sexta-feira, abril 05, 2013

O Caráter do Muçulmano - 9‏ - Cumprir o Prometido é Parte Essencial da Conduta do Muçulmano

Bismillah!
Ser Fiel à Palavra - Cumprir o Prometido é Parte Essencial da Conduta do Muçulmano
Shaikh Mohamad Al Ghazali
Tradução: prof. Samir El Hayek

Quando um muçulmano empreende alguma coisa, ele deve respeitar o empreendimento. Quando ele toma parte em algum contrato, ele deve honrar seu compromisso até o final. Essa e uma condição da fé, de que o homem, ao se propôr algum objetivo, faça-o com intenção de levá-lo até a conclusão dele, como a água, que corre pelas vertentes até encontrar o nível do mar. Ele deve ser conhecido entre a gente como um homem fiel à sua palavra, que não deixa existir dúvidas ou temores nas transações de que participa, sendo alguém que não rompe um trato.

O cumprimento das promessas e necessário. Assim como quando se faz um juramento, e esse tem de ser redimido. Mas, tal fidelidade à palavra e exigido quando a transação e legítima e verdadeira, não tendo algum valor o cumprimento de promessas em relação a algo pecaminoso e que seja em desobediência a Deus, como as juras também não tem valor no pecado.

O Mensageiro de Deus disse: “Se alguém fez um juramento, mas viu um aspecto mais benéfico em outra coisa, ele pode romper o juramento mediante uma compensação (indenização) e deve fazer aquilo que for melhor e mais benéfico.” (Musslim)

Não é correto um homem insistir em resgatar um juramento. Será melhor nesse caso rompê-lo. Em certa tradição está dito:
E pecaminoso um homem dentre vós procurar a sua esposa sem ter resgatado um juramento, sendo diferente quando ele tenha se redimido de algum compromisso (indenizado) conforme havia sido estabelecido no caso do rompimento de um juramento.” (Bukhári)

Por esse motivo, nenhuma promessa ou pacto é correto e válido a não ser que seja feito em assuntos idôneos. Quando um homem tiver se comprometido a fazer determinada ação benéfica, ele deve fazer todo o possível de conclui-la enquanto ela lhe parecer boa. E ele deve muito bem saber que deve se ater sempre a conversa sadia, à fé e à crença Não há lugar para o rompimento de promessas, dúvidas e vacilações.

Anas ibn Malik diz que seu tio Anas ibn Nadar não pôde tomar parte na batalha de Badr, e disse ao Profeta: “Ó Mensageiro de Deus! Na primeira batalha que você travou com os politeístas eu não pude tomar parte. Mas se Deus me conservar junto do Profeta, então verão de fato de que sou capaz na segunda batalha contra os politeístas.”

Quando na batalha de Uhud, os combates estavam encarniçados e os muçulmanos estavam recuando, ele suplicou a Deus: “Ó Deus! Imploro perdão pelos erros que eles cometeram, e me declaro inocente das transgressões dos politeístas.” E dito isso, penetrou fundo no foco da batalha. No caminho encontrou-se com Sa‘ad ibn Mo‘az a quem disse: “Ó Sa‘ad ibn Mo‘az! Pelo Deus de Nadar, siga para o Paraíso. Eu sinto o perfume dele no vale de Uhud.” Sa‘ad disse: “Ó Mensageiro de Deus! O amor do martírio que ele mostrou não pode ser descrito. E então avançou.”

Anas conta que encontramos mais de oitenta feridas em seu corpo causadas por espadas, pontas de lança e flechas. Os politeístas haviam desfigurado seu corpo e foi difícil identificá-lo. Só com grande dificuldade que sua irmão identificou por uma verruga que ele tinha nos dedos.

Anas diz que acha que os versículos que seguem tenham sido revelados a respeito de pessoas como ele senão dele mesmo:

Entre os crentes, há homens que cumpriram o que haviam prometido, quando da sua comunhão com Deus; há-os que o consumaram (ao extremo), e outros que esperam, ainda, sem violarem a sua comunhão, no mínimo que seja.” (33ª:23).

Memória e Determinação - essenciais para o Cumprimento de Promessas

O cumprimento de promessas depende de dois fatores. Possuindo ambas essas coisas, o cumprimento de promessas será fácil. Deus exigia de Adão que este prometesse não se aproximar da árvore proibida, mas Adão esqueceu logo sua promessa. E assim, se tornou presa da fraqueza e rompeu a promessa:
“Havíamos firmado o pacto com Adão, porém, ele esqueceu-se dele; então vimos nele nenhuma firme resolução.” (20ª:115).

Isso mostra que a deficiência de memória e a fraqueza de determinação são dois obstáculos que se opõe no caminho do cumprimento do dever. E isto é de se estranhar, de que o homem, estando freqüentemente assolado pelas privações dos tempos, por diversas dificuldades e pressionado por diferentes problemas, seja capaz de esquecer as realidades claras e abertas. Para ele as imagens claras aparecem fora de foco, e as realidades que são tão resplandecentes quanto a luz do sol, parecem desaparecer das suas vistas.

Nessas condições, a necessidade de um lembrete torna-se premente, para superar a negligência e o esquecimento, e para conservar essa coisa importante diante dos olhos dos homens. Existem diversos versículos do Alcorão que foram revelados para resguardar a memória:
“Segui o que vos foi revelado por vosso Senhor e não sigais outros protetores em lugar d‘Ele. Quão pouco meditais!” (7ª:3).

E eis aqui a senda reta do teu Senhor. Já elucidamos as leis para aqueles que meditam“ (6ª:126).
“Ó filhos de Adão, enviamos-vos vestimentas, tanto para dissimulardes vossas vergonhas, como para o vosso aparato; porém, o pudor é preferível! Isso é um dos sinais de Deus, para que meditem.” (7ª:26)Æ
“Do mesmo modo ressuscitamos os mortos, para que mediteis.” (7ª.57)

A memória e a lembrança vivas e alertas são essenciais para o cumprimento de promessas. O homem que esquece suas promessas e pactos, como pode ele cumpri-los? Eis porque o seguinte versículo foi terminado por uma nota admoestadora após ter ordenado o cumprimento da palavra:
“...e cumpri os vossos compromissos para com Deus. Eis aqui o que Ele vos prescreve, para que mediteis“ (6ª:152).

Se um homem tem uma memória forte a respeito dos compromissos de suas promessas, será também necessário que esteja determinado a cumpri-los -– uma determinação que seja persistente e incansável em relação a isso – uma determinação que seja capaz de superar todas as tentações de rebeldia, e que seja capaz de aliviar as cargas vindouras de dificuldades. Deverá ser uma determinação que seja capaz de atravessar todos os vales difíceis e todos os obstáculos, e que seja capaz de servir de exemplo de sacrifício desprendido para outros.

As medidas para avaliar as pessoas variam de pessoa a pessoa. O preço que temos que pagar para nos mantermos fieis e freqüentemente muito alto. As vezes exige que sacrifiquemos a riqueza, a propriedade, e as coisas mais estimadas, para fazê-lo.

Mas estas dificuldades, sacrifícios e provas de determinação terminam por comprovar serem os passos que tem necessariamente que ser trilhados em direção à grandeza e à honra, como diz o poeta:
Porque ele, que considera caras a sua vida e coração, deveria ir (procurar) sua amada onde ela mora.”
O Sagrado Alcorão criticou severamente aqueles que buscam alcançar elevados níveis de êxito e glória na sombra de uma vida confortável:

“Pretendeis, acaso, entrar no Paraíso, sem antes terdes de passar pelo que passaram os vossos antecessores? Açoitaram-nos a miséria e a adversidade, que os abalaram profundamente, até que, mesmo o Mensageiro e os crentes, que com ele estavam, disseram: Quando chegará o socorro de Deus? Acaso o socorro de Deus não está próximo?” (2ª:214)

Quando um homem desenvolve em si mesmo as forças combinadas de uma mente consciente e alerta, e um coração repleto de determinação, então ele pode considerar-se qualificado para entrar no seio do grupo de fieis.

O Maior dos Pactos

Para o muçulmano, o pacto mais honroso e sagrado é aquele que ele fez com seu Senhor, pois Deus o criou com o Seu Poder. Ele o nutriu à sombra das Suas graças e benesses, exigindo dele que reconhecesse e admitisse a realidade. Nenhum fator desorientador deveria fazer ele se desviar do caminho reto para que ele não viesse negar tais realidades, nem perdê-las de vista:

“Porventura não vos prescrevi, ó filhos de Adão, que não adorásseis Satanás, porque é o vosso inimigo declarado? E que Me agradecéceis, porque esta é a senda reta?” (36ª:60-61)

Aqueles que não escutam os profetas nem seguem os seus ensinamentos, em sua natureza também há motivadores que os explicam  mostram-lhes o caminho do seu Senhor, e tentar fazê-los perceber a grandeza do Criador, por mais corrupto e poluído que o ambiente possa ser.

Este e o significado do pacto que Deus aceitou de todos os seres humanos:
E de quando o teu Senhor extraiu das entranhas dos filhos de Adão os seus descendentes e os fez testemunhar contra si próprios, dizendo: Não é verdade que sou o vosso Senhor? Disseram: Sim! testemunhamo-lo! Fizemos isto com o fim de que no Dia da Ressurreição não dissésseis: Não estávamos cientes. Ou não dissésseis: Anteriormente nossos pais idolatravam, e nós, sua descendência, seguimo-los. Exterminar-nos-ias, acaso, pelo que comete-ram os frívolos? Assim elucidamos os versículos, a fim de que desistam“ (7ª:172-174)

Não existiram, como se vê do sentido aparente destes versículos, quaisquer diálogos, mas está presente uma imagem de um povo de mente e natureza sã, testemunhando de como são cientes de Deus, como reconhecem a Ele, como percebem Sua Unicidade e Grandeza das provas espalhados pelo universo, e como rejeitam todos os costumes convencionais e hábitos que mantém os homens afastados deste Senhor, e daqueles que associam outros (deuses) a Deus. Este estilo de oração e escrita e comum na linguagem árabe.
Ao honrar este Pacto, a fidelidade do homem se torna seu alicerce de auto-estima e dignidade neste mundo e do êxito e glória na Outra Vida.

É uma preocupação e um temor indevidos de que, cumprindo o nosso Pacto com Ele, ainda assim tenhamos que ficar apreensivos de nos recair algum desastre:
Recordai-vos das Minhas mercês, com as quais vos agraciei. Cumpri o vosso compromisso, que cumprirei o Meu compromisso, e temei somente a Mim.” (2:40).

O Profeta costumava passar estas instruções às tribos que o procuravam quando ele comunicava a Mensagem do Islam, e ele geralmente expunha-lhes somente uns poucos aspectos no começo, na medida das capacidades intelectuais e físicas do seu povo, ao invés de assoberbá-los com todos os ensinamentos (de uma só vez).

Auf ibn Málik diz que ele estava com o Profeta certa ocasião em que havia sete, oito ou nove pessoas presentes. Ele nos perguntou: ‘“Sereis capazes de fazer um juramento de voto de confiança ao Mensageiro de Deus?” Nós estendemos as nossas mãos para ele, dizendo: “Juramos fazê-lo, ó Mensageiro de Deus!” Ele então disse: “Vosso juramento é de que adorais a Deus. Não associa ninguém a Ele, e oferecei as cinco orações diárias, escutai e obedecei.” E num tom mais baixo acrescentou: “E nem pedi nada ao povo.”
Auf ibn Málik diz: “Eu vi algumas dessas pessoas que haviam jurado que quando a arma deles caísse ao solo, eles não pediriam a ninguém para pegá-la e entregá-la a eles.” (Musslim)

E com que escrúpulo esse juramento está sendo observado e com que severidade está sendo rigidamente reservado! Não havia nenhum significado especial nesse juramento. Cada grupo costumava ser instruído de acordo com a sua natureza e circunstâncias. O governante era aconselhado a não ser cruel. O comerciante era avisado para não fraudar nem enganar, e os empregados eram admoestados contra o suborno. De outro modo, cada muçulmano é comprometido em obedecer a sua religião como um todo, com todos os seus preceitos e princípios, e ele será questionado no Dia do Juízo Final sobre a chari‘a toda. Entretanto, no mundo Islâmico tem aparecido algumas seitas que fazem um juramento a parte de natureza especial. Esses não devem ser levados em conta. Eles são como os charlatães que se apresentam como médicos. Prescrevem drogas espúrias e complicam a doença, pondo em perigo a vida do paciente.

Os ensinamentos Islâmicos não podem nem ser divididos, nem apartados. Todos eles devem ser obedecidos, e a injunção deles e necessária sempre e em todos os lugares.

O Juramento Ideal dos Ansar

O Mensageiro de Deus aceitou um juramento dos Ansar de que eles sustentariam essa Mensagem com as suas próprias vidas e bens, e que fariam o máximo possível para proteger a condição do Profeta, até que a Mensagem tivesse sido comunicada tanto aos árabes como aos não-árabes.

O Pacto assumido pelos Ansar e considerado como sendo o pacto mais glorioso dos anais da crença. Não se lhe encontra igual em sinceridade, devoção desprendida e total submissão à Verdade.

Esse pacto foi estabelecido em uma noite gloriosa da época do Hajj. E depois dele, as pessoas continuaram a cuidar de suas vidas e seus afazeres. Mas aqueles que haviam feito o juramento, ocuparam-se em criar as condições necessárias ao cumprimento desse tratado histórico, e aceitaram todas as suas exigências e desafios com disposição e espontaneidade.

Na batalha de Badr e em outras batalhas do Islam contra a idolatria, derramaram seu sangue como se fora água. O Profeta tinha uma confiança ilimitada nesse Pacto pela supremacia da religião nos tempos das privações e para o soerguimento do mundo de Deus. Assim sendo, quando durante o primeiro ataque na batalha de Hunain, os muçulmanos estavam recuando, o Profeta não olhou para os contingentes dos novos muçulmanos, mas chamou os seus seguidores fieis que haviam firmado o pacto no vale naquela noite da época do Hajj, para que eles assumissem o domínio da situação.

Anas narra que quando a batalha de Hunain foi terminada, as tribos de Hawazan e de Ghatfan haviam participado na luta com suas fortunas, equipamentos e filhos. O Profeta tivera um exército de dez mil homens, que também incluía os homens endividados ao tempo da vitória de Makka, mas que o haviam abandonado todos, deixando o inteiramente sozinho.

Naquela ocasião ele fez uma segunda convocação. Voltou-se para a direita e bradou: “Ó Povo dos Ansar!” Eles responderam: “Estamos aqui, ó Mensageiro de Deus! Estamos contigo, fique sossegado.” O Profeta estava montado em uma mula cinza. Ele apeou dela e disse: “Eu sou um servo de Deus, e Seu Mensageiro.”
Os politeístas foram derrotados e se recolheu um grande botim pelo exército islâmico. O Profeta distribuiu o botim entre os recém-chegado que aceitaram o Islam no dia que Makka foi conquistada, e os muhajirin. Mas não distribuiu nada aos ansar. Isto perturbou um pouco aos Ansar. Eles fizeram comentários entre si tais como: quando a situação estava crítica, nós fomos chamados, e quando se obteve o botim, ele é distribuído entre os outros. Quando o Profeta veio a saber isto ele os reuniu e perguntou:

Óh povo de ansar! Que notícias (são essas) que me chegam de vós?” Eles ficaram calados. Então ele disse: “Óh povo de ansar! Não vos agrada que outros levem os bens terrenos com eles, e que vocês voltem (só) com Mohammad para os vossos lares.” Eles responderam: “E porque não ó Mensageiro de Deus? Estamos satisfeitos.” O Profeta então disse: “Se o povo andar por um vale e os ansar por outro, eu andaria pelo vale dos ansar.”(Bukhári).

A verdade nesse episódio é que a grande Mensagem precisava da espada afiada dos ansar. Eles cumpriram a promessa deles sacrificando suas vidas e tudo o que possuíam. Eles não pretendiam os lucros efêmeros deste mundo, nem quaisquer dos prazeres e vantagens temporários.

A política do Profeta na distribuição do botim proveniente da batalha foi baseada nos níveis da sinceridade e fé deles. Os beduínos que se tornaram muçulmanos mais tarde precisavam de ajuda financeiramente para que não se desencorajassem com as dificuldades que lhes adviriam como conseqüência da conversão deles ao Islam. Portanto, o Profeta quis proporcionar-lhes alguma segurança e bem estar, e como os ansar possuíam uma fé total e uma crença inabalável, o Profeta não lhes modificou a condição delesÆ
Em tais circunstâncias, o Profeta disse:
“Eu dou algumas coisas a algum homem para que ele não seja (em razão dos seus maus atos) atirado no Inferno por Deus, apesar de haver pessoas que me são muito mais queridas.” (Bukhári)

Esquecer o Passado é uma Forma de Romper uma Promessa

A louvável qualidade de ser cumpridor da palavra também exige que o homem sempre se lembre de seu passado, para que dele possa tirar uma lição que lhe sirva no seu presente e futuro. Se ele fora um homem pobre e Deus o tornara rico, ou se ele fora doente e Deus o tornou são, então não é correto ele erigir um muro forte entre seu passado e o presente de maneira a que ele não pense mais de que fora pobre ou doente, e nem construa seu presente alicerçado em tal (falso) orgulho. Esse comportamento é de abjeta ingratidão e é imoral.

Constitui a traição de uma promessa, o que leva o homem à desintegração. Muitas vezes um homem desses escapa das graças de Deus, e uma vez que isto ocorra, não recebe mais instrução nem disposição para retornar à sombra dessa benesse.

Diz-se que em Madina, um homem chamado Sa‘alba, foi a uma reunião dos ansar, e concitando-os como testemunhas, declarou que se Deus lhe conferisse uma graça, ele pagaria a dívida de todo aquele que o reivindicasse comprovadamente, distribuiria dinheiro como caridade, e seria bondoso para com seus parentes. Aconteceu que um primo seu veio a morrer e ele herdou toda a propriedade deste. Mas ele não cumpriu a promessa feita nem atentou para o que ele próprio declarara. Em conseqüência disso, Deus revelou os seguintes versículos:

Entre eles há alguns que prometeram a Deus, dizendo: Se Ele nos conceder Sua graça, faremos caridade e nos contaremos entre os virtuosos. Mas quando Ele lhes concedeu a Sua graça, mesquinharam-na e a renegaram desdenhosamente. Então, Deus aumentou a hipocrisia em seus corações, fazendo com que a mesma durasse até ao dia em que comparecessem ante Ele, por causa da violação das suas promessas a Deus, e por suas mentiras. Ignoram, acaso, que Deus bem conhece os seus segredos e as suas confidências e é Conhecedor do desconhecido?” (9ª:75-78).

O pior caso de traição de promessa, exemplo de ingratidão e deslealdade é aquele acontecido entre os Bani Israel que é citado dentre os provérbios do Profeta por Abu Huraira. Dissera o Profeta:
Havia três pessoas israelitas, um leproso, um calco e um cego. Deus quis experimentá-los. Ele enviou um anjo a cada um deles. O anjo que foi ao leproso, perguntou a este o que ele desejava mais. Este respondeu; “Uma cor robusta, uma pele bonita e uma cura para a minha doença, por razão da qual sou detestado pelas pessoas.” O anjo tocou seu corpo com a mão e a lepra dele foi removida, tornando-se ele dono de uma compleição robusta e uma pele bonita. O anjo perguntou-lhe novamente: “O que te apraz melhor?” Ele respondeu. “Um camelo.” O anjo deu-lhe uma camela prenha, e orou: “Que Deus multiplique estes teus bens.” Então o anjo foi procurar o cego, e perguntou a este o que ele desejava mais. O cego respondeu: “Que Deus me devolva minha visão.” O anjo tocou seus olhos e sua visão foi restaurada. Ele perguntou pela segunda vez o que ele queria mais. Ele respondeu: “Uma cabra.” O anjo deu a ele uma cabra prenha. Então o anjo foi ao homem que era calvo, e perguntou-lhe o que ele mais desejava. O calvo respondeu: “Belos cabelos, e que me seja removida minha feiura que faz com que as pessoas me evitem.” O anjo tocou-o e seu mal foi curado, e cresceu-lhe um tufo de belos cabelos. Então o anjo perguntou-lhe de que ele mais gostava. O homem respondeu: “Uma vaca.” O anjo deu-lhe uma vaca prenha e rezou para que Deus lhe desse prosperidade.

Todos os três animais geraram sua prole. Esta aumentou em número. O primeiro tinha uma manada de camelos, o segundo passou a ter muitas cabras, e o outro um grande número de vacas.

Então o anjo voltou a aparecer diante do leproso, desta vez na forma de um homem, e disse a ele: “Eu sou um homem pobre. Todos os meus parentes ficaram separados de mim durante a viagem, e agora só o que me sustém é Deus, e através d‘Ele você. Rogo-te em nome d‘Aquele que te deu uma compleição robusta e uma pele limpa, que me des um camelo. Ajudar-me-ás nesta minha viagem?” Ele respondeu que havia direitos em abundância. O anjo disse: “Reconheço-te. Não estavas sofrendo da lepra e do despreza das pessoas? Não eras um necessitado a quem Deus concedeu uma porção de bens?”
Ele respondeu: “Não. Esta propriedade, eu a recebi como herança de meu pai e do meu avô.” O anjo disse: “És um mentiroso, por isso que Deus te faça retornar à tua condição antiga.”
Do mesmo modo, ele foi ao calvo e conversou com ele no mesmo diapasão. E este deu a mesma resposta que o primeiro havia dado. O anjo então amaldiçoou-o dizendo que se ele era mentiroso, que então Deus o fizesse tornar à condição anterior.
Então ele foi ao homem cego e conversou com este do mesmo modo, e rogou que este lhe desse uma cabra. O cego disse: “Eu era na verdade um cego, mas Deus devolveu-me a visão. Você pode levar o que quiser e deixar o tanto somente que quiseres deixar. Por Deus, não poderei discutir contigo sobre aquilo que me veio por obra e graça de Deus.” O anjo disse-lhe para conservar as coisas. O propósito fora apenas para testá-los. Ele agradou a Deus enquanto que seus dois companheiros foram submetidos à ira d‘Ele.” (Bukhári)

Nos negócios, no comércio, e em outros assuntos financeiros e econômicos, só se pode criar uma atmosfera de credibilidade quando o cumprimento de promessas é considerado como sendo um dever.

É preciso que quaisquer condições escritas estejam dentro dos limites dispostos pela chari‘a, pois se não for assim, não lhes haverá sanção e um muçulmano não será comprometido por elas.

O Islam dedicou uma consideração especial ao contrato de casamento. O Mensageiro de Deus disse: “Entre as condições que vocês acordarem mutuamente, a mais merecedora de cumprimento é a do contrato pelo qual vocês tornam suas partes íntimas lícitas (halal) a vocês.” Por esse motivo, não é lícito um marido manipular sequer um único dirham que legalmente pertença à sua esposa, ou de considerar ser sem importância o elo que o une (a ela).

Menciona-se na tradição que: “Se um homem casou-se com uma mulher comprometendo um dote (mehr), seja este pequeno ou grande, mas no fundo do seu coração ele não tinha nenhuma intenção de desembolsar esse dote, então ele a enganou. Se ele morrer sem ter-lhe pago o que lhe pertence, então no Dia do Juízo Final ele será trazido à presença de Deus como um estuprador. E também o homem que houver tomado um empréstimo de outro homem sem ter a intenção de o reembolsar, então também terá enganado o outro, fraudando-o conseqüentemente. Se ele morrer nessa condição, sem reembolsar a divida, ele será como um ladrão diante de Deus.” (Tabarani)

Não há nada surpreendente nisso, uma vez que há inúmeros versículos Alcorânicos que insistem em recomendar o cumprimento de promessas e admoesta contra a prática da deslealdade e o rompimento da palavra:
“...cumpri o convencionado, porque o convencionado será reivindicado.” (17ª:34)
“Cumpri o pacto com Deus, se o houverdes feito, e não perjureis, depois de haverdes jurado solenemente, uma vez que haveis tomado Deus como garantia, porque Deus sabe tudo quanto fazeis“ (16ª:91)

Deus esclarece que o rompimento da palavra e a deslealdade destroem a confiança, criam a desordem e a desintegração, cortam relacionamentos, reduzem o poder e tornam as pessoas fracas e vis.

“Não imiteis aquela (mulher) que desfiava sua roca depois de havê-la enrolado profusamente; não façais juramentos fraudulentos (com segundas intenções), pelo fato de ser a vossa tribo mais numerosa do que outra. Deus somente vos experimentará e sanará a vossa divergência no Dia da Ressurreição“ (16ª:92).

Não raro, um homem assina um contrato com alguém mas o rompe por ganância de um lucro maior alhures. Ou então uma nação firma um tratado com outra, mas a cobiça de maiores vantagens e outras considerações a levam a romper seu tratado. A religião considera altamente indesejável que se pisoteie a virtude por causa de algum beneficio temporário, e que o logro e a fraude façam parte das transações dos homens O Islam torna obrigatório tanto ao indivíduo como ao grupo, serem honestos, decentes e sinceros, de maneira a que se cumpram todos os convênios, seja na pobreza ou na riqueza, na vitória ou na derrota.
É por isso que, após ter ordenado que se honrem os convênios, o Alcorão diz:
Não façais juramentos fraudulentos, porque tropeçareis, depois de haverdes pisado firmemente, e provareis o infortúnio, por terdes desencaminhado os demais da senda de Deus, e sofrereis um severo castigo. Não negocieis o pacto com Deus a vil preço, porque o que está ao lado de Deus é preferível para vós; se o soubésseis!” (16ª:94-95)

A Humanidade Inteira Merece que se Cumpra a Promessa

A promessa feita a todos deve ser cumprida, quer a outra parte seja muçulmana quer não, porque a moralidade, a grandeza e a probidade não podem ser repartidos em pedaços, para que algumas pessoas sejam tratadas com maldade e outras sejam tratadas decentemente.

O cumprimento da promessa e convênio depende da verdade e da honestidade na sua elaboração. Enquanto suas bases forem idôneas, ela deve ser cumprida em relação a todo indivíduo e em todos os tempos.

Em relação aos convênios do Profeta com não-muçulmanos, relata-se que este teria dito que se fosse convidado a fazê-los no tempo do Islam, ele aceitaria de bom grado tal convite.
Ammar Ibn Al-Hamaq diz que ouviu o Profeta dizer que: “Se um homem der abrigo por toda a vida a outro, e em seguida o matar, eu não tenho nada a ver com esse indivíduo, mesmo que a vitima seja um incrédulo.” (Ibn Hibban)

Esta afirmação do Profeta mostra como o Islam trata mesmo aqueles que não o aceitam como sua religião. Por outro lado, o comportamento dos judeus é digno de nota. Eles não gostam de cumprir as suas promessas a outros. Eles não acham bom tratar outros com justiça e decentemente. E eles se consideram “filhos de Deus, e seus favoritos.” A crença deles é de que Deus reservou suas bênções e abrigo somente para a rasa judia. Em contraposição a isto, vejamos os ensinamentos islâmicos. O Islam determinou pormenorizadamente os meios para salvaguardar todos aqueles a quem tenha aceito sob sua responsabilidade e com quem tenha estabelecido algum tratado. O Alcorão se dirige aos muçulmanos e fala assim dos incrédulos:

Ó crentes, não profaneis os relicários de Deus, o mês sagrado, as oferendas, os animais marcados, nem provoqueis aqueles que se encaminham à Casa Sagrada, à procura da graça e da complacência do seu Senhor. E quando tiverdes deixado os recintos sagrados, caçai, então, se quiserdes. Que o ressentimento contra aqueles que trataram de impedir-vos de irdes à Mesquita Sagrada não vos impulsione a provocá-los, outrossim, auxiliai-vos na virtude e na piedade. Não vos auxilieis mutuamente no pecado e na hostilidade, mas temei a Deus, porque Deus é severíssimo no castigo“ (5ª∫2)

É assombrosa a beleza com que foram descritos a opinião e as crenças dos incrédulos. Apesar de serem eles idolatras, ainda assim foram configurados como quem buscando o agrado e as benesses de Deus, e os muçulmanos, por mais poder que adquiram, foram recomendados a cooperar uns com os outros na prática da probidade e da clemência, mas não se ajudarem nos atos pecaminosos e de rancor.

O Reembolso de uma Dívida é Necessário

Uma das coisas sobre as quais o Islam insistiu mais e considerou muito importante, e na questão de reembolso de emprestimos. Para Deus, o comportamento correto em relação a isso é mais importante até do que o cumprimento de outros regulamentos. O Islam eliminou todos os desentendimentos e sentimentos de avareza e ganância que transformavam o devedor em vitima, razão pela qual ele tenta achar desculpas para evitar de reembolsar a divida, ou acaba mesmo não a pagando.

Nesse sentido, o Islam avisou de que um empréstimo só deve ser tomado em circunstâncias que o façam inevitável. Tentar conseguir um empréstimo de dinheiro em assunto onde isto seja evitável e uma coisa muito perigosa, e deve ser evitada. Em certa tradição, isto é mencionado como sendo um dos pecados cuja retribuição é necessária.

“Quando um tomador de empréstimos morrer, ele será submetido à retribuição no Dia do Juízo Final. Entretanto, só é permitido: primeiro, quando um homem perde sua vitalidade em combates pela causa de Deus e se serve de um empréstimo para se equipar ao combate dos inimigos de Deus e seus próprios; segundo, quando for vizinho de algum muçulmano que tenha morrido e ele pede um empréstimo para custear o enterro deste, e terceiro, o homem que teme permanecer solteiro, e para salvaguardar sua religião ele pede um empréstimo para fazer face às despesas do casamento.” Deus os perdoará no Dia do Juízo Final.” (Ibn Maja)

Em outra tradição, afirma-se que o Mensageiro de Deus teria dito:
No dia do Juízo Final, Deus chamará o devedor que deverá se apresentar em Sua presença. E então se lhe perguntará: “Ó filho de Adão! Para que pediste o empréstimo E por que dispendeste os direitos de outrem?” Ele responderá: “Ó Senhor nosso! Tu sabes que pedi um empréstimo, mas eu não o usei para comer, nem beber, nem o desperdicei, mas as vezes ocorria um incêndio acidental, outras vezes ocorria um roubo, ou simplesmente se perdia ou se sofria um prejuízo.” Deus dirá então: “Ó meu servo! Dissestes a verdade. Eu tenha mais direito de reembolsá-lo.” E ai Deus pedirá que ele relate algum ato virtuoso e o pesará junto com as razões do devedor numa balança, e se os atos virtuosos dele pesarem mais que seus maus atos, então ele entrará no Paraíso com as graças de Deus.” (Ahmad).

Isto mostra que Deus aceitará as justificativas daqueles que se viram obrigados a emprestar por força das circunstâncias e que não puderam reembolsar o empréstimo em razão de diversas dificuldades verdadeiras.
ao empreender um jihad, o Profeta costumava parar em algum cruzamento de ruas e gritar para os soldados: “Ó meu povo! Se algum tiver dívidas a reembolsar e pressente que poderá morrer na batalha sem que a divida seja paga, este deve então voltar. Ele não precisa vir comigo, porque o jihad não será suficiente para salvá-lo do inferno. (Razin)

Hoje em dia, os muçulmanos resolveram fazer empréstimos (nos dois sentidos) até como diversão. Eles tomam empréstimos para satisfazer sua fome e desejos sexuais, e pagam juros aos judeus e aos cristãos, o que Deus lhes proibiu como sendo coisa ilícita. Como resultado disso eles se tornaram como estranhos em sua própria terra, e se vêem despossuídos de seus bens e postos a vagar desamparadamente.

Reembolsar dividas é muito difícil.

Quantos direitos seriam pisoteados se não houvesse o temor da ação policial!
Deus gosta daqueles dentre os Seus servos que cumprem seus tratados e convênios, e depois de haver destruído diversas cidades, Ele afirmou a respeito deles:
Porque nunca encontramos, na maioria deles, promessa alguma, mas sim achamos que a maioria deles era depravada“ (7ª:102).

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"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

Mohamad ziad -محمد زياد


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quinta-feira, abril 04, 2013

PODE UM RICO ENTRAR NO PARAÍSO? – Segunda Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

No tempo dos nossos Profetas, uns levaram uma vida simples e outros possuíram bens terrenos superiores aos seus seguidores. Lembremo-nos do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) que chegava a passar fome, havendo relatos de que na sua casa, chegavam a passar 3 luas sem se acender o fogão. Foi perguntado a Aisha (Radiyalahu an-há), o que fazia o Profeta em casa? Em resposta, ela disse que ele costumava trabalhar para a sua família e quando ouvia o azan (chamamento para a oração) ele saia de casa e dirigia-se à Mesquita. Bhukari 64:276. O Profeta Daúd (Aleihi Salam), David, que a Paz de Deus esteja com ele, alimentava-se com os ganhos resultantes do seu trabalho manual. Issa (Aleihi Salam) – Jesus (que a Paz de Deus esteja com ele), trajava as roupas mais humildes. Quando se deslocava de um lugar para outro, levava com ele uma caneca para beber água e um pente para se pentear. Quando viu um pobre, numa ribeira a beber água, utilizando as suas mãos e quando o viu arranjar o cabelo utilizando as suas próprias mãos, deitou fora a caneca e o pente. Também houve Profetas possuidores de riqueza e de estatutos sociais elevados. Suleiman (Aleihi Salam), Salomão (que a Paz de Deus esteja com ele), foi um Profeta e um rei. As suas vestes eram as mais elegantes e apropriadas para um monarca. A sua riqueza era incalculável o seu poder enorme. Mas apesar disso, foi um Profeta piedoso e exemplar. Yussuf (Aleihi Salam), José (Que a Paz de Deus esteja com ele), apesar de algumas atribulações, foi próximo da realeza do Egipto com um cargo equivalente a governador. Esta dualidade de estar na vida como Profetas, não lhes diminuiu a fé e cumpriram com a profecia, de acordo com as orientações recebidas de Deus, o Altíssimo.

Entre os companheiros do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) havia muitos que passavam necessidades extremas, chegando a amarrar pedras ao redor da barriga, para enganarem a fome. Mas também havia outros que eram detentores de riqueza, como foi o caso de Abdur Rahman Bin Auf que Deus esteja satisfeito com ele, que informou ao Profeta de que casou e ofereceu mahar (dote/prenda) à sua esposa, ouro    equivalente ao peso duma pedra em formato de tâmara. E o Profeta recomendou-lhe para dar um banquete (walima), mesmo que fosse de um só carneiro. 

O Islão é a prática das acções, é um código da vida. A ética do trabalho (amal) está referenciada no Cur’ane através de diversos versículos. O trabalho espiritual e o trabalho manual são incentivados. Ambos conduzem ao bem-estar do ser humano, porque alimentam o espírito e o corpo. Deus fez o dia como meio de subsistência para os seus servos e a noite para a recuperação de forças para o dia seguinte. A produção da riqueza é incentivada, mas obedecendo a critérios de honestidade. O auto sustento e a partilha da riqueza, a Sadaka, são estimulados, chegando mesmo ao ponto de se recomendar quem não tem nada para dar, deve produzir algo com as suas próprias mãos para oferecer ao próximo. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu: “É obrigatório para todos os muçulmanos darem a esmola (sakaka)” Perguntaram se uma pessoa não tiver nada para dar? Respondeu: Ele deve trabalhar com as suas mãos, para que possa beneficiar-se e dar a caridade. Se não conseguir, deve ajudar os oprimidos. Se não puder, deve dizer o que é razoável. Se não puder, deve abster-se de fazer o mal, porque tudo será considerado como sadaka”. Bhukari 73:51. Todas as boas acções são Sadaka.

O Islão instituiu o Zakat, um dos cinco pilares da religião. O Zakat é a purificação da riqueza. Obriga a todos, financeiramente capazes, para darem uma parte da sua riqueza aos mais necessitados. A melhor caridade é aquela que é dada secretamente, sem que ninguém o saiba – dar com a mão direita, o que a mão esquerda não sabe. O orgulho faz com que muitas vezes se publicite esse acto, anulando por completo as virtudes do mesmo. Se todos os financeiramente capazes,  independentemente da sua religião contribuíssem com o Zakat e com a Sadaka, poderiam ajudar para a erradicação da pobreza e da ignorância neste mundo. Mas a melhor ajuda é aquela que contribui para uma melhoria contínua da vida dos necessitados, como por exemplo a concessão de poços de água. Não dar só o “peixe”, mas também o anzol para que as pessoas possam, por elas próprias, criarem condições para serem auto-suficientes. Imamo Ghazali (Rahmatulahi Aleihi) referiu que é um favor que o pobre faz ao rico (ao receber a caridade), porque a aceitação do sadaka absolve o rico (duma das) obrigações para com Deus e é uma fonte de purificação da riqueza, além de lhe salvar do inferno. No Dia da Ressurreição, uma das perguntas que nos serão colocadas, será: “A riqueza como a obteve a como a gastou?”. Mas também “dar” parte da nossa intelectualidade torna-se obrigatória, conforme muitas recomendações deixadas pelo Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam). 

Quem assim não proceder, certamente que encontrará o “buraco da agulha tão apertado”, que não conseguirá passar por ele para o Paraíso. 

“Não poupes tanto, a ponto de negares aos demais do que tens, pois se o fizerdes, Deus o tirará de ti”. Bukhari e Muslim. Um rico avarento, quando amealha a sua riqueza sem se importar com os outros, “é como beber água do mar, quanto mais se beber, mais sede sentirá”. É uma insatisfação desmedida, que provoca uma sensação de vazio. Mostrará desprezo pelo pobre, quando lhe pedir algo para comer.

“Quanto ao mendigo, não o repilas!” Cur’ane 93:10. Não distribuirá nada da sua riqueza, com medo de empobrecer. Não tirará proveito do que tem e não partilhará a riqueza com os familiares e os pobres. Quando estiver às portas da morte, distribuirá a riqueza aos seus herdeiros. Para tentar salvar a sua alma, habituado ao seu hábito avarento, só deixará uma ínfima parte aos necessitados. No entanto, estará a distribuir

o que já não lhe pertence, pois nada disso levará para a sepultura, a não ser um pano branco que lhe cobrirá a nudez. A Deus pertence tudo o que existe no mundo e nos céus.

In Sha Allah, Este tema será concluído no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá (Presidente da Associação Islâmica da Cidade do Porto - Portugal).

04/04/2013

abdul.manga@gmail.com 

sábado, março 30, 2013

Os três Fundamentos que todos os Muçulmanos devem saber e praticar

Em Nome de Allah, O Clemente, O Misericordioso

Saiba, que os três fundamentos que todo muçulmano e muçulmana devem saber e praticá-los, são:

Conhecer seu Senhor, sua Religão e Seu Profeta ( que a paz de Allah esteja sobre ele); Se for perguntado quem é teu Senhor, diga: meu Senhor é Allah que me Criou e a todas as criaturas, é a Ele que adoro, não há Senhor que mereça adoração a não ser Ele;

E se for perguntado qual é a tua religião, diga minha religão é o Islam, que é a submissão total a Allah adorando somente a Ele, obdecendo as Suas ordens e negando o chirk ( associar algo a Ele) e seu povo.

E se for pergutado quem é o teu profeta, diga é Muhammad filho de Abdullah ibn Abdu Mutallib ibn Hachem, da tribo Qoraich, dos árabes, e os árabes sao descendente de Ismael filho de Ibrahim ( que a paz esteja sobre eles).

Primeiro: adorar somente a Allah, e não atribuir parceiros na sua adoração, defendendo e apoiando o tauhid (monoteismo) e os monoteistas, negando o chirk e seus meios, e advertir sobre seu perigo e gravidade;

Segundo: não adorar a Allah, a não ser da forma que o Ultimo dos Mensageiros ensinou e isto esta contido na Sunnah Autentica, a crença no Mensageiro tem seus pilares que são: tasdiq (crer em tudo que ele nos informou), ijtinab (se afastar de tudo que ele proibiu), ta'ah (obedecer tudo que ele nos ordenou) emutaba'ah (nao adorar a Allah exceto na forma em que ele ensinou).

As condições de La ilaha illa Allah:

Săo sete as condiçőes para os testemunho de Fé;
1)Conhecimento, que nega a ignorância;
2) Certeza, que nega a dúvida;
3) Sinceridade e pureza de intençăo, que nega o Shirk;
4) Verdade, que nega a hipocrisia;
5) Submissăo, que nega a desobedięncia;
6) Aceitaçăo, que nega a rejeiçăo ou a negaçăo;
7) Amor a frase, o que nega o repudio;

1) A prova do conhecimento, diz Allah:

“Saiba, que não ha divindade ‘que mereça adoraçao’ a não ser Allah”." Sura 47-19 e no versc. 86 da sura 43: "Exceto que testemunhar com conhecimento". Sabendo o significado da frase que está sendo testemunhada.

2) A prova da certeza (yaqin):

a) Allah, Louvado seja diz:

“Somente são crentes, aqueles que creem em Allah e em Seu Mensageiro e não duvidam, e se sacrificam pela causa de Allah com seus bens e suas vidas. Estes são os verdadeiros." Sura 49 versc. 15,

Allah fez o fato de não duvidar, uma condição para fé n'Ele e em Seu Mensageiro, quem duvida naquilo que Allah e Seu Mensageiro Dizem não possuem a fé completa

b) A prova na Sunnah um hadith sahih de Abu Huraira, que o Mensageiro de Allah (sws) disse :

"Ninguém encontrará Allah, com o testemunho que não há divindade a não ser Ele e que sou Seu Mensageiro, sem duvidar desta declaração, sem que (mereça) entrará no paraiso.”E num hadith, que o Mensageiro de Allah disse a Abu Hureira:” Vá, e quem voce encontrar atras daquela parede testemunhando que não há divindade (que mereça ser adorado) a não ser Allah, com convicção no coração, anuncie boas-novas com o paraiso." Isto num longo hadith narrado por Muslim.

3) As provas da sinceridade e pureza de intençăo (ikhlas), que nega o Shirk:

a) Diz Allah no Alcorão: 

“E adorai a Allah com sincera devoção...”." Sura 39-3 e "E eles nao foram ordenado a não ser que adorassem Allah com sincera devoção" Sura 98- 5 b) Disse o Mensageiro de Allah(s):

"A pessoa mais feliz em receber a minha intercessão no Dia do Juizo será quem prestar testemunho com sinceridade em seu coração." narrado por Muslim.

4) As provas da verdade (sidq), que é o contrario a hipocrisia:

a) Diz Allah: 

"Ó humanos acreditam que serão deixados só porque dizem: cremos! sem serem postos à prova? Pois Nós Testamos aqueles que vieram antes de vós, a fim de que Allah saiba quem que é o verdadeiro e o falso." Sura 29-2 e 3 e na Sura 2-6 e 5 :

"Entre os homens ha aqueles que dizem: cremos em Allah e no Dia do Juizo, porém não são crentes, pensam que enganam Allah e aqueles que creem, porem não enganam a não ser a si mesmos sem perceberem. Há doença em seus corações, e Allah aumenta doença em seus corações, e terão um castigo doloroso pelo que desmentiam."

b) E na Sunnah:

“Não a uma pessoa que testemunhe que não há divindade (que mereça ser adorado) a não ser Allah, e que Mohammad é Seu Servo e Mensageiro, com sinceridade em seu coração, sem que o fogo do inferno fique vedado a ele”. Narrado por Bukhari e Muslim no hadith de Mu’az bin Jabal

5) As provas da Submissão, que é o oposto à desobediência:

a) E Allah diz:

“E voltem todos para vosso Senhor, e submetam-se a Ele”. Sura 39-54

E quem submete sua face a Allah, e é benfeitor, ter-se-a pego num firme sustentáculo.”Sura 31-22; e Disse Allah:

"Entao, por Teu Senhor! Não crerão; até que te tome por árbitro das suas discusões, e em seguida não encontrem, em si mesmos, constragimento no que julgaste, e até que se submetam completamente." Sura 4-65.

b) E da Sunnah, no hadith :

"Não será crente até que seus desejos sigam o que eu trouxe (a mensagem, o islam)." Isto é: a submissão total. Relatado por Abu Nu’aim e Tabarani

6) Provas da aceitação, que é o oposto a rejeição ou a negação:

a) E Allah Diz: 

“E assim, antes de ti (Muhammad), jamais enviamos alguma cidade admoestador algum, sem que seus opulentos habitantes dissessem: ‘por certo, encontramos nossos pais numa crença e, por certo, estamos seguindo seus passos”. Ele 'o profeta' disse: ainda que eu vos chegue com algo que guia melhor que aquilo em que encontraste vossos pais? Disseram: 'por certo, somos incrédulos, com que sois enviados'." Sura 43-23 e 24.

b) E Allah Diz:

“E eles, quando lhes era dito: digam que não ha divindade a não ser Allah, se engradeciam em soberba e diziam: por acaso, deixaremos nossos Allahes por causa de um poeta e louco?”.. 37-35 e 36”.

c) E na Sunnah, o hadith:

"O exemplo de que Allah me enviou com a guia e o conhecimento, é como a chuva abundante que cai sobre uma terra , se ela for boa, absorvera a água e nascerá depois vegetação abundante, as pessoas depois poderão beber, plantar e colher, mas se a terra for seca, esta sugará toda a água, e não nascerá nada de vegetação, este é o exemplo de quem compreende a religião e torna-se benéfico naquilo que fui enviado, aprende e ensina, quanto aquele que não compreende a religião, não aceitará a guia pela qual fui enviado com ela." Relatado por Bukhari e Muslim no hadith de Abu Mussa al Achaari

7)A prova do amor (mahabba):

a) Allah Diz:

“Entre os humanos há aqueles que adotam, em vez de Allah, rivais (a Ele) aos quais professam igual amor que a Ele; mas os fiéis só amam fervorosamente a Allah”. Ah, se os iníquos pudessem ver (a situação em que estarão) quando virem o castigo (que os espera!), concluirão que o poder pertence a Allah e Ele é Severíssimo no castigo." Sura 2-165

b) E na Sunnah:

"Três qualidades e quem as tiver , encontrará o sabor da fé, a primeira é de quem ama Allah e Seu Mensageiro acima de tudo; a segunda é a de quem ama as pessoas por amor a Allah; a terceira é a de quem abomina e destesta retornar ao kufr, depois de Allah tê-lo livrado dele, como não desajaria ser jogado no fogo." Relatado por Bukhari e Muslim no hadith de Anas ibn Malik

Tauhid e suas categorias

Primeiro: Tauhid Rububiiah (Unicidade da Soberania de Allah), esta forma de tauhid era conhecida pelos idólatras Qoraichitas[1] na época do Profeta, e mesmo assim, não os fez muçulmanos, alem disto o Profeta SAAS os combateu. Isto significa a crença na Unicidade de Allah, no que se refere a Suas Obras, tal como ser o Unico Criador, Sustentador, Provedor. A prova disto esta na Dize: Quem vos agracia com os seus bens do céu e da terra? Quem possui poder sobre a audição e a visão? E quem rege todos os assuntos? Dirão: Deus! Dize, então: Por que não O temeis? Sura 11 -31, e os versículos são muitos.

Segundo: Tauhid Uluhiia (Unicidade de Allah na adoração): esta é a forma de Tauhid que o Profeta foi enviado, significa que todos os atos de adoração devem ser somente a Allah, porque somente Ele merece ser adorado, é a unicidade na adoração, como du'a (adoração), khauf (temor), tawakul (confiança), e outras formas de adoração que devem ser somente a Allah.

Terceiro: Tauhid Asma ua Sifat, é o monoteismo e crença na unicidade de Allah em Seus Atributos, e Allah diz: “Diga: Allah é Único, O Absoluto, não gerou e nem foi gerado, e ninguém e comparado a Ele”.E disse o Altissimo: “E pertence a Allah os sublimes Nomes...” Sura 7-180 e “E não ha nada que seja comparado a Ele”.  

O Chirk e suas categorias

O Chirk se divide em três categorias: chirk maior, chirk menor e chirk oculto.

O Chirk Maior anula todas as ações e Allah não perdoa quem comete este tipo de Chirk, disse o Altissimo.

“E Allah não perdoa quem lhe atribuir parceiros”.E disse ainda: "Blasfemos aqueles que dizem: Allah é o Messias, filho de Maria, ainda quando o mesmo Messias disse: Ó israelitas adorai a Allah, Que é meu Senhor e vosso. A quem atribuir parceiros a Allah, ser-lhe-á vedada a entrada no Paraíso e sua morada será o fogo infernal! Os iníquos jamais terão socorredores. Por que não se voltam para Allah e imploram o Seu perdão, uma vez que Ele é Indulgente." Sura 5-72

"Já te foi revelado, assim como aos teus antepassados: Se associar algo a Allah, certamente tornar-se-á sem efeito a tua obra, e te contarás entre os desventurados." Sura 39-65

"Tal é a orientação de Allah, pela qual orienta quem Lhe apraz, dentre os Seus servos. Porém, se tivessem atribuído parceiros a Ele, tornar-se-ia sem efeito tudo o que tivessem feito." Sura 6-88

"Nos disporemos a aquilatar as suas ações, e as reduziremos a moléculas de pó dispersas." Sura 25-23.

O Chirk Maior e suas quatro formas:

Primeiro, o Chirk do Du'a, e Allah disse:

"Quando embarcam nos navios, invocam Allah sinceramente; porém, quando, a salvo, chegam à terra, eis que (Lhe) atribuem parceiros." Sura 29-65

Segundo, o Chirk niaat ul qasd (chirk da intenção):

"Quanto àqueles que preferem a vida terrena e seus encantos, far-lhes-emos desfrutar de suas obras, durante ela, e sem diminuição." Sura 11-15

Terceiro: o Chirk Taa’ah (chirk da obediencia):

"Tomaram por senhores seus rabinos e seus monges em vez de Allah, assim como fizeram com o Messias, filho de Maria, quando não lhes foi ordenado adorar senão a um só Allah. Não há mais divindade além d’Ele! Glorificado seja pelos parceiros que Lhe atribuem!" Sura 9-31.

Isto é obedecer os sabios e os governantes no pecado, como disse o Profeta (sws) a Adii al Hatem, quando foi perguntado por que eles adoravam os seus sabios, respondeu, não o adoramos. Entao disse o Profeta: a adoração deles é obedecê-los. 

Quarto: Chirk mahabba (chirk do amor), a prova disto:

"Entre os humanos há aqueles que adotam, em vez de Allah, rivais (a Ele) aos quais professam igual amor que a Ele; mas os fiéis só amam fervorosamente a Allah. Ah, se os iníquos pudessem ver (a situação em que estarão) quando virem o castigo (que os espera!), concluirão que o poder pertence a Allah e Ele é Severíssimo no castigo”.Sura 2-165

O chirk menor: é o chirk da ostentação (ria`a) :

"Dize: Sou tão-somente um mortal como vós, a quem tem sido revelado que o vosso Allah é um Allah único. Por conseguinte, quem espera o comparecimento ante seu Senhor que pratique o bem e não associe ninguém ao culto d’Ele." Sura 18-110

O chirk oculto é ar-riia (que significa os atos de adoraçăo praticados apenas para ganhar o louvor ou a fama, em lugar de buscar a satisfaçăo de Allah. Este tipo de politeísmo, no entanto, năo afasta o infrator dos campos do Islam) Este é mais impercepetivel do Profeta (s) pediu proteção de Allah dizendo:

“Oh Allah, peço proteção em Ti de associar algo que saiba ou que não saiba, e peço-Te perdão do que nao sei “

O Kufr e suas formas

O kufr são de dois tipos: o kufr maior que tira a pessoa do Islam e o menor que não tira a pessoa do Islam. O maior sao cinco:

e) O kufr da negaçăo: e disse o Altissimo :

f) “E quem é mais tirano quem forja mentiras a cerca de Allah ou desmete a verdade quando a chega, por acaso não é o inferno morada para os incredulos.” Sura 29-68

b) Kufr al iba’ (kufr da arrogancia, mesmo reconhecendo como verdade) e Disse o Altissimo:

E quando Dissemos aos anjos prostrai (em reconhecimento a Adão, prostraram-se todos, exceto Iblis que foi arrogante, soberbo e entre os incredulos)”.” Sura 2-34

c) O kufr chakk (da duvida): este é um kufr oculto, a prova:

“Ambos os parreirais frutificaram, sem em nada falharem, e no meio deles fizemos brotar um rio”. E abundante era a sua produção. Ele disse ao seu vizinho: Sou mais rico do que tu e tenho mais poderio. Entrou em seu parreiral num estado (mental) injusto para com a sua alma. Disse: Não creio que (este parreiral) jamais pereça, Como tampouco creio que a Hora chegue! Porém, se retornar ao meu Senhor, serei recompensado com outra dádiva melhor do que esta. Seu vizinho lhe disse, argumentando: Porventura negas Quem te criou, primeiro do pó, e depois de esperma e logo te moldou como homem? Quanto a mim, Allah é meu Senhor e jamais associarei ninguém ao meu Senhor.” Sura 18-35 a 38.

d) Kufr i’rad (se afastar) e disse o Altissimo:

“Mas os incrédulos desdenham as admoestações que lhes são feitas”.” Sura 46-3

e) Kufr Nifaq (hipocrisia):

“E isto, porque creram e depois negaram, e assim foi selado seus corações por isto nao compreendem”.” Sura 63-3

O segundo tipo de Kufr é o Kufr menor que não tira a pessoa do Islam, que é o Kufr ni’mat (da graça):

“Allah exemplifica com o relato de uma cidade que vivia segura e tranqüila, à qual chegavam, de todas as partes, provisões em prodigalidade; porém, (seus habitantes) desagradeceram as mercês de Allah; então Ele lhes fez sofrer fome e terror extremos, pelo que haviam cometido.” Sura 16-112.

O nifaq (hipocrisia) e suas formas

O Nifaq (hipocrisia) são de dois tipos: i’tiqad (da crença) e ‘amali (das ações), e o hipocrita tera o lugar mais baixo no inferno:

a) desmentir o Mensageiro (s); 
b) desmentir, negando algo pelo qual ele foi enviado;
c) aversăo ao Mensageiro (s);
d) aversăo ao objetivo pelo qual ele foi enviado;
e) felicidade com o descredito ao Islam;
f) năo aceitaçăo da difusăo ou a vitoria do Islam;

A hipocrisia das açőes são cinco:

a) quando a pessoa fala, mente; 
b) quando promete, quebra sua promessa; 
c) quando lhe é confiado algo, trai; 
d) quando disputa, age de modo imoral; 
e) quando faz um pacto, age traiçoeiramente;

Taghut

Tudo o que for adorado, ou seguido, ou obedecido, em vez de Allah, é Taghut e eles são cinco:

a) Satanás, que Allah o amaldiçõe;
b) Quem quer que seja adorado com o seu consentimento;
c) Aquele que induz a adoraçăo de outras divindades que năo seja Allah;
d) Aquele que alega ter o conhecimento de Ghaib (incognoscível, oculto, invisível, ausente, etc.)
e) O governante que governa com leis que năo sejam as reveladas por Allah;

Os anulantes do Islam

1) Chirk (associar algo a Allah em sua adoração).

Allah Diz:

"Allah jamais perdoará a quem Lhe atribuir parceiros; porém, fora disso, perdoa a quem Lhe apraz. Quem atribuir parceiros a Allah cometerá um pecado ignominioso." Sura 4-48

E na Sura 5-72:

"A quem atribuir parceiros a Allah, ser-lhe-á vedada a entrada no Paraíso e sua morada será o fogo infernal! Os iníquos jamais terão socorredores."

2) Estabelecer intermediários entre uma pessoa e Allah, suplicando a eles, confiando neles e pedindo a intercessăo deles. As provas do alcorão são:

"Aqueles que invocam, anseiam por um meio que os aproxime do seu Senhor e esperam a Sua misericórdia e temem o Seu castigo, porque o castigo do teu Senhor é temível!" Sura 17-57

3) Năo acreditar que os politeístas săo descrentes, ou duvidar da descrença deles, ou pensar que a crença e o que eles praticam é válida;

4) Crer que o Caminho do Profeta Muhammad (s) seja menos completo que de outro, ou as suas sentenças e leis. Crer que as leis e sistemas que as pessoas criam são melhores do que o Islam, ou que o código Islâmico não é praticável no nosso século ou, mesmo, é o motivo pelo atraso dos muçulmanos nos dias atuais, ou que a religião deve ater-se somente ao relacionamento da pessoa com Allah, sem interferir na vida dela em outras situações. Crer que a legislação Islâmica, através das diversas punições severas impostas aos criminosos, não cabe nos nossos tempos, como também, crer na permissão de praticar outra legislação que não seja a Islâmica no comércio, sentença, etc., mesmo que não creia que seja melhor que a religião Islâmica é permitir o que Allah proibiu, e todo aquele que licitar o que for ilícito, como o adultério, drogas, usura e legislar com outras leis que não sejam divinas, é um apóstata e incrédulo por unanimidade.

5) Odiar algo com o qual o Profeta Muhammad (s) foi enviado, mesmo que seja através de atitude, Allah disse: "Isso, por terem odiado o que Allah revelou; então Ele tornou suas obras sem efeito."

6) Zombar ou satirizar algo da religião do Profeta Muhammad (sws), ou das recompensas ou punições, pelo que Allah disse:

"Dize-lhes: Escarneceis, acaso, de Allah, de Seus versículos e de Seu Mensageiro? Não vos escuseis porque renegaste depois de terdes acreditado!”sura 9, versc 64 e 65.

7) Feitiçaria de todos os tipos, como também, simpatias, pois Allah disse:

“A ninguém instruíram sem que dissessem: Isto é tão-somente uma prova; não renuncieis à vossa fé!”. Sura 2, versc 102

8) Apoiar idólatras contra os muçulmanos, como Allah disse:

“E quem dentre vós tomá-los por confidentes, certamente será um deles; de fato, Allah não encaminha os iníquos”.sura 5 versc 51

9) Crer que algumas pessoas têm o direito de excederem o limite da legislação estabelecida por Allah através do Profeta Muhammad (sws), como Ele disse:

"E quem quer que almeje outra religião que não seja o Islam jamais será aceito e, no outro mundo, contar-se-á entre os desventurados." Sura 3 versc 85

10) Deixar a religião de Allah de lado, não a aprendendo e nem a praticando, Allah disse:

"E quem está mais perdido que aquele que é exortado com os versículos de seu Senhor e logo dá-lhes as contas? De fato Nos vingaremos dos pecadores."

Não há diferença entre todos os tipos apostasia, praticando-os seriamente, simplesmente por brincadeira ou mesmo por medo, a não ser forçadamente, por ser muito perigoso tudo isso, cabe ao muçulmano tomar todo o cuidado para não incorrer em um deles.

E todo louvor pertence a Deus, Senhor do Universo

“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

Asalamo Alaikom WA WB,

Omar Hussein Hallak

quinta-feira, março 28, 2013

PODE UM RICO ENTRAR NO PARAÍSO? – Primeira Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) - Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

Segundo a Bíblia, um jovem perguntou a Issa (Aleihi Salam) – Jesus (que a Paz de Deus esteja com ele), o que deveria fazer para ganhar a vida eterna. Jesus respondeu se ele queria ser perfeito e ganhar um tesouro no céu, deveria vender tudo o que tinha, dar aos pobres e segui-lo. O jovem porque possuía muitas propriedades, depois de ouvir estas palavras, retirou-se triste. Então Jesus disse aos discípulos: “Outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino dos céus”. Os discípulos admirados, perguntaram: “Quem poderá pois salvar-se?” E Jesus respondeu: “Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível”. Mateus, 19:21-26.

Nas tradições islâmicas, encontramos várias referências acerca deste tema. Taj al Din al-Subki, um biógrafo pertencente à escola de leis Shafi’i, referiu que Issa (Aleihi Salam) disse: “Discípulos, o ouro (dinheiro) é a causa de alegria neste mundo e causa de dano na vida eterna. Em verdade vos digo, os ricos não entrarão no Reino dos Céus”. O Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Eu estava no Portão do Paraíso e vi que a maioria das pessoas que entraram, foram os pobres, enquanto os ricos eram retidos nas portas para prestação de contas”. Bukhari 62:124.

O crente pobre, cumpridor das leis de Deus e dos Seus Profetas, será admitido no paraíso com prestações de contas mais céleres. O crente rico, também cumpridor das mesmas leis, demorará mais tempo a prestar contas porque irá responder detalhadamente como adquiriu a sua riqueza e como a gastou. A riqueza pode ser uma bênção, pois permite o ser humano viver mais desafogado e ajudar a quem necessita. Acontece que a riqueza pode mudar o comportamento de alguns, tornando-os orgulhosos, arrogantes e avarentos, ao ponto de negarem o auxílio aos familiares mais chegados.

O que é que Issa e Muhammad (Que a Paz de Deus esteja com eles) pretendiam transmitir-nos com estas palavras? Seriam iguais os ricos avarentos que repelem os pobres e os ricos solidários com os mais desfavorecidos, que dão parte da sua riqueza? Estariam todos eles condenados? Para Deus, com a Sua infinita Misericórdia, tudo é possível, conforme veremos no desenvolvimento desta mensagem. O homem que investe, temente a Deus, criando riqueza e postos de trabalho, sem deixar de imprimir uma atitude de partilha para com os mais necessitados, Deus o fará “passar pelo buraco duma agulha”, para entrar no reino da tranquilidade. “Tudo quanto distribuirdes em caridade, Deus vos restituirá, porque Ele é o melhor dos Agraciadores”. Cur’ane 34.39.

O homem rico que acumula riqueza através de esquemas ilícitos, será um dos moradores do inferno. E aqueles que a obtém honestamente, mas que a gastam sem controle e não se importam pelos desfavorecidos, farão companhia aos primeiros.

Também os que obtiveram conhecimentos mundanos e religiosos terão de responder se agiram ou não em conformidade.

Deus sempre criou os ricos e os pobres e será assim até ao final da humanidade. No entanto, os que têm, não estão isentos das obrigações para os que nada têm. Neste mundo conturbado em que vivemos, qual o conceito que devemos atribuir à riqueza?

Neste caso, podemos considerar que ser rico é ter algo material ou intelectual, superior ao outro ser humano. O muito ou o pouco que temos, não nos pertence na totalidade. Apesar da vontade de muitos os que têm consciência deste facto, continua a existir uma grande disparidade entre os ricos e os pobres. Pensem numa mãe e nos seus pequenos filhos que são obrigados a fugirem da guerra e da miséria, e decidem fazer uma longa caminhada à procura de paz e de alimentos. No meio do trajeto, cansados e completamente desidratados a mãe resolve deixar para trás os filhos mais debilitados que já não conseguem caminhar, unicamente para tentar salvar o resto da sua criação. Esta é a misericórdia duma mãe desesperada. O que se passa com o ser humano? Como é possível, numa época de grandes conhecimentos técnicos e de prosperidade, muitos dos abastados coexistirem com os pobres, sem sentirem as suas consciências incomodadas?

A existência da pobreza é uma grande injustiça, pois significa que não estamos a praticar a solidariedade que nos foi insistentemente recomendada pelo Criador e através dos Seus Profetas. A solidariedade não é só partilhar os bens que temos, mas também incentivar e criar condições para que outros possam ser auto suficientes. Os eruditos têm uma responsabilidade acrescida para que a mãe da pobreza, a ignorância, seja erradicada. Quando conseguiremos colocar as necessidades dos outros à frente das nossas? “….na verdade isto é difícil, excepto para os que têm um espírito humilde”. Cur’ane 2: 45.

In Sha Allah, continua no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmuminina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

28/03/2013

abdul.manga@gmail.com

sexta-feira, março 22, 2013

O Machismo e o Mundo Muçulmano

Reflexões Islâmicas — Ano I — nº. 6 — 21.Março.2013 / 09.Jamad’Al-Awwal.1434 - e-mail:  alfurqan2011@gmail.com  Por M. Yiossuf Adamgy - Director da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán .
(NOTA: Este artigo de reflexão é aqui divulgado a pedido do Presidente do Centro Cultural Islâmico do Porto, irmão Abdul Rehman Mangá, que nos solicitou artigos ou opinião para esclarecer certas acusações intrigantes feitas ao Islão. Eis, pois, alguns esclarecimentos de reflexão, resposta e divulgação. Seguir-se-ão outros, in cha Allah..

São várias as pessoas que entendem o Islão como religião machista, que minimiza a mulher. Como prova do que afirmam, citam a condição feminina em alguns países Muçulmano.[1] O erro provém do facto de separarem a cultura de um determinado povo, dos verdadeiros ensinamentos da religião que esse mesmo povo pode professar. É espantoso que em muitas culturas mundiais, a opressão da mulher seja ainda uma realidade. Em vários países do Terceiro Mundo, a vida da mulher é horrível. Elas são dominadas pelos homens, sendo-lhes negados muitos dos direitos humanos básicos. 

O Islão condena esta opressão. Trata-se de uma injustiça trágica culpar as crenças religiosas de uma religião por tais práticas culturais, quando os ensinamentos dessa mesma religião não convidam a tais comportamentos. Como atrás ficou citado, os ensinamentos do Islão proíbem a opressão feminina e enfatizam, de forma clara, que a homens e mulheres, é devido o mesmo respeito. 

Infelizmente, certas pessoas associaram ao Islão, erroneamente, as práticas opressivas contra o sexo feminino, verificadas ainda em determinadas partes do Mundo. Uma dessas práticas consiste na antiga prática pagã, da mutilação genital feminina, por vezes, errada-mente chamada “circuncisão feminina”. Esta prática teve origem no Egito, no Vale do Rio Nilo e áreas circundantes, onde ainda hoje é praticada. 

A sua prática é comum entre vários grupos étnicos, de uma grande diversidade de crenças, em várias partes de África, especialmente na África do Norte. Muitas mulheres Africanas são vítimas deste costume bárbaro, horrível e degradante. 

A mutilação genital feminina é uma abominação, totalmente proibida pelo Islão.[2] É lamentável verificar que, apesar de proibida, determinados grupos étnicos mantêm ainda esta prática, mesmo depois de terem aderido ao Islão, levando a que certas pessoas a considerem uma prática Islâmica. 

Atualmente, à medida que estas pessoas obtêm um melhor conhecimento do que é o Islão, vão abando-nando esta cruel prática pagã. 

A circuncisão masculina, contudo, é uma prática claramente Islâmica, tendo sido, de facto, ensinada pelos Profetas e Mensageiros de Deus, incluindo o Profeta Abraão[3] (a.s. = paz esteja com ele). 

Há que distinguir mutilação genital feminina da circuncisão masculina. 

O racismo e todas as formas de fanatismo ou preconceito são também proibidos pelo Islão. Todas estas práticas são contrárias à lei Islâmica, sendo da responsabilidade de todos os Muçulmanos erradicá-las das suas sociedades.■ 

[1] Infelizmente, o facto de se tratar de um país “Muçulmano”, não significa necessariamente que o governo ou o povo obedeçam à lei Islâmica (Chariah). 

[2] Precisamos distinguir imediatamente o que é norma do Islão e permitir, aos diferentes povos que aderem ao Islão, conservar os seus costumes, na medida em que, estes, não sejam contrários aos princípios e aos valores Islâmicos. Foi assim que o Islão aceitou a conservação dos costumes de excisão feminina. Esta excisão é, de facto, uma circuncisão, ou melhor, uma meia circuncisão, visto que não se trata senão da ablação de meio prepúcio que cobre a parte anterior da glande do clitóris. Convém, pois, não confundir esta excisão, com a ablação do clitóris (clitoritomia), a qual é rigorosamente proibida no Islão. Nos primórdios do Islão, o Profeta (p.e.c.e) encontrou-se, um dia, na presença de uma mulher que excisava uma menina e que lhe disse: «A circuncisão é um exemplo profético a seguir pelos homens e uma coisa apenas recomendável para as raparigas: raspa, não suprimas; a face embelezar-se-á e o marido ficará feliz». Este «embelezamento da face da esposa» é uma expressão típica do pudor Islâmico; significa que o prazer da mulher aquando da união sexual não será senão maior, de onde a alegria recíproca do seu esposo. 

Como o podemos constatar, a verdade mesmo relativa ao respeito e à felicidade da mulher está nos antípodas das calúnias trazidas contra esta prática Islâmica, aliás, muito pouco utilizada. Assim sendo, é verdade que a ablação do clitóris se pratica ainda hoje em muitas regiões do mundo, e o mesmo para certas muti-lações sexuais ainda mais importantes; e, infelizmente, pode-se encontrar nessas regiões povos mais ou menos islamizados, que, injustamente, mantiveram tais costumes degenerados e em total infracção aos princípios do Islão; em tais casos, no entanto, não é ao Islão que é preciso incriminar mas, pelo contrário, é «a falta do Islão» daqueles que concretizam estes atos revoltantes. 

[3] O Profeta Abraão (a.s.) é o Enviado Divino que veio restaurar o Culto Monoteísta puro (dïn hanïf) para o ciclo pós Dilúvio que é o nosso. Ele é o exemplo do crente perfeito, em quem a natureza primordial do homem (fitrat) está inalterada; natureza segundo a qual Deus criou o ser humano de acordo com a Sua própria Natureza (cf. Alcorão, 30:30). Apenas o ser que assim restaura completamente a pureza da sua natureza original está, verdadeira e inteiramente, consagrado ao seu Senhor. Por isso Deus disse: «Vós tendes um bom exemplo em Abraão...». (Alcorão, 60:4). 

No exemplo de Abraão, que os Muçulmanos são ordenados a seguir através de muitas palavras Alcorânicas e proféticas, encontra-se a circuncisão masculina. Se esta circuncisão (kitan) é, geralmente, reconhecida como sendo uma medida eficaz de higiene, ela não é, no entanto, mais do que isso. Ela desempenha, de facto, um papel no conjunto dos rituais de purificação que permitem ao homem restaurar em si a sua perfeição original. 

Certos sábios Muçulmanos em matéria de religião consideram a circuncisão masculina como obrigatória (wájïb), outros consideram-na sunna muakkada (prática profética insistentemente recomendada). ■


A Mulher no Islão


Homens e mulheres são iguais perante Deus, e responsáveis pelos seus próprios actos. De modo idêntico, e uma vez no Além, ambos são recompensados pela sua fé e boas acções. Pois o Alcorão diz, textualmente: 

«Jamais deixarei perder a obra de qualquer de vós, seja homem ou mulher: procedeis uns dos outros». (3:195). 

«E quem quer que faça boas ações, seja homem ou mulher, e seja crente, entrará no Paraíso e não será prejudi-cado nem em tanto como num arranhão sobre o caroço de uma tâmara». (4:124). 


— «E elas (as mulheres) têm os mesmos direitos sobre eles, como eles os têm sobre elas». (2:228). 

— «Os crentes mais perfeitos são os melhores em conduta, e os melhores de entre vós são aqueles que são melhores para as suas esposas». – (Ibn Hambal). 

— «Quanto mais cívico e amistoso for um muçulmano para com a sua esposa, mais perfeita é a sua fé» – (Tirmizi).

Assalamu Aleikom Jumua 22/03/2013 - Jumua Mubaraka Inshallah

O Caráter do Muçulmano - 8‏ - Confiança e Honestidade

Bismillah!
Confiança e Honestidade
O Sentido Mais Amplo de Confiança
Shaikh Mohamad Al Ghazali
Tradução: Prof. Samir El Hayek

O Islam espera de seus seguidores que eles sejam donos de corações alegres e consciências alertas, que assegurem a proteção dos direitos de Deus e da humanidade, e que também protejam seus atos, impedindo-os de cometerem excessos. Para isso, e preciso que todo muçulmano seja confiável (Amin).

A luz da chari‘a, confiança tem um sentido bastante amplo. Esta palavra possui um oceano de significado, mas por trás de todos eles estão o senso de responsabilidade, o senso de ter que comparecer diante de Deus para prestar contas dos seus atos, de acordo com os pormenores fornecidos na seguinte tradição:
“Cada um de vós é um guardião, e a cada um se perguntará a respeito dos seus súditos. O Imame é o guardião. A ele se pedirá contas dos seus súditos. Um homem é o guardião das pessoas que compõem o seu domicílio (família). Ele responderá por estas. A mulher é guardiã da casa do seu marido. A ela se perguntará sobre a sua responsabilidade. O servo é o guardião dos pertences do seu senhor. Ele é responsável por todas tais coisas.” (Bukhári).

O narrador dessa tradição, Ibn Ômar diz que ouviu estas coisas ditas pelo Profeta, e acha que o Profeta disse também: “Um homem é guardião do inventário de seu pai e terá de prestar contas dele.”

As pessoas em geral, entendem a confiança num sentido muito limitado, e consideram que isto diga respeito a proteção dos bens dos outros, apesar de que na religião de Deus isto tem um sentido bem amplo e ilimitado até.

Confiança é o dever de resguardar (as coisas), pelo qual um muçulmano apoia a outro muçulmano e nesta relação, recorre à ajuda de Deus. Quando um muçulmano se prepara para uma viagem, na sua partida seu irmão reza por ele da seguinte maneira:
“Oro a Deus pela tua religião, pela tua confiança e pelo êxito feliz do teu trabalho (empreendimento).” (Tirmizi)

Anas narra que sempre que o Mensageiro de Deus nos dirigia um sermão, ele invariavelmente repetia esta frase: “Não tem fé o homem que não é capaz de ser confiável, e não tem religião o homem que não é capaz de cumprir a sua palavra.”

Uma vez que o ápice da realização e o limite superior do êxito está em se ser protegido contra as privações deste mundo e as más consequências na Outra Vida, o Profeta suplica sejamos livrados de ambas estas situações. Ele disse:
“O Deus! Eu busco Tua proteção da aflição da fome, porque esta é péssima companheira, e busco Vosso abrigo da desonestidade porque esta é o pior amigo.” (Abu Daud)

A fome é o nome da depravação do mundo e a desonestidade é o nome da destruição da religião, portanto o Profeta suplicou que fossemos preservados de ambos. Antes de ser profeta, ele era conhecido entre o povo como o Amin (Confiável).

Do mesmo modo foi notada a confiabilidade de Moisés quando ele buscava água para o rebanho das duas filhas do bondoso velho, e ajudar a elas, devido à condição de mulher delas, e as tratou de maneira decente e cavalheiresca.

“Assim, ele deu de beber ao rebanho, e logo, retirando-se para uma sombra, disse: Ó Senhor meu, em verdade, estou necessitado de qualquer dádiva que me envies! E uma (moça) se aproximou dele, caminhando timidamente, e lhe disse: Em verdade meu pai te convida para recompensar-te por teres dado de beber (ao nosso rebanho). E quando se apresentou a ele e lhe fez a narração da (sua) aventura, (o ancião) lhe disse: Não temas! Tu te livraste dos iníquos. Uma delas disse, então: Ó meu pai, emprega-o, porque é o melhor dos que poderás empregar, pois é forte e fiel.” (28ª:24-26)

Este acontecimento ocorreu em lugar (e ocasião) enquanto Moisés ainda não tinha sido feito Profeta, e não fora enviado à côrte do Faraó.

E isto não deveria nos surpreender, porque Deus só escolhe os indivíduos para encarregá-los como Seus Mensageiros, quando são decentes, honestos e probos entre os demais. Aquele que continua a preservar uma e levada moral de caráter mesmo depois de ser submetido às privações da pobreza e do desamparo, deve ser de fato um homem muito forte e confiável; e para proteger os direitos de Deus e dos Seus servos, exige-se um caráter inflexível quer seja em boa ou má situação, pois é este o espírito próprio da confiabilidade.

A Nomeação a Cargos Elevados e Responsabilidades, é uma Confiança

Existe ainda um outro sentido de confiança: que todas as coisas devem ter seu lugar próprio e merecido. Um cargo ou uma responsabilidade só devem ser oferecidos à pessoa merecedora; e a responsabilidade só deve ser entregue à pessoa capaz de se desempenhar dela com justiça pela confiança que lhe foi outorgada.

A governança, as responsabilidades do partido, nação ou país, que são conferidas por se confiar nas pessoas escolhidas, são confianças (custódias) pelas quais eles respondem. E um grande numero de provas pode ser coligido para respaldar essa afirmação.

Abu Zar relatou ter perguntado ao Profeta se ele não o nomearia para governador de alguma parte. Ao ouvir isso, o Profeta tocou-o no ombro dele e disse:
Ó Abu Zar! você é fraco, e esta responsabilidade é uma custódia. No Dia do Juízo Final ela será motivo de perda de estima e ignomínia. Entretanto, disso estarão livres as pessoas que o tiverem aceito com todas as suas responsabilidades e tenham desempenhado e cumprido quaisquer responsabilidades que tiveram nesse sentido.” (Muslim). 

É uma verdade de que a mera excelência de instrução ou experiência não torna uma pessoa mais adequada a determinado cargo. É também possível que um homem tenha um bom caráter moral e seja pessoa proba, mas ainda assim não tenha todas as habilidades necessárias para preencher as responsabilidades de determinado cargo.

Yusuf (José) era um profeta. Ele foi o exemplo vivo da probidade e da virtude, mas ele não se ofereceu para carregar nos ombros as responsabilidades da nação com base na probidade e na sua condição de profeta. 

Ele assumiu as rédeas do encargo em suas mãos devido ao seu entendimento e memória.
Pediu-lhe: “Confia-me os armazens do país, que eu serei um bom guardião deles, pois conheço-lhes a importância.” (12ª:55).

A credibilidade exige de que confiemos tais responsabilidades e encargos a pessoas que sejam capazes de as desempenhar adequadamente. Se por meio de suborno, nepotismo ou por alguma outra razão, nos desviarmos desse princípio e escolhermos uma pessoa incapaz para um determinado cargo, tendo então ignorado uma pessoa capaz e nomeado uma pessoa incapaz e desmerecedora, nós estaremos cometendo uma apropriação indébita.

O Mensageiro de Deus disse que quem quer que tenham nomeado um administrador por nepotismo apesar de haver entre a gente um indivíduo que fosse mais desejável a Deus do que aquela pessoa, então ele terá se apropriado indevidamente contra Deus, Seu Mensageiro e todos os muçulmanos.” (Hakim).

Yazid ibn Abi Sufyan relata que quando Abu Bakr o enviou a Síria, ele recomendou-lhe o seguinte: “O Yazid! Você tem muitos parentes. E provável que venhas a ser assediado por eles ao ter de fazer nomeações importantes. Estou preocupadíssimo contigo em vista do que o Profeta falou: “Qualquer um que tenha sido feito responsável por algum assunto que diz respeito aos muçulmanos, e que tenha confiado algum encargo de responsabilidade a alguém, influenciado por seus parentes, então que seja amaldiçoado por Deus. Nenhuma virtude ou justiça provinda dele será aceitável a Deus, tanto assim que ele será atirado no Inferno.” (Hakim)

A comunidade da qual desapareceu a qualidade de credibilidade poderá ser conhecida deste modo: a distribuição dos cargos e encargos naquela comunidade se transforma em um jogo e leilão de favores. Os homens capazes perdem o valor e em seu lugar, são nomeados homens incapazes e desmerecedores. A tradição tem como certo que isto faz parte das manifestações da corrupção que aparecerá no tempo de declínio.

Um homem foi ter com o Profeta e lhe perguntou quando sobreviria o Dia do Fim do Mundo. O Profeta respondeu: “Quando se perderem a credibilidade e a confiabilidade, então pode esperar pelo Fim do Mundo.” E perguntou outra vez: “O que significa perder a credibilidade?” Ele respondeu: “Quando as responsabilidades são confiadas aos incapazes, então espere o Fim do Mundo.” (Bukhári)

O Cumprimento do Dever e também uma Confiança

Este sentido também está incluído entre os significados da confiança, de que o homem a quem se encarregou de certa responsabilidade, deva ter uma inclinação sincera para o cumprimento satisfatório dessas responsabilidades e de que devera devotar todas as suas energias para fazê-lo com justiça. Sem duvida que isto é um sentido de credibilidade. O Islam considera ser digno de louvor um homem ser sincero no seu trabalho, dedicado de boa vontade ao seu desempenho na melhor forma, e alerta Para resguardar os direitos das pessoas que estiverem sob sua alçada; pois por mais insignificante que a responsabilidade possa ser, a menor negligência poderá causar danos irreparáveis a toda a comunidade e sociedade; permitindo que penetrem todo o organismo político os germes da corrupção e da maldade. A desonestidade no desempenho de deveres oficiais ocasiona diversas enfermidades morais na sociedade. Ela causa danos à religião, ao público muçulmano e ao país. Este pecado, seu castigo e seu mal, aparecem de várias maneiras.

O Mensageiro de Deus disse:
“No Dia do Juízo Final, quando Deus reunir a todas as pessoas, passadas e presentes, será afixada uma bandeira correspondendo a cada enganador, por meio da qual ele será reconhecido. E será dito que esse e o grupo de tais e tais enganadores.” (Bukhari)

Em outra tradição se afirma:
“Haverá uma bandeira próximo à cabeça de cada enganador, a e erguerá em altura proporcional às suas burlas. Escutai, não há pior enganador do que o Emir que engana o público.” (Musslim)

Em outras palavras, não haverá ninguém mais enganador nem merecedor de más consequências do que a pessoa a quem se incumbem responsabilidades pelos negócios dos homens e ele dorme tranquilamente enquanto o povo passa por privações e enfrenta a destruição.

O Abuso do Cargo e Traição da Confiança

A confiança exige que, se um homem é nomeado a determinado cargo alto, ele não o use para o auto-engrandecimento ou para beneficiar seus parentes, nem use os recursos públicos para fins pessoais, sendo isto um crime.

É uma coisa bastante comum a governos e às firmas, atribuirem salários determinados aos seus empregados. Criar fontes de renda extras e falta de respeito, ignomínia e mesquinhez. O Mensageiro de Deus disse:
A quem quer que encarreguemos algum serviço, também a provisão das necessidades dele serão nossa responsabilidade. Se ele tomar a si mais que isso, então estará cometendo uma apropriação indébita.” (Abu Daoud). É apropriação indébita porque ele usou para si propriedade da organização que era para ser dada aos fracos e aos necessitados, e que deveria ter sido gasta em uma causa e propósito maiores:
É inadmissível que um profeta fraude; mas, o que assim fizer, comparecerá com o que tiver fraudado, no Dia da Ressurreição, quando cada alma será recompensada segundo o que tiver feito, e não será injustiçada“ (3ª:161).

Mas o homem que respeita os mandamentos de Deus no desempenho da sua responsabilidade e é avesso a práticas desonestas no cumprimento dos seus deveres, este é então considerado por Deus como um dos que lutam pela supremacia da religião. O Profeta disse:

Quando ao Administrador é entregue uma tarefa, ele deve receber o que lhe e devido e deve pagar também o devido aos outros, só então ele é igual a um combatente pela causa de Deus, até que volte para casa.” (Tabarani).

O Islam proibiu que se explore ou use para aferir vantagens indevidas dos cargos. E sempre foi muito severo em fechar todos os caminhos que facilitem o ganho de riquezas ilícitas.

Adi ibn Umaira narra ter ouvido o Profeta dizer: “Seja quem for a quem tenhamos nomeado para um cargo, que tenha escondido ao menos uma agulha ou até algo ainda menor que isto, será isto uma apropriação indevida com a qual ele terá de comparecer no Dia do Juízo Final.” Ao que um Ansari de pele negra se levantou e disse: “Ó Mensageiro de Deus! Tire-me a minha governança.” O Profeta perguntou o que tinha acontecido. Ele respondeu: “Eu ouvi o que você acabou de dizer.” O Profeta então disse: “E continuo a dizer que quem quer que tenhamos feito governador, deverá expor tudo diante de nós. Ele deverá ficar com tudo aquilo que lhe for dado, e deverá se abster de tudo de que lhe for pedido desistir.” (Musslim).

Diz-se que certo homem da tribo de Uzd, de nome Ibn Labtih, foi enviado pelo Profeta como administrador do recolhimento de caridades e doações. Quando ele voltou da coleta ele disse: “Estas coisas são as tuas e estas aqui foram presenteadas a mim.” O narrador da tradição diz que ao escutar isto o Profeta se levantou e após louvar a Deus disse:
“Escolhi dentre vós, um administrador para os assuntos de que Deus me fez responsável. E quando este homem voltou, ele disse que isto é para nós e aquilo é o que foi presenteado a ele. Se ele diz a verdade, então porque não permanece na casa dos seus pais. Vejamos então de onde lhe viriam os presentes? Por Deus, se algum de vos recebe a coisa mais insignificante sem que ela lhe caiba por direito, terá de levá-la consigo ao aparecer diante de Deus. Não quero ver nenhum de vocês ser encontrando com Deus carregando um camelo na cabeça ou uma vaca a mugir ou um cabrito que esteja berrando.” E então levantou as duas mãos até ficarem visíveis suas axilas brancas e disse: “Ó Deus! Transmiti a Tua mensagem.” (Musslim)

A Riqueza e a Habilidade conferidos por Deus são também em Confiança

Confiança também significa que você deve fazer um exame dos poderes de percepção com os quais Deus o abençoou. Você deve olhar bem essas habilidades especiais que Deus te conferiu. Se olhar para os seus bens, e para os seus filhos que lhe são muito queridos, sentirá que todas essas coisas são créditos que Deus tem depositado consigo. Portanto, é necessário que eles sejam sacrificados em Sua causa, e de que sejam usadas para a satisfação d‘Ele. E se você os perder, não deve começar a chorar e se lamentar, nem deve considerar que eram a sua propriedade pessoal que lhe foi tomada, porque comparado a você, Deus é o que tem o maior direito de propriedade e é Ele quem tem o direito de usá-la como Lhe aprouver. Se você for experimentado por um aumento nelas (bens e filhos), aí então é que não deve hesitar em tomar parte do jihad quando a isto for chamado, nem deve abandonar a obediência a Deus por causa disso. Nem tampouco deve sentir-se convencido por eles.

Ó crentes, não atraiçoeis Deus e o Mensageiro; não atraiçoeis, conscientemente, o que vos foi confiado! E sabei que tanto vossos bens como vossos filhos são para vos pôr à prova, e que Deus vos tem reservada uma magnífica recompensa.” (8:27-28).

Os Segredos de Outros que Saibam também são uma Confiança

Credibilidade também significa que vocês devem proteger os direitos das reuniões que freqüentar. Não devem divulgar as informações e os segredos ali conhecidos a outros.

Grande numero de relações são rompidas, embaraços são provoca dos entre amigos, e interesses são arriscados quando as informações sobre ou os segredos das reuniões são divulgados por alguém, seja citando correta ou incorretamente suas fontes, jogando por terra assim todos os projetos ali discutidos.

O Mensageiro de Deus disse: “Quando alguém diz algo a alguém e até se volta a você, essa é uma questão de confiança.”
A conversa confidencial das reuniões deve ser guardada, desde que ela esteja dentro dos preceitos morais e dos princípios da religião, senão sua inviolabilidade desaparece. Se um muçulmano estiver presente a uma reunião de criminosos em conspiração entre eles com o fim de causar prejuízos a outros, então é responsabilidade dele evitar tais atos da maneira que lhe for melhor possível.

O Mensageiro de Deus disse: “Os segredos das reuniões são uma confiança, mas três tipos de reuniões são exceções a (essa regra): aquela em que sangue seja ilegalmente derramado é ilícita (haram), aquela em que se esteja praticando sexo ilícito, e aquela em que bens estejam sendo ilegalmente usurpados (mesmo em intenção,).” (Abu Daoud).

As relações conjugais são sagradas aos olhos do Islam. O relacionamento domestico entre marido e mulher e seus negócios em comum devem ser completamente resguardados. Nem o mais próximo homem deve ser informado sobre eles.

Mas pessoas tolas costumam relatar seus assuntos íntimos e problemas domésticos aqui e ali a estranhos. Este é um hábito muito ruim e Deus o declarou ilícito (haram).

Assmá bint Yazid relata que ela estava com o Profeta estando juntos um marido e sua esposa. O Profeta disse: “Haverá algum homem tal que narre os atos realizados com sua esposa? E haverá uma esposa que conta suas relações com o marido a outros?” Ninguém disse nada de medo. Eu disse: “Ó Mensageiro de Deus! Por Deus que tanto os maridos quanto as esposas fazem isso.” Ele disse: “Não diga isso. O melhor exemplo disso é um demo-homem encontrar-se com uma mulher-diabo, ele a cobrir para praticar o ato sexual e as pessoas ficarem olhando.” (Ahmad)

O Profeta disse: “No Dia do Juízo Final, diante de Deus, o maior ato de apropriação indevida será o do homem que amar a sua esposa e a esposa que também sinta o mesmo pelo seu marido, e então ele divulgue os segredos (íntimos) dela a outros.” (Musslim).

O que é depositado conosco em confiança é para ser resguardado por um prazo determinado, até que seja pedida a devolução. Nós teremos que prestar contas por tais créditos de confiança.

Ao emigrar para Madina, o Profeta deixou para trás um primo seu para que ele devolvesse aos politeístas os créditos que lhe haviam sido confiados, apesar de tais politeístas serem membros da mesma comunidade que o estava expulsando de seu lugar de nascimento. Ele se viu obrigado a abandonar sua causa pelo bem da crença, porem como pode um homem decente comportar-se indecentemente, mesmo que seja com pessoas indecentes e infames?

Maimoon ibn Mehran diz que havia três modos de tratamento que ele sempre dispensou igualmente a homens bons e a maus: ser confiável , cumprir suas promessas e ser bondoso (e gentil).

Considerar alguma coisa que lhe tenha sido confiada como propriedade pessoal é um ato vil, um roubo.
Abdullah Ibn Massud disse que participar da luta pela causa de Deus redime todos os pecados exceto o da apropriação indevida de algo que tenha sido confiado. Disse ele que no Dia do Juízo Final, ao se apresentar a pessoa que tenha lutado pela causa de Deus, nem por isso deixará de lhe ser cobrado o que lhe foi confiado. Tal pessoa poderá dizer: “Ó Senhor meu, como é possível fazê-lo se o mundo acabou?” Então lhe será dito: “Levem-no para o Inferno.” E em sua presença, os valores confiados serão apresentados da mesma maneira como foram confiados a ele neste mundo, (para) que ele os veja e os reconheça. Então ele terá de apanhá-los e carregá-los sobre os ombros, até ter a impressão de que conseguira sair dali, ao que as coisas assim confiadas lhe caiarão dos ombros E ai ele correrá para apanhá-las novamente. E este ato continuará para ele eternamente. Então ele disse que o salat (a oração) era algo que fora confiado, que o wuzu (as abluções) lhe foram confiadas, que pesar uma coisa lhe era confiado, que medir uma coisa lhe era confiado, e relacionou muitas coisas e disse que a maior custódia fora a riqueza e as coisas que foram confiadas em depósito com ele e foram devolvidas.

O narrador da tradição diz que ele foi a Bara ibn Aazib e perguntou o que ele achava sobre o que Ibn Masud dissera. Bara ibn Aazib respondeu: “Ele falou a verdade. Não ouvistes este mandamento de Deus: “Deus manda restituir a seu dono o que vos es†á confiado; quando julgardes entre as pessoas, fazei-o com equidade.” (4ª:58).

Exercer a custódia em confiança protege os direitos de Deus e os dos Seus servos. Mantêm os homens abstêmios da baixeza e da mesquinhez. E atinge as alturas desejadas somente quando esta qualidade é assimilada pelos homens às suas naturezas e consciências, quando ela alcança o âmago dos seus corações e quando e resguardada contra as influências de parentes próximos ou mesmo distantes.

Este e o significado da tradição narrada por Huzaifa ibn Yaman:
“Resguardar o que nos foi confiado foi naturalmente arraigado nos corações dos homens. Então veio o Alcorão e as pessoas aprenderam a reconhecer isto do Alcorão e da Sunna.” (Musslim)

O conhecimento da chari‘a não pode ser indiferente à conduta idônea, e guardar o que nos é confiado significa possuir entendimento correto do Alcorão e das Tradições bem como possuir uma consciência alerta. Se a consciência morre, então perde-se a qualidade de saber resguardar o que nos é confiado. Em tal situação, não adiantará muito recitar os versículos alcorânicos nem estudar as tradições, mas os pretendentes do Islam pensam sobre outros e também sobre si próprios de serem portadores dessa qualidade, no entanto, podemos perguntar, como pode o coração que rejeita a verdade ser capaz de guardar algo em confiança?

Por esse motivo, Huzaifa afirmou que o coração que não têm nenhuma crença perde a qualidade de guardar o que lhe é confiado. E consoantemente, ele relata: “Então nós começamos a falar sobre o desaparecimento da qualidade de resguardar o que é confiado, e o Profeta disse: “Quando um homem vai a um tipo de sono, a credibilidade é exprimida do seu coração até que seu efeito se transforme em um ponto. Então ele passa para um outro tipo de sono, e a credibilidade encolhe no seu coração até ficar como uma pequena cicatriz.” Então o Profeta disse: “E então as pessoas se dedicam a comprar e vender, mas ninguém é capaz de dar nada em confiança, tanto assim que quando se diz que em uma certa família há um homem confiável, e a respeito dele se diz o quanto ele é tolerante, bem-comportado e sábio! apesar de não existir sequer um átomo de fé no seu coração.”

Essa tradição nos apresenta um quadro horrível do desaparecimento da qualidade de resguardar o que nos é confiado dos corações das pessoas desonestas. E como achar fagulhas de bondade na natureza de algumas pessoas transgressores algumas vezes, apesar dessas fagulhas não exercerem qualquer influência duradoura na vida delas. E as vezes os atos bons encobrem seus atos maus, mas fica claro que tais atos não conseguem fazer reviver seu coração morto. Essa pessoa sem consciência mede aos outros de acordo com seus próprios desejos e preferências. Ele não distingue entre a fé e a incredulidade delas.

Resguardar o que nos é confiado é uma qualidade muito importante. Homens de fé fraca não a suportam. Deus deu um exemplo de quanto em toda a existência do homem. Portanto, não deve ser considerada uma coisa comum e não se deve ser ocioso em cumprir as suas exigências.

“Por certo que apresentamos a custódia aos céus,à terra e às montanhas, que se negarame temeram recebê-la; porém, o homem se encarregou disso, mas provou ser injusto e insipiente.” (33ª:72)

A injustiça e a ignorância são dois males que assolam a natureza do homem, e o homem tem de encarar o problema de manter um jihad contra eles. Sua fé não será completa enquanto não estiver purificada e isenta de qualquer injustiça.

Os crentes que não obscurecerem a sua fé com injustiças obterão a segurança e serão iluminados.” (6ª:82)
“Os sábios, dentre os servos de Deus, só a Ele temem, porque sabem que Deus é Poderoso, Indulgentíssimo.” (35ª:28).

Eis porque, depois de mencionar a presunção dos homens em assumir o encargo da confiança, nos versículos citados antes da Surata Al Ahzab, disse-se que aqueles que são injustos e ignorantes são os que praticam a apropriação indevida, são os hipócritas e são os recebedores merecidos do castigo de Deus; e que a segurança é conferida aos homens da fé e àqueles que resguardam o que lhes é confiado.

“Deus castigará os hipócritas e as hipócritas, os idólatras e as idólatras, e perdoará os crentes e as crentes, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo.” (33ª:73)

"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

Mohamad ziad -محمد زياد