coração de quem quer viver com o Alcorão em seu coração e sua vida. Para que, antes de conhecer as regras e as leis, o lícito e o ilícito, carregue em seu íntimo que a obediência e as regras são para o seu benefício. Assim, ele verá as obrigações estabelecidas por Deus fáceis e leves, pois as aplica em sua vida após a fé ter entrado realmente em seu coração.

Deus é mais importante do que tudo em sua vida, por isso lhe é fácil a obediência à Ele, pelo valor que Deus tem em sua vida, diferente daquele que não sabe o que significa Deus, Criador, criação, fé, lei..., diferente daquele que não sentiu o gosto da fé...

Disse o profeta Muhammad ( ): “Três coisas, se a pessoa possuir, sentirá o gosto (doçura) da fé: Que Deus e o Seu mensageiro sejam mais amados por ele do que tudo. Que ame à pessoa, não a ame senão por Deus. Que deteste voltar à incredulidade depois de Deus lhe ter salvo dela como detesta ser jogado no fogo”[4]. 

A revelação dos últimos versículos de surata al Baqarah é sinal de que quanto mais o homem aceita o que Deus lhe prescreveu, mais lhe é facilitado, mais lhes são abertos os caminhos a Deus. No exemplo corriqueiro desta vida mundana podemos dizer que o cliente que tem por costume cumprir com suas obrigações e pagar suas dívidas em dia, quando precisar um prazo maior ou um perdão de sua dívida por certo motivo, seu credor será maleável por conhecê-lo como bom pagador e pessoa honesta. Porém, alguém que tem por costume não pagar, prejudicar e molestar seu credor, este quando precisar de seu auxílio não o terá e será “excomungado”. O mesmo ocorre com o crente, quando próximo de Deus e cumprindo com suas obrigações Deus lhe perdoará pelas faltas que pode ter cometido, porém, se nunca cumpriu com uma obrigação, sempre desafiou a Deus e ultrapassou Seus limites, lhe será mais dificultado o caminho para a salvação.

Foram-nos perdoados os erros, o esquecimento e os atos que nos foram impostos. E Deus nos disse ter facilitado o caminho se tivermos força de vontade e dedicação. Nos resta começar e partir para a verdadeira vida, a vida à sombra do Alcorão, à sombra da obediência à Deus, à sombra da convicção que nos traz tranqüilidade na facilidade e na dificuldade, no sofrimento e na alegria, na riqueza e na pobreza, na vida e na morte, porque estamos com Deus, e quem está com Deus, está com Aquele em cujas mãos está a sua vida e Ele, só Ele, pode lhe tranquilizar e lhe dar felicidade...

Ibn Abbass relata que estava atrás do mensageiro de Deus ( ), e este lhe disse: “Jovem, vou lhe ensinar algumas palavras: Guarde à Deus e Deus te guardará. Guarde a Deus e o encontrará diante de ti (quando precisar). Se pedires algo peça a Deus, se necessitares ajuda implore-a a Deus. E saiba que se todo o povo reunir-se para beneficiar-te em algo, não te beneficiarão senão que Deus tenha o escrito para ti. E se todos reunirem-se para prejudicar-te em algo, não te prejudicarão senão que Deus tenha o escrito contra ti. As canetas estão levantadas e as folhas secas”.[5]

Em outro relato, o profeta Muhammad ( ) ainda disse: “Guarde a Deus e O encontrará diante de ti. Lembre de Deus no bem estar e Ele lembrará de ti no apuro. E saiba que o que te falhou não podia ter te atingido e o que te atingiu não podia ter te falhado. E saiba que a vitória vem com a paciência, e que o alívio vem com o apuro, e que com a dificuldade vem a facilidade”[6].

Por: Sheikh Ahmad Mazloum

[1] Relatado por Al Bukhari e Musslim.

[2] Relatado por Musslim, Al Uahidi e Ahmad da narração de Abu Hurairah (tafssir al Qurtubi 3-407).

[3] Relatado por Ibn Majah, Ibn Hibban, Al Hakim, Al Baihaqi e outros da narração de Ibn Abbass.

[4] relatado por Al Bukhari, Musslim, Annassaií, Ibn Majah e Ahmad.

[5] Relatado por Attirmizhi.

[6] Citado em riadhussalihin (página 27, hadith 62).