quinta-feira, novembro 08, 2012

O CHAMAMENTO DOS PAIS:

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) JUMA MUBARAK 

“O teu Senhor decretou que não adoreis senão a Ele; e que sejais bondosos com os vossos pais. Se um deles ou ambos atingirem a velhice, em vossa companhia, não lhes diga “uff”, nem os maltrates. Outrossim, dirija-lhes palavras generosas. E estende sobre eles a asa da humildade e diz: Ó Senhor meu, tem misericórdia deles, como tiveram misericórdia de mim, criando-me desde pequeno”. Cur’ane 17:23-24.

A importância dos pais na sociedade é tão elevada, que o Islam refere que a desobediência a eles constitui um dos grandes pecados, imediatamente a seguir à associação de algo a Deus. Irritar os pais e pior ainda, fazê-los chorar, estão também inseridos nesta desobediência. Em pequenos, quando nos sentíamos doentes, gritávamos pela nossa mãe. O colo dela era um bálsamo para as nossas dores e para os nossos mimos. Depois, mais crescidos e até com barbas, quantas vezes não choramos no ombro dos nossos pais, em especial no doce ombro da nossa mãe?

Então porque, deliberadamente ou não, fazemos sofrer os nossos pais, ao ponto de eles deitarem lágrimas na solidão das suas preces? Na presença de Deus, eles choram, procurando alívio. Pensam que fizeram tudo pelos filhos, mas agora crescidos, não lhes obedecem e muitas vezes colocam os seus interesses acima das necessidades dos pais. Uma mãe aborrecida com um filho, pode suplicar a Deus “que lhe ajude a dar um puxão de orelhas ao filho desobediente”. Acontece que Deus, vendo o sofrimento da mãe, acaba por aceitar o pedido de ajuda.
 
Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu: O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Sem quaisquer dúvidas, três súplicas são aceites: 1) a prece de alguém que é oprimido; 2) a súplica de um viajante e 3) a prece dos pais contra o seu filho”. Imam Bukhari.

A passagem a seguir mencionada, tem como protagonista, um waliulá (amigo de Deus), dos tempos antigos de Bani Israil. Dedicava todo o seu tempo na oração, não se importando com bens terrenos. Porque desobedeceu a sua mãe, Deus acabou por aceitar a prece que ela fez contra o próprio filho:

Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu: O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Nenhuma criança falou no berço, excepto Issa (Jesus), filho de Mariam (Maria), que a Paz de Deus esteja com eles e o associado ao Jurayj. Foi-lhe  perguntado quem era o associado ao Jurayj. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) respondeu: “Jurayj era um monge que vivia só no seu ermitério, lugar afastado do povoado. Havia um pastor que costumava abrigar-se no sopé, perto do ermitério.

Uma mulher da aldeia, costumava visitar o pastor.

Um dia a sua mãe veio e chamou-o, “Jurayj”, enquanto ele estava a orar. Ele interrogou-se: “Minha mãe ou a minha oração?”. Ele pensou, que o melhor é continuar com a oração. Ela voltou a chamá-lo pela segunda vez e ele inquiriu-se a ele próprio: “Minha mãe ou a minha oração?” E ele voltou a preferir a oração. Ela o chamou pela terceira vez e ele pensou o que deveria fazer: “Minha mãe ou a minha oração?” e preferiu a oração. Como ele não respondeu, pela terceira vez, ao seu chamamento, a mãe (zangada, fez uma prece contra ele e disse-lhe: “Jurayj, que  Deus não te dê a morte enquanto não vires a cara das prostitutas”. Depois ela   retirou-se.

Passado algum tempo, a referida mulher da aldeia, deu a luz a uma criança e foi levada à presença do rei, que a interrogou? “De quem é esta criança?” Ela respondeu:

“É do Jurayj”. O rei perguntou: “O homem do ermitério?” Sim, respondeu ela. Ele ordenou para destruírem o ermitério e para trazerem o homem para junto dele. O seu ermitério foi golpeado com machados, até que entrou em colapso. As mãos do Jurayj foram amarradas com uma corda ao seu pescoço. Arrastado, desfilou ao longo da rua das prostitutas. Elas estavam a olhar para ele, juntamente com outras pessoas. Ele as viu e esboçou um sorriso (pensando na contra prece que ouviu da sua mãe).

O rei perguntou: “Conheces o que esta mulher reivindica?” Jurayj perguntou: “O que é que ela reivindica?” Ele disse: “Ela reclama de que tu és o pai da recém-nascida”.

Jurayj perguntou à mulher: “É isto que tu reivindicas?” Sim, respondeu ela. Ele perguntou onde está a criança. Eles responderam: “É o que está no seu colo”. Juraij voltou-se para a criança e perguntou-lhe: “Quem é o teu pai?” A criança respondeu: “O pastor do gado”. O rei (para recompensar o erro cometido) perguntou a Jurayj:  “Podemos reconstruir o teu ermitério com ouro?” Respondeu Juraij: “Não”. O rei voltou a perguntar: “Então de que matéria o poderemos reconstruir?” E ele respondeu para o erguerem de pé, tal como era antes”. Curioso, o rei perguntou: “O que te fez sorrir?”

Respondeu: “Coisas que eu sei. Fui apanhado pela prece da minha mãe”. Então ele lhe contou o sucedido. Imam Bhukari – Al-Adab Al-Mufrad.

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.

"Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.

Votos de um bom dia de Juma.

domingo, novembro 04, 2012

A Educação dos Nossos Filhos

Por: Sheik Aminuddin Muhammad

Deus colocou no instinto dos pais o amor para com os seus filhos, e é este amor que os leva a dedicarem-se a eles de corpo e alma, pesem embora o incomodo  as dores e as preocupações que tem que enfrentar, fazendo tudo isso de forma conscienciosa e com prazer, pois se o Criador não tivesse incutido esse espírito nos seus corações, a opção consciente por esses incômodos seria considerada uma estupidez que nenhuma pessoa inteligente adotaria.

De facto, depois de os pais passarem por tudo isso, é um grande infortúnio ter filhos de mau carácter, pois esses não ajudam em nada. Ter bons filhos é sinal de boa sorte e ter maus filhos é porque se é desditoso, ainda que se tenha muita fama e riqueza. Mas há gente que não se apercebe deste aspecto negativo, pois olha apenas para a aparência e não para o conteúdo.

Um pai ignorante fica satisfeito com a beleza do filho, não se importando com o seu mau carácter, enquanto que um pai inteligente fica satisfeito com o bom carácter do filho, ainda que este não seja gracioso.

Se cada pai reservasse uma parte do tempo disponível por dia para cuidar de seus filhos, evitaria muitos problemas no futuro.

É aconselhável que os jovens se casem quando ainda no fulgor da sua juventude, pois quando se abraça o matrimônio já na idade avançada, corre-se o risco de faltar algum vigor, sempre necessário na educação a transmitir aos filhos.

No processo de transmissão de bons princípios e boa educação aos nossos filhos, não devemos ser demasiado severos. Devemos sempre optar pelos bons modos.

Um filho é como um garrano, pois se lhe for dado tudo o que quer, crescerá manhoso, teimoso e de difícil inserção nas regras estabelecidas pela sociedade. Mas por outro lado, se tudo lhe for proibido vai crescer com um carácter difícil podendo ser irascível, insociável e com um temperamento selvagem, detestando tudo o que se esteja à sua volta. Portanto, os pais devem ser prudentes, tanto no que dão como no que proíbem. E em nome de amor para com ele não devem enchê-lo de mimos, pois isso é bastante prejudicial, tanto para a sua felicidade como para a do pai. Devem-se evitar os extremos, tanto no rigor como no amor, e saber contornar os seus caprichos.

Portanto o filho, da mesma forma como precisa de cuidados materiais, também precisa de cuidados espirituais, daí que se diga que, se este desesperar da afeição dos pais, crescerá preguiçoso e desobediente, e se a afeição for exagerada, também crescerá preguiçoso.

Os melhores pais são os que conseguem estabelecer o equilíbrio entre as duas posições.

O acompanhamento constante desempenha um papel importantíssimo no crescimento dos filhos, assim como diz o adágio: "Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és".

Muitos dos males nas crianças provêm de outras crianças, pelo que os pais devem evitar que elas se juntem à crianças potencialmente mal-criadas.

Quanto ao instinto dos filhos, são os pais que o conservam ou estragam, pois estes, aos olhos dos filhos constituem exemplo e modelo, estando no instinto da criança o gosto pela imitação.

Toda a criança nasce com um carácter seu, próprio. Os pais não podem mudá-lo, mas podem corrigi-lo.

Deve-se habituar os filhos a dependerem de si mesmos e não dos outros, tornando-se fardos, ainda que os pais sejam ricos, pois cedo ou tarde eles terão que enfrentar a vida, sendo melhor que cresçam já preparados, confiando em si próprios, do que lançá-los para a vida prática e exigir que encarem tudo o que lhes apareça pela frente sem que estejam preparados para tal.

Se eles já estiverem aptos a ganhar o seu sustento e não estiverem a estudar, os pais devem evitar sustentá-los, ou pagar-lhes as contas, pois isso pode matar neles o espírito de luta pela vida.

Em tudo isto, o pior é um pai que após a sua morte deixa fortuna e riqueza para seus filhos maus, corruptos e sem carácter, pois se estes não tiverem sido frescura aos olhos dos pais durante a sua vida, dificilmente poderão sê-lo depois da sua morte. E em poucos dias vão esbanjar tudo aquilo que o pai levou anos a juntar, e mais ainda, vão denegrir a sua imagem.

A boa educação e o bom comportamento só trazem o bem, tanto para os pais como para os filhos, e quando os pais deixam este mundo, um bom filho prossegue as obras e missão de seus pais, e ainda faz duã (ora) a favor de seus pais.

Os nossos filhos são como que pedaços dos nossos fígados. Será que algum de nós quereria por acaso ter um fígado infectado, que cause doenças e dores ou preferiria um fígado são e saudável?

Cada um que faça a sua escolha!

Muitos pais já morreram, mas os seus bons nomes continuam preservados graças aos bons filhos que tiveram, mas muitos outros foram já esquecidos por não terem deixado filhos piedosos, embora em vida fossem muito famosos.

Quando um bom filho substitui o pai após a sua morte, é como se esse pai estivesse de novo a nascer, mas quando um filho sem carácter substitui o pai após a sua morte, é como se esse pai estivesse a morrer duas vezes.

Para Onde Vamos?

Por: Sheik Aminuddin Muhammad

Uma avaliação em termos gerais, do rumo que a Humanidade está tomando, causa a muitos de nós uma grande preocupação, e cada um vai-se interrogando, quando é que esta situação reverterá, pois a velocidade com que nos deixamos resvalar para o abismo é de tal ordem, que se torna difícil vislumbrar quando é que tudo isto vai parar.

Nas sociedades em que todos os vestígios da moralidade e dignidade são inexoravelmente espremidos e eliminados das pessoas, quer parecer que a diferença entre o Ser Humano e o animal é quase inexistente.

Valores sociais como a fidelidade, unidade e fraternidade no seio familiar, onde o pai ocupa o seu lugar de garante do sustento, e a mãe por seu lado ocupa a nobre posição de administradora da casa empenhada na criação e educação dos filhos, foram desfeitos, sendo substituídos por um sistema que promove a perversidade e a devassidão.

Há quem advoga que, confinar o papel da mãe às quatro paredes da casa, equivale à supressão dos direitos da mulher, ou por outras palavras, equivale à opressão.

Por outro lado temos a concepção milenária de uma família constituída por um pai e uma mãe, que nos dias que correm está sendo posta em causa.

O conceito de família está sendo considerado como algo estranho, ultrapassado e anacrónico, de tal maneira que até os tribunais nalguns países supostamente desenvolvidos, defendem que os homossexuais podem unir-se pelo "casamento", constituindo "família", e ter os mesmos direitos inerentes ao acto, podendo portanto, adoptar uma criança. E nesses países, tudo isso é normal e dois homens ou duas mulheres que compartilhem o "leito conjugal" são reconhecidos como uma família.

Há quem defende que o casamento entre o homem e a mulher não é o único meio para se constituir uma família.

Há países em que, nos censos populacionais periodicamente realizados, casais do mesmo sexo serão recenseados como uma categoria separada.

Portanto, no conceito dos que advogam este tipo de relação, a questão de famílias quebradas deixa de se colocar, pois no seu entender isso foi nos tempos em que a única forma de constituir família era com pai e mãe.

Em nome da libertação da mulher está-se degradando o seu nobre estatuto, atentando contra a sua dignidade, retirando o brilho, a beleza especial e a graça que fez dela o objecto de honra e respeito, e não objecto de mercadoria comercial como está acontecendo, em que o seu charme é livremente exposto e exibido, corrompendo-se as mentes da sociedade, e destruindo-se a célula daquilo que é tradicionalmente a célula da sociedade: a família.

O Professor Berger, um eminente sociólogo ocidental, diz na pág. 19 do seu livro "The Conquest of Hapiness" (A Conquista da Felicidade):

"Hoje em dia, a ausência de um núcleo familiar eticamente responsável e dominante em todas as sociedades ocidentais constitui a causa do aumento da onda de delinquência, do crime, do uso abusivo de estupefacientes, da gravidez precoce e do abuso sexual de menores".

A única solução é deixar que a célula da sociedade - a família - desempenhe o seu papel natural, pois o papel feminino da maternidade e da educação da família é vital para a estabilidade mental das crianças e da estrutura sã da sociedade no seu todo, e nisso baseia-se a estabilidade da nação inteira.

Hoje a maioria da juventude está envolvida em vícios de consumo de drogas e de álcool, em jogos de azar, na mentira, no cometimento de crimes, e em todo o tipo de imoralidades. Como tirar os nossos jovens dessa situação?

Quando eles chegam tarde à casa, a altas horas da noite, bêbados, já infectados com o vírus da Sida, com filmes e revistas pornográficas nas mãos, os pais choram, de tão frustrados que se sentem, indagando-se sobre o que terá acontecido para que o filho / filha tivesse resvalado para numa situação tão aviltante. E a muitos desses pais falta-lhes coragem para abordarem o problema frontalmente, optando por procurar bruxos e curandeiros onde pensam poder encontrar soluções para os seus problemas, mas em vão.

Temos que fazer algo para estancar e inverter esta situação, pois de contrário, daqui por alguns anos não teremos continuadores que portem o estandarte da moral e da decência às gerações vindouras.

A esperança de vida em Moçambique é já de si bastante baixa - menos de 40 anos. E o sida vai dizimando cada vez mais moçambicanos, ameaçando aniquilar os seus habitantes.

É já tempo de acordarmos e começarmos a agir como gente responsável, pois cingirmos nos apenas aos debates, slogans e workshops não é suficiente. Bem diz o provérbio: "As ações falam mais alto que as palavras".

ALCOOLISMO – UM GRANDE PROBLEMA

Por: Sheik Aminuddin Muhammad

Estamos todos de acordo quando se diz que há problemas com o consumo de álcool, como por exemplo beber quando se está conduzir, cometer crimes violentos decorrentes do consumo abusivo de álcool, etc. Mas mesmo assim as pessoas não se abstêm do seu consumo. Pelo contrário vão consumindo cada vez mais álcool, e quanto maior for o teor de álcool na bebida, melhor, pois a “paulada” é mais rápida.

De facto o alcoolismo é um grande problema, muito maior do que imaginamos. Muitos dos nossos jovens e adolescentes começam a beber ainda muito novos. Não há infelizmente estatísticas oficiais sobre o estado da saúde pública que nos indiquem a percentagem populacional nos nossos jovens e adolescentes que começam a ingerir álcool ainda muito novos.

Para além de em muitos casos os acidentes rodoviários estarem ligados à embriaguez, os nossos tribunais estão ocupados com numerosos casos de ofensas corporais desde a violência doméstica, incluindo agressões físicas às crianças, ao vandalismo, tudo isto cometido sob influência de álcool.

Será que as autoridades ligadas à saúde não se aperceberam ainda que o alcoolismo também é um problema de saúde pública? As autoridades de direito não se aperceberam ainda que o País gasta avultadas somas retiradas dos nossos escassos recursos para tratar doenças derivadas do consumo de álcool?

Todos os anos por altura da Quadra Festiva do Natal e do Ano Novo promovem-se por esse Mundo fora (exceptuando os países predominantemente isslâmicos), campanhas contra a condução após ingestão de bebidas alcoólicas.

As autoridades governamentais lamentam o estado de saúde da Nação e o detestável vício de alcoolismo, mas não vão para além das lamentações, pois “outros mais altos valores se alevantam”. Por outras palavras, as grandes receitas provenientes dos impostos com venda de bebidas alcoólicas, são como um doce (rebuçado) na boca de quem quer que seja, pois ninguém consegue assobiar com um doce na boca.

O Isslam adoptou uma posição diferente em relação ao alcoolismo, pois valoriza a saúde moral e espiritual da Nação, bem como o bem estar físico das pessoas. O Isslam considera que qualquer coisa que entorpeça os nossos sentidos, que tolde a nossa mente, que reduza a nossa vergonha ou o nosso nível de responsabilidade, ou que de alguma forma interfira com o funcionamento normal do nosso cérebro, o seu consumo é harám (proibido). E isso inclui o álcool ou qualquer outra droga ou substância que altera o funcionamento normal da mente.

Reconhecendo que cada pessoa reage de forma diferente aos estímulos exercidos por algumas substâncias, não é possível estabelecer o teor considerado inofensivo para cada substância.

Muita gente que julga ter algum controlo sobre os seus hábitos etílicos, cedo ou tarde acaba ingerindo para além daquilo que consegue aguentar. O Isslam afirma categoricamente que se uma substância pode destruir o pleno desempenho da mente, então o seu consumo é estritamente proibido, mesmo que seja em quantidades reduzidas.

Portanto, o Isslam advoga a total proibição do consumo de drogas ou narcóticos, incluindo o álcool. Proíbe o consumo e não apenas o abuso no consumo dessas substâncias. Deus conhece a natureza humana. O Isslam reconhece o quão arraigados podem estar tais hábitos nas pessoas, sendo portanto difíceis de erradicar de um dia para o outro. Portanto, a proibição gradual do consumo de álcool tem de estar estritamente ligada à campanha de educação pela edificação de um ambiente com melhores níveis no que respeita à moral e à identidade espiritual na nossa sociedade.

Para além disso, deve ser totalmente proibida toda a publicidade às bebidas alcoólicas, tanto em painéis publicitários em praças e avenidas, como nos diversos órgãos de comunicação social, seja a que horas for.

Quando do ressurgimento do Isslam os árabes estavam profundamente viciados em bebidas alcólicas, pelo que o Profeta Muhammad S.A.W. não impôs o seu banimento de um dia para outro. Fê-lo gradualmente, em três fases. Na sua primeira abordagem reconheceu alguns dos benefícios do álcool (por exemplo, na aplicação medicinal), mas disse que os seus prejuízos ultrapassavam largamente os benefícios. Na segunda, proibiu os crentes de orarem quando estivessem sob influência do álcool, demonstrando que a espiritualidade não se pode misturar com a embriaguez. Finalmente, depois de alguns anos o consumo de álcool foi terminantemente proibido, considerando-o portanto, uma prática satânica. Até essa altura os muçulmanos que já haviam vivido os ensinamentos espirituais e morais já tinham descoberto os prejuízos do álcool, e por isso, de uma forma voluntária e determinada derramaram o que possuíam de bebidas alcoólicas. Nesse dia parecia que as ruas de Madina tinham sido lavadas com álcool.

A sociedade moderna percorreu já uma longa distância desde essa altura, e hoje orgulhamo-nos dos grandes avanços tecnológicos obtidos, mas mesmo assim regredimos quando nos deixamos cair no lodaçal da embriaguez, com todo o mal daí decorrente, isto porque perdemos a nossa consciência moral e o nosso senso de direcção. Esquecemo-nos que há mais coisas para a civilização humana do que o avanço material.

Muitos procuram refúgio nas bebidas alcoólicas e nas drogas, mas em vão. A esses quero recordar que o Isslam oferece-lhes outras alternativas.

O Natural e a Natureza

Por: Sheik Aminuddin Muhammad
As palavras "Natural" e "Natureza" possuem sem dúvidas uma grande importância no campo do argumento.

Quando algo for provado ser natural, ninguém pode refutar ou desafiar a sua autenticidade.

Pode-se explicar isso com um exemplo: Imaginemos um animal carnívoro, um leão por exemplo. O seu alimento natural é a carne dos outros animais. Ele não pode viver sem isso e decerto que morrerá se não encontrar carne para se alimentar.

Sempre que ele filar uma gazela que é um animal inocente e pacífico acabará por esfacelá-la, devorando-a de seguida.

A isso, uma pessoa normal poderá chamar de crueldade, ferocidade, felonia, etc. Contudo, a referência à natureza convencê-lo-á da justeza do acto do leão, desculpabilizando-o de seguida.

Se alguém, de uma forma crítica meditar no Universo, encontrará actos idênticos ao do leão em muitas outras coisas. Podem variar na forma, mas que sem dúvidas são naturais na sua índole, pelo que há que tolerar tais incongruências.

Os Seres Humanos como o são os homens e as mulheres, são iguais. A Lei não permite que um exerça domínio sobre o outro, mas mesmo assim, o facto é que ninguém pode tomar uma vida independente do outro.

A união dos dois forma um conjunto perfeito, destinado pelo Criador para ser o único procedimento para a conservação e expansão da Raça Humana, pois cada gênero depende do outro para a sua própria existência.

Os seus deveres e obrigações para com a natureza, sendo diferentes, têm que sê-lo em muitos aspectos, devido às suas diferentes funções.

Portanto, é contra a natureza esperar uma igualdade absoluta entre seres desiguais, e portanto, isso não é uma questão de superioridade ou injustiça.

Por exemplo, é o homem que dissemina a semente (sémen), cabendo à mulher a sua retenção no seu ventre (útero), nutrindo-a e desenvolvendo-a ao longo de vários meses.

Quando a semente se desenvolve formando uma unidade completa, ela aguenta-o depois de sofrer dores de parto, que são as piores dores possíveis, que podem até causar a morte.

Haverá alguma comparação entre as dificuldades e os incômodos sofridos pela mãe?

À mulher foi incumbido o dever de suportar esta tarefa árdua e pesada. E este dever não pára por aí, pois tem ainda que nutrir o bebé a partir do seu peito, e por um período de quase dois anos. E a acrescer a isso há ainda todo o peso que representa cuidar do menino/a até que cresça e se torne adulto/a.

E depois de toda esta carga sobre a mulher, em quase todo o Mundo é comum a criança na sua filiação levar o nome do pai.

A mulher coitada, ao se casar perde a sua identidade, pois é comum a adoção do apelido do marido, nome por que passa a ser conhecida.

Portanto, a questão é: onde está a chamada igualdade entre os sexos?

Podemos aqui enumerar muitas outras características e diferenças naturais entre o homem e a mulher nas suas feições, figuras, diferenças no seu crescimento e tamanho, diferenças na mentalidade de cada um, diferenças nos seus passos, etc.

Comparando-se os cérebros do homem e da mulher nascidos no mesmo país e na mesma data, crescidos nas mesmas condições e circunstâncias, verificaremos que o do homem pesa mais 130 gramas que o da mulher.

Agora a pergunta: a quem culpar por esta aparente injustiça"? A única resposta é que essa diferença é "natural".

Isto demonstra que a criação dos dois sexos não foi acidental. Certamente que isso foi desenhado pelo Criador, que lhes proporcionou capacidades e responsabilidades diferentes, e consequentemente os fez diferentes.

A inclinação sexual nos homens e nas mulheres e também nos animais em geral, é natural e ninguém pode ser culpabilizado por ter essa inclinação.

Daí podemos facilmente perceber o elemento racional na atracão de um sexo pelo outro.

Sendo a excitação sexual algo natural, ela tem que ser satisfeita pela via do casamento. Estão errados os que pensam que a causa do sofrimento humano é o sexo, daí que tenham fundado o movimento conhecido por "Monasticismo". Eles acham que a Paz e o Amor na sociedade apenas são possíveis através da supressão do instinto sexual, e o único caminho para se alcançar a excelência espiritual é através da abstenção do sexo. Essa maneira de pensar atenta contra a natureza.

O sexo é tão natural quanto a alimentação, pelo que tem que ser satisfeito dentro dos limites legais e morais.

Teu Paraíso, Teu Inferno


Por: Sheik Aminuddin Muhammad

Certa vez alguém perguntou ao Profeta Muhammad, S.A.W.: "Qual é o direito dos pais sobre os seus filhos"?

O Profeta S.A.W. respondeu: "Eles são o teu Paraíso ou o teu Inferno". (Ibn Majah)

Este eloquente hadith (orientação do Profeta) responde em meia dúzia de palavras, não só à pergunta feita, mas também apresenta o motivo.

Honrar os nossos pais e cuidar deles no melhor das nossas capacidades, é nossa obrigação, e nisso encontraremos a satisfação de Deus. Por outro lado, desrespeitá-los e desobedecer às suas ordens ou recomendações, leva-nos às portas do Inferno.

É devido à importância deste tema, que o Al-Qur'án nos ordena que observemos os nossos deveres para com os pais, logo a seguir aos deveres para com Deus.

Deus diz no Al-Qur'án, Cap. 31, Vers. 14:
"Mostrai gratidão a Mim e a vossos pais; para junto de mim será o retorno final".

Numa outra passagem no Cap. 17, Vers. 23, diz:
"O teu Senhor ordenou que não adores a ninguém senão a Ele; e que sejas bondoso para com teus pais, se um deles ou ambos atingirem a velhice, em tua companhia. Não diga "uff", nem os maltrates; outrossim, dirija-lhes palavras generosas. E por misericórdia (isto é, ternura), estende sobre eles a asa da humildade, e diz: "Ó Senhor meu! Tenha pena deles, como eles tiveram pena de mim, criando-me desde pequenino".
A metáfora "Estende sobre eles a asa da humildade" inspira-se no pássaro que, por compaixão, estende as suas asas sobre as suas crias, protegendo-as das adversidades.

Os versículos atrás citados merecem uma reflexão. É facto que a relação entre pais e filhos é algo único e diferente de todas as outras relações humanas. Os pais sacrificam tudo a favor dos seus filhos, e nutrem um desejo genuíno que eles sejam melhores que os pais em todos os aspectos, sem esperar seja o que for em retorno.

De facto, o amor dos pais é uma parte do amor divino. Enquanto o amor dos pais é quase instintivo, a forma como nós tratamos os nossos pais, foi deixado ao nosso critério, podendo optar por honrá-los e ser-lhes obedientes, ou escolher o contrário. Daí a referência ao Paraíso ou ao Inferno.

É através do exercício da nossa opção que escolhemos o caminho do Inferno. Nunca podemos pensar que já fizemos tudo o que tínhamos a fazer a favor dos nossos pais.

Este é um conceito de família muito diferente do que nós vemos hoje em dia, em que algumas pessoas assemelham a família ao ninho de passarinho.

Os passarinhos, tão pequeninos que são, ficam no ninho, sendo cuidados pelos pais. Logo que eles crescem, deixam o ninho para viverem a sua própria vida. Claro que os pássaros já crescidos não reconhecem nem cuidam dos pais, dos avós, dos tios ou quaisquer outros parentes, pois para eles está tudo bem, já que não têm que criar uma sociedade ou edificar uma civilização.

Infelizmente, esta situação reflecte a realidade da vida nos nossos dias, que atingiu o nível dos pássaros e das bestas. Agora o pai é "o velho", e o gritos de guerra do jovem são: "esta é a minha vida" e "deixa-me em paz". E tanto a estrutura legal como os media também apoiam esta tese.

A estrutura da família está de tal maneira desintegrada que se torna irreconhecível, pois as relações humanas foram completamente destruídas. Os velhos vivem uma vida triste em lares da terceira idade e já ninguém confia em ninguém.

Comparando à triste situação que hoje se vive, a vida familiar nas sociedades muçulmanas ainda continua sendo uma grande bênção, não obstante o estado geral de declínio social nas sociedades muçulmanas, pois agora a família muçulmana está sob investida em todas as direcções. Em nome dos Direitos da Criança, a linha central de ataque incita-as a rebelarem-se contra os pais, pondo em causa a sua autoridade.

É recomendável que nos lembremos a nós e aos nossos filhos, os ensinamentos isslâmicos acerca dos pais. Eis aqui alguns dos ensinamentos:
Devemos honrar e respeitar os pais em todas as circunstâncias, pois isso é um direito seu, ainda que eles não sejam muçulmanos.
Na nossa conduta para com eles, não devemos proferir nenhuma palavra, ou demonstrar alguma forma de irritação para com eles. Perante eles devemos ter uma atitude humilde.
Devemos ser obedientes dentro dos limites do Sharia, pois o Profeta Muhammad S.A.W. diz:
"Não há obediência à criatura quando o Criador estiver a ser desobedecido".
Dentro dos limites do Sharia, a pessoa deve-lhes obediência, ainda que eles tenham sido injustos no passado.
As obrigações do Sharia não estão sujeitas à aprovação dos pais, enquanto que os actos voluntários estão. Por exemplo, os teólogos defendem que, viajar para longe de casa a fim de convidar as pessoas a abraçarem o Isslam, apesar de ser um acto altamente virtuoso, é sobretudo um acto voluntário, pelo que está sujeito à aprovação dos pais.
Faz também parte dos seus direitos, orar a seu favor, tanto quando ainda estiverem vivos, como depois da sua morte.
A boa conduta para com os pais deve igualmente ser estendida aos seus amigos e familiares.
Enquanto fazemos tudo isto com um senso profundo de gratidão, e na perspectiva de recompensa na outra vida, é igualmente importante lembrar que o bom ou mau comportamento para com os pais, também traz a respectiva recompensa e castigo neste Mundo.
Os que afligem os seus pais, também serão afligidos, e os que lhes proporcionam alegria, também terão alegria nesta vida, pois bem diz o ditado: "Cá se faz, cá se paga".

sexta-feira, novembro 02, 2012

Congresso dos Professores de História - Portugal - Discurso do Irmão Abdul Rahman Mangá

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus o Beneficente e Misericordioso)  JUMA MUBARAK

Para esta semana, segue o teor do discurso proferido por Sua Eminência Sheikh Abdul Rahaman Mangá, Presidente do Centro Cultural Islâmico do Porto (Portugal), no dia 5 de Outubro de 2012, no congresso dos Professores de História, que se realizou na cidade de Guimarães – Portugal, no âmbito da “Capital Europeia da Cultura”. O tema debatido foi a “Contribuição das minorias para a construção da identidade nacional”. É um assunto que se adapta em qualquer país, onde os muçulmanos constituem a minoria. Vejam na íntegra o conteúdo da mensagem,
“MINHAS SENHORAS, MEUS SENHORES, ASSALAMO ALEIKUM! Esta é a saudação dos muçulmanos, que significa – QUE A PAZ DE DEUS ESTEJA CONVOSCO. Utilizamos esta expressão, para saudarmos os nossos irmãos de fé e não só. Saudamos tantas vezes quantas as que encontrarmos com o mesmo irmão ou irmã, no mesmo dia. É uma forma de aumentarmos a harmonia e a amizade entre nós.

Quando Deus, o Altíssimo, criou Adão, que a Paz de Deus esteja com ele, disse-lhe: "Dirige-te aos anjos que estão sentados acolá e atenta para o modo como te vão saudar, pois será também o modo de saudares a tua descendência". Adão se aproximou dos anjos e disse: "A Paz esteja convosco!". E eles responderam: "A Paz e a Misericórdia de Deus estejam contigo!".

O significado desta belíssima manifestação de harmonia e de irmandade, foi desvirtuada e deu origem no nosso país, ao termo "Salamaleque", cujo significado é a mesura exagerada, fazer reverências a fim de se conseguir o que se deseja, ou saudação interesseira. É por isso que em Portugal se diz "deixa de salamaleques", quando alguém exagera nas palavras interesseiras.

Em nome do Centro Cultural Islâmico do Porto, agradeço à Associação de Professores de História o convite que me foi endereçado para falar acerca da participação dos muçulmanos residentes em Portugal, na construção da identidade nacional.

Aproveito a oportunidade para saudar o berço da nação, a cidade de Guimarães, em especial pela celebração da Capital Europeia da Cultura e pelos inúmeros eventos culturais que vêm sendo realizados.

Durante os anos cinquenta, D. Sebastião Soares Resende, o primeiro Bispo da Beira, segunda cidade de Moçambique, preconizava, em defesa dos desfavorecidos, um ensino igual para todos, quer fossem indígenas, indianos, mestiços ou europeus. As relações laborais então desenvolvidas pelos empregadores, defendiam que os negros estavam destinados ao trabalho mais pesado. Para alterar esta situação, o Bispo não encontrou muitos aliados dentro da igreja católica e muito menos no governo central colonial. O então ministro do ultramar, Dr. Adriano Moreira, a quem saúdo pelos seus 90 anos, compreendeu os anseios do Bispo e em 1961, acabou com o estatuto do indigenato, que impedia a maioria das populações das províncias ultramarinas de adquirem a nacionalidade portuguesa e do direito à educação. Com a influência das preocupações do Bispo D. Sebastião, em Agosto de 1962 são criados os Estudos Gerais de Moçambique e Angola para instauração do ensino técnico, politécnico e superior. Em 1962 foi fundada em Lourenço Marques a primeira universidade, tendo como reitor o Dr. Veiga Simão. Foi assim possível juntar, na mesma sala de aulas, alunos de todas as cores, ávidos da procura de conhecimentos técnicos, que permitissem melhorar as condições precárias em que se encontravam com as suas famílias.

Antes de Portugal viver a época da globalização, nas suas ex-colônias, nomeadamente em Moçambique, vivia-se uma diversidade cultural e religiosa, com a multiplicidade de cores, raças e religiões. Os antigos colonos foram para Moçambique à procura de melhores condições de vida. Moçambique também recebeu imigrantes dos 3 estados indianos outrora pertencentes a Portugal, Goa Damão e Diu. Muitos deles constituíram famílias, casando com as nativas, dando origem a filhos mestiços. A coexistência pacífica entre as diversas raças, culturas e  religiões, fazia inveja aos nossos vizinhos Sul-Africanos, cujo povo sofria da segregação racial.

Apesar das facilidades de acesso ao ensino em Moçambique, de acordo com as capacidades financeiras de cada um, alguns jovens muçulmanos, de origem indiana, por volta dos anos sessenta, preferiram fazer o trajecto contrário ao dos colonos, emigrando para a capital do império, à procura das melhores universidades. Acabaram por cá ficar, dando origem às primeiras famílias de muçulmanos em Portugal. Em 1968, o referido grupo de estudantes, cria a Comunidade Islâmica de Lisboa (CIL).

Com a independência de Moçambique, muitos muçulmanos, na maioria de origem indiana, abandonaram Moçambique, acabando por escolher Portugal como destino privilegiado. A eles juntaram-se os refugiados da Guiné Bissau, a pretexto de terem sido militares Portugueses, e, por tal, sujeitos às perseguições pelos seus conterrâneos.

Os Moçambicanos e os Guineenses foram os primeiros percursores da Comunidade Islâmica em Portugal. Sentiram dificuldades que foram surgindo ao longo dos anos, nomeadamente a discriminação nas escolas e nos empregos. Os portugueses, habituados ao catolicismo, desconfiavam destes imigrantes que traziam com eles uma religião diferente. Porque os recém chegados tinham em comum a língua Portuguesa e porque estavam habituados a conviver nas suas terras de origem, com outras raças, religiões e culturas, a desconfiança foi-se desvanecendo, dando lugar ao diálogo. Eles obtiveram a nacionalidade Portuguesa, por direito.

O serviço militar obrigatório cumprido pelos muçulmanos, durante as guerras de libertação nas antigas colónias, a par de outros sentimentos, aumentou o sentimento da identidade, nacional.

Apesar de se terem passado muitos anos, ainda estão nas nossas mentes os momentos vividos nas longas batalhas em que muitos voltaram marcados definitivamente e outros perderem a vida.

Com a globalização, a Comunidade Islâmica viu alargada a diversidade de raças e nacionalidades. Vindos dos países árabes, de África, da India, do Paquistão do Bangladesh, da Turquia e dos países próximos da União Soviética, a diversidade linguística e cultural aumentou, mas todos professando a mesma religião, de que não há outra divindade senão Deus e que Muhammad é Seu último mensageiro. Uma multiplicidade de culturas, que confunde muitas vezes os menos atentos, levando-os a pensar que muitos dos usos e costumes fazem parte dos rituais da religião islâmica.

A vinda destes novos imigrantes trouxe problemas acrescidos à nossa integração como minoria. As línguas de origem dificultavam-lhes a integração, a escolarização das crianças e também a obtenção de empregos. A discriminação e a desconfiança voltaram a sentir-se, pois a visibilidade era maior, devido aos usos e costumes, ao vestuário e aos diferentes idiomas que se ouviam em todos os locais. Foi necessário organizarem-se aulas de Português, tanto para os adultos como para os mais novos. Graças ao apoio de diversas associações, foi possível colmatar esta situação.

Com muitos anos de trabalho e de permanência no país, alguns imigrantes conseguiram obter a nacionalidade Portuguesa e acabaram por solicitar o agrupamento familiar.

A procura das melhores condições de vida levou a que muitos muçulmanos se espalhassem pelo país, deixando Lisboa de ser a cidade principal de acolhimento. Nas novas localidades para onde foram viver, tiveram o cuidado de ficar perto uns dos outros ou de procurar alojamento perto dos locais de culto. A proximidade das mesquitas torna-se importante para que as 5 orações diárias possam ser efetuadas, de preferência em congregação. A logística, para que os filhos possam continuar a aprender as bases da religião, é também outro fator determinante para as concentrações. Outro aspecto não menos importante é o da existência de um talho que forneça alimentos halal, isto é, carne de animais abatidos em nome de Deus, o Único, e devidamente sangrados.

A partir dos anos oitenta, com alguma curiosidade, os residentes das cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia começaram a assistir à chegada dos muçulmanos. Com o aumento dos crentes e com a Comunidade Islâmica de Lisboa distante, os residentes optaram por criar uma associação, a que deram o nome de Centro Cultural Islâmico do Porto, Pessoa Colectiva Religiosa, a qual se encontra devidamente autorizada e registada. Para além das atividades religiosas e sociais, esta associação é também responsável pelo diálogo inter-religioso a nível do norte do país.

A par dos outros países europeus, Portugal, com a independência das suas colônias e com a globalização, começou a viver uma nova realidade, alterando o conceito de nacionalidade assente nos pilares da religião católica. Portugal adaptou-se a este multiculturalismo, sem grandes sobressaltos. Três importantes factores contribuíram para este sucesso: i) a comunidade muçulmana ser constituída maioritariamente por crentes oriundos de Moçambique e da Guiné Bissau; ii) Terem em comum a língua Portuguesa; iii) Os dirigentes e os responsáveis religiosos das comunidades serem maioritariamente compostos por quadros, empresários e clérigos integrados na sociedade portuguesa. Mas ainda há muito caminho a percorrer, apesar dos passos que já foram dados para a liberdade religiosa. Ainda nos encontramos longe da igualdade de tratamento.

Sem deixarem de praticar a religião e de procurarem manter as heranças culturais, a maioria dos muçulmanos a viver em Portugal sente que está inserida na sociedade, trabalhando e contribuindo para o engrandecimento do País. Os da primeira geração, mesmo os mais conservadores em termos religiosos e culturais, com todas as dificuldades econômicas e financeiras, deram aos filhos a possibilidade de estudarem e tirarem cursos técnicos ou superiores, de acordo com as suas capacidades financeiras. Concluídos os cursos e as especializações, são hoje gestores e técnicos conceituados no nosso meio empresarial. O Profeta Muhammad, que a Paz de Deus esteja com ele, encorajou-nos a procurar o conhecimento, nem que tenhamos de viajar até à china. Jesus, que a Paz de Deus esteja com ele, também Profeta e Mensageiro do Islão, referiu: “Deus gosta que os Seus servos aprendam um ofício que os torne independentes”. Relato de Abu Bakr Ibn Abi al-Dunya.

Os pais alertam sempre os seus filhos para que a integração na sociedade portuguesa não seja causadora da perda dos valores morais e religiosos e da conservação das raízes culturais.

Os mais jovens sabem que fazem parte da identidade portuguesa, apesar de algumas vezes se sentirem discriminados na sociedade e no mercado de trabalho. Fazem parte de todas as profissões, advogados, contabilistas, economistas, médicos e também comerciantes e trabalhadores da construção civil.

Em Portugal, a palavra “emigrar” está agora na moda. Os jovens muçulmanos sentem também dificuldades na obtenção de empregos e procuram colocações noutros países. Outros sentem a discriminação por causa da religião e pelos nomes que outros dizem ser difícil de pronunciar.

No entanto, os responsáveis das comunidades continuam a encorajar os seus membros para continuarem a colaborar para que Portugal possa ultrapassar a crise em que se encontra.

Somos também Portugueses e a nós também compete participar no desenvolvimento do país.

Mas nem tudo corre bem, porque alguns crentes, principalmente por motivos econômicos, não conseguiram que os seus filhos adquirissem a escolarização necessária, arma importante para a luta contra a pobreza e contra o obscurantismo. Um dos 5 pilares do Islão é o Zakat, a contribuição para os mais necessitados. Os muçulmanos são como um corpo, quando um membro se encontra doente, todo o corpo se ressente. Com as verbas recolhidas, os responsáveis das comunidades procuram atenuar os flagelos da fome e incentivam os mais velhos para não descurarem os benefícios da escolarização. Compete ao Estado, melhorar as condições, para que todos os seus cidadãos, em especial as crianças, possam beneficiar de acesso à formação escolar. É também responsabilidade do Estado dar especial atenção aos que se encontram marginalizados, vivendo em condições de extrema pobreza, dando-lhes a possibilidade de tirarem cursos técnicos. Não gostaríamos de ver os nossos jovens cometerem actos de violência, por se sentirem duplamente revoltados, para além da pobreza, por se considerarem marginalizados por questões de cor, raça e religião. Não só me refiro à comunidade muçulmana, mas a todos os que, vivendo em Portugal, se encontram nestas condições. Se nada for melhorado, este mal poderá continuar nas gerações seguintes, acabando os lesados por se manifestarem fora dos limites prescritos pela lei e pelos ensinamentos religiosos. Com a agravante que outros olhos possam confundir estas manifestações de desagrado com o fundamentalismo. A jihad é o esforço no caminho de Deus.

A jihad pode ser o esforço de um crente, na procura de conhecimentos escolares, com vista à obtenção de melhores condições de vida para si e para os seus. Neste caso particular, a melhor jihad é não ter medo de, cara a cara, proferir uma palavra justa, perante um governante injusto.

Vários estudos, efctuados pelas universidades europeias, referem que é a religião islâmica a que mais está a crescer em todo o mundo. Dentro de 5 a 6 décadas, na Europa, os muçulmanos constituirão a maioria. O referido crescimento não se limita aos nascimentos. Só em França, os convertidos ao Islão, já ultrapassam os 100.000. Alguns nacionalismos advogam o regresso da pureza da raça. Continuam as provocações, a pretexto da liberdade de expressão, uma conquista importante da democracia. Mas não podemos utilizar insultos nem ultrapassar os limites, onde começam os direitos dos outros. Alguns muçulmanos, contrários aos ensinamentos religiosos, manifestam-se duma forma violenta, acendendo ainda mais a fogueira da discórdia. Esquecem-se de que o Profeta Muhammad, quando foi provocado e agredido, nunca respondeu com violência, mas sempre esperançado de que os seus agressores renunciariam à idolatria e se voltariam para Deus.

Às provocações que lemos na imprensa local, exercemos os nossos direitos de resposta, enviando artigos com esclarecimentos e o nosso ponto de vista. Salvo raras excepções, na maioria das vezes, os nossos artigos não são publicados. Parafraseando um ditado popular, só é notícia relevante quando um muçulmano morde um cão.

Todas estas situações são preocupantes, porque perspectivam um futuro cheio de intolerância.

A solução para esta incerteza é o de estimular e criar condições para que os jovens, de todos os quadrantes sociais e religiosos, possam aceder à educação, ao convívio e ao conhecimento mútuo. A pobreza não pode ser um entrave para a escolarização. Os governos deverão criar um protocolo com as comunidades islâmicas para que incrementem e incentivem a escolarização dos mais necessitados. Podem ter medo dos homens, mas não tenham medo do Islão.

A Escola Básica da Comunidade Islâmica de Palmela, conhecida por Colégio Islâmico de Palmela, funciona como uma escola oficial reconhecida e acompanhada pelo Ministério da Educação. A par da formação religiosa, os alunos são preparados para ascenderem às universidades se assim o desejarem. O respeito, a responsabilidade e a disciplina, são os três princípios que regem esta instituição de ensino, procurada não só pelos muçulmanos, como também por outros credos. No ranking das melhores escolas, vem obtendo as melhores classificações. Com cerca de 200 estudantes, nas horas reservadas à religião, os alunos de outros credos, são ocupados com apoio extra-escolar. O exemplo desta Escola Básica, deveria estender-se às principais cidades do país.

Em Portugal, os muçulmanos vivem em paz com os seus vizinhos, professam a religião e procuram com tolerância dissipar as informações erradas transmitidas pela comunicação social. Para isso, os responsáveis da comunidade islâmica, tanto no Centro/Sul como no Norte, vêm desenvolvendo trabalhos de divulgação junto às escolas, universidades e associações, com vista à explicação dos fundamentos da religião islâmica, para que também percebam que o islão não tem nada a ver com as manifestações violentas e com os atentados em nome da religião. A violência é própria de qualquer ser humano, independentemente da sua filiação religiosa, quando não consegue controlar os seus instintos maléficos.

A existência de várias culturas e religiões é sinónimo de que não vivemos a sós neste mundo.

Uma só cultura e uma só religião, seria uma monotonia, como se todos estivéssemos vestidos de amarelo. A diversidade de cores, de costumes, da comida e do vestuário, aguçam a curiosidade para conhecermos o que é diferente e encoraja-nos a viajar por recantos mais longínquos e desconhecidos. Aprendemos sempre algo de novo com outras culturas. Lembro-me duma passagem que me foi contada por um professor de história, nos meus tempos de estudante em Lourenço Marques, hoje Maputo. Estava Camões doente, às portas da morte e com vontade de fumar um cigarro. Deitado na cama, com dificuldades em mover-se, pediu ao seu empregado africano, para lhe acender um cigarro. O empregado retirou-se do quarto e dirigiu-se à fogueira, na palma da mão esquerda colocou areia para não se queimar e, com a ajuda de um pau, colocou uma pequena brasa, que permitiu a Camões acender o cigarro.

Agradecido, Camões exclamou: “mesmo às portas da morte, estamos sempre a aprender”.

É importante conhecermos o próximo. Com tolerância mútua, criarmos um diálogo honesto, a fim de encontrarmos a paz e a tranquilidade. Só assim continuaremos a construir um Portugal melhor para os nossos filhos e para as gerações vindouras. Cabe às associações de todos os quadrantes darem os passos necessários para a concretização destes objetivos, promovendo debates e sessões de esclarecimento para os seus membros e abertos a toda a população. É de louvar o trabalho já desenvolvido por algumas associações, que promovem diversos encontros, para difusão da arte, literatura e cultura em geral. Também de louvar, a preocupação dos professores de história e de religião e moral para darem aos seus alunos o conhecimento de outras religiões, promovendo visitas e encontros nas sinagogas, mesquitas e outros templos.

O nosso local de culto na cidade do Porto, é visitado anualmente, por cerca de 1.000 alunos do ensino secundário, no âmbito das disciplinas de história e de religião e moral. Nas referidas visitas, de duração de cerca de quarenta e cinco minutos, os alunos são informados dos diversos aspectos ligados aos fundamentos e ao culto islâmico.

Portugal está a redescobrir o arabismo, um importante contributo para o enriquecimento da língua e cultura portuguesas. Os muçulmanos, durante o período da ocupação, deixaram um valioso legado histórico, cultural e arquitectónico. O antigo termo português “Albaraque”, que significa bênção, gentileza, é a palavra bem típica que simboliza o convívio, tão importante para cimentar o encontro entre culturas. A cozinha alentejana foi influenciada pela cozinha árabe, com muitos sabores mediterrânicos. O rei poeta Al-Mutamid,  nasceu em Beja, foi rei de Silves e do Sul de Espanha. Os legados árabes em Mértola e Beja, os reservatórios de água em Silves e as antigas mesquitas transformadas em igrejas, lembram a presença dos muçulmanos nos séculos anteriores. No vocabulário Português, existem cerca de 600 palavras com origem no Árabe, como por exemplo algarve, alfinete, algarismo azeitona, laranja e azeite.

Um termo muito utilizado na língua Portuguesa, o “OXALÁ”, tem origem no árabe “IN SHA ALLHA”, se Deus quiser.

Aproveito a oportunidade para em nome do Centro Cultural Islâmico do Porto, da Comunidade Islâmica de Lisboa e das diversas associações das minorias muçulmanas, apresentar a todos os congressistas e a todos os associados, os meus sinceros votos da continuação de um bom trabalho e que obtenham deste congresso as motivações necessárias para continuarem com maior empenho o vosso nobre trabalho, o de ensinar. Issa, Jesus, que a Paz de Deus esteja com ele, também Profeta do Islão referiu: “aquele que aprende, pratica e transmite sabedoria, será chamado grande no reino dos céus. Homem do saber, aprende da sabedoria o que não conheces e ensina ao ignorante o que aprendeste”. Relatos de Ahmad Ibn Hambal e de Abu Nu’ayn al-Isbahani. Que a Paz de Deus esteja com todos. 
Abdul Rehman Mangá .
05 de Outubro de 2012.”

terça-feira, outubro 30, 2012

Resumo do Sermão do EID ADHA(FESTA DO SACRIFÍCIO

Proferida pelo sheikh Othaman em 26/10/2012- Centro Islâmico de Brasília.

Em nome de Allah , O Clemente, O Misericordioso. Louvado Seja Allah , criador do céu e da terra. Nos recordamos e nos voltamos humildes a Allah (SWT), pedimos o Seu perdão e suplicamos a Sua misericórdia.

Testemunho que não há Divindade a não ser Allah (SWT), e testemunho que o Profeta Mohamed (SAAW) é seu servo e Mensageiro, o escolhido entre as criaturas. Aquele que divulgou a mensagem, zelou pelo que lhe foi confiado, aconselhou o povo, aboliu a injustiça e serviu em nome de Allah (SWT).

Que Allah (SWT) abençõe e de paz ao Profeta (SAAW), bem como para a sua família, companheiros e seguidores até o Dia do Juízo Final.

Este dia é o dia do Eid Adha, no dia do sacrifício(abate), é o dia do Hajj grande, este dia é um dia de prestígio do grande prestígio que o Profeta (SAAW) estabeleceu como uma tradição e para legitimar a Shariah para a Ummah que segue-o a tomar a partir dele e se agarrar a ele. Este é o dia de Nosso Senhor salvar Ismael(AS) de ser sacrificado, este é o dia em que a amizade é colocada á frente através da benevolência de Allah(SWT), Louvado Seja Allah, que nos fez seguidores de Muhammad(SAAW), ressuscitando sua Sunnah, segurando a Shariah,peregrinando em sua orientação e de pé por sua tradição

Hoje é o Eid Al Adha, que Allah aceita o esforços dos peregrinos, e de todos os muçulmanos e que não podem fazer esta viagem, com a intenção e vontade de cumprir o quinto pilar do islam. O Eid Al Adha marca o fim do Hajj, a peregrinação a Makkah, e acontece no décimo dia do último mês do calendário islâmico,o Dhul Hijjah.

O Eid Al Adha é celebrado em memória de Ibrahim(AS) que teria aceito sacrificar seu filho Ismael segundo uma ordem de Allah.

Ibrahim(AS) conversou com Allah(SWT) em um sonho, e Allah(SWT) disse para Ibrahim sacrificar aquilo que lhe era mais precioso e amado, e para o homem era seu filho, Ismail. Ibrahim então relatou ao seu filho a vontade de Allah(SWT), e este concordou com o sacrifício. Pelo caminho, Ibrahim foi tentado pelo Shaytan(satanás), que disse para desobedecer a Allah. Mas Ibrahim ignorou a tentação, e continuou a seguir a ordem de Allah(SWT).

Disse Allah(SWT) no Alcorão Sagrado na Surat AS-SAFFAT os vers 102 a 111: " Ó meu filho! Certamente que já vi em um sonho que eu deveria sacrificar você; considerar, então, o que você vê. Ele disse que de pai! Faça o que te foi ordenado; Se Deus quiser você vai encontrar-me de os pacientes. Então, quando ambos apresentaram as suas vontades (a Allah), e ele deitou-o prostrado em sua testa (para o sacrifício), nós o chamou" O Abraão! Já realizaste a visão "-! Assim de fato, recompensamos os benfeitores. Para isso era obviamente um julgamento. E Nós resgatamos com um sacrifício (carneiro) importante: E deixamos (esta bênção) para ele entre gerações (de vir) nos últimos tempos: "Paz e saudação a Abraão" Assim de fato, recompensamos aqueles que fazem direito, pois ele era um dos Nossos servos fiéis."

Não foi apenas seu filho que o profeta Ibrahim tinha o consentimento de, mas também sua esposa, Hajer (sa). Embora Satanás tentou levá-la para se opor Profeta Abraão sacrificar o seu filho, ela manteve-se firme atrás do marido e vontade de Allah(SWT). Disse Allah no Alcorão Sagrado na Surat AL-BAQARAH vers 124: “Lembre-se que Abraão foi posta à prova por seu Senhor, através de certos comandos, e ele cumpriu. (Allah) disse: "Eu estou nomeação que um imam para as pessoas." Ele disse: "E também os meus descendentes?" Ele disse: "Minha aliança não inclui os transgressores."

Esse versículo mostra como profeta Ibrahim (as) através de sua ação e seu sacrifício ganhou o status de Imam. Ele não só sacrificaria, mas também levantou um filho que está disposto a ser sacrificado.
Era a sua capacidade de criar um filho como Ismail, e obter o respeito a um ponto em que até mesmo sua esposa era solidário e pronto a segui-lo em sua liderança. Assim, no Eid al-Adha que celebramos o imenso sacrifício de nosso amado Profeta(SAAW) e Inshallah que podemos aprender com profeta Ibrahim e sua família, e aprender a dar e sacrificar nossas riquesas e almas, nossos desejos e nosso amor do mundo, conseguir a satisfação de Allah(SWT).

Todos os muçulmanos que possuem recursos econômicos devem sacrificar carneiros, em forma de relembrar o acontecimento.É condição obrigatória que o animal seja macho, adulto e saudável. A carne deste animal deve ser distribuída por familiares, vizinhos, amigos e pobres.
EID MUBARAK...EID ABENÇOADO

quinta-feira, outubro 25, 2012

Tema da Semana: O SACRIFÍCIO – CURBANI

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus o Beneficente e Misericordioso) JUMA MUBARAK

“Faça Salah (oração) para o teu Senhor e faça Curbani (Sacrifício)”. Cur’ane - Cap. 108 Vers.2 O Sacrifício – Curbani, é um dos rituais do Haj. Ibrahim (Aleihi Salam) – Abraão (Que a Paz de Deus esteja com ele) já muito velho, apesar de ser um grande Profeta, continuava a ser um ser humano e desejava ter um filho para dar continuidade à sua obra. Através de Hajra, a mulher africana e depois de muitos pedidos ao seu Senhor, Ele concedeu-lhe um filho chamado Issmail (Esmael) (que a Paz de Deus esteja com ele) - (nome que significa Deus escutou).

Allah, nosso Senhor e Criador, quis testar Ibrahim (Aleihi Salam). Ele era muito idoso e o filho ainda muito pequeno. Recebeu ordens para deixar o filho com a mãe no deserto. Ele cumpriu com as ordens do seu Senhor, conforme foi relatado na mensagem referente à Agua de Zam-Zam. Depois do filho crescer, Deus quis novamente testa-lo. Através de um sonho, Deus ordenou-lhe para sacrificar o seu próprio filho. Ibrahim (Aleihi Salam), servo de Deus, logo se prontificou para cumprir com a ordem.

Allah diz no Cur’ane: “E saibam que as vossas riquezas e os vossos filhos são um teste.” Cur’ane 64, Vers.115.

E Ibrahim (Aleihi Salam), resolveu partilhar a ordem recebida com o seu filho Issmail (Aleihi Salam), que já demonstrava dedicação às ordens divinas, pelo que não hesitou em afirmar “Se Allah quiser, encontrar-me-ás de entre os pacientes.” Cur’ane 37 Vers.102.

Deste modo, Ibrahim levou o seu filho para o sacrificar. Durante o percurso apareceu o chaitane (diabo) que lhe persuadiu de não cumprir com a ordem de Deus, lembrando-lhe que só depois de muito velho é que conseguiu ter um filho. Ibrahim (Aleihi Salam), atirou para o cheitane, 7 pedrinhas, que se afundou na terra. Esta tentativa do cheitane, para desviar a tenção do Profeta Ibrahim (Aleihi Salam), aconteceu por três vezes e por três vezes Ibrahim (Que a Paz de Deus esteja com ele), o repeliu.

Depois em Miná, a poucos quilómetros de Makka, quando se preparava para sacrificar o seu filho, Deus enviou um carneiro que foi sacrificado. Por isso, para manter viva a tradição de Ibrahim (Aleihi Salam), foi instituído que todo o muçulmano, após a oração do Idul Adhá (festa religiosa em comemoração do final da peregrinação a Makka), deve sacrificar um carneiro, uma vaca, um camelo, etc..Uma galinha não serve para o curbani. Um carneiro dá para uma pessoa e uma vaca para 7 pessoas. 

Jabir b. Abdullah (Radiyalahu an-hu) referiu: “No ano de Hudaibiya (6 da Hegira), nós, na companhia do Mensageiro de Deus, sacrificámos camelos para 7 pessoas e vaca para 7 pessoas”. Muslim. 

É recomendável que a carne seja distribuída em 3 partes iguais. Uma para seu consumo próprio, uma parte para os necessitados e outra parte para os amigos e vizinhos, de modo que todos  possam passar o dia de festa, convivendo em harmonia.

As palavras Hadiy e Curbani, referem-se a sacrifícios, mas efectuados em ocasiões e locais diferentes. O Hadiy é feito exclusivamente por aqueles que se encontram em peregrinação (Haj) em Miná. O Curbai (Udhiyah) é obrigação para todos os restantes muçulmanos, espalhados pelo mundo. Os pobres, estão dispensados desta obrigação.

O Hadiy é obrigatório para o Cárin e para o Mutamatti e faz parte de um dos rituais do Haj. O Haji Mufrid está dispensado. Existem outros rituais, nomeadamente; a) – Fazer Tawáf –circundar a Casa de Deus; b)- percorrer os montes Safa e Marwa, lembrando o que a mulher de Ibrahim sofreu para salvar o filho Issmail dos tormentos da sede; c)- atirar as pedrinhas (Ramyi) nos três locais onde Ibrahim foi tentado.

O Curbani é obrigatório para todo o muçulmano, adulto, financeiramente capaz. O Curbani pode ser  efectuado nos dias 10, 11 e 12 de Dhul Hijja. Mas é recomendável que seja efectuado no dia 10, dia de Ide, mas só depois da oração do Idul Adhá. Jundub Bin Sufyan Al Bajali referiu: “no tempo do Profeta Salalahu Aleihi Wassalam), oferecemos alguns animais como sacrifício. Depois de terminada a oração de Idul Adhá, verificou-se que alguns companheiros abateram os animais antes da oração, pelo que o Profeta disse: “Quem sacrificou os animais antes da oração, deverá fazer novos sacrifícios e quem ainda não o fez, o deverá fazer, invocando o nome de Deus”. – Bukari. Livro 67- hadice 408. O período para o sacrifício dos animais, termina no 12ª. dia do referido mês, ao pôr do sol.

Acerca deste dia de Idul-Adha, dia de festa, o Cur’ane refere a permissão de consumirmos a carne dos animais, os quais foram sacrificados com a invocação do nome de Deus: “…Comei, pois, dele e alimentai o indigente e o pobre”. 22.28.

O Curbani que é feito no dia de Idul Adhá, não tem nada a ver com os sacrifícios que alguns povos ainda fazem, invocando espíritos ou ídolos. “Deus vos proibiu carne de animais mortos (que morreram por si), o sangue, a carne de porco e o que foi imolado sob a invocação de qualquer outro nome, que não seja o de Deus…” 2.173. O Curbani é feito invocando o nome de Deus, lembrando o sacrifício do Profeta Ibrahim (Aleihi Salam) e para que todos, em especial os mais necessitados, possam ter alimentos suficientes para passarem o dia de Ide, dia de festa, em harmonia e em alegria. Abu Tufail referiu que perguntaram a Ali b. Abi Talib, para lhes informar algo que o Mensageiro de Deus lhe tenha dito em segredo. Ele respondeu: “Ele não me disse nada em segredo que não esteja ao alcance das pessoas. Mas eu ouvi ele dizer: “1- Deus amaldiçoou quem sacrificou em nome de alguém, em vez do nome de Deus. 2- Amaldiçoou aquele que acomodou uma inovação. 3- Deus amaldiçoou aquele que amaldiçoou os seus pais. 4- Deus amaldiçoou quem alterou a linha de fronteira (da terra que lhe pertence, não respeitando os direitos dos outros) 4.877 Muslim.

Certa vez os Sahabas - companheiros do Profeta (Radiyalahu an-huma), quiseram saber o significado do Curbani (Sacrifício) e o Profeta (Salalahu Aleihi Wassam) respondeu: “É Sunnat (tradição) do vosso pai Ibrahim.” Então eles perguntaram: “Que recompensa obteremos pelo sacrifício?. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Por cada pêlo do animal, tereis uma recompensa.” Relato de Ibn Majah. O Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) fez o curbani durante todos os anos que permaneceu em Madina.

Oo residentes em Portugal, podem fazer o Curbani nas suas localidades. Para o efeito, devem contactar os talhos que habitualmente lhes fornecem a carne. Em alternativa, podem também mandar fazer o Curbani nos países de origem. Outra alternativa é entregar aos necessitados, a totalidade do produto resultante do curbani, nomeadamente às escolas frequentadas pelos alunos carenciados. Ali b. Abi Talib (Radiyalahu an-hu), referiu: “O Mensageiro de Deus o incumbiu na responsabilidade do sacrifício dos seus animais e ordenou-lhe para distribuir toda a carne e peles aos pobres e não  cabendo nada para o açougueiro, que foi pago pelo respectivo trabalho”. 3019 e 3022 Muslim.

Façam o favor de serem felizes, cumprindo com as vossas obrigações perante o nosso Criador. Não se esqueçam de também contribuírem para a felicidade das pessoas que vos rodeiam.

Cumprimentos - Abdul Rehman Mangá -25/10/2012

A PEREGRINAÇÃO DA DESPEDIDA

Quando o mês de Ramadan chegou, em 632, Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), resolveu, ele mesmo, dirigir o cerimonial da peregrinação. Ele saiu de Medina em 20 de fevereiro de 632, em direção a Makkah, seguido por uma imensa multidão de fiéis, alguns a pé e outros montados em camelos, numa fila que se perdia no horizonte.

A última peregrinação de Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), é de uma importância fundamental para todos os muçulmanos. Tudo o que ele fez nessa ocasião histórica foi posteriormente incorporado ao ritual que é seguido até os dias atuais. O seu sermão também é um legado para toda a humanidade, uma vez que trata de questões éticas e morais que devem nortear o comportamento dos seres humanos, independente de raça, cor, credo. 

Ele discursou para a multidão reunida e entre os vários pontos enfatizados estão os de que não se deve mentir, roubar, trair, cometer adultério, ingerir drogas, explorar quem quer que seja, isto é, os mesmos princípios morais trazidos por todos os mensageiros de Deus que o antecederam. 

Disse ainda a todos que a vida e a propriedade de todo muçulmano são responsabilidades sagradas; que não causassem dano a ninguém e que ninguém lhes causasse danos. E que a partir daquele momento não deveria haver exploração econômica e nem a prática da usura e sim a cooperação entre todos. 

Também disse que as mulheres deveriam ser tratadas com bondade, pois Deus as tinha confiado a seus maridos; que os homens tinham certos direitos sobre elas, mas que elas também tinham certos direitos sobre os homens. É uma via de duas mãos. Um complementa o outro, ao invés de serem adversários. 

Todo muçulmano é irmão de todos os muçulmanos. O orgulho da raça ou das origens era perverso e deveria ser abolido.

Ele também ensinou que toda a humanidade veio de Adão e Eva e que não há preferência de um árabe sobre um não árabe, ou de um não árabe sobre um árabe; de um negro sobre um branco ou de um branco sobre um negro. O melhor entre todos é o mais piedoso, o mais temente e o que é o melhor em caráter. 

Também disse que não viria outro apóstolo ou mensageiro depois dele e que havia deixado para os muçulmanos e para toda a humanidade, duas coisas, e que quem as seguisse jamais se desviaria: o Alcorão e a Sunnah.

Pediu a seus seguidores que levassem esta mensagem a todas as pessoas da terra. E assim eles o fizeram, percorrendo o mundo, principalmente como mercadores, professores, como pessoas que chegavam para partilhar sua experiência religiosa. E o Islam se espalhou pelo mundo, mais pela força do exemplo, da tolerância do que pela força da espada.

Cada detalhe do ritual foi indicado pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), o ritual de atirar as pedras, o sacrifício de animais em Mina, as voltas em torno da Caaba e a vestimenta especial do peregrino. Ao final de seu sermão, Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse aos presentes, "eu não disse a vocês o que fazer e que completei minha missão?" Todos responderam em voz alta "Sim, por Deus que você o fez". A seguir, ele levantou os olhos para o céu e disse "Deus, dou o meu testemunho".

Por fim, ele se despediu dos peregrinos e voltou para Medina. Nunca mais ele veria Meca de novo. Essa peregrinação de Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), passou para a história muçulmana como a Peregrinação da Despedida.

O ÚLTIMO SERMÃO DO PROFETA MUHAMMAD

Após louvar e agradecer a Deus, ele disse:

"Ó gentes, ouvi-me atentamente porque não sei se estarei entre vós depois deste ano. Portanto, ouvi o que tenho a dizer com muita atenção e levai essas palavras àqueles que não puderam estar presentes aqui, hoje.

Ó gentes, da mesma forma que guardai este mês, este dia, esta cidade como sagrados, respeitai também a vida e propriedade de todo muçulmano, como uma responsabilidade sagrada. Devolvei os bens que vos foram confiados aos seus legítimos donos. Não feri ninguém porque assim ninguém vos ferirá. Lembrem-se de que verdadeiramente vós vos encontrareis com o vosso Senhor e que Ele ajustará as contas. Deus proibiu a usura (juros), portanto, todas as obrigações decorrentes de juros devem ser postas de lado. Vosso capital, no entanto, cabe a vós mantê-lo. Jamais imponhais e nem sofreis qualquer espécie de iniquidade. Deus sentenciou que não haverá juros e que todos os juros devidos a Abbas ibn 'Abd'al Muttalib (tio de Muhammad) serão anulados.

Cuidado com Satanás, para segurança de vossa religião. Ele perdeu toda a esperança de que pudesse desviar-vos das grandes coisas, portanto, cuidado para não segui-lo nas pequenas.

Ó gentes, é verdade que vós tendes certos direitos em relação a vossas mulheres, mas elas também têm direitos sobre vós. Lembrai-vos de que vós as tomastes por esposas na confiança de Deus e com a Sua permissão. Se elas forem fiéis então a elas pertence o direito de serem alimentadas e vestidas com bondade. Tratai suas mulheres bem e sejai gentis com elas porque elas são vossas parceiras e auxiliares comprometidas. E é vosso direito que elas não façam amizade com quem não aproveis, e que elas jamais sejam impuras.

Ó gentes, levai-me a sério, adorai Deus, fazei as cinco preces diárias (salat), jejuai no mês de Ramadan e distribui de vossos bens em Zakat. Fazei o Hajj (peregrinação) desde que possível.

Toda a humanidade provém de Adão e Eva, um árabe não é superior a um não árabe, nem um não árabe é superior a um árabe; o branco também não é superior ao negro, nem o negro tem qualquer superioridade sobre o branco, exceto quanto à justiça e aos bons atos. Saibei que todo muçulmano é um irmão de todo muçulmano e que os muçulmanos constituem uma irmandade. Nada que pertença ao irmão muçulmano é lícito para outro muçulmano, a menos que seja dado livremente e de boa vontade. Portanto, não praticai a injustiça entre vocês.

Lembrai-vos de que um dia vós estareis diante de Deus e respondereis por vossos atos. Portanto, cuidado, não vos desvieis do caminho da justiça depois que eu tiver partido.

Ó gentes, nenhum profeta ou apóstolo virá depois de mim e nem surgirá uma nova fé. Raciocinai bem e compreendei as palavras que vos estou transmitindo. Deixo-vos duas coisas, o Alcorão e o meu exemplo, as sunnas, e se seguirdes esses dois, jamais vos desviareis.

Todos que me ouvem deverão difundir minhas palavras para os outros, e estes para outros, e assim por diante, e que o último que as ouvir possa compreender minhas palavras melhor do que aqueles que agora me ouvem diretamente. Sede minha testemunha, ó Deus, de que eu transmiti Vossa mensagem ao Vosso povo."


O PACTO DE HUDAIBIYA

No ano de 628 d.C, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), levou uma grande comitiva de muçulmanos a Makka para o Hajj (peregrinação).

Os habitantes de Makkah não estavam mais dispostos à luta, a barreira que os muçulmanos haviam imposto sobre todas as caravanas de Makkah havia arruinado sua economia, no entanto, eles se sentiam inseguros com essa leva de muçulmanos liderados pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

Principalmente porque muitos estavam armados, o que não era de se estranhar, uma vez que os árabes sempre andavam armados, mas os cidadãos de Makkah ficaram alarmados e se recusaram a permitir que os limites sagrados fossem ultrapassados por tão grande quantidade de gente e, ainda por cima armados.

Após muitas conversações, eles concordaram com uma trégua e um pacto foi firmado entre o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e os líderes de Makkah, que se chamou Pacto de Hudaibiya.

A assinatura desse acordo foi considerada uma grande vitória para o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), porque Makkah acabou aceitando a maior parte dos termos propostos pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

De acordo com o pacto, eles concordavam com o direito do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), de pregar e converter os árabes ao Islam, onde quer que eles estivessem, permitiram que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e seus seguidores entrassem em Makkah por ocasião do Hajj anual.

O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), em contrapartida, prometeu a eles trânsito seguro, extradição de seus fugitivos e o cumprimento de todas as condições que eles desejassem.

Assim, foi assinado o acordo de Hudaibiyah, nos subúrbios de Makkah, que previa, ainda, a manutenção da paz e a observância de neutralidade nos conflitos com terceiros.

A trégua seria para durar 10 anos, após esse pacto, os árabes começaram a aceitar o Islam, um dos mais famosos convertidos foi Khalid ibn al-Walid, o futuro general muçulmano que ficou famoso por suas inúmeras vitórias alcançadas em nome do Islam.


A BATALHA DE UHUD

A derrota de Badar foi uma mancha na honra dos habitantes de Makkah, da qual se envergonhavam profundamente, assim, no ano seguinte, eles atacaram Madina com uma força maior, em torno de 3.000 homens, os muçulmanos contavam com apenas 700 homens.

O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), percebendo a gravidade do momento, deu instruções rigorosas a seus seguidores, elaborou um plano de ataque e defesa, ordenando que eles se mantivessem em suas posições e não arredassem pé senão sob ordens expressas.

Mas, os muçulmanos inexperientes, no calor da batalha, esqueceram-se dessas instruções, começaram a lutar sem qualquer planejamento e depois de acharem que tinham derrotado o inimigo se puseram em campo aberto, sem se certificarem de que o inimigo tinha sido realmente derrotado.

O resultado foi que a retaguarda inimiga, chefiada pelo brilhante comandante Khalid inb al-Walid, surpreendeu-os e eles se espalharam, o próprio ProfetaMuhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), foi ferido e caiu.

Um grito ecoou "O Profeta está morto", isso arrefeceu mais ainda o ânimo dos muçulmanos e muitos deles fugiram, a batalha de Uhud terminou com uma derrota e com os muçulmanos de Madina envergonhados perante seu Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

Mas, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), não era um homem comum; ele reuniu seus homens, fez uma palestra, repreendeu-os por causa de sua loucura, exortou-os a obedecerem às suas ordens no futuro, e os guiou para enfrentar o inimigo mais uma vez. 

O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), chegou com seus companheiros às primeiras horas da manhã seguinte, armou seu acampamento de forma que pudesse ser visto por eles e lhes ordenou que fizessem um grande incêndio.

A idéia era mostrar ao inimigo que os muçulmanos não tinham perdido a coragem, quando o dia amanheceu, o inimigo viu os muçulmanos na retaguarda, sem medo, fazendo suas tarefas matinais, e ficaram muito impressonados, assim, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), transformou a derrota em vitória.

A BATALHA DE BADR

A batalha de Badr foi a mais importante de todas as batalhas islâmicas e a menos expressiva em números pela primeira vez, os seguidores da nova fé eram postos à prova, se o resultado desse acontecimento tivesse sido outro, isto é, se a vitória tivesse sido das forças inimigas, talvez a fé do Islam tivesse chegado ao fim.

Ninguém tinha mais consciência da importância do resultado da batalha do que o próprio Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), podemos erceber a profundidade de seu fervor na prece dirigida a Deus antes do início dos combates:

"Ó Deus, eis os coraixitas. Chegaram com toda a sua arrogância e jactância, tentando desacreditar Teu apóstolo. Ó Deus, desacredita-os amanhã. Ó Deus, se este bando de muçulmanos perecer hoje, Tu não serás adorado".

Os habitantes de Makkah eram fortes e orgulhosos de sua riqueza e posição, para lutar contra eles, era preciso ter-se uma estratégia, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), decidiu, então, atacar na raiz dessas duas coisas, a riqueza deles dependia do comércio com a Síria, no litoral mediterrâneo, portanto, o caminho para a Síria precisava ser cortado, por outro lado, eles se consideravam os melhores em tudo, dentre todos os árabes, assim, era preciso mostrar-lhes que estavam errados.

O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), mandou uma pequena patrulha de muçulmanos com a ordem de que a próxima caravana para Makkah, que obviamente era escoltada por guarda-costas, fosse atacada.

Acontece que a caravana era chefiada por Abu Sufyan, o arqui-inimigo do Islam, embora a caravana tivesse uma guarda forte, Abu Sufyan percebeu o perigo e despachou uma mensagem para Makkah pedindo ajuda.

Enquanto isso, os muçulmanos chegaram sob a liderança do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele). Eles eram apenas 300 soldados, enquanto que as forças inimigas se contavam em 1000.

Quando os combates estavam mais renhidos, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), pegou um punhado de cascalho e atirou no rosto dos pagãos dizendo:

"Que suas faces fiquem desfiguradas. Deus, amendronte seus corações e imobilize seus pés."

Os pagãos fugiram sem olhar para ninguém, os muçulmanos continuaram lutando e fazendo prisioneiros, nestes combates, 70 pagãos morreram e os muçulmanos fizeram 70 reféns, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), mostrou grande diplomacia e perspicácia, rejeitou os conselhos de vingança e tomou os prisioneiros como reféns, tratando-os bem.

Certamente esses são números pequenos mas, mesmo assim, uma das mais decisivas batalhas foi travada em Badr, no ano de 623d.C, o segundo ano da Hégira.

Os muçulmanos, inspirados pela fé, não duvidaram por um instante sequer de que venceriam, varreram o inimigo do campo e foi uma grande vitória, esta batalha estabeleceu a fundação do estado islâmico e transformou os muçulmanos numa força respeitada pelos habitantes da península arábica.


MUHAMMAD O MENSAGEIRO DE DEUS FINAL

A Luta Contra a Intolerância e a Descrença

Não satisfeitos com a expulsão dos compatriotas muçulmanos, os habitantes de Makkah enviaram um ultimato aos de Madina, exigindo a entrega ou pelo menos a expulsão do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e dos seus companheiros, mas evidentemente todos esses esforços foram em vão, alguns meses mais tarde, no ano 2 da Hégira, eles enviaram um exército para combater o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), que os enfrentou no que ficou conhecido como a A Batalha de Badr.

Os idólatras de Makkah sendo três vezes mais numeroso do que os muçulmanos, mesmo assim os idólatras de Makkah foram derrotados.

Depois de mais de um ano de preparativos, os idólatras de Makkah, novamente tentaram invadir Madina, para vingar a derrota de Badr, desta vez, eram quatro vezes mais numerosos do que os muçulmanos, após uma batalha sangrenta, em Uhud, que ficou conhecido como a, A Batalha de Uhud.

Os idólatras se retiraram, não tendo o encontro sido decisivo, os mercenários não queriam arriscar demasiadamente, nem expor as suas vidas.

Nesse meio tempo os cidadãos judeus de Madina começaram a criar problemas, na época da vitória de Badr, um de seus líderes Ka'b Ibn Al Achraf, seguiu para Makkah, para firmar a sua aliança com os idólatras de Makkah e para incitá-los a uma guerra de vingança.

Após a batalha de Uhud, a tribo desse mesmo chefe tramou o assassinato do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), pretendendo jogar sobre ele uma pedra de moinho, quando fosse visitar a sua localidade, apesar disso tudo, a exigência que o profeta fez aos homens dessa tribo foi a de que saíssem da região de Madina, levando com eles todas as suas posses, após venderem os imóveis e receberem o que lhes devessem os muçulmanos.

A clemência, demonstrada dessa maneira surtiu efeito contrário ao esperado, os exilados, não somente entraram em contato com os idólatras de Makkah, como com as tribos ao Norte, Sul e Leste de Madina, mobilizando-se em ajuda militar e planejando uma invasão de Madina, a partir de Khaibar, com forças quatro vezes mais numerosos ainda, do que as que foram empregadas em Uhud.

Os muçulmanos prepararam-se para enfrentar um cerco e cavaram um fosso, para se defender do que previam ser a maior provação que teriam que enfrentar, mas a deserção dos judeus, que ainda permaneciam dentro de Madina, numa etapa posterior, transtornou toda a estratégia, porém usando uma diplomacia sagaz, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), conseguiu desarvorar a aliança inimiga e os diversos grupos retiraram-se, um após o outro.

Foi nessa época que foi decretada a proibição, para muçulmanos, do consumo de bebidas alcoólicas e das apostas dos jogos de azar.

A Reconciliação

O Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), tentou ainda, mais uma vez, reconciliar-se com os habitantes de Makkah, a obstrução da rota do Norte, das suas caravanas, havia arruinado a sua economia, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), prometeu-lhes trânsito livre, a extradição dos seus fugitivos e o atendimento de todas as condições que eles impuseram, concordando até voltar a Madina, sem completar a peregrinação à Kaaba, em vista disso, ambas as partes negociadoras prometeram, em Hudaibiya, não só a preservação da paz, mas também a observância da neutralidade, nos seus conflitos com terceiros, este pacto ficou conhecido como O Pacto De Hudaibiya

Aproveitando a paz o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), se lançou a um intensivo programa de propagação da sua religião, ele enviou cartas missionárias aos governantes de Bizâncio, do Irã, da Abissínia e de outros países, o sacerdote autocrático Bizantino, Doughatir dos Árabes, abraçou o Islam, mas por isso, foi linchado pela turba; o prefeito de Ma'an na Palestina sofreu idêntico destino, sendo decapitado e crucificado pelo imperador.

Um embaixador muçulmano foi assassinado na Síria Palestina; e ao invés de punir o culpado, o imperador Heráclito apressou-se a protêge-lo, com o seu exército, da expedição punitiva, enviada pelo Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) que ficou conhecido como a Batalha de Mu'ta.

O idólatras de Makkah, esperando aproveitar-se das dificuldades dos muçulmanos violaram os termos do tratado, diante disso, o próprio Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), liderou um exército de dez mil homens, tomando Makkah de surpresa e sem derramamento de sangue.

Como conquistador benevolente, reuniu os vencidos, lembrou-lhes os seus atos pecaminosos, a perseguição religiosa, o confisco injusto das propriedades dos imigrantes, as repetidas invasões e a hostilidade insensata e contínua dos últimos vinte anos.

Perguntou-lhes: '' Agora, o que esperam de mim ?''

Quando todos baixaram as cabeças, envergonhados, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), proclamou:'' Que Deus os perdoe; vão em paz; não serão chamados à responsabilidade hoje; estão livres !''

Ele inclusive renunciou `a reivindicação das propriedades muçulmanas confiscadas pelos idólatras de Makkah, isso produziu uma grande reviravolta psicológica de ânimos, quando um chefe, dentre eles, se adiantou com o coração transbordante de alegria, após Ter ouvido essa anistia geral, e decidido declarar a sua aceitação do Islam, disse-lhe o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele):

''E, por minha vez, nomei-o governador de Makkah !''

Sem deixar um ínico soldado na cidade conquistada, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), retirou-se para Madina, a Islamização de Makka, realizada em poucas horas, foi completa.

Imediatamente após a ocupação de Makka, a cidade de Ta'if, mobilizou-se para lutar contra o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), com alguma dificuldade, o inimigo foi dispersado, no vale de Hunain, mas mesmo assim, os muçulmanos preferiram levantar o sítio de Ta'if e usar meios pacíficos para quebrar a resistência dessa região.

Menos de um ano depois, uma delegação de Ta'if veio a Madina, oferecer a sua rendição, porém pedia isenção das orações, dos impostos e do serviço militar, bem como a continuação das práticas do adultério da fornicação e do consumo de bebidas alcoólicas, exigiam até que lhes deixassem conservar o templo do ídolo al Lat, em Ta'íf.

Mas o Islam não era um movimento materialista e imoral, e a delegação não tardou a envergonhar-se das suas exigências, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), concordou em conceder uma isenção dos impostos e da prestação de serviços militares, dizendo:

''Vocês não precisam demolir o templo com as suas próprias mãos; mandaremos gente nossa para essa tarefa, e caso haja alguma conseqüência das quais vocês temem, devido as suas superstição, ela recairá sobre os nossos homens.''

Este ato do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), mostra bem que concessões podiam ser feitas aos novos convertidos, a conversão dos habitantes de Ta'if foi tão sincera que em pouco tempo, eles próprios renunciaram às isenções pactuadas com o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

Em todas essas guerras que se estenderam por um período de dez anos, os não muçulmanos perderam no campo de batalha não mais do que 520 homens, enquanto as perdas dos muçulmanos foram ainda menores.

Com essas poucas incisões, toda a Península Arábica, com os seus dois milhões de quilômetros quadrados, se viu curado do abcesso da anarquia e da imoralidade, durante esses dez anos de lutas desinteressadas, todos os povos da Península Arábica e das regiões vizinhas ao sul do Iraque e da Palestina haviam abraçado voluntariamente o Islam.

Alguns grupos cristãos, judaicos e masdeístas permaneceram ligados às suas crenças, e a estes foi concedida a liberdade de consciência religiosa, assim como a autonomia judicial e jurídica.

No ano 10 Da Hégira, quando o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) foi a Makkah em peregrinação encontrou lá 140.000 muçulmanos, vindos das mais diversas regiões da Arábia, para cumprir a sua obrigação religiosa, que ficou conhecida como a Peregrinação da Despedida.

Pronunciou para eles o que se tornou o seu célebre sermão, no qual resumiu os seus ensinamentos:

''A crença no Deus Único, sem imagens ou símbolos, a igualdade de todos os fiéis, sem distinção de raça ou classe, a superioridade dos indivíduos derivando unicamente da devoção, a santidade da vida, da propriedade e da honra, a abolição da usura, das vinganças e da justiça particular; o tratamento melhor para as mulheres, a noção da possibilidade de acumulação de riquezas, a distribuição obrigatória, dos bens dos falecidos entre os seus parentes mais próximos de ambos os sexos, e não a concentração das mesmas nas mãos de uns poucos, o Alcorão e a conduta do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), deveriam servir de fundamento à lei de critérios sadios para todos os aspectos da vida humana.''

Ao voltar para Madina, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), caiu doente; e algumas semanas mais tarde, quando exalou o seu último suspiro, o fez com a satisfação de que havia cumprido a altura a tarefa que tinha empreendido; a de pregar ao mundo a mensagem de Deus, o Islam.

Ele legou toda a posteridade uma religião de puro monoteísmo; criou um estado disciplinado, a partir do caos que existia e trouxe a paz, para substituir a guerra de todos contra todos; estabeleceu um equilíbrio harmônico entre os assuntos espirituais e os temporais, entre a Mesquita e a cidade; deixou um novo sistema de leis, que distribuiu a justiça imparcial, à qual até o chefe de estado estava tão sujeito quanto qualquer plebeu, e na qual a tolerância religiosa era tanta, que os habitantes não muçulmanos dos países muçulmanos, desfrutavam igualmente de total autonomia judicial e cultural.

Em matéria de receitas dos Estado, estabeleceu os princípios orçamentários e se preocupou mais com os pobres do que com os demais, as receitas foram ressalvadas terminantemente, de vira ser transformadas em propriedades particular do chefe de estado, acima de tudo, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) deixou um exemplo nobre, pela prática integral de tudo o que ensinava aos outros.