quinta-feira, outubro 25, 2012

A PEREGRINAÇÃO DA DESPEDIDA

Quando o mês de Ramadan chegou, em 632, Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), resolveu, ele mesmo, dirigir o cerimonial da peregrinação. Ele saiu de Medina em 20 de fevereiro de 632, em direção a Makkah, seguido por uma imensa multidão de fiéis, alguns a pé e outros montados em camelos, numa fila que se perdia no horizonte.

A última peregrinação de Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), é de uma importância fundamental para todos os muçulmanos. Tudo o que ele fez nessa ocasião histórica foi posteriormente incorporado ao ritual que é seguido até os dias atuais. O seu sermão também é um legado para toda a humanidade, uma vez que trata de questões éticas e morais que devem nortear o comportamento dos seres humanos, independente de raça, cor, credo. 

Ele discursou para a multidão reunida e entre os vários pontos enfatizados estão os de que não se deve mentir, roubar, trair, cometer adultério, ingerir drogas, explorar quem quer que seja, isto é, os mesmos princípios morais trazidos por todos os mensageiros de Deus que o antecederam. 

Disse ainda a todos que a vida e a propriedade de todo muçulmano são responsabilidades sagradas; que não causassem dano a ninguém e que ninguém lhes causasse danos. E que a partir daquele momento não deveria haver exploração econômica e nem a prática da usura e sim a cooperação entre todos. 

Também disse que as mulheres deveriam ser tratadas com bondade, pois Deus as tinha confiado a seus maridos; que os homens tinham certos direitos sobre elas, mas que elas também tinham certos direitos sobre os homens. É uma via de duas mãos. Um complementa o outro, ao invés de serem adversários. 

Todo muçulmano é irmão de todos os muçulmanos. O orgulho da raça ou das origens era perverso e deveria ser abolido.

Ele também ensinou que toda a humanidade veio de Adão e Eva e que não há preferência de um árabe sobre um não árabe, ou de um não árabe sobre um árabe; de um negro sobre um branco ou de um branco sobre um negro. O melhor entre todos é o mais piedoso, o mais temente e o que é o melhor em caráter. 

Também disse que não viria outro apóstolo ou mensageiro depois dele e que havia deixado para os muçulmanos e para toda a humanidade, duas coisas, e que quem as seguisse jamais se desviaria: o Alcorão e a Sunnah.

Pediu a seus seguidores que levassem esta mensagem a todas as pessoas da terra. E assim eles o fizeram, percorrendo o mundo, principalmente como mercadores, professores, como pessoas que chegavam para partilhar sua experiência religiosa. E o Islam se espalhou pelo mundo, mais pela força do exemplo, da tolerância do que pela força da espada.

Cada detalhe do ritual foi indicado pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), o ritual de atirar as pedras, o sacrifício de animais em Mina, as voltas em torno da Caaba e a vestimenta especial do peregrino. Ao final de seu sermão, Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), disse aos presentes, "eu não disse a vocês o que fazer e que completei minha missão?" Todos responderam em voz alta "Sim, por Deus que você o fez". A seguir, ele levantou os olhos para o céu e disse "Deus, dou o meu testemunho".

Por fim, ele se despediu dos peregrinos e voltou para Medina. Nunca mais ele veria Meca de novo. Essa peregrinação de Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), passou para a história muçulmana como a Peregrinação da Despedida.

O ÚLTIMO SERMÃO DO PROFETA MUHAMMAD

Após louvar e agradecer a Deus, ele disse:

"Ó gentes, ouvi-me atentamente porque não sei se estarei entre vós depois deste ano. Portanto, ouvi o que tenho a dizer com muita atenção e levai essas palavras àqueles que não puderam estar presentes aqui, hoje.

Ó gentes, da mesma forma que guardai este mês, este dia, esta cidade como sagrados, respeitai também a vida e propriedade de todo muçulmano, como uma responsabilidade sagrada. Devolvei os bens que vos foram confiados aos seus legítimos donos. Não feri ninguém porque assim ninguém vos ferirá. Lembrem-se de que verdadeiramente vós vos encontrareis com o vosso Senhor e que Ele ajustará as contas. Deus proibiu a usura (juros), portanto, todas as obrigações decorrentes de juros devem ser postas de lado. Vosso capital, no entanto, cabe a vós mantê-lo. Jamais imponhais e nem sofreis qualquer espécie de iniquidade. Deus sentenciou que não haverá juros e que todos os juros devidos a Abbas ibn 'Abd'al Muttalib (tio de Muhammad) serão anulados.

Cuidado com Satanás, para segurança de vossa religião. Ele perdeu toda a esperança de que pudesse desviar-vos das grandes coisas, portanto, cuidado para não segui-lo nas pequenas.

Ó gentes, é verdade que vós tendes certos direitos em relação a vossas mulheres, mas elas também têm direitos sobre vós. Lembrai-vos de que vós as tomastes por esposas na confiança de Deus e com a Sua permissão. Se elas forem fiéis então a elas pertence o direito de serem alimentadas e vestidas com bondade. Tratai suas mulheres bem e sejai gentis com elas porque elas são vossas parceiras e auxiliares comprometidas. E é vosso direito que elas não façam amizade com quem não aproveis, e que elas jamais sejam impuras.

Ó gentes, levai-me a sério, adorai Deus, fazei as cinco preces diárias (salat), jejuai no mês de Ramadan e distribui de vossos bens em Zakat. Fazei o Hajj (peregrinação) desde que possível.

Toda a humanidade provém de Adão e Eva, um árabe não é superior a um não árabe, nem um não árabe é superior a um árabe; o branco também não é superior ao negro, nem o negro tem qualquer superioridade sobre o branco, exceto quanto à justiça e aos bons atos. Saibei que todo muçulmano é um irmão de todo muçulmano e que os muçulmanos constituem uma irmandade. Nada que pertença ao irmão muçulmano é lícito para outro muçulmano, a menos que seja dado livremente e de boa vontade. Portanto, não praticai a injustiça entre vocês.

Lembrai-vos de que um dia vós estareis diante de Deus e respondereis por vossos atos. Portanto, cuidado, não vos desvieis do caminho da justiça depois que eu tiver partido.

Ó gentes, nenhum profeta ou apóstolo virá depois de mim e nem surgirá uma nova fé. Raciocinai bem e compreendei as palavras que vos estou transmitindo. Deixo-vos duas coisas, o Alcorão e o meu exemplo, as sunnas, e se seguirdes esses dois, jamais vos desviareis.

Todos que me ouvem deverão difundir minhas palavras para os outros, e estes para outros, e assim por diante, e que o último que as ouvir possa compreender minhas palavras melhor do que aqueles que agora me ouvem diretamente. Sede minha testemunha, ó Deus, de que eu transmiti Vossa mensagem ao Vosso povo."


O PACTO DE HUDAIBIYA

No ano de 628 d.C, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), levou uma grande comitiva de muçulmanos a Makka para o Hajj (peregrinação).

Os habitantes de Makkah não estavam mais dispostos à luta, a barreira que os muçulmanos haviam imposto sobre todas as caravanas de Makkah havia arruinado sua economia, no entanto, eles se sentiam inseguros com essa leva de muçulmanos liderados pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

Principalmente porque muitos estavam armados, o que não era de se estranhar, uma vez que os árabes sempre andavam armados, mas os cidadãos de Makkah ficaram alarmados e se recusaram a permitir que os limites sagrados fossem ultrapassados por tão grande quantidade de gente e, ainda por cima armados.

Após muitas conversações, eles concordaram com uma trégua e um pacto foi firmado entre o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e os líderes de Makkah, que se chamou Pacto de Hudaibiya.

A assinatura desse acordo foi considerada uma grande vitória para o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), porque Makkah acabou aceitando a maior parte dos termos propostos pelo Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

De acordo com o pacto, eles concordavam com o direito do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), de pregar e converter os árabes ao Islam, onde quer que eles estivessem, permitiram que o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e seus seguidores entrassem em Makkah por ocasião do Hajj anual.

O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), em contrapartida, prometeu a eles trânsito seguro, extradição de seus fugitivos e o cumprimento de todas as condições que eles desejassem.

Assim, foi assinado o acordo de Hudaibiyah, nos subúrbios de Makkah, que previa, ainda, a manutenção da paz e a observância de neutralidade nos conflitos com terceiros.

A trégua seria para durar 10 anos, após esse pacto, os árabes começaram a aceitar o Islam, um dos mais famosos convertidos foi Khalid ibn al-Walid, o futuro general muçulmano que ficou famoso por suas inúmeras vitórias alcançadas em nome do Islam.


A BATALHA DE UHUD

A derrota de Badar foi uma mancha na honra dos habitantes de Makkah, da qual se envergonhavam profundamente, assim, no ano seguinte, eles atacaram Madina com uma força maior, em torno de 3.000 homens, os muçulmanos contavam com apenas 700 homens.

O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), percebendo a gravidade do momento, deu instruções rigorosas a seus seguidores, elaborou um plano de ataque e defesa, ordenando que eles se mantivessem em suas posições e não arredassem pé senão sob ordens expressas.

Mas, os muçulmanos inexperientes, no calor da batalha, esqueceram-se dessas instruções, começaram a lutar sem qualquer planejamento e depois de acharem que tinham derrotado o inimigo se puseram em campo aberto, sem se certificarem de que o inimigo tinha sido realmente derrotado.

O resultado foi que a retaguarda inimiga, chefiada pelo brilhante comandante Khalid inb al-Walid, surpreendeu-os e eles se espalharam, o próprio ProfetaMuhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), foi ferido e caiu.

Um grito ecoou "O Profeta está morto", isso arrefeceu mais ainda o ânimo dos muçulmanos e muitos deles fugiram, a batalha de Uhud terminou com uma derrota e com os muçulmanos de Madina envergonhados perante seu Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

Mas, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), não era um homem comum; ele reuniu seus homens, fez uma palestra, repreendeu-os por causa de sua loucura, exortou-os a obedecerem às suas ordens no futuro, e os guiou para enfrentar o inimigo mais uma vez. 

O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), chegou com seus companheiros às primeiras horas da manhã seguinte, armou seu acampamento de forma que pudesse ser visto por eles e lhes ordenou que fizessem um grande incêndio.

A idéia era mostrar ao inimigo que os muçulmanos não tinham perdido a coragem, quando o dia amanheceu, o inimigo viu os muçulmanos na retaguarda, sem medo, fazendo suas tarefas matinais, e ficaram muito impressonados, assim, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), transformou a derrota em vitória.

A BATALHA DE BADR

A batalha de Badr foi a mais importante de todas as batalhas islâmicas e a menos expressiva em números pela primeira vez, os seguidores da nova fé eram postos à prova, se o resultado desse acontecimento tivesse sido outro, isto é, se a vitória tivesse sido das forças inimigas, talvez a fé do Islam tivesse chegado ao fim.

Ninguém tinha mais consciência da importância do resultado da batalha do que o próprio Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), podemos erceber a profundidade de seu fervor na prece dirigida a Deus antes do início dos combates:

"Ó Deus, eis os coraixitas. Chegaram com toda a sua arrogância e jactância, tentando desacreditar Teu apóstolo. Ó Deus, desacredita-os amanhã. Ó Deus, se este bando de muçulmanos perecer hoje, Tu não serás adorado".

Os habitantes de Makkah eram fortes e orgulhosos de sua riqueza e posição, para lutar contra eles, era preciso ter-se uma estratégia, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), decidiu, então, atacar na raiz dessas duas coisas, a riqueza deles dependia do comércio com a Síria, no litoral mediterrâneo, portanto, o caminho para a Síria precisava ser cortado, por outro lado, eles se consideravam os melhores em tudo, dentre todos os árabes, assim, era preciso mostrar-lhes que estavam errados.

O Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), mandou uma pequena patrulha de muçulmanos com a ordem de que a próxima caravana para Makkah, que obviamente era escoltada por guarda-costas, fosse atacada.

Acontece que a caravana era chefiada por Abu Sufyan, o arqui-inimigo do Islam, embora a caravana tivesse uma guarda forte, Abu Sufyan percebeu o perigo e despachou uma mensagem para Makkah pedindo ajuda.

Enquanto isso, os muçulmanos chegaram sob a liderança do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele). Eles eram apenas 300 soldados, enquanto que as forças inimigas se contavam em 1000.

Quando os combates estavam mais renhidos, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), pegou um punhado de cascalho e atirou no rosto dos pagãos dizendo:

"Que suas faces fiquem desfiguradas. Deus, amendronte seus corações e imobilize seus pés."

Os pagãos fugiram sem olhar para ninguém, os muçulmanos continuaram lutando e fazendo prisioneiros, nestes combates, 70 pagãos morreram e os muçulmanos fizeram 70 reféns, o Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), mostrou grande diplomacia e perspicácia, rejeitou os conselhos de vingança e tomou os prisioneiros como reféns, tratando-os bem.

Certamente esses são números pequenos mas, mesmo assim, uma das mais decisivas batalhas foi travada em Badr, no ano de 623d.C, o segundo ano da Hégira.

Os muçulmanos, inspirados pela fé, não duvidaram por um instante sequer de que venceriam, varreram o inimigo do campo e foi uma grande vitória, esta batalha estabeleceu a fundação do estado islâmico e transformou os muçulmanos numa força respeitada pelos habitantes da península arábica.


MUHAMMAD O MENSAGEIRO DE DEUS FINAL

A Luta Contra a Intolerância e a Descrença

Não satisfeitos com a expulsão dos compatriotas muçulmanos, os habitantes de Makkah enviaram um ultimato aos de Madina, exigindo a entrega ou pelo menos a expulsão do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e dos seus companheiros, mas evidentemente todos esses esforços foram em vão, alguns meses mais tarde, no ano 2 da Hégira, eles enviaram um exército para combater o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), que os enfrentou no que ficou conhecido como a A Batalha de Badr.

Os idólatras de Makkah sendo três vezes mais numeroso do que os muçulmanos, mesmo assim os idólatras de Makkah foram derrotados.

Depois de mais de um ano de preparativos, os idólatras de Makkah, novamente tentaram invadir Madina, para vingar a derrota de Badr, desta vez, eram quatro vezes mais numerosos do que os muçulmanos, após uma batalha sangrenta, em Uhud, que ficou conhecido como a, A Batalha de Uhud.

Os idólatras se retiraram, não tendo o encontro sido decisivo, os mercenários não queriam arriscar demasiadamente, nem expor as suas vidas.

Nesse meio tempo os cidadãos judeus de Madina começaram a criar problemas, na época da vitória de Badr, um de seus líderes Ka'b Ibn Al Achraf, seguiu para Makkah, para firmar a sua aliança com os idólatras de Makkah e para incitá-los a uma guerra de vingança.

Após a batalha de Uhud, a tribo desse mesmo chefe tramou o assassinato do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), pretendendo jogar sobre ele uma pedra de moinho, quando fosse visitar a sua localidade, apesar disso tudo, a exigência que o profeta fez aos homens dessa tribo foi a de que saíssem da região de Madina, levando com eles todas as suas posses, após venderem os imóveis e receberem o que lhes devessem os muçulmanos.

A clemência, demonstrada dessa maneira surtiu efeito contrário ao esperado, os exilados, não somente entraram em contato com os idólatras de Makkah, como com as tribos ao Norte, Sul e Leste de Madina, mobilizando-se em ajuda militar e planejando uma invasão de Madina, a partir de Khaibar, com forças quatro vezes mais numerosos ainda, do que as que foram empregadas em Uhud.

Os muçulmanos prepararam-se para enfrentar um cerco e cavaram um fosso, para se defender do que previam ser a maior provação que teriam que enfrentar, mas a deserção dos judeus, que ainda permaneciam dentro de Madina, numa etapa posterior, transtornou toda a estratégia, porém usando uma diplomacia sagaz, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), conseguiu desarvorar a aliança inimiga e os diversos grupos retiraram-se, um após o outro.

Foi nessa época que foi decretada a proibição, para muçulmanos, do consumo de bebidas alcoólicas e das apostas dos jogos de azar.

A Reconciliação

O Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), tentou ainda, mais uma vez, reconciliar-se com os habitantes de Makkah, a obstrução da rota do Norte, das suas caravanas, havia arruinado a sua economia, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), prometeu-lhes trânsito livre, a extradição dos seus fugitivos e o atendimento de todas as condições que eles impuseram, concordando até voltar a Madina, sem completar a peregrinação à Kaaba, em vista disso, ambas as partes negociadoras prometeram, em Hudaibiya, não só a preservação da paz, mas também a observância da neutralidade, nos seus conflitos com terceiros, este pacto ficou conhecido como O Pacto De Hudaibiya

Aproveitando a paz o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), se lançou a um intensivo programa de propagação da sua religião, ele enviou cartas missionárias aos governantes de Bizâncio, do Irã, da Abissínia e de outros países, o sacerdote autocrático Bizantino, Doughatir dos Árabes, abraçou o Islam, mas por isso, foi linchado pela turba; o prefeito de Ma'an na Palestina sofreu idêntico destino, sendo decapitado e crucificado pelo imperador.

Um embaixador muçulmano foi assassinado na Síria Palestina; e ao invés de punir o culpado, o imperador Heráclito apressou-se a protêge-lo, com o seu exército, da expedição punitiva, enviada pelo Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) que ficou conhecido como a Batalha de Mu'ta.

O idólatras de Makkah, esperando aproveitar-se das dificuldades dos muçulmanos violaram os termos do tratado, diante disso, o próprio Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), liderou um exército de dez mil homens, tomando Makkah de surpresa e sem derramamento de sangue.

Como conquistador benevolente, reuniu os vencidos, lembrou-lhes os seus atos pecaminosos, a perseguição religiosa, o confisco injusto das propriedades dos imigrantes, as repetidas invasões e a hostilidade insensata e contínua dos últimos vinte anos.

Perguntou-lhes: '' Agora, o que esperam de mim ?''

Quando todos baixaram as cabeças, envergonhados, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), proclamou:'' Que Deus os perdoe; vão em paz; não serão chamados à responsabilidade hoje; estão livres !''

Ele inclusive renunciou `a reivindicação das propriedades muçulmanas confiscadas pelos idólatras de Makkah, isso produziu uma grande reviravolta psicológica de ânimos, quando um chefe, dentre eles, se adiantou com o coração transbordante de alegria, após Ter ouvido essa anistia geral, e decidido declarar a sua aceitação do Islam, disse-lhe o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele):

''E, por minha vez, nomei-o governador de Makkah !''

Sem deixar um ínico soldado na cidade conquistada, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), retirou-se para Madina, a Islamização de Makka, realizada em poucas horas, foi completa.

Imediatamente após a ocupação de Makka, a cidade de Ta'if, mobilizou-se para lutar contra o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), com alguma dificuldade, o inimigo foi dispersado, no vale de Hunain, mas mesmo assim, os muçulmanos preferiram levantar o sítio de Ta'if e usar meios pacíficos para quebrar a resistência dessa região.

Menos de um ano depois, uma delegação de Ta'if veio a Madina, oferecer a sua rendição, porém pedia isenção das orações, dos impostos e do serviço militar, bem como a continuação das práticas do adultério da fornicação e do consumo de bebidas alcoólicas, exigiam até que lhes deixassem conservar o templo do ídolo al Lat, em Ta'íf.

Mas o Islam não era um movimento materialista e imoral, e a delegação não tardou a envergonhar-se das suas exigências, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), concordou em conceder uma isenção dos impostos e da prestação de serviços militares, dizendo:

''Vocês não precisam demolir o templo com as suas próprias mãos; mandaremos gente nossa para essa tarefa, e caso haja alguma conseqüência das quais vocês temem, devido as suas superstição, ela recairá sobre os nossos homens.''

Este ato do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), mostra bem que concessões podiam ser feitas aos novos convertidos, a conversão dos habitantes de Ta'if foi tão sincera que em pouco tempo, eles próprios renunciaram às isenções pactuadas com o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

Em todas essas guerras que se estenderam por um período de dez anos, os não muçulmanos perderam no campo de batalha não mais do que 520 homens, enquanto as perdas dos muçulmanos foram ainda menores.

Com essas poucas incisões, toda a Península Arábica, com os seus dois milhões de quilômetros quadrados, se viu curado do abcesso da anarquia e da imoralidade, durante esses dez anos de lutas desinteressadas, todos os povos da Península Arábica e das regiões vizinhas ao sul do Iraque e da Palestina haviam abraçado voluntariamente o Islam.

Alguns grupos cristãos, judaicos e masdeístas permaneceram ligados às suas crenças, e a estes foi concedida a liberdade de consciência religiosa, assim como a autonomia judicial e jurídica.

No ano 10 Da Hégira, quando o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) foi a Makkah em peregrinação encontrou lá 140.000 muçulmanos, vindos das mais diversas regiões da Arábia, para cumprir a sua obrigação religiosa, que ficou conhecida como a Peregrinação da Despedida.

Pronunciou para eles o que se tornou o seu célebre sermão, no qual resumiu os seus ensinamentos:

''A crença no Deus Único, sem imagens ou símbolos, a igualdade de todos os fiéis, sem distinção de raça ou classe, a superioridade dos indivíduos derivando unicamente da devoção, a santidade da vida, da propriedade e da honra, a abolição da usura, das vinganças e da justiça particular; o tratamento melhor para as mulheres, a noção da possibilidade de acumulação de riquezas, a distribuição obrigatória, dos bens dos falecidos entre os seus parentes mais próximos de ambos os sexos, e não a concentração das mesmas nas mãos de uns poucos, o Alcorão e a conduta do Profeta Muhammad (que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), deveriam servir de fundamento à lei de critérios sadios para todos os aspectos da vida humana.''

Ao voltar para Madina, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), caiu doente; e algumas semanas mais tarde, quando exalou o seu último suspiro, o fez com a satisfação de que havia cumprido a altura a tarefa que tinha empreendido; a de pregar ao mundo a mensagem de Deus, o Islam.

Ele legou toda a posteridade uma religião de puro monoteísmo; criou um estado disciplinado, a partir do caos que existia e trouxe a paz, para substituir a guerra de todos contra todos; estabeleceu um equilíbrio harmônico entre os assuntos espirituais e os temporais, entre a Mesquita e a cidade; deixou um novo sistema de leis, que distribuiu a justiça imparcial, à qual até o chefe de estado estava tão sujeito quanto qualquer plebeu, e na qual a tolerância religiosa era tanta, que os habitantes não muçulmanos dos países muçulmanos, desfrutavam igualmente de total autonomia judicial e cultural.

Em matéria de receitas dos Estado, estabeleceu os princípios orçamentários e se preocupou mais com os pobres do que com os demais, as receitas foram ressalvadas terminantemente, de vira ser transformadas em propriedades particular do chefe de estado, acima de tudo, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) deixou um exemplo nobre, pela prática integral de tudo o que ensinava aos outros.


MUHAMMAD O MENSAGEIRO DE DEUS 3ª PARTE

A Missão

O Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), começou anunciar a sua missão, primeiro secretamente entre seus amigos mais íntimos, depois entre os membros da sua própria tribo e dai por diante publicamente, pela cidade e pelos seus subúrbios, ele insistiu na crença no Deus Único e Transcendente, na ressurreição e no Juízo Final, conclamou os homens a caridade e a benevolência, e tomou as providencias necessárias para preservar, por escrito as revelações que estava recebendo, ordenando aos seus partidários que também as decorassem, e isto continuou durante todo o resto de sua vida, uma vez que o Alcorão Sagrado não foi revelado todo de uma só vez, mas em fragmentos, conforme surgia a ocasião para tal.

O número dos seus seguidores aumentou gradativamente; mas diante da denuncia do paganismo, a oposição também se tornou intensa, por parte daqueles que estavam firmemente ligados às suas crenças ancestrais, essa oposição degenerou, ao longo do tempo, na perseguição e na tortura física do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e daqueles que haviam abraçado o Islam.

Estes eram estirados sobre a areia escaldante, cauterizados com feros em brasa e presos com correntes nos pés, alguns deles morreram em conseqüência da tortura, mas nenhum renunciou ao Islam, em desespero, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), aconselhou os seus seguidores a deixarem a sua cidade de origem e a se refugiarem no exterior, na Abissínia, ''onde governa um rei justo, em cujo reino ninguém é oprimido''.

Dezenas de muçulmanos se beneficiaram desse conselho, mas não todos, essas fugas em segredo incitaram uma perseguição maior, por parte dos senhores de Makkah, à aqueles que ficaram para trás.

O Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), denominou a sua religião de ISLAM, isto é ; submissão à vontade de Deus.

As características que a distinguem são duas:

1º- O equilíbrio harmônico entre as coisas temporais e espirituais (o corpo e alma), que permite desfrutar por inteiro, de todas as graças criadas por Deus, prescrevendo ao mesmo tempo, para todo, deveres para com Deus, o Islam veio para ser a religião das massas e não apenas de uns poucos eleitos.

2º- A universalidade do chamamento, para que todos os crentes se tornem irmãos e iguais, sem qualquer distinção de classe, raça ou idioma, a única superioridade que ela admite é exclusivamente pessoal, baseada no maior temor a Deus e na maior devoção.

Boicote Social

Quando um grande número de muçulmanos de Makkah emigrou para a Abissínia, os líderes do paganismo deram um ultimato à tribo do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), exigindo que ele fosse excomungado, declarado fora da lei, e entregue aos pagãos, para ser morto, todos os membros da tribo, muçulmanos ou não, rejeitaram a exigência.

Em conseqüência dessa recusa, a cidade decidiu impor um boicote total a tribo do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele); ninguém poderia falar, manter relações comerciais ou matrimoniais com os seus membros, as tribos que habitavam o subúrbio, que eram aliados dos senhores de Makkah, também aderiram ao boicote, causando uma grande miséria entre as vítimas inocentes, crianças, homens e mulheres, velhos doentes e fracos.

Alguns sucumbiram, mas ninguém concordou em entregar o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) aos seus perseguidores, após três anos, quatro ou cinco que não eram muçulmanos, porém mais humanos que os demais e pertencendo a clãs diferentes, proclamaram o seu repúdio ao injusto boicote.

Ao mesmo tempo o documento promulgando o pacto do boicote, que havia sido exposto no templo, foi encontrado, como havia sido profetizado pelo Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), roído por formigas brancas, até que não lhe sobraram senão as palavras; ''Deus'' e ''Muhammad'', o boicote foi suspenso, mas devido às privações por que tivera que passar, a esposa e o tio do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), faleceram em seguida, outro tio do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), Abu Lahab que era inimigo declarado do Islam e do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), assumiu então a chefia da tribo.

A Ascensão

Foi por esse tempo que o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) teve concedida a ascensão (Mi'raj), ele se viu numa visão, sendo recebido no céu por Deus, testemunhando as maravilhas das regiões celestiais, ao voltar trouxe para a sua comunidade, como dádiva Divina, o culto Islâmico, que se constitui em uma espécie comunhão entre o homem e Deus.

A notícia desse contato celestial levou a um endurecimento ainda maior da hostilidade por parte dos pagãos de Makkah, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), foi obrigado a deixar a sua cidade natal, em busca de asilo em outro lugar, ele procurou os seus tios maternos em Ta'if, mas voltou imediatamente a Makkah, pois as pessoas que habitavam aquele lugar o perseguiram até os limites da cidade, atirando-lhe pedras e o ferindo gravemente.

A Migração Para Madina

A peregrinação anual à Kaaba trouxe a Makkah gente de todas as partes da Arábia, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), tentou persuadir uma tribo após outra, a lhe conceder abrigo e permitir que continuasse com a sua missão de pregar o Islam para toda a humanidade.

Os contingentes de quinze tribos, que ele abordou sucessivamente, recusaram-se a fazê-lo de modo mais ou menos brutal, mesmo assim, ele não se desesperou, finalmente encontrou-se com meia dúzia de habitantes de Madina, os quais, sendo vizinhos dos judeus e dos cristãos, tinham alguma noção, das mensagens Divinas e dos Profetas.

Também sabiam que ''O Povo do Livro'' estavam esperando a chegada de um profeta, por isso os de Madina decidiram um passo a frente dos outros, e consequentemente abraçaram o Islam, prometendo aumentar o número de seguidores e proporcionar-lhes o apoio necessário em Madina.

No ano seguinte, uma dúzia de novos cidadãos de Madina fez o juramento da aliança, com o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e pediu que ele lhes enviasse um mestre missionário, o trabalho desse missionário que se chamava Muss'ab, teve grande êxito e ele levou um contingente de setenta e três novos convertidos para Makkah, na época da peregrinação.

Estes convidaram o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e os seus companheiros de Makkah a migrar para a sua cidade, prometendo abrigo para Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), e trata-lo a ele e a seus companheiros como se fossem seus próprios parentes, secretamente e em pequenos grupos a maioria dos muçulmanos migrou para Madina, diante disso os pagãos de Makkah não somente confiscaram as propriedades dos migrantes, como também armaram um plano para assassinar o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele).

Com isto, tornava-se, agora, impossível , para ele, permanecer em sua casa, deve-se notar que a despeito da hostilidade para com a missão do Profeta Muhammadque a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), os pagãos de Makkah continuaram a Ter confiança sem limites na probidade do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) tanto assim que muitos deles costumavam deixar as suas finanças guardadas com ele.

O Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), então, confiou esse depósitos a um primo, que se chamava Ali, com instruções para devolvê-los, oportunamente, aos proprietários de direito.

Deixou a seguir secretamente a cidade em companhia do seu fiel amigo Abu Bakr, depois de algumas aventuras, eles conseguiram chegar em Madina em segurança, e isto aconteceu no ano 622, no qual começa o calendário da Hégira.

A Reorganização da Comunidade

Para melhor reabilitação dos migrantes deslocados, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), criou uma irmandade entre eles e um número igual de habitantes de Madina abastados, as famílias de cada par de irmãos contratuais trabalhavam juntas para ganhar o sustento, e eles ajudavam-se uns aos outros na vida comercial.

Além disso, ele pensava que a evolução do homem, como um todo, seria melhor conseguida, se ele coordenasse a religião e a política, como duas partes constituintes do mesmo todo, com esse fim, convidou representantes, dentre os muçulmanos, como também representantes dentre os não muçulmanos da região; pagãos, judeus, cristãos e outros, e sugeriu uma fundação de uma cidade-estado em Madina.

Com o consentimento deles, ele dotou a cidade de uma constituição escrita, a primeira do gênero no mundo, na qual definiu os deveres e os direitos, tanto dos cidadãos, como de chefe de estado.

O Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), foi proclamado como tal, por uma unanimidade, e aboliu a habitual justiça particular, o cumprimento dos termos desse documento tornou-se dai em diante, a principal preocupação da organização central dessa comunidade de cidadãos.

Esse sistema estabeleceu os princípios de defesa e de política externa e organizou um sistema de seguro social, para casos de obrigações extremamente onerosas, ele reconhecia que o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), teria a ultima palavra em todas as divergências, e que não havia limites ao seu poder de legislar.

Reconhecia também, explicitamente a liberdade de religião, especialmente para os judeus, a quem o ato constitucional conferia igualdade com os muçulmanos, em tudo o que se relacionava com a vida neste mundo.

O Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), empreendeu diversas jornadas, com vistas a persuadir as tribos vizinhas e a estabelecer, com elas, tratados de aliança e de ajuda mútua.

Com a ajuda destas tribos, ele decidiu exercer uma pressão econômica sobre os pagãos de Makkah, que haviam confiscado as propriedades dos muçulmanos retirantes, e também causado incontáveis prejuízos, a obstrução do caminho das caravanas de Makkah e o impedimento da sua passagem pela região de Madina, deixou os pagãos de Makka desesperados, ensejando uma luta sangrenta.

Ao se preocupar, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), com os interesses materiais da comunidade, não foi negligenciado o aspecto espiritual, mal passara um ano, desde a migração para Madina, quando a mais rigorosa das disciplinas espirituais, o jejum de um mês inteiro, todo os anos, no mês de Ramadan, foi imposto a todo homem e mulher, muçulmano.


MUHAMMAD O MENSAGEIRO DE DEUS 2ª PARTE

A Sociedade

A despeito da relativa, pobreza de recursos naturais, Makkah era o mais desenvolvido, dos três núcleos do triângulo, dos três, somente Makkah se constituíra em cidade-estado, sendo governada por um conselho de dez chefes hereditários, que desfrutavam de uma nítida divisão de poderes.

Gozando de boa reputação como caravaneiros os nativos de Makkah conseguiam obter permissão dos impérios vizinhos, bem como firmar tratados com as tribos que habitavam as rotas usadas por tais caravanas, para transitar por seus territórios e negociar, no comércio de importação e exportação. Eles também proporcionavam escolta para os estrangeiros que passassem pelo seu país, bem como pelos territórios das tribos que eram suas aliadas da Arábia.

Apesar de não estarem muito interessados em preservar idéias e registros escritos, cultivavam apaixonadamente as artes e as letras, como a poesia, a oratória e histórias folclóricas.

O Nascimento do Profeta Muhammad

Foi nesse meio ambiente e nessas condições de vida que no ano 570, nasceu o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), seu pai, Abdullah, havia falecido algumas semanas antes, e foi seu avô que se encarregou de criá-lo, de acordo com os costumes da época, a criança foi confiada aos cuidados de uma ama de leite beduína, com quem passou alguns anos no deserto.

Todos os seus biógrafos afirmam que o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), quando infante mamou somente de um seio da sua ama, deixando o outro para o sustento do seu meio-irmão, quando a criança foi trazida de volta ao lar, sua Amina, levou-a aos seus tios maternos, na cidade de Madina.

Durante a viagem de retorno, ele perdeu a mãe, que sucumbiu de morte repentina, em Makkah, outra desolação o aguardava, o falecimento do seu afetuoso avô, submetido a tais privações aos oito anos de idade, ele se viu finalmente entregue aos cuidados do seu tio, Abu Talib, um homem generoso por natureza, mas cujos recursos estavam sempre aquém até das necessidades da sua própria família.

O jovem Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), se viu portanto, diante da necessidade de procurar imediatamente um meio de ganhar a vida; serviu, inicialmente, como menino pastor para alguns vizinhos.

Com Dez anos, acompanhou o seu tio a Síria, quando este levou uma caravana para lá, não se mencionam quaisquer outras viagens de Abu Talib, mas existem referências de que ele teria aberto um negócio em Makkah, e é possível que Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), o tenha ajudado também nesse empreendimento.

Aos vinte e cinco anos de idade, Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), havia-se tornado bem conhecido na cidade, por sua integridade, disposição e honestidade de caráter, uma viúva rica, Khadija era seu nome, ela o contratou a seu serviço e determinou-lhe que levasse as suas mercadorias, para vendê-las na Síria.

Feliz com os lucros incomuns que ele obteve, bem como encantada com o carisma pessoal do seu agente, ela ofereceu-lhe a sua mão, diz-se que na época ela tinha quarenta anos de idade, a união foi feliz, mais tarde, vêmo-lo às vezes na feira de Hubacha (no Iêmen), e pelo menos uma vez no país dos Abd Al Kais (Bahrain e Omã), como foi mencionado por Ibn Hanbal.

Há motivos para acreditar que esta referência diz respeito ao grande mercado de Dabá (Omã) onde, de acordo com Ibn Al Kalbi, se reuniam, todos os anos, os mercadores da China, do Hindi e Sind (Índia e Paquistão), da Pérsia, do Oriente.

Um sócio comercial de Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), em Makkah, de nome Sa'ib relata: ''Revezávamos um ao outro; se Muhammad liderava a caravana, não ia para casa, ao retornar, sem antes acertar as contas comigo, e se era eu que liderava a caravana, quando voltava, ele perguntava sobre o meu bem estar, sem nada dizer do capital que me estava confiado.''

Início da Conscientização Religiosa

Pouco se sabe sobre os hábitos religiosos de Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), até seus trinta e cinco anos de idade, exceto que ele jamais adorou ídolos, está afirmação é consubstanciada pelos seu biógrafos, pode se afirmar que havia alguns outros poucos em Makkah que do mesmo modo, haviam se revoltado contra a prática insensata do paganismo apesar de manterem a sua fidelidade a Kaaba, como a casa dedicada ao Deus Único, por seu construtor Abraão (que a Paz esteja sobre ele).

Aproximadamente no 605 da era cristã, os panos que cobriam a parede externa da Kaaba se incendiaram, o edifício foi afetado e não suportou o peso das chuvas torrenciais, que se seguiram, a reconstrução da Kaaba foi então, empreendida, cada cidadão contribuiu, de acordo com as suas posses; e só era aceitas doações, provenientes de ganhos honestos.

Todos participaram do trabalho de reconstrução, e os ombros de Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), ficaram feridos, de tanto carregar pedras, para identificar o local onde se inicia o ritual de circungi-la, aonde foi colocada a pedra negra, na parede da Kaaba que datava da época do próprio Abraão.

Houve rivalidade entre os cidadãos pela honra de recolocar a pedra em seu lugar, ao surgir o de correr sangue, alguém sugeriu que se deixasse o assunto por conta da Providência, e assim, se aceitasse o arbítrio daquele que ali chegar primeiro.

Aconteceu que naquela Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) chegava para ajudar no trabalho, como era normal, ele era popularmente conhecido pela alcunha de al Amin (o honesto), e todos aceitaram o seu arbítrio. Sem hesitar, Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele) ele pediu um manto e colocou no chão, colocou a pedra sobre ele e pediu aos chefes de todas as tribos da cidade para juntos levantarem o manto, feito isto ele próprio colocou a pedra no seu lugar certo, em um dos cantos do edifício, ficando assim todos satisfeitos, eliminando assim a disputa.

É desse momento em diante que encontramos Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), cada vez mais absorvido em meditações espirituais, como seu avô ele também costumava se retirar, durante o mês inteiro de Ramadan, para uma caverna em ''Jabal an Nur'' (a montanha da luz), essa caverna é chamada de Ghári Hirá, ali ele orava, meditava e compartilhava as suas parcas provisões com os viajantes, que por ali viessem a passar.

A Revelação

Estava ele com quarenta anos de idade, e era o quinto ano consecutivo que iniciará os seus retiros anuais, quando, certa noite, próximo ao final do mês de Ramadan, um anjo veio visitá-lo, e anunciar que Deus o havia escolhido, como seu Mensageiro para toda a humanidade, e comunicou-lhe a seguinte mensagem Divina:

'' Lê, em nome do teu Senhor Que criou; Criou o homem de algo que se agarra. Lê, que o teu Senhor é Generosíssimo, Que ensinou através do cálamo, Ensinou ao homem o que este não sabia.'' (Alcorão Sagrado 96:1 ao 5)

Profundamente comovido, ele voltou para casa e contou o acontecido à sua esposa, expressando o seu temor de que pudesse Ter sido algo diabólico, ou feito por ação de espíritos malignos, ela o consolou, dizendo que ele sempre fora um homem caridoso e generoso, que sempre ajudou os pobres, os órfãos, as viúvas e os necessitados, e assegurou-lhe que Deus o protegeria conte todo o mal.

Sobreveio, então, um lapso na revelação que duraria mais três anos, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), deve ter sentido inicialmente um choque seguido por uma calmaria, um desejo ardente, e após um certo tempo de expectativa, uma crescente impaciência, as novas da sua primeira visão haviam-se espalhado e, diante do lapso, os cépticos da cidade começaram a escarnecer dele e a contar piadas maldosas, chegaram ao ponto de dizer que Deus o havia abandonado.

Durante três anos de espera, o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), se entregara mais e mais às orações e a outros hábitos espirituais, finalmente reiniciaram-se as revelações e Deus assegurou-lhe que de modo algum o havia abandonado; pelo contrário, fora Ele quem o guiara no caminho reto; que portanto ele deveria cuidar dos órfãos e dos desamparados, e proclamar a generosidade que Deus tivera para com ele.

'' Pelas horas da manhã, E pela noite, quando é serena, Que o teu Senhor não te abandonou, nem te odiou. E sem dúvida que a outra vida será melhor, para ti, do que a presente. Logo o teu Senhor te agraciará, de um modo que te satisfaça. Porventura, não te encontrou órgão e te amparou? Não te encontrou extraviado e te encaminhou? Não te achou necessitado e te enriqueceu? Portanto, não maltrates o órfão, Nem tampouco repudies o mendigo, Mas divulga a mercê do teu Senhor, em teu discurso.'' (Alcorão Sagrado 93:1 ao 11)

Na verdade esta foi uma ordem para pregar, outra revelação, mandou-o alertar as pessoas contra as práticas ilícitas, exortá-las a não louvar nenhuma outra divindade, além do Deus Único, e a abandonar tudo o que desagradasse a Deus.

'' Ó tu, emantado! Levante-te e admoesta! E enaltece o teu Senhor! E purifica as tuas vestimentas! E foge da abominação! E não esperes qualquer aumento (em teu interesse), Mas persevera, pela causa do teu Senhor.'' (Alcorão Sagrado 74:2 ao 7)

Ainda outra revelação ordenou-lhe avisar aos seus próprios parentes mais próximos.

'' E admoesta os teus parentes mais próximos. '' (Alcorão Sagrado 24:214)

'' Proclama, pois, o que te tem sido ordenado e afasta-te do idólatras.'' (Alcorão Sagrado 15:94)


MUHAMMAD O MENSAGEIRO DE DEUS 1ª PARTE

Nos anais da história dos homens, não tem faltado aqueles que notadamente devotaram as suas vidas à reforma sócio-religiosa de seus povos, encontramo-los em todas as épocas e em todas as partes.

Na Índia, viveram os que transmitiram ao mundo os Vedas, e também houve Gautama Buda; a China teve o seu Confúcio; Zoroastro deixou o Zend Avesta, no Irã, a Babilônia deu ao mundo um dos maiores reformadores, o Profeta Abraão (sem falar nos seus ancestrais), o povo Judeu também merece orgulhar-se de uma série de reformadores, como Moisés, Samuel, Davi, Salomão e Jesus entre outros.

Todos esse reformadores alegavam, ser portadores, cada um deles, de uma missão divina, deixaram livros sagrados, que incorporavam códigos de vida para orientação de seu povo.

Mas, a isto, sempre se seguiram guerras fratricidas, massacres e genocídios transformavam-se na ordem do dia, ocasionando, uns mais, outros menos, a perda quase total das suas mensagens.

Dos Livros de Abraão, restaram-nos somente os nomes; e quanto aos livros de Moisés, a história nos conta como foram repetidamente destruídos e só parcialmente restaurados.

O Conceito de Deus

A julgar pelas relíquias do passado, já trazido à luz, do conhecimento do ''homo sapiens'', descobrimos que o homem sempre esteve consciente da existência de um Ser Supremo, Senhor e Criador de tudo.

Os métodos e as abordagens podem Ter sido diferentes, mas todos os povos, de todas as épocas, deixaram provas das suas tentativas de obedecer a Deus, a comunicação com o Onipresente, porém invisível Deus, também foi reconhecida como possível, por uma reduzida porção de homens e por alguns espíritos nobres e exaltados.

Se essa comunicação assumia a forma de encarnação da Divindade, ou consistia, simplesmente, na resolução de um meio receptor das mensagens divinas, através da inspiração ou da revelação, o propósito sempre foi o de servir de orientação para o povo, era mais do que natural que certas interpretações e explicações viessem a se provar mais importantes e convincentes do que outras.

No final do 5º século, após o nascimento de Jesus, os homens já haviam alcançado grandes progressos, em diversos campos da vida, nessa época, algumas religiões, que apregoavam abertamente que se destinavam apenas a determinadas raças e grupos de homens, está claro que não ofereciam remédio para os males da humanidade em geral.

Havia, também, algumas, que proclamavam a universalidade, mas declaravam que a salvação do homem, residia na renúncia ao mundo, estas eram religiões para a elite, e atendiam a um número limitado de homens.

Não precisamos falar das regiões onde inexistia qualquer religião, onde o ateísmo e o materialismo reinavam absolutos, onde o pensamento se ocupava exclusivamente com os próprios prazeres, sem qualquer ressalva ou consideração pelos direitos alheios.

O exame do mapa do maior hemisfério, nos mostra a Península Arábica, situada no ponto de confluência dos três grandes continentes; Asia, África e a Europa, nesse período, esse extenso subcontinente arábico, composto, principalmente, Por regiões desérticas, era habitado por povos sedentários, tanto quanto por nômades.

Não raro, membros da mesma tribo dividiam-se entre ambos os modos de vida, e preservavam o seu relacionamento, apesar de seguirem tais caminhos diferentes, os meios de subsistência, na Arábia, eram escassos, o deserto oferecia inúmeras desvantagens, fazendo com que as caravanas comerciais tivessem uma importância maior do que a agricultura e a indústria.

Isto implicava em viagens constantes, fazendo com que homens ultrapassassem a península, para adentra a Síria, Egito, Abissínia, Iraque, Índia e outras terras.

Pouco sabemos a respeito dos Lihyanitas da Arábia Central, mas o Iêmen era justificadamente conhecido como Arábia Felix, tendo outrora sido a sede das civilizações florescente de Sabá e de Ma'in, antes mesmo da fundação de Roma, e tendo, posteriormente, conquistado algumas províncias de Bizâncio e dos persas, o grande Iêmen, que havia passado pelos melhores dias da sua existência, encontrava-se, nessa altura, repartido em inúmeros principados, e em parte até ocupado Por invasores estrangeiros.

Os Sassânidas do Irã, que haviam penetrado no Iêmen, já tinham se apossado da Arábia Oriental, na capital Madaín (Ctesiphone), reinava o caos sócio-político, que se refletia nos demais territórios, a Arábia do Norte havia sucumbido sob a influência Bizantina, e enfretava os seus problemas, somente a Arábia Central permanecia imune aos efeitos desmoralizantes da ocupação estrangeira.

Nesta área limitada, a existência do triângulo; Makkah, Ta'if, Madina, parecia algo providencial, Makkah desértica, carente de água e dos benefícios da agricultura, representava por suas características físicas, a África e o escaldante deserto.

A uns meros oitenta quilômetros de distância, Ta'if; apresentava um retrato da Europa, com suas geadas, Madina; situada mais ao norte, não era menos fértil do que os países mais temperados, como a Síria, se é que o clima exercia alguma influência na natureza do caráter humano, este triângulo, situado no centro do maior hemisfério, era, mais do que qualquer outra região da terra, uma reprodução miniaturizada do mundo todo.

E foi aí que nasceu um descendente de Abraão da Babilônia e da egípcia Hagar, Muhammad, o Profeta do Islam, natural de Makkah por nascimento, mas relacionado consanguinamente, tanto a Madina como a Ta'if.

A Religião

Do ponto de vista religioso, a Arábia era idólatra, somente uns poucos indivíduos haviam abraçado religiões como o cristianismo, o masdeísmo, entre outras, os nativos de Makkah possuíam uma noção do Deus Único, porém acreditavam, também, que os ídolos tinham poder de interceder junto a Deus.

Curiosamente, eles acreditavam na ressurreição e na outra vida, haviam preservado o ritual da peregrinação ao Deus Único, à Kaaba, um costume instituído por inspiração divina ao seu ancestral Abraão; entretanto, os dois mil anos que os separava, do tempo de Abraão haviam degenerado essa peregrinação, transformando-a num espetáculo de feira comercial e numa oportunidade para a idolatria insensata, o que, longe de produzir qualquer bem, servia tão somente para corromper o seu comportamento individual, tanto no contexto social, como no espiritual.

A CRENÇA EM MUHAMMAD COMO MENSAGEIRO DE ALLAH

Todos os louvores são para Allah e que a paz e as bênçãos estejam com seu servo e Mensageiro Muhammad e com seus familiares e Companheiros.

Muitos artigos tem sido publicados sobre o significado do testemunho de fé “Ash-hadu al-Laa ilaaha illallah Muhammadar Rasoolullah” [Eu testemunho que todo louvor é devido a Allah e que Muhammad é o Mensageiro de Allah]. Gostaríamos de explicar com maiores detalhes a segunda parte deste testemunho de fé, na esperança de colaborarmos para uma maior compreensão dos irmãos e irmãs. A declaração que Muhammad é o Mensageiro de Allah tem muitas implicações, algumas das quais estão expostas a seguir:
Muhammad foi enviado para toda a Humanidade.

A primeira implicação do testemunho que Muhammad é o Mensageiro de Allah é a crença que Allah enviou o Profeta Muhammad (sallallahu ‘alaihi wa sallam) para todos os seres humanos de djins até o Dia do julgamento. Allah afirma no Alcorão, na Surah 7 , al-‘Araaf, Aayah [versículo]151 : “Diga (para eles , oh Muhammad): Oh Humanidade! Eu sou o Mensageiro de Allah para todos vocês, (o Mensageiro) dAquele a quem pertence o domínio dos céus e da terra. Não existe deus além Dele. Ele dá a vida, e dá a morte. Acredite, pois, em Allah, e no Seu Mensageiro (Muhammad), o Profeta que não pode ler ou escrever, que acredita em Allah e em Suas Palavras (o Alcorão), e siga-o pra que assim sejas guiado.”

O Profeta (sallallahu ‘alaihi wa sallam) disse: “E os Profetas anteriores foram enviados apenas aos seus povos, enquanto eu fui enviado para toda a Humanidade. [Al-Bukhaari e Muslim]
A finalidade dos Profetas

A segunda implicação do testemunho é crer que o Profeta Muhammad (sallallahu ‘alaihi wa sallam) é o último profeta enviado à Humanidade. Allah afirma no Alcorão, na Surah 33, Al-Ahzab, Aayah 40, “Muhammad não é o pai de nenhum de seus homens, mas ele é o Mensageiro de Allah e o Selo dos Profetas.”

O Profeta (sallallahu ‘alaihi wa sallam) disse: “E a linhagem dos profetas está encerrada comigo” [Muslim] E: “Antes da Última Hora haverá grandes mentirosos, portanto tenham cuidado com eles.” [Muslim]

As provas acima são suficientes para refutar quaisquer grupos heréticos que seguem qualquer proclamado “profeta” ou “mensageiro” depois do Profeta Muhammad (sallallahu ‘alaihi wa sallam), como alguns grupos contemporâneos: a Nação do Islã que acredita que Elijah Muhammad (já falecido) foi o Mensageiro de Allah; os Qadianis e Ahmadiyyahs que afirmam que Ghulam Ahmed (já falecido) era o profeta; os assim chamados “Submissos” ou seguidores de Rashad Khalifah (assassinado) que o proclamavam profeta.
Duas Revelações

A terceira implicação do testemunho que “Muhammad é o Mensageiro de Allah” é crer que Allah enviou duas revelações com o Profeta Muhammad (sallallahu ‘alaihi wa sallam): o Alcorão e a Sunnah. Allah diz: “Allah foi muito bondoso com os crentes ao enviar-lhes um mensageiro dentre eles, para recitar-lhes Seus sinais, e purificar-lhes, e ensinar-lhes a escritura (o Alcorão) e a sabedoria (a Sunnah), e antes disso eles estavam em erro manifesto.” [Soorah 3, Al-Na’aam, Aayah164]

O Profeta Muhammad (sallallahu ‘alaihi wa sallam) disse: “Eu em verdade recebi o Alcorão e junto algo que se parece com ele.” [Abu Dawood]

O Mensageiro tem direitos

A quarta implicação do testemunho é que existem direitos devidos ao Profeta Muhammad (sallallahu ‘alaihi wa sallam) e que devem ser observados. Dentre eles temos: crer em tudo que o Profeta Muhammad (sallallahu ‘alaihi wa sallam) disse; obedecer ao Profeta Muhammad (sallallahu ‘alaihi wa sallam) naquilo que ele nos ordenou e evitar o que ele nos proibiu ou desencorajou; adorar a Allah de acordo com a shari’ah (lei) do Profeta Muhammad (sallallahu ‘alaihi wa sallam) e não segundo caprichos e inovações; a julgar segundo a shari’ah (lei) do Profeta Muhammad (sallallahu ‘alaihi wa sallam) e não segundo outras leis; a amar o Profeta Muhammad (sallallahu ‘alaihi wa sallam) mais que aos seus parentes, às suas crianças, à humanidade, mesmo mais que a si mesmo.

Allah, O Altíssimo afirma: “Diga [a eles, oh Muhammad]: Se vocês amam a Allah, me sigam, e Allah os amará, e perdoará seus pecados. Allah é Aquele que perdoa, o Todo-Misericordioso. Diga: Obedeça a Allah e ao Mensageiro. Mas se eles voltarem-lhe as costas, Allah não ama aos incrédulos (kaafireen).” [Soorah Aali’Imraan Aayatain 31-32] [Aayatain, plural de Aayah, significa “versículos”]

“E deixe que aqueles que se opõe aos seus (Muhammad) comandos fiquem atentos, pois uma tribulação pode atingi-los (que pode leva-los à incredulidade) ou um castigo doloroso ser-lhes infligido.” [Soorah An-Noor Ayyah 63]

“Vocês têm em verdade um bom exemplo no Mensageiro de Allah (Muhammad) para aqueles que têm esperança em Allah e no Último Dia, e relembram sempre a Allah.” [Soorah Al-Ahzaab, Aayah21]

“Não cabe a nenhum crente, homem ou mulher, que quando Allah e Seu Mensageiro tenham decretado sobre um assunto, terem uma escolha sobre esse assunto. E quem quer que desobedeça Allah e seu Mensageiro, ele se perde em erro manifesto.” [Soorah Al-Ahzaab, Aayah 36]

“Mas não, por seu Senhor (Rabb), eles não têm nenhuma fé até que façam de você o juiz em todas as disputas entre eles, e não encontrem em suas almas qualquer resistência contra suas decisões, mas aceitem-nas inteiramente, em submissão.” [Soorah An-Nisaa, Aayah 65]

O Profeta (sallallahu ‘alaihi wa sallam) disse: “Todo o meu povo entrará no Al-Jannah (Ojardim), exceto os que recusaram. (E ao ser perguntado sobre quem são os que recusam, ele respondeu) Aquele que me obedece adentrará Al-Jannah, aquele que me desobedece é quem recusa.” [Al-Bukhaari] 

“Se alguém introduz em nossa conduta algo que não lhe pertence (originalmente), tal coisa é rejeitada.” [Al-Bukhaari e Muslim]

“Nenhum de vós crê até que eu lhe seja mais querido que seu pai, seu filho, que toda a humanidade.” [Al-Bukhaari e Muslim]

“Há três qualidades que aquele que as possuir experimentará a doçura da fé: aquele para quem Allah e Seu Mensageiro são mais queridos do que tudo mais; aquele que ama a um ser humano somente por amor a Deus; e aquele que tem tanta repulsa por retornar à incredulidade depois de ser resgatado por Allah, quanto por ser designado para o Inferno.” [Al-Bukhaari e Muslim]

Muhammad (sallallahu ‘alaihi wa sallam) foi um homem, e não divino

A quinta implicação do testemunho “Muhammad é o Mensageiro de Allah” é crer que Muhammad (sallallahu ‘alaihi wa sallam) foi apenas um homem mandado para nós por Allah para ser obedecido e não para ser adorado. Allah diz: “Diga-lhes (Oh Muhammad) ‘Eu sou apenas um homem como você; foi-me revelado que seu Deus (ilaah) é o Deus Único; então deixe que aquele que espera encontrar-se com seu Rabb (Senhor) faça o que é correto e não associe nada à adoração ao seu Rabb’.” [Soorah Al-Kahf Aayah 111]

O Profeta (sallallahu ‘alaihi wa sallam) disse: “Não me louvem excessivamente como os cristãos fazem com o filho de Maria. Eu sou Seu servo, portanto digam ‘servo e mensageiro de Allah’” [Al-Bukhaari e Muslim]

Que cada e todo aquele que proclama a religião do Islã atente para as provas de sua fé e para os aspectos essenciais de seu testemunho. Isso é especialmente importante nesses tempos em que qualquer um pode proclamar qualquer coisa e conseguir apoio, não importa quão excêntrico e sem fundamentos seja, se baseando em provas não autênticas ou fora de contexto. Nós agradecemos a Allah por preservar Sua religião para aqueles que buscam conhecer a verdade e nós pedimos que Ele nos oriente e mantenha na Senda Reta, Ameen.


terça-feira, outubro 23, 2012

Os Califas Probos - 02 Omar Ibn Khattab

Bismillah!
Allah colocou a justiça na língua e no coração de Ômar 

Preparação: Dr. Ahmad Al Mazid
Dr. Ádel Ach Chadi

Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso

Louvado seja Allah, Senhor do Universo, e que a Sua paz e graça estejam com o derradeiro dos profetas e dos mensageiros, o nosso Profeta Mohammad, com seus familiares e com todos os seus companheiros.

Nessa segunda jornada estaremos em companhia do segundo homem do Islam, depois do Mensageiro de Allah (S) e de Abu Bakr Siddik. Esse homem que vinculou o seu nome à justiça e ao direito, ao poder e à coragem, ao ascetismo e à abstinência, à piedade e à auto-censura, ao temor a Allah e ao choro por receio, à sagacidade e inteligência, à visão e conhecimento, à consciência desperta e auto-domínio. 

É o Faruk Ômar Ibn Khattab, o coraixita, do clã Adawi(Bani Ady). O Mensageiro de Allah (S) o apelidou de Abu Hafs. 

Ibn Al Jauzi disse: “Fique sabendo que Ômar foi benevolente, quer seja na época pré-islâmica, quer seja durante o Islam” 1.

Ibn Kacir disse: “Ele era modesto, de vida simples, de comida simples, rigoroso nas questões de Allah, remendava sua roupa, carregava recipiente no ombro, apesar da sua posição, montava em burro sem sela, no camelo sobre esteira, ria pouco, não brincava com ninguém e tinha um anel em que estava gravado: a morte é suficiente admoestadora, ó Ômar. 

A sua Conversão

Ômar se converteu no ano seis do início da missão. Tinha vinte e sete anos de idade. Participou das batalhas de Badr e Uhud com o Profeta (S). Participou de várias expedições e foi nomeado comandante de algumas delas. Foi um dos que permaneceram firmes ao lado ao Mensageiro de Allah (S) em Uhud. Será uns dos primeiros na religião que receberá as dádivas de Allah. Um dos dez auspiciados com o Paraíso, um dos califas probos, um dos sogros do Profeta (S), um dos maiores sábios dentre os companheiros e os ascetas. 

A sua conversão foi considerada o início de uma nova etapa da proclamação da religião. A esse respeito Ibn Mass’ud (R) disse: “Adquirimos respeito a partir da conversão de Ômar.

A sua conversão aconteceu por causa da invocação do Profeta (S). Ibn Ômar relatou que o Rassulullah (S) disse: “Ó Allah fortalece o Islam daquele que mais gostas dentre esses dois homens: Abu Jahal ou Ômar Ibn Al Khattab”. Ômar foi o escolhido. (Ahmad e Tirmizi).

Sua Imigração

Foi corajoso no dia da sua imigração. Áli Ibn Abi Tálib (R) disse: “Não conheci outra pessoa que imigrou aos olhos das pessoas,todos os imigrantes viajaram às ocultas, menos Ômar Ibn Al Khattab, quando resolveu imigrar, pegou da espada, do arco e das flechas, foi até a Caaba, deu sete voltas ao seu redor, foi à estância de Abraão e cumpriu duas unidades de oração. Então, parou perante cada lider do grupo dos Coraxitas e disse: ‘Quem quiser ser pranteado pela mãe, deixar órfãos, deixar viúvas, que me encontre após esse vale’. Áli disse: ‘Ninguém o seguiu dos coraixitas, a não ser os enfraquecidos que ele ensinou e orientou, e seguiu viagem’”.

Ibn Al Jauzi disse: “Ômar tornou-se muito rigoroso na questão religiosa e o seu entusiasmo cresceu quando chegou a época da imigração. As pessoas saíram sorrateiramente. Ômar porém, saiu caminhando como um leão, dizendo: ‘Estou imigrando, quem quiser me encontrar que o faça no vale’” 2.

Seus Méritos e suas Virtudes
Um Homem do Paraíso

Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: “Enquanto dormia sonhei que estava no Paraíso. Vi uma mulher se abluindo ao lado de um palácio. Perguntei: ‘De quem é esse palácio?’ Disseram: “De Ômar”. Lembrei-me de seu ciúme e fugi do local.” Ômar chorou e disse: “Como posso ter ciúme de você, ó Mensageiro de Allah”? (Bukhári e Musslim).

O Conhecimento de Ômar Ibn Al Khattab

Ibn Ômar (R) relatou que o Mensageiro de Allah (S) disse: “Enquanto dormia, sonei que bebia leite até ver o líquido sair do meio das minhas unhas, então entreguei o frasco a Ômar”. Perguntaram: “Por que prioridade, ó Mensageiro de Allah”? Disse: “Pelo conhecimento”. (Bukhári e Musslim).

A Religiosidade e a Retidão de Ômar Ibn Al Khattab

Saad Ibn Abi Waccas relatou que o Profeta (S) disse: “Ó Ibn Al Khattab, por Aquele em Cujas mãos está a minha alma, se o Demônio o ver percorrendo um caminho, ele se desvia para outro.” (Bukhári e Musslim).

Abu Said Al Khudri relatou que ouviu o Profeta (S) dizer: “Enquanto dormia, vi pessoas que me foram apresentadas vestindo mantos, alguns só atingiam o peito, outros, menos que isso, Ômar me foi apresentado com um manto que tocava o chão”. Perguntaram: “Qual é a causa disso, ó Mensageiro de Allah”? Respondeu: “A sua religiosidade”.

A Sagacidade de Ômar 

Abu Huraira (R) relatou que o Profeta (S) disse: “Havia entre os povos anteriores a vocês pessoas tradicionalistas, sem serem profetas. Se há entre meu povo alguém assim, é Ômar(os anjos confirmaram sua palavra)”. (Bukhári e Musslim)

A Sublimidade de sua Posição

Ucba, Ibn Ámer (R) relatou que ouviu o Mensageiro de Allah (S) dizer: “Se houvesse profeta depois de mim, seria Ômar Ibn Al Khattab”. (Ahmad e Tirmizi)
Sua Veracidade
Ibn Ômar (R) relatou que o Profeta (S) disse: “Allah, o Altíssimo, colocou a verdade na língua e no coração de Ômar”. (Ahmad e Tirmizi).

O Rigor de Sua Religiosidade

Ibn Ômar (R) relatou que o Profeta (S) disse: “O mais misericordioso de minha comunidade é Abu Bakr e o mais rigoroso na sua religião é Ômar” (Abu Ya’la).
Huzafa relatou que o Profeta (S) disse:"Sigam os dois depois de mim, Abu Bakr e Ômar"(Tirmizi e Al Albani)

Sua Morte Como Mártir

Ánas Ibn Málik (R) relatou: “O Profeta (S) subiu no Monte Uhud acompanhado por Abu Bakr, Ômar e Osman. O monte tremeu com eles, o Profeta (S) bateu seu pé com força no monte e disse: ‘Fique firme Uhud, pois está sobre você um Profeta, um Siddik e dois mártires’”. (Bukhári). Os dois mártires são Ômar e Osman (Que Allah esteja satisfeito com eles). 

A sua Concordância com o Alcorão

O Siuti disse: “Alguns consideraram mais de vinte concordâncias”.
Mujahid disse: “Ômar dava sua opinião e o Alcorão revelava e confirmava com ele”.
Os dois cheiques (Bukhári e Musslim) compilaram o que Ômar disse: “Concordei com meu senhor em três coisas; pedi: ‘Ó Mensageiro de Allah, que acha em adotarmos a estância de Abraão como local de oração’? Por isso foi revelado o versículo: ‘...adotai a Estância de Abraão por oratório’. (2:125). Disse: ‘Ó Mensageiro de Allah, as suas esposas são vistas pelo piedoso e pelo impiedoso; por que não as ordena usarem hijab’? Por isso, o versículo do hijab foi revelado. As esposas do Profeta se rebelaram por causa de ciúme. Eu disse: ‘Talvez, se divorciasse delas Allah lhe daria esposas melhores. Por isso o versículo a respeito do caso foi revelado’”. 
Musslim compilou que Ômar disse: “Concordei com meu Senhor em três coisas: no hijab, nos prisioneiros de Badr e na estância de Abraão”. Nesse hadice há a quarta característica.

Elogios dos Companheiros, dos Familiares 

do Profeta (S) e dos Sucessores a Ômar 

Abu Bakr (R) disse: “Não há sobre a terra um homem que eu goste mais do que Ômar”(Ápos a morte do profeta).
Foi perguntado a Abu Bakr (R) quando estava doente: “O que irá dizer ao seu Senhor por ter nomeado Ômar seu sucessor”? Disse: “Vou dizer-lhe: Nomeei o melhor dentre eles”.
Áli (R) disse: “Quando os virtuosos eram citados, o primeiro era Ômar. Acreditávamos que a tranquilidade falava por intermédio da língua de Ômar”. 
Ibn Mass’ud (R) disse: “Ômar é quem mais conhece o livro de Allah entre nós e quem mais entende da religião de Allah”.
Ja’afar Assádik (R) disse: “Estou isento daquele que não fala bem de Abu Bakr e Ômar”. 
Sufian Açauri (R) disse: “Quem alegar que Áli tinha mais direito à sucessão do que Abu Bakr e Ômar, está errado por afirmar que Abu Bakr, Ômar, os muhajirin e os Ansar estão errados”.
Charik (R) disse: “Quem preferir Áli a Abu Bakr e Ômar não é uma pessoa de bem”.
Abu Ussama (R) disse: “Sabem quem são Abu Bakr e Ômar? São o pai e a mãe do Islam”(Depois da morte do profeta).

Sua Primazia

Foi o primeiro a ser denominado de Emir dos crentes.
Foi o primeiro a adotar o calendário islâmico.
Foi o primeiro a juntar as pessoas para a oração de Tarawih (orações noturnas durante as noites do mês de Ramadan).
Foi o primeiro a percorrer as casas de Madina durante a noite, para ver a situação dos crentes.
Foi o primeiro a conquistar a Síria, o Egito, alistar soldados, estabelecer impostos, compilar livros, estabelecer a distribuição de doações e a nomear juízes.
O primeiro a castigar o alcoólatra com oitenta açoites.
O primeiro que adotou a bastão e educou com ele, ao ponto de se dizer: o bastão de Ômar é temido mais do que as suas espadas.
Foi quem colocou lamparinas nas mesquitas durante o mês de Ramadan, ao ponto de Áli Ibn Abi Tálib (R) dizer: “Que Allah ilumine o túmulo de Ômar como ele iluminou as nossas mesquitas.
Ibn Saad (R) disse: “Ômar adotou a Casa da Farinha e de Alimentos e lá colocou farinha, cevada, tâmara e uva passa, com as quais ajudava o necessitado. No caminho entre Makka e Madina estabeleceu também uma Casa de Farinha e Alimento, para ser utilizada por quem não tivesse recursos”.
Ampliou a mesquita do Profeta e cobriu o seu chão com esteiras.
Foi ele quem mudou os judeus de Hijaz para a Síria e mudou os habitantes de Najran Para Kufa .

As Conquistas na sua Época

Conquistou da Síria: Damasco, Jordânia, Bissan, Tabaraiya, Jabiya, Ramla, Ascalan, Gháza, os litorais, Jerusalém, Ba’labak, Hamz, Khinsarin, Alepo e Antioquiya.
Conquistou do Egito: Alexandria, Trípoli Ocidental e Burqa.
Conquistou da Península do Eufrates: Harram, Roha, Raka, Nussaibin, Rasil ‘Ain, Chamchat, Ain Warda, Diar Bakr, Diar Rabi’a, terras de Mussel e arredores.
Conquistou do Iraque e do Oriente: Cadissiya, Rio Sir, Sabat, Mad ‘Ain Cosroé, Distrito de Eufrates, Dájla, Basra, Hawas, Fares, Nahawand, Hamzan, Rai, Caumas, Khorassan, Istahar, Asfahan, Sus, Maruh, Neissabur, Jurjan, Azerbaijan e outros. Seus exércitos atravessaram o rio Jihun várias vezes .

Elogios de Áli Ibn Abi Tálib a Ômar

Ibn Abbas (R) relatou: “Ômar foi colocado no seu leito depois de ser ferido. As pessoas se juntaram ao seu redor implorando e orando por ele, antes de seu falecimento. Quem chamou minha atenção foi alguém que segurou em meu braço, era Áli Ibn Abi Tálib (R). Ele pediu a misericórdia de Allah para Ômar e disse: ‘Nada é mais querido para mim do que encontrar Allah com os mesmos atos de Ômar. Nunca duvidei que Allah não fosse colocá-lo junto aos seus companheiros. Muitas vezes ouvi o Profeta (S) dizer: ‘Fui junto com Abu Bakr e Ômar, entrei junto com Abu Bakr e Ômar, sai junto com Abu Bakr e Ômar’” (Bukhári e Musslim).
O que indica o amor de Áli Ibn Abi Tálib (R) a Ômar é que lhe concedeu a mão de sua filha, Ummu Kulçum, filha de Fátima, filha do Mensageiro de Allah (S). Ômar pediu sua mão a Áli, que lha concedeu. Ômar deu-lhe um dote de quarenta mil. Ela lhe concebeu Zaid e Rucaia (que Allah esteja Satisfeito com todos eles).

Seu Ascetismo e Justiça

Ibn Al Jauzi disse: “Quando foi nomeado califa, dedicou-se totalmente a tarefa, deixando de lado, todos os seus desejos, suportando, por Allah, acima de sua capacidade, colocando o mundo por trás das costas, livrando-se dos pesos que pudessem desviar a sua atenção”.

Costumava fazer sermão tendo no manto doze remendos. Negligenciou a procura da riqueza ao ponto de deixar os familiares passando por necessidade.

Um dia, caminhando pelo mercado, viu uma moça sendo levada pelo vento, por causa da sua magreza. Perguntou: “Quem conhece essa moça”? O seu filho Abdullah lhe disse: “É uma de suas filhas”. Perguntou: “Que filha”? Seu filho respondeu: “Filha de Abdullah Ibn Ômar”. Ômar perguntou: “O que lhe aconteceu”? Respondeu: “É a sua continência”. Omar lhe disse: “Minha continência o proíbe de pedir para as suas filhas, o que as pessoas pedem? Por Allah, a sua cota para mim é igual a dos outros muçulmanos, seja grande ou pequena, e entre nós está o livro de Allah”5.

No ano da seca, comia apenas azeite, até o estômago reclamar. Disse: “Reclamando ou não, por Allah que não vou provar manteiga até que os filhos dos muçulmanos estejam satisfeitos”.

Quem viu ômar, coberto com seu manto,
Com azeite sendo-lhe alimento e a choça por casa,
Crusoé tremeu no seu trono, com medo
De seu vigor, e os reis romanos o temeram.

Seu Temor a Allah

Havia dois sulcos negros no seu rosto de tanto chorar.
Quando recitava algum versículo de admoestação, durante a noite, chorava até cair. Ficava em casa até ser visitado como se estivesse doente.
No leito da sua morte disse: “Ai de Ômar se não for perdoado”.
Anas Ibn Málik relatou que ouviu Ômar Ibn Al Khattab, atras de um muro, dizer a si mesmo: “Ômar Ibn Al Khattab!Amir dos crentes? E daí? Por Allah, se não temê-Lo, irá castigá-lo”!

Sua Piedade Pelo Rebanho 

Al Jauzi relatou: “Ômar (R) saiu durante a escuridão da noite e Tal-ha (R) o viu, ele entrou numa casa e depois em outra. Quando amanheceu Tal-ha foi àquela casa e encontrou uma senhora idosa cega, perguntou-lhe: “O que aquele homem veio fazer”? Respondeu: “Ele se encarrega de mim, faz tanto tempo, traz-me o que preciso e me limpa a casa”. Tal-ha disse a si mesmo: “Você está perdido, Tal-há, como duvida dos atos de Ômar” ?

Suas Adorações e Empenhos

Said Ibn Al Mussib relatou que Ômar gostava de orar no meio da noite.
Ibn Abbas (R) disse: “Quando Ômar morreu, estava pálido de tanto jejuar”.
Ele recitava, na oração da Alvorada, a surata de José. O seu choro era ouvido na última fileira, quando recitava: “Só exponho perante Allah o meu pesar e a minha angústia”.(12:86)

Morreu como Mártir

Ibn Kacir relatou que quando Ômar (R) terminou a peregrinação no ano 23 da Hégira acompanhado pelas mães dos crentes e acampou em Abtah, suplicou a Allah e se queixou que já estava idoso, enfraquecido e seu rebanho se espalhado. Temendo ser negligente, pediu a Allah que o levasse, agraciando-o com o martírio na cidade do Profeta (S). Foi confirmado no Sahih que ele disse: “Ó Allah, peço o martírio pela Sua causa e a morte na cidade de Seu Mensageiro”. Allah lhe atendeu a súplica juntando os dois acontecimentos, concedendo-lhe o martírio na cidade do Profeta.

Na alvorada de quarta-feira do mês do Zul Hijja foi apunhalado enquanto orava na mesquita. Foi golpeado por Abu Luluá, Feiruz, o persa, com um punhal de duas pontas. Apunhalou-o três vezes, alguém disse que foram seis punhaladas, uma das quais, abaixo do ventre, derrubando-o. O assassino saiu apunhalando a todos por quem passava, atingindo treze pessoas, seis das quais vieram a falecer. Abdullah Ibn ‘Auf jogou sobre o assassino uma capa, fazendo-o cometer suicídio. Que Deus o amaldiçoe.

Ômar foi transportado para casa, esvaindo-se em sangue, antes do nascer do sol. Ele desmaiava e acordava; quando o lembravam da oração, ele acordava e dizia: “Sim, não tem futuro no Islam, quem a deixar” .

Quando chegou a hora da morte, desmaiou, tendo a cabeça no chão. Seu filho Abdullah colocou-a no colo. Ao acordar, pediu-lhe para colocar-lhe a cabeça no chão e ele o fez. Ômar esfregou o rosto na terra e disse: “Ai de Ômar, ai de Ômar, se Allah não o perdoar”.

Quando morreu, Said Ibn Yazid chorou. Foi-lhe perguntado: “O que o fez chorar?” Respondeu: “Choro pelo Islam. Com a morte de Ômar, o Islam foi de tal maneira desonrado que não será aliviado até o Dia da Ressurreição.”9 

Que Allah esteja satisfeito com Ômar Ibn Al Khattab(R). Ó Senhor seja testemunha de que o amamos, a todos os califas probos e a todos os companheiros de Seu Profeta. Que Allah abençoe e dê paz ao nosso Profeta Mohammad, aos seus familiares e a todos os seus companheiros.


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"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

Mohamad ziad -محمد زياد